sábado, 23 de maio de 2020

Guiné 61/74 - P21002: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (11): O Bando festejou mais um ano

1. Em mensagem do dia 27 de Abril de 2020, o nosso camarada José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos esta Boa memória da sua paz, dedicada ainda ao confinamento.


BOAS MEMÓRIAS DA MINHA PAZ - 10

O Bando fez mais um ano


“Num te mexas beilho, não.
Nem gozes a bida, não.
Bais ber o que perdeste,
Ou a merda que fizeste.
Já foste, ó meu Morcão!”

(autor desconhecido)

No final de cada ano, cada individuo devia fazer uma retrospectiva e destacar quais os melhores dias que passou. Pelo que tenho observado, poucas são as pessoas que ultrapassam o registo do número dos dedos de uma mão.

Felizmente que nem eu nem os meus principais amigos pertencemos a essa multidão de morcões que espera pacientemente pela sua “boa horinha do Senhor”.

Ora aqui está uma boa razão para manifestar a minha satisfação por ter vivido mais um ano de alegrias e de bons convívios. Dentre eles, terei que destacar as oportunidades bem vividas junto do nosso Bando.

Com o Bando, saboreamos boa camaradagem, boa amizade e a boa gastronomia, cultivamos os conhecimentos e promovemos o bom-viver.

Visitámos os lugares mais lindos, os mais históricos e os mais sagrados. Apreendemos o nosso Património, revivemos as nossas raízes e recordamos as nossas tradições.

Quinta Sr.ª da Graça

Com o Bando, tanto olhámos deslumbrados o nosso Douro (Vila Real, Régua, Mogadouro, Pocinho, etc.) como convivemos nas fraldas do Barroso, nas encostas do Alvão e do Marão, nas vinhas de Penafiel e da Sr.ª da Graça, nas escarpas da Senhora do Salto e da Serra do Pilar, nas praias do Litoral, nos jardins do Bom Jesus de Braga, de Aveiro, de Ponte de Lima ou no “presépio” de Crestuma.

Galafura - Douro

O Bando assalta o Castelo do Mogadouro

No Big Beef

Com o Bando, fomos ao Museu do Douro, Museu dos Clérigos, Museu Militar, Museu do Gramido, Museu Vivo dos Combatentes, Museu do FCP, Parque Biológico, Jardim Botânico, Museu do Infante, Museus de Vila do Conde, Museu das Conservas da Murtosa, Museu do Montesinho, Museu dos Pescadores de Espinho, Museu Souza Cardoso de Amarante, a Nau Quinhentista, o Isqueiro da Maia, etc., etc..

Na Nau Quinhentista e outros Museus de Vila do Conde

Com o Bando, relembrando os nossos camaradas, fomos ainda ao RAP 2, ao GACA 3, ao Dia do Combatente de Gondomar, ao 10 de Junho de Crestuma e ao 25 de Abril na Régua.

No GACA 3 - Espinho

Com o Bando, percorremos os lugares mais típicos e mais simbólicos da nossa mui digna Cidade Invicta (o Porto, pois claro!), Património da Humanidade. Aqui, cabe referir que beneficiámos da companhia do Bandalho Jorge Portojo, mais que “Doutor” a falar sobre a História Tripeira. Ribeira, Banharia, Sé, S.Bento, Fontaínhas, Batalha, Aliados, Bolhão, Campo 24 de Agosto, Antas, Areosa, Carvalhido, Boavista, Campo Alegre, Palácio, Caldeireiros, Massarelos, Foz, Alfândega, Infante, etc., etc., são pontos de referência permanente e cheiinhos de Histórias. E, no que toca a nomes, ele discorria facilmente sobre as personagens mais sonantes do burgo portuense e arredores. Dava gosto ouvi-lo quando lembrava as origens do Porto e de Portugal, os seus donos na Idade Média, o Infante D. Henrique, a fauna fluvial do Rio Douro, a Ferreirinha, as guerras, as revoluções, os Bispos, o Camilo, o Eça, o Alexandre Herculano etc., etc..

O Portojo gozando das imagens nas alturas (e dos digestivos), no “17º.” do Hotel D. Henrique

E, por fim, em jeito de Almoço de Natal, já fomos contemplar o Porto, através da panorâmica disponível no Restaurante 17.º, do Hotel D. Henrique, fomos à Taberna do Rústico e à Quinta do Costa.




Também com o Bando, saboreámos os melhores petiscos da região nortenha. Seria injusto se não lembrasse:
- O Cozido Transmontano do Pires
- Os petiscos do Regula e do Ramirinho
- O Sável do Vigário de Atães
- Os Rojões do Pinto da Rua dos Polacos
- As Tripas da Rosinha da Marroca
- A Cabra Velha do Súcio
- A Paella do Ricardo de Recarei
- O Leitão da Casa do Casalinho
- O Bacalhau à Liberdade da Churrasqueira das Antas
- Bacalhau com todos no Carpa
- A Carne Estufada de Penafiel
- Chanfana no Pote Velho
- O Magusto da Campeã
- O Risoto do D. Henrique
- Lampreia de Rio de Moinhos
- Arroz de Sarrabulho de Ponte de Lima
- Feijoada da Luísa
- Bacalhau assado no Monte São Felix
- Assado do Big Beef
- Caldeirada na Casa das Enguias (Torreira)
- Posta no Lareira do Mogadouro
- Cabrito no Zeca Diabo de Brunhoso
- Sardinhas no Milho Rei de Matosinhos
- Vitela no Merendola da Maia
- Espetada no Mar à Vista da Madalena
- Lulas com Gambas em Espinho
- A Francesinha na Marisqueira do Porto
- O Polvo no Madureiras
- Caras de Bacalhau no S. Nicolau
- Cabrito refogado na Taberna do Rústico
- Self Service no Choupal dos Melros


Claro que tudo isto só se consegue graças a um excepcional núcleo de amigos ex-Combatentes que, por coincidência, já reuniam no Café Progresso antes de irem para a tropa, para Vendas Novas e, depois, para a Guiné. A eles se juntaram outros habilitados camaradas que, perante boas provas dadas, foram sendo agradavelmente admitidos. Agora, que o Progresso fechou, vão mais ao Piolho, Adega de Chaves, Badalhoca, Calhambeque, Guedes, etc. E chamam-lhe Reuniões de Trabalho.


Sentimos muito a falta dos que já partiram, especialmente a do Fundador do Bando, o Jorge Portojo e a do Bom Professor, o Carlos Peixoto.

Porém, a sua lembrança dá-nos mais força para cada vez mais nos agarrarmos à vida que nos resta.

E porque essa vida está indissociavelmente ligada às “combatentes” que nos têm acompanhado desde a maldita guerra que nos marcou, chegou a hora de lhes darmos maior atenção e maior abertura nos convívios que participamos. Afinal, elas são valentes e sabem mais da guerra que muitos condecorados da nossa Pátria.

Não vamos parar, ó meu!
Nem vamos esmorecer.
Para irmos par’o Céu,
Falta muito que fazer

Se o Covid nos levar
Sem honras, sem orações,
Nunca nos vai apagar
Das boas recordações.
____________

Nota do editor

Último poste da série de 16 de maio de 2020 > Guiné 61/74 - P20980: Boas Memórias da Minha Paz (José Ferreira da Silva) (10): Feliz em África (em jeito de biografia)

6 comentários:

Zé Manel Cancela... disse...

E graças ao confinamento,o nosso
amigo bandalho Zé Ferreira,tem tempo
de sobra,para nos recordar os bons
momentos que já passamos.Espero bem
reviver esse tempo,e o mais depressa melhor
antes que nos "salte a tampa".
Obrigado amigo,e continua…
P.S.A nossa visita,depois da operação LAMPREIA, foi ao castro do
Mosinho,e não Montesinho….Tás perdoado…...

jteix disse...

És mesmo muito mauzinho, Zé Ferreira
Bonita altura para nos lembrares as coisas boas que passamos, na  altura em que o "bicho" nos tolhe os movimentos. Parece que ainda sinto o gosto do sarrabulho em Ponte de Lima, o último "Dia do Bando" e já lá vão dois meses.
Fez em Janeiro precisamente 11 anos que tudo começou,  quando convidei o Portojo, para um encontro de camaradas, a que mais tarde daríamos o nome de "O Bando do Café Progresso" por ter sido no dito, que agora deixou de ser progresso porque fechou, para ser retrocesso porque continua fechado, mas já antes alguns de nós lá nos encontrava-mos, ás segundas quartas- feiras do mês. Assim, como agora há tanta desinfestação, passamos para "O Piolho" e a seguir vamos em/nos Pasteis de Chaves, que á falta deles são, dois copinhos de vinho (aonde é que eu já ouvi isto, ó Evaristo)!... 
Zé, no meio de tanta recordação boa, não só os lugares e os locais, como os comesais e nem um bolinho sequer para a amostra?... Ao menos aquele que dizia: "Parabéns Aubando", que segundo a explicação do pasteleiro, era o senhor Aubando que fazia anos!...
Mas gostei, principalmente da ultima lista, que mais  parecia a lista das entradas.
Um abraço e vê se arranjas que fazer... mais crónicas, claro.
cumprim/jteix 

Luci Brito disse...

Recordar é viver.
Só posso desejar parabéns amigo,estás aproveitando a quarentena,pra epartilhar conosco momentos de grandes alegrias desse grupo maravikhoso"Bandalhos"por quem tenho grande consideração.Os que partiram,sempre estarão presente na memória,e ficam aí os momentos inesquecíveis.
Grande abraço.
Luci Brito🌹🥰🙋‍♀️🌻👏

Manuel Luís Lomba disse...

Camaradas e Bandalhos:
Venho prevenir-vos que esta fase das vossas vidas, triunfante no Cozido ali, nos Rojões acolá, no Bacalhau além, etc., etc. - o vosso cardápio exibe 31 especialidades! - é o advento de outra; em verdade e verdade vos digo que se aproximam os tempos em que assomareis às portas dos WC a entoar, triunfalmente: - Que bem me soube esta c...
Muitos cumprimentos e a maior inveja do
Manuel Luís Lomba

Unknown disse...

Boa prosa (como todas as tuas outras), Zé Ferreira. Quase me apetecia escrever "Memórias Boas do Nosso Bando" e usando um velho chavão, recordar é viver! Parece que 11 de Março em Ponte de Lima foi ontem... Mas o próximo encontro será numa destas quarta-feiras ensolaradas que por aqui vão certamente aparecer. E então o sabor do reencontro superará o bom gosto da iguaria que escolheremos. Em qualquer local bonito do nosso lindo país lá estaremos de novo todos juntos! Um forte abraço para cada um de vocês, amigos Bandalhos!
João Encarnação.

Ricardo Figueiredo disse...

Os afazeres do confinamento , impedem-me de olhar com mais frequência o FB, pelo que,lamentavelmente , só hoje tive oportunidade de ler este teu maravilhoso artigo.
Em resumo,resumido , apenas de tirei ,meu querido amigo e camarada Zé Ferreira, o Bando ´há só um , o nosso e mais nenhum !
Aquele abraço e continua, com essas tuas boas memórias do que quer que seja.
RF