que tens de saber dar corda aos sapatos e ao coração,
dizer ao deus-sol:
Os provérbios e outros lugares comuns da língua portuguesa deveriam decididamente merecer um outro estudo como objetos de investigação científica (sociolinguística, semiológica, histórica, antropológica, sociológica, etc.), para além da sua simples recolha sistemática (por ex., Machado, 1996) ou do seu embrionário tratamento em termos de categorização temática (por ex., Gomes, 1974; Joaquim, 1983; Costa, 1999).
Pondo de lado questões como a sua origem, a sua historicidade, a sua função ideológica, o seu modo de produção e reprodução, etc., vamos limitarmo-nos aqui a analisá-los enquanto representações sociais tanto da saúde e da doença como dos praticantes da arte médica (Herzlich e Pierret, 1984; Graça, 1996).
Gomes (1974. 5) define o conceito de lugar comum como "estrutura frásica, decorada, fossilizada e envelhecida".
O Dicionário Houaiss da Língua Portugesa (Lisboa, 2003) define provérbio como:
(i) uma frase curta;
(ii) geralmente de origem popular;
(iii) frequentemente com ritmo e rima;
(iv) rica em imagens ou metáforas;
(v) sintetizando um ideia a respeito da realidade, uma regra social ou uma normal moral.
Um dos nossos pressupostos, seguindo Gomes (1974), é o de que muitos deles teriam uma matriz ideológica cristã-feudal, indissoluvelmente ligada à ruralidade e à oralidade, por um lado, mas também à cristandade, como um todo. Aliás, muitos deles são comuns às principais línguas europeias, em particular às de origem latina.
Uma das suas particularidades ou originalidades é a forma de expressão:
(ii) são fáceis de decorar ("Espírito são em corpo são");
(iv) ou um simplesmente um um propósito didático ("O mal do olho coça-se com o cotovelo");
(v) moralizante ("À custa do doente come toda a gente");
(vi) ou filosófico ("Queres conhecer o teu corpo ? Mata o teu porco").
Enquanto parte de uma arqueologia da língua e do saber e, portanto da nossa própria cultura (Braga, 1986), os provérbios parecem-nos constituir um material no mínimo interessante para o estudo não só da
Além do mais, há um grande défice da contribuição antropossociológica para a formação pré e pós-graduada dos nossos profissionais de saúde, não só dos nossos médicos e enfermeiros e outros prestadores como dos gestores de serviços de saúde.
Por exemplo, de há muito que é reconhecida a necessidade de se desenvolver a "sensibilidade sociocultural" dos médicos de medicina geral e familiar (Barbosa, 1984). Por outro lado, só muito lenta e tardiamente as nossas faculdades de medicina e as nossas escolas de enfermagem (e de tecnologias da saúde) se têm aberto para o contributo das ciências sociais, em particular da história, da sociolinguística, da psicologia social, da sociologia e da antropologia.
Daí que o presente texto possa ser visto, também, como uma proposta (modesta) para repensarmos a história da saúde, da doença e da medicina em Portugal , ainda largamente dominada até ao final do séc. XX dominada pelo iatrocentrismo e pelo etnocentrismo (Mira, 1947; Ferreira, 1990; Lemos, 1991).
É hoje relativamente pacífica a ideia de que:
"O ato médico coloca uma pessoa que se considera doente na presença de outra à qual atribui poder e conhecimentos. Nenhuma destas circunstâncias pode escapar à história: o desejo de ser tratado é justificado por uma dor ou uma anomalia na aparência ou no funcionamento do corpo, cuja apreciação varia de acordo com as épocas, as culturas, as sociedades e as religiões", escreve J. Ch. Sournia, na sua História da Medicina (Sournia, 1995. 7).
Muitos destes provérbios e expressões idiomáticas da língua portuguesa devem ser tratados como verdadeiros "fósseis" da filosofia de senso comum. Todos eles fazem parte do nosso património cultural mas alguns deles ainda são verdadeiros "fósseis vivos".
No mínimo, veiculam representações sociais (Vala, 2002) da saúde, da doença, da dor, da morte e da medicina e dos seus praticantes, que ainda hoje sobrevivem sob a forma de estereótipos, preconceitos e teorias espontâneas, e que às vezes emergem, aqui e acolá, no discurso e na prática dos atores sociais.
Alguns, inclusive, são verdadeiras joias do pensamento sincrético (tal como alguns dos grafitos que, teimosamente, provocatoriamente, cobrem muros e paredes das nossas cidades). Pensamos que uma parte deste património cultural pode e deve ser recuperadas por aqueles de nós que lutam pelo triunfo de uma nova saúde pública.
Alguns destes provérbios podem inclusive ser usados no âmbito da educação e da promoção da saúde, nomeadamente aqueles que estão relacionados com fatores de risco e fatores protetores da saúde (físicos, químicos, biológicos e psicossocais).
Vou exemplificar alguns destes pontos de vista, através da análise, meramente exploratória, de um primeiro corpus de provérbios portugueses que está longe de ser exaustivo e sistemático: no essencial, baseia-se nas recolhas feitas por Gomes (19974) e Machado (1996); há outras fontes avulsas (incluindo inúmeros sítios na Internet) que, por economia de espaço e de tempo, não vou aqui referir.
Machado (1996) reuniu mais de 26 mil entradas, organizadas por ordem alfabética. Nalguns casos, é referida a mais antiga documentação da sua origem que o autor conseguiu obter, anterior ao Séc. XIX. Por outro lado, Costa (1999) compilou e classificou em termos temáticos mais de 40 mil provérbios, num paciente trabalho digno de monge, ao longo de toda uma vida.
Diga-se, por fim, que é discutível o estatuto de provérbio, português e de origem popular, que é atribuído a um ou outro dos objetos seleccionados. Alguns são de origem bíblica, latina e erudita. Não vamos, porém, perder tempo com essa discussão.
Outros confundem-se com o calão usado pelas classes populares. Por muito que isso possa ferir algumas sensibilidades, entendemos que não tínhamos o direito, enquanto estudiosos destes materiais significantes, de os amputar, censurar, branquear ou suavizar... O que importa é a sua apropriação pelos falantes da língua portuguesa, o seu uso mais ou menos socialmente alargado e historicamente documentado.
2. A Representação da Doença e do Doente
Na ideologia cristã-feudal, a doença é representada socialmente da seguinte forma esquemática (Quadro I):
(i) está quase sempre associada à morte ("Mal viver, mal acabar"; "Tosse seca, trombeta da morte"; "Doença comprida em morte acaba"; "Não há morte sem achaque");
(ii) e, muitas vezes, à morte em massa de que a peste negra de 1348-1351 e o infernal ciclo de epidemias que se lhe seguiu durante mais de quatro séculos é o termo de comparação ("Não matou mais a Peste Grande de Lisboa", ou seja, a de 1569) (Quadro III);
(iii) é vista como algo de inelutável, que transcende a vontade humana e contra a qual o homem é totalmente impotente ("Boda e mortalha no céu se talha"; "Deus faz o que quer e o homem o que pode") (Quadro II);
(iv) e quase sempre um castigo ou uma provação de um Deus que é estranha e misteriosamente um pai maniqueísta, justiceiro e misericordioso ("A quem Deus não açoita é sinal de que o não perfilha"; "De Deus vem o mal e o bem"; " Deus o dá Deus o leva"; "Deus castiga sem pau nem pedra"; "É tão bom Deus como o Diabo");
(v) e que só Deus, e não os médicos, pode curar ("De hora a hora Deus melhora"; "Deus dá o mal e a mezinha"; "Deus fere porém Suas mãos curam").
Até à criação do Estado Moderno (grosso modo, até ao fim do Ancién Régime ou Antigo Regime, no nosso caso até à revoluçãoo de 1820) não faz qualquer sentido falar-se em sistemas e políticas de saúde ou de protecção social ou até de assistência pública.
Estes conceitos irão surgir, lentamente, como resposta aos efeitos perversos da revolução industrial e urbana, operada pelo desenvolvimento do capitalismo liberal, bem como às profundas transformações demográficas, sociais, económicas, científicas, culturais e políticas que marcam o Século XIX . Nomeadamente o conceito de assistência pública é um conceito burguês que irá emergir da Revolução Francesa (Graça, 1996).
Até à Renascença (grosso modo, até ao Séc.XVI) não há sequer um clara noção do que seja a saúde, em termos individuais ou colectivos. De resto, "não há doenças, só há doentes" (Quadro I).
A única excepção são a lepra e as epidemias que devastam a Europa medieval e a que Herzlich e Pierret (1984) chamam l'Ancién Régime du Mal, o Antigo Regime do Mal...
Enquanto hoje a doença crónica é (ou pode ser) vista como uma forma de vida, a epidemia será então uma forma de morte. A doença era marcada por três características (Herzlich e Pierret, 1984. 23):
De facto, com a epidemia, não há doentes individualizados: não se morre só, em casa ou no hospital, morre-se em massa, por toda a parte, das formas mais cruéis e macabras (por ex., emparedado vivo com toda a família).
A morte é algo de inelutável, indizível e fatal, sendo a exclusão a única saída. A resposta colectiva, através da "socialização do mal", será a do internamento forçado e da brutal segregação dos doentes (Foucault, 1972; Geremek, 1995).
(1) Intermitente, segundo Machado (1996. 23); referência provável ao sezonismo.
No caso da lepra, os doentes eram apartados da comunidade e da família, despojados dos seus bens, submetidos a um macabro simulacro de funeral em vida, além de serem obrigados a viver da caridade, a usar um vestuário distintivo e a fazer-se anunciar através do toque de matracas, junto às povoações e nas vias públicas.
A lepra era, na Alta Idade Média, a Doença, por antonomásia. Conhecida desde a antiguidade, é amplamente citada na Bíblia como a doença do pecado da carne, logo um terrível castigo divino, susceptível de se propagar às gerações seguintes.
Com as Cruzadas (Séc. XI), aumentou consideravelmente o número de leprosos e, em consequência, multiplicaram-se as leprosarias (ou gafarias, em Portugal) ao ponto de terem existido em França mais de duas mil, por volta de meados do Século XIII (Imbert, 1958).
A partir de finais do Século XIV, esta terrível doença que marcou o imaginário do homem medieval ("Não fujas que eu não tenho lepra" é uma expressão que ainda hoje se usa em Portugal), tenderá a regredir no Ocidente. O regresso dos cruzados terá igualmente contribuído para a introdução de muitas doenças transmissíveis, até então desconhecidas na Europa, e que se transformaram em temíveis epidemias e doenças endémicas (peste, tifo, varíola, etc.).
A mais mortífera de todas foi, contudo, a peste negra (do latim pestis, derivado de peius, "a pior doença") , designada sob a forma de múltiplas expressões como febris pestilentilis, infirmitas pestifera, morbus pestiferus, morbus pestilentialis, mortatitas pestis ou muito simplesmente pestilentia. Estima-se que, em meados do Séc. XIV, terá vitimado cerca de 25 a 30 milhões de pessoas (entre um terço a um quarto da população do Ocidente), a maior catástrofe demográfica de que os europeus têm memória.
Quanto à sífilis (também conhecida como morbo serpentino, mal das boubas, morbo gálico, etc.), é já, claramente, um pandemia pós-feudal, resultante do florescimento das cidades, da economia mercantil, da mobilidade espacial e sobretudo das viagens marítimas intercontinentais: trazida, ao que parece, do Novo Mundo pelos marinheiros de Cristovão Colombo, era conhecida como o mal francês (morbo gálico) na Itália, como o mal italiano em França, como o mal português na Índia, como o mal espanhol nas Américas, como o mal cristão entre os otomanos, e assim sucessivamente (Mira, 1947. 103-104).
Embora não haja dados que permitam calcular as taxas de natalidade e mortalidade da população portuguesa nos Séculos XIV e XV, aceita-se como pacífico que fossem muito elevadas. Segundo os historiadores, a média de vida ou a esperança de vida após a puberdade situar-se-ia entre os 35 e os 40 anos. O que aliás está implícito nalguns dos provérbios seleccionados (Quadro III e Quadro IV):
- "A morte não escolhe idades";
- "Até aos 40 bem eu passo, dos 40 em diante 'ai a minha perna, ai o meu braço' ";
- "De quarenta arriba não molhes a barriga";
- "Esta vida não chega a netos nem a filhos com barba";
- "Na era de 31, poucos moços, velhos nenhum".
A Lisboa que o médico, de origem hebraica, Amato Lusitano (1511-1568) evoca nas suas Centuriae curationum medicinalium, não é apenas a do conhecido 'postal ilustrado', publicado na obra de J. Braunius, Civitates orbis terrarum (1572);
Para além da sua ímpar topografia e da benignidade do seu clima, a par da grandiosidade do seu porto, muralhas, palácios, igrejas e conventos, Lisboa continua a ser uma cidade medieval no que respeita à sua malha urbana e sobretudo às suas condições sanitárias (Graça, 1996).
Como diz Ricardo Jorge (s/d. 170), "as ruas afogavam-se em estrumeiras; quem podia, só as transitava a cavalo. Canos, apenas mencionados no regimento de municipal de 1502, só ao findar do século XVI é que tinham traçado figurável - tudo parcelar e desconexo, contando-se tão somente dois canos reais". A par isso, "na praia vazavam-se todos os despejos e despojos; e a barbárie era tal que os próprios cadáveres dos escravos eram deitados ao monturo, entregues ao dente do cão, do rato e à podridão livre".
Ricardo Jorge referia-se nomeadamente ao execrável hábito de lançar os cadáveres dos escravos negros e mouros ao Estuário do Tejo (por ex., na praia de Santos ou a partir da escarpa de Santa Catarina). Esta prática, muito pouco misericordiosa, atentatória da saúde pública, terá levado D. Manuel I a mandar construir dois poços funerários (o dos Negros e o dos Mouros), onde os cadáveres eram lançados e, periodicamente, cobertos de cal viva!
E acrescenta o autor da biografia de Amato Lusitano:
"Daí a mortandade, a curteza de vida. Amato viu superiormente, e é o primeiro a dizê-lo, quanto Lisboa reduzia a vida dos seus habitantes, assinalando o seu regime de baixa longevidade; e, antecipando-se à observação mais moderna, afirma de ciência certa que a maior parte dos lisboetas sucumbem às primeiras idades - maiori ex parte juvenes e vita decedunt " (Jorge, s/d. 170-171).
A doença, a infelicidade e a morte também estão intimamente associadas à pobreza (Quadro IV):
- "De gente pobre até o rasto é triste";
- "Desgraça do pobre é ter nascido";
- "Quando pobre come frango, um dos dois está doente".
Quadro III - Provérbios e outros lugares comuns da língua portuguesa sobre a morte e a peste |
Objeto | Provérbio |
Morte/ Vida |
|
Epidemia/ Peste |
|
(1) Icterícia, segundo Machado (1996: 55); (2) A de 1569; (3) Adágio oriental (Mira, 1947: 405); (4) Provérbio latino usado na Idade Média ("Foge depressa, vai para longe e não voltes não cedo"); (5) 31 de Dezembro
De qualquer modo, o facto de não haver uma consciência colectiva da saúde/doença terá a ver, antes de mais, com o nível de conhecimento sobre a etiologia (ou a causalidade) das doença humanas:
- Até à revolução bacteriológica de meados do Séc. XIX (protagonizda por Pasteur, Koch e outros), as doenças infecciosas eram atribuídas a misteriosos miasmas; daí (i) o sentido do provérbio português "Livra-te dos ares, que eu livrar-te-ei dos males" e (ii) a vulgarização de práticas mais ou menos ritualizadas como as fogueiras nas ruas em caso de epidemia, as fumigações de pessoas, animais, objectos e casas, a travessia das ruas por manadas de gado bovino, etc.;
- Quanto às doenças não transmissíveis, essas, continuavam a ser, ainda até há relativamente pouco tempo, um outro "mistério";
- De facto, só a partir dos anos 60 foi possível tentar "uma interpretação global das relações existentes entre as condições de vida, a saúde e o crescimento da população" (McKeown, 1990. 13).
Quadro IV —Provérbios e outros lugares comuns da língua portuguesa sobre a pobreza e a velhice
Objeto | Provérbio |
Pobre / Pobreza |
|
Idade / Tempo / Velhice |
|
Em suma, foi preciso esperar pelo século XIX para que se fizesse luz sobre a natureza das doenças transmissíveis. Em escassas dezenas de anos, os progressos da bacteriologia e virologia tornam-se espectaculares (Quadro V).
Em contrapartida, só na segunda metade do século XX é que foi posta em evidência a etiologia multifactorial de doenças crónicas como o cancro, a diabetes ou a cardiopatia isquémica, e o peso que nesse tipo de doenças tinham (e têm) os factores ambientais e comportamentais, e não apenas os biológicos ou genéticos.
No complexo puzzle das teorias explicativas da saúde/doença, há hoje quatro evidências empíricas que McKeown (1990:14) considera como fundamentais:
- O reconhecimento de que o genoma humano é sensivelmente o mesmo do primitivo Homo Sapiens Sapiens, ou seja, dos nossos antepassados caçadores-recolectores de há cem mil anos;
- A descoberta de que, nos países desenvolvidos, o salto qualitativo em termos de melhoria do estado de saúde e de crescimento populacional começou um século antes da medicina ter meios eficazes de intervenção no combate às doenças, sendo esse salto atribuído, em grande medida, à melhoria da envolvente socioeconómica (alimentação, habitação, saneamento básico, higiene ambiental e pessoal, nível de instrução e de informação, serviços de saúde pública, etc.);
- A descoberta, pelas ciências biomédicas, da natureza das doenças infecciosas e da possibilidade da sua prevenção pela dupla via do aumento da resistência do organismo humano e da redução da exposição aos agentes transmissores;
- E, finalmente, o reconhecimento (este muito mais recente, de há quarenta anos para cá, desde os anos 60 do séc. XX ) de que a maior parte das doenças não transmissíveis não podem ser apenas imputáveis àbiologia humana e à constituição genética, mas também ao sistema socioecológico em que vive o homem moderno; nessa medida, podem ser objecto de prevenção, através da eliminação, redução ou controlo dos factores de risco quer ambientais quer comportamentais.
Ano | Germes patogénicos | Autor | País |
1875 | Lepra | Hansen | Noruega |
| Amebíase | Loesch | Alemanha |
1878 | Furúnculo | Pasteur | França |
1879 | Febre puerperal | Roux | França |
| Blenorragia | Neisser | Alemanha |
1880 | Malária/ Paludismo | Laveran | França |
| Febre tifóide | Eberth | Alemanha |
1882 | Tuberculose | Koch | Alemanha |
1883 | Cólera | Koch | Alemanha |
1884 | Tétano | Nicolaïer | Rússia |
1887 | Febre de malta | Bruce | Grã-Bretanha |
1889 | Cancro mole | Ducrey | Itália |
1894 | Peste | Yersin | França |
1901 | Doença do sono | Dutton | Grã-Bretanha |
1905 | Sífilis | Schaudinn | Alemanha |
1906 | Coqueluche | Bordet | França |
1909 | Tifo | Nicolle | França |
(*) Vd. poste de 6 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19370: Manuscrito(s) (Luís Graça) (149): O último pôr do sol... nas Azenhas do Mar
(**) Adpat. de um texto do autor, de 2000, publicado na sua página pessoal, Saúde e Trabalho - Luís Graça; uma outra versão, mais abreviada, foi publicada no Médico de Família, III Série, 6 (Junho 2000)
4 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20810: O que podemos aprender com as epidemias e pandemias do passado? (Luís Graça) - Parte II: Peste: "Mercator ergo pestiferus"
7 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20827: O que podemos aprender com as epidemias e pandemias do passado? (Luís Graça) - Parte III: Entrevista dada ao jornalista José Pedro Frazão, programa "Da Capa à Contracapa", emitido aos sábados, às 9h30, na Rádio Renascença
14 de abril de 2020 Guiné 61/74 - P20855: O que podemos aprender com as epidemias e pandemias do passado? (Luís Graça) - Parte IV: Saúde e terror até ao fim do Antigo Regim
(****) Último poste da série > 12 de dezembro de 2022> Guiné 61/74 - P23870: Manuscrito(s) (Luís Graça) (215): Verão de 68
14 comentários:
A ausencia de comentários a este post foi surpreza grande para mim. Provérbios… doença…medicinas... morte… epidemias… todos eles são temas , uns mais do que outros que dizem respeito a quase todos nós, e pelo menos um deles é infalível , diz bem respeito e aplica-se a todos e cada um de nós. E este post evidencia e só pode ser resultado de quem tem "muita bagagem”=== e muita coragem também, sabendo todos nós das limitações a que o nosso comandante Luís Graca tem sido obrigado ultimamente. Aguentadas com um estoicismo que, vindo dele ja não surpreende ninguém , mas não deixa de ser inspirador e credor de profunda admiração.
"Espero,—diz o nosso querido comandante === ao menos, que a sua leitura tenha algum proveito para os nossos leitores”. Por mim e para mim que, ==coisa rara,== li este post da primeira à última letra foi um maná!
Grande Luís Graça , Obrigado e bem hajas! Tu, a tua/nossa Alice e os teus queridos, incluindo a vossa querida Nitas por quem junto contigo, elevamos o nosso pensamento.
João ( e Vilma) Crisóstomo
Obrigado, João e Vilma, mesmo longe (mas sempre ao alcance de um clique) vocês estão sempre no nosso coração. Muita saúde e longa vida porque vocês merecem tudo... Luís (e Alice, que está agora, de manhã, na hora da visita, com a mana Nitas, no serviço de Hematologia, do Hospital de São João).
É só doenças, maleitas, enfermidades. Oh. Luís, arranja uns provérbios e anexins menos de caixâo à cova.
Abraço.
Antómio Graça de Abreu
António, lá mais para a frente, quando se falar de... "freiras e frieiras, cocá-las e deixá-las"... Um abraço, Luis.
Aparece uma fotografia da piscina atlântica de Azenhas do Mar e vemos areal à frente que forma uma pequena praia.
Durante alguns anos, as marés fazem desaparecer a praia ficando a zona cheia de pedregulhos e a piscina impraticável coberta de areia. Depois é acertar no ano de praia com areal e piscina cheia com água da maré.
Houve um ano que se formou um bom areal e a maré enchia a piscina, que coincidiu com um Verão de dias esplêndidos raros na região. A tia de um meu ex-colega alugou a sua casa na zona em cima da escarpa durante Agosto e Setembro, arranjando, depois, clientes de fins de semana até ao Outono. No Inverno, aproveitou o dinheiro dos alugueres para fazer umas necessárias obras na casa. No ano seguinte, apareceram os banhistas mas desapareceu a praia com as marés e sol passava dias escondido sem aparecer. E lá se foram os banhistas, por durante três anos não houve praia e apenas um pequeno areal que se formou dentro da piscina.
Ainda lá passei um fim de semana, com medo de passar a sofrer de sonambulismo e poder cair da escarpa ao mar.
Continuação de melhores, Luís.
Valdemar Queiroz
Luís:
Oportunidade para um abraço solidário e votos de melhoras para ti e para a pessoa que te é próxima, e para te agradecer a magistral lição acerca da Doença, que nos propicias-te.
"Freiras e freiras é coçá-las e deixá-las"... Uma cedilha pode fazer valer diferença: cocar e coçar... Peço desculpa. LG
Obrigado, Manuel Luís...A gente sabe que a vida só tem uma porta e a morte cem... Estamos todos a fazer o inevitável processo de luto. LG
Meu bom e estimado amigo e camarada Luís Graça
Tenho andado "distraído" com outras coisas, outros afazeres, outras urgências, pelo que só agora dei conta do que se está a passar.
Peço desculpa pelo que pode parecer uma indiferença, uma ingratidão, coisas que por norma não se me colam à pele, não ter reagido antes.
Ultimamente vocês têm andado a "dançar com a mais feia" (pode-se dizer que é mais um "provérbio", ou um dito, popular, que fui ouvindo por aqui, por terras sadinas mas que creio terem sido importadas por emigrantes do sul) e as contrariedades sucedem-se mas não nos podemos (não podem) baixar a cabeça. Enfrentar as situações, conformar-se (ou não) com elas será garantia de ultrapassá-las com menos dor.
Pelo que revelas, a situação será irreversível e sem retorno. O meu lamento.
Quanto ao Blogue, o Blogue de todos os que o conhecem e o estimam, claro que sofrerá um pouco a tua menor disponibilidade, mental e temporal, mas não morrerá.
Cuida-te o que que puderes, a Alice também e aguardaremos por dias menos infelizes.
Forte abraço
Hélder Sousa
Parabéns Luís pela tua disponibilidade. As coisas que sabes....
Quanto às saúdes, votos de melhoras rápidas.
Abraço
António Duarte
Obrigado, Hélder. Cada um de nós tem os seus problemas, os seus dramas, pessoais e familiares. Não os podemos partilhar neste espaço que foi pensado para outros fins.
Mas é difícil esconder, aos nossos leitores e sobretudo aos que fazem o blogue,aos editores e colaboradores permanentes, as razões da nossa menor disponibilidade ou mesmo total indisponibilidade em dados momentos por motivos de força maior (doença nossa ou de pessoas muito próximas).
Agradeço o teu cuidado. Transmitirei por ti, à Alice, a tua mensagem. Ela,ainda mais do que eu (que sou mais "durão") está a sofreu muito com a perspectiva da iminente perda da sua mana querida... E minha mana também, os nossos filhos são mais do que primos...
A Nitas, também como tu engenheira técnica, formada pelo ISEP, tem uma vida de quase 40 anos dedicada ao Instituto... O seu laboratório de química era a menina dos seus olhos, foi ela que o ajudou a criar e a montar mas também deve ter sido lá que ela apanhou a mielodisplasia, hoje já leucemia, que a está a matar (os primeiros sintomas e o primeiro diagnóstico devem ter quatro anos)... Com mais de 70 anos, já não há transplante de medula. De resto, nenhum dos irmãos era compatível. (Como tu bem sabes,algumas das doenças profissionais manifestam-se tardiamente, com o trabalhador a gozar em casa a sua merecida reforma: é o caso da silicose, por exemplo, que tem uma latência clinica de 15 anos.)
Mas agora é tarde de mais... para salvar uma vida que tinha tudo para ser feliz por mais uns aninhos. Era uma linda mãe e avó com dois filhos e dois netos. Estou-lhe a preparar um álbum fotográfico e a oração fúnebre.
Um abraço fraterno. Luis
António Duarte, obrigado. Quanto a saberes, eu sei de umas coisas, tu sabes de outras... E o que é bonito aqui é a nossa vontade e disponibilidade para partilhar uns com os outros o que vivemos e o que sabemos... Abraço forte. Luis
Amigo companheiro e camarada!
Para ti, tua Mulher Grande e toda a vossa família que estóicamente tem acompanhado essa luta desigual, vai o meu abraço de solidariedade e conforto
Eduardo Estrela
Luís Graça
Não tenho dado a devida atenção ao teu estado de saúde e de teus familiares mais queridos.
Melhor dizendo não é bem não ter dado a atenção, é não me tenho apercebido, inclusive o estado da evolução do teu tratamento da anca.
A vida é assim, vai nos agarrando e depois vai nos largando rapidamente ou lentamente até não querer saber de nós.
Eu tenho andado bastante aflito sem poder sair de casa e vou aguentando com muita paciência.
Desejo-te as melhoras de recuperação e também dos teus familiares.
Abraço
Valdemar Queiroz
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