1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem:
E eis que a Pátria (do antigamente) ainda reconhece os seus já velhos combatentes
Na apresentação do meu último livro com o General Manuel Monge
Decorreu no último dia 11 de dezembro de 2021, sábado, no Cine Teatro Municipal Maria Lamas, em Vila Nova de São Bento, sendo que o evento resvalou, necessariamente, para um mar de saudades, de recordações literalmente eternas, ou não fosse a obra “Aldeia Nova de São Bento – Memórias, Estórias e Gentes”, um “local” privilegiado para sentirmos, na sua essência, quem fomos, o que somos e de onde viemos.
No anfiteatro juntaram-se muitos conterrâneos, sendo que o tema da conversa foi de elevada elegância. Abordaram-se temas, aliás, narrativas que o livro contém, falou-se em determinados pormenores da nossa terra e abordou-se a temática da guerra colonial. Aliás, já aqui tinha deixado exposto um texto sobre os mortos que minha querida Aldeia Nova de São Bento contabilizou nas três frentes de guerra -Angola, Moçambique e Guiné.
O General Manuel Monge, natural de Aldeia Nova de São Bento, é uma pessoa que há muito estimo, e lá esteve na plateia acompanhado pela sua esposa, sendo que no final lhe autografei um exemplar, onde ele, por razões óbvias, merece toda a nossa consideração, tendo em linha de conta a sua condição militar na guerra colonial (duas comissões na Guiné), bem como a sua interferência na concretização do 25 de Abril, Revolução dos Cravos, de 1974.
IV
Gentes que deixam memórias
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General Manuel Monge
Detenho-me
defronte a uma colossal personalidade militar, coloco-me na inflexível posição
de sentido, faço-lhe a devida continência, peço, virtualmente, autorização para
entrar, cuja sua autorização me terá sido permitida, e ouso viajar pela
carreira de um homem que após ter passado pela Academia Militar, logrou atingir
a especialidade de cavalaria e chegar a general.
Manuel Soares
Monge nasceu a 18 de Fevereiro de 1938 em Aldeia Nova de São Bento, e muito
cedo se interessou por uma carreira militar. Razão esta que o levou até Lisboa,
onde ingressou na Academia Militar e daí saindo como oficial de carreira.
Na guerra colonial
conheceu duas frentes de batalha onde os conflitos eram, de facto, terríveis:
Angola e Guiné. Deste período horrendo e em que o clamor das armas não dava
tréguas ao mais incauto militar, Manuel Monge regista no seu currículo duas
comissões militares em Angola e outras duas na Guiné.
Em 1968, o
nomeado comandante-chefe da Guiné, António de Spínola, escolheu um lote de
oficiais, sendo que o propósito passava por arranjar uma nova estratégica para
a província, a qual estava à beira de uma derrota militar, presumia-se. Manuel
Monge foi um dos eleitos e o então capitão foi colocado no sul, numa região
assumida como um autêntico inferno. Assim, perante a missão que lhe fora
atribuída, viajou para Gadamael, onde se bateu como um bravo, merecendo ovações
de Spínola.
A 16 de Março
de 1974, participou numa tentativa falhada de revolução, sendo a coluna, que
vinha das Caldas da Rainha e por ele comandada, fora intercetada no caminho e o
propósito previamente engendrado resvalou para o insucesso.
A 25 de Abril
de 1974, um mês e pouco passado, deu-se a Revolução dos Cravos e Manuel Monge
foi membro do Movimento dos Capitães e da Comissão Coordenadora do Movimento
das Forças Armadas.
Nesse tempo, Manuel Monge já tinha a patente de major, sendo assessor de António Spínola e de Mário Soares na Presidência da República. Entre 1980 e 1982 esteve no comando do Esquadrão de Reconhecimento no Quartel de Cavalaria de Santa Margarida. Foi, também, responsável pelo pelouro das relações com Macau, quando desempenhou as funções de secretário-adjunto do Governo.
General Manuel Monge, como governador civil, quando fiz o lançamento de um dos meus livros na Biblioteca Municipal José Saramago, em Beja
Em Setembro de
1996 foi secretário-adjunto para a segurança e promovido a brigadeiro. Hoje,
Manuel Monge, está aposentado como general, tendo passado por Beja como
governador civil.
No campo das
homenagens, Manuel Monge recebeu com os graus a grã-oficial da Ordem Militar de
Avis, a 6 de Janeiro de 1992, sabendo-se que esta ascendeu a grã-cruz a 20 de
Setembro de 2001, assim como a de grã-oficial na Ordem Militar de Cristo.
O general Manuel Monge, nosso ilustre conterrâneo, reside na sua terra natal, Aldeia Nova de São Bento, sendo uma pessoa muito respeitada pelo povo.
Um abraço, camaradas
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523
Mini-guião de
colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
5 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 – P22783: Agenda cultural (793): Aldeia Nova de São Bento - Memórias, Estórias e Gentes, 10º livro do José Saúde: sessão de lançamento, 11/12/2021, 15h00, Vila Nova de São Bento. Apresentação do prof David Monge da Silva.
6 comentários:
Com o nosso apreço e admiração. Luís Graça
É Aldeia Nova de São Bento ou é Vila Nova de São Bento? Ou é uma aldeia que foi promovida a vila, mas continua a chamar-se Aldeia?
Vila Real, por exemplo, é uma cidade, mas continua a chamar-se vila.
Camarada Fernando Ribeiro,
Eu explico: a freguesia (oficialmente) continua a chamar-se Aldeia Nova de São Bento, local onde nasci; a localidade é que foi elevada a Vila. Aliás, explico tudo neste livro.
Porém, eu nasci (1950) em Aldeia Nova de São Bento e toda, ou quase toda, a narrativa passasse aquando a localidade era simplesmente aldeia. Por conseguinte, não deturpei rigorosamente nada em relação a cada texto que orgulhosamente narrei. Falo, amiúde, na obra da minha aldeia e não da vila, pois esse tema era assunto que obedeceria a uma longa conversa.
Fernando sou natural de Aldeia Nova de São Bento com muito orgulho. Tanto mais que o digo em todo o lado que sou natural de Aldeia Nova e não de Vila Nova. E sem o mínimo de receio. A questão de vila deixa-me confuso. Fico por qui.
Abraço, amigo
Zé Saúde
Muito obrigado pela explicação, camarada José Saúde. Então Vila Nova de São Bento é (agora) uma vila, que é sede de uma freguesia chamada Aldeia Nova de São Bento (o nome antigo da localidade). Um abraço e votos de Feliz Ano Novo
O que interessa é ler o livro "Aldeia Nova de São Bento - Memórias, Estórias e Gentes", de José Saúde, que com o seu escrever, como se tratasse duma peça de filigrana, nos explicará a sua terra.
O Zé Saúde nasceu no tempo da sua terra ser uma aldeia, uma aldeia nova criada pela junção de duas aldeias existentes e por isso "nova".
Em 1988, por razões do crescimento e número de habitantes, passou de Aldeia a Vila Nova de São Bento. Em 2011, com a agregação das Freguesias, passou a União das Freguesias de Vila Nova de São Bento e da Freguesia de Vale de Vargo.
Mas quem sabe tudo isto, e com certeza muito bem explicado no seu livro, é o nosso camarada- escritor Zé Saúde.
Não havia necessidade alterar o topónimo "Aldeia Nova..." para "Vila Nova de São Bento" por razões de elevação a Vila, ou então a lógica seria passar a Vila de São Bento, por não se tratar de uma vila nova propriamente, mas quem sabe disso são os seus habitantes.
O que se passa em Vila Real, Vila Real de Santo António, Vila Nova de Gaia serem cidades mantendo "Vila" foi por assim o entender os seus habitantes.
Agora o gentílico de aldenovense é que não sairá dos seus habitantes e o clube da terra nunca passará para a "vilanovense" e manterá sempre o de Atlético Aldenovense.
Abraços e saúde
Valdemar Queiroz
Não aproveitei o post anterior pra agradecer a vários camaradas e amigos que fizeram o favor de enviar votos de Boas Festas, quer via email, mensagens e telefonemas. Fiquei muito sensibilizado, obrigado.
Embora, este ano, passasse o Natal em companhia do meu filho e netos com alegria, continuo com graves problemas de saúde. Provavelmente vou ter de ir para o hospital.
Abraço e saúde
Valdemar Queiroz
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