terça-feira, 19 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4376: As grandes Operações da CART 2339 (Carlos Marques Santos) (4): Operação "Dedo Forte"



1. Mensagem de Carlos Marques Santos, ex-Fur Mil da CART 2339, Fá Mandinga e Mansambo, 1968/69, com data de 17 de Maio de 2009, com mais uma das grandes Operações da sua Companhia:





As grandes Operações da CART 2339 / 58 69 – Mansambo (IV)
Mês de Maio de 1968

OPERAÇÃO DEDO FORTE


O mês de Maio em termos operacionais para a nossa Companhia não foi muito forte pois estava em deslocação fraccionada para a construção da nova sede: Mansambo e ao mesmo tempo efectuando diligências de reforço noutros sectores.

Assim e apesar disso em 280830h, saindo de Fá Mandinga a Companhia iniciou a Operação com a duração de 2 dias e com a finalidade de efectuar ataque e destruição de objectivos na zona de Galo Corubal/ Satecuta.

Iniciámos uma operação com o seguinte dispositivo:

Dest. A – CART 1646 a 2 GComb.

CCaç 2383 a 3 GComb.

Dest. B – CART 2339 a 4 GComb.

Pel. Art.ª colocado no Xitole

A acção iniciou-se com a CART 2339 a sair de Mansambo, seu futuro aquartelamento, em 282000h para a zona de acção, pelo itinerário previsto, atingindo o acampamento de Galo Corubal em 290830h, constatando a sua destruição, efectuada pela mesma CART em Fevereiro (OP. Grão Mongol) e sem indícios de utilização.

Dirigiu-se para DANDO onde se instalou para evitar a fuga de elementos IN de Satecuta e Ponta Jai para Norte.

Preparou-se para apoiar o Dest. A com tiro de morteiro, cuja missão era destruir SATECUTA.

Sem incidentes e após a junção ao Dest. A, regressámos a Mansambo, onde chegámos às 1730h.

Regressámos a Fá e os outros nossos camaradas, em Mansambo, continuaram a construir um novo aquartelamento.

Como notas pessoais acrescento que esta foi uma noite terrível de chuva e trovoada.

Escuro como breu e consequentemente marcha difícil em bicha de pirilau de mão dada.

Os relâmpagos iluminavam a noite e tornavam-na dia.

Era assim a guerra.
CMSantos
CART 2339 – Fá Mandinga e Mansambo
1968/ 69
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 13 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4178: As grandes Operações da CART 2339 (Carlos Marques Santos) (3): Operação "Gavião"

Guiné 63/74 - P4375: Provedor do leitor (1): A liberalidade e as estações do nosso calvário (Filomena Sampaio)

Lisboa > Palácio Nacional da Ajuda > A Liberalidade, uma das estátuas monumentais que representam as virtudes, na grande vestíbulo do Palácio... Foto tirada no Dia Internacional dos Museus ... Dos dicionários: Liberalidade, s.f.. 1. Qualidade de liberal; 2. Acto de dar com generosidade.... (LG)

Foto: © Luís Graça (2009). Direitos reservados.


1. Da nossa leitora Filomena Sampaio, que trabalha numa empresa que é actualmente um dos líderes europeus na produção de Folhas e Tecidos Plastificados para revestimento de componentes do interior automóvel:


Boa tarde, Srs. Dr. Luís Graça e Carlos Vinhal,

É pena que pessoas, como o Sr. José Rocha (*), não entendam que este Blogue não é uma empresa onde quem dirige ou trabalha tem de “suportar” clientes, fornecedores, accionistas, colegas, concorrentes, autoridades, comunicação social, etc. Uma maçada!

Este Blogue é óptimo e os seus Administradores, Editores e Co-editores, devem ser respeitados por todos.

Na minha opinião e na de muitos leitores, não merecem ser insultados.

Por que editaram o texto? Por respeito? Foram porventura respeitadas as regras (não nos insultamos uns aos outros)?

Cumprimentos,

Filomena


2. Mails anteriores da nossa leitora:

(i) 6 de Maio de 2009:

Bom dia Sr. Dr. Luís Graça,

Sou leitora do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné e antes de mais peço desculpa por me atrever a dizer-lhe que as Estações do Calvário são 14 e não 13.

Embora em 1991 tenha sido proposta pelo Papa João Paulo II a 15ª estação.

Felicidades para a continuidade do Blogue. Melhores cumprimentos para o Senhor e toda a Família.

Filomena

(ii) Resposta do editor L.G.:

Filomena:

Fico encantado, em primeiro lugar, por saber que acompanha o nosso blogue; e em segundo, por ter sido corrigido, com tanta elegância e competência, por uma senhora como você… “Sem importância”, não: acima de tudo, o rigor… Fico-lhe grato.

Não sei porquê mas sempre ‘interiorizei’ este número… 13 é um nº cabalístico… A minha cultura teológica anda um pouco por baixa, peço desculpa: devia ler mais vezes os Evangelhos, coisa que já não faço há uns bons aninhos... Vou corrigir o poste, e se me permite vou inserir lá o seu comentário… Apareça sempre e participe, sempre que entender… Para discordar, para corrigir, para apoiar.


(iii) Nova mensagem da nossa leitora, com data de 7 de Maio:


Sr. Dr. Luís Graça,

Fico muito honrada pelo facto de me ter respondido, não era necessário. Obrigada.

Por momentos (quando li o comentário) pensei que tivesse eliminado uma estação (encontro com a mãe) pelo facto de se tratar dum Blogue de Ex-Combatentes da Guiné e em nenhum testemunho, escrito no mesmo, alguém ter referido tal encontro. Quanto às restantes estações, uns duma forma outros doutra, percorreram-nas todas.

Felicidades para todos.

Filomena

3. Comentário (final) de L.G.:

Vamos abrir uma nova série para as questões de provedoria do leitor... É um espaço para os leitores do nosso blogue, independentemente de pertencerem ou não à nossa Tabanca Grande. Ainda não temos provedor, mas lá chegaremos... Também estamos a elaborar, entre os quatro editores, o nosso Livro de Estilo...

Continuo a ter muito orgulho no facto de termos - TODOS! - construído um espaço como este que é de INCLUSÃO, não de exclusão... O Mundo é Pequeno e o Nosso Blogue... é Grande, mas às vezes podem acontecer pequenos incidentes com a chegada de periquitos... Na nossa Tabanca Grande não há conspiração, há alguma inspiração e sobretudo muita transpiração... Alfinal de contas, já somos uma caserna do tamanho de um batalhão...

Aviso: vamos abrir um concurso para o lugar de provedor... Candidaturas aceitam-se.

_________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 16 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4355: O Nosso Livro de Visitas (62): José Rocha emitindo a sua opinião sobre a retirada de Guileje

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4374: Agenda Cultural (14): Visita à ADFA e palestra do jornalista Joaquim Furtado, em 26 de Maio (Luís Nabais)

Amigos e Camaradas Tertulianos,

Por Convite, que desde já todos agradecemos, do nosso Amigo e Camarada Tertuliano Luís Nabais, autorizado pelo José Arruda, Presidente da ADFA.

CONVITE:

No âmbito das comemorações do 35º aniversário do 25 de Abril e da ADFA... a Direcção Nacional convidou o jornalista Joaquim Furtado, para proferir uma palestra sobre a sua participação no 25 de Abril e, muito especialmente, no que se refere à série televisiva de sua autoria, sobre a Guerra Colonial, que acabou de a ser apresentada na RTP1 (2ª parte).

O convite da ADFA foi amavelmente aceite por este prestigiado jornalista, para se efectivar no próximo dia 26 de Maio, pelas 17h30.

Foram também convidados todos os membros dos Órgãos Sociais, Nacionais e Locais a participarem nesta palestra, que terá lugar no Auditório Jorge Maurício, na sede da ADFA, em Lisboa.

Façam chegar este convite também aos Associados da ADFA que, com certeza, gostarão de estar presentes.

.....

Amigos e Camaradas Tertulianos,

Será com todo o gosto que por lá serão recebidos.

Eu não estarei (vou à Beira Alta) com a mulher e filho, mas estará o Janeiro e o Pinela, além da Direcção Nacional.

Abraço
Luís Nabais

________

Nota de MR:

Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P4373: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (20): Continuando a quebrar o silêncio (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, (1972/74), com data de 17 de Maio de 2009:

Estranhamente, no disparo anterior surgiu um comentário a um comentário que não me pareceu muito a propósito.

Primeiro porque a existir deveria ser direccionado a mim próprio autor do tiro e não a um camarada que esteve em Angola e segundo afirma consulta com assiduidade a nossa tabanca e que exerceu o direito à indignação comentando algum silêncio face ao insulto de AB...

MR, assina assim o comentarista, diz que o relativo silêncio se deve porque alguns entendem que o referido militar não merecerá quaisquer críticas, outros porque ainda não estarão refeitos do choque... (não acha tempo a mais, MR?) outros ainda aguardam esfriando a moleirinha (assim sendo não correrão o risco de a congelar???)
Muitos que reagiram a quente têm dado demasiado tempo ao homem para se retractar e ele não o fez...

Então se o arame não protegia das balas, dos mosquitos nem de nada, como diz MR, porque razão continua a aguardar serenamente?
Espero que pelo menos o faça sentado que sempre é mais cómodo...

Pela minha parte continuarei, qual D. Quixote combatendo moínhos de vento, a expressar por esta forma o meu repúdio, a destilar o meu desprezo a tão abjecta figura que denegriu a memória de tantos de nós, que partiram para sempre, para que ele possa agora, botar faladura arvorando-se em herói de pacotilha...

Os brasileiros têm uma expressão que acho engraçada e que a meu ver se adequa perfeitamente ao dito cavalheiro... pimenta no cú do outro é refresco...

Foram os bandos do arame farpado que ajudaram juntamente com os comandos africanos (os verdadeiros merecedores das medalhas que o dito ostenta...) a guindar até ao estrelato o herói de que se fala...


Tal como "CAIO, O MATA SETE", um dia,
enchendo-se de brios, valentia,
"brilhou" pela bravura ante inimigo...
Também o nosso Bruno em gesto heróico
"mosquitos da tabanca fez num oito"
e às cruzes e medalhas "chamou um figo"...

Foi "gosto vê-lo inchado garnizé",
mostrando a lataria, "ganha"(?) ao Zé,
qual "Action Man" herói da pequenada...
O Rambo, Incrível Hulk, Homem Aranha,
domínio intenso exerceu na bolanha,
matando toda aquela mosquitada...


Manuel Maia
__________

Nota de CV:

Vd. último poste de 16 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4362: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (19): Não nos remetamos ao silêncio... (Manuel Maia)

Guiné 63/74 - P4372: Convívios (133): CCS / BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), com o Arsénio Puim e os filhos do Carlos Rebelo (Benjamim Durães)

Viana do Castelo, 16 de Maio de 2009 > Convívio do pessoal da CCS do BART 2917 (Bambadinca, , 1970/72).

Legenda das fotos, de cima para baixo:

(i) Medalhão do BART 2917, cujas subunidades estiveram em Bambadinca (CCS), Xime (CART 2715), Mansambo (CART 2714) e Xitole (CART 2716);

(ii) o Ex-Alf Mil Capelão Arsénio Puim, que veio propositadamente dos Açores, para esta 3ª edição do Convívio;

(iii) a foto do grupo;

(iv) o Durães, com o cunhado e os fillhos o Carlos Rebelo (que recentemente nos deixou);

(v) o Benjamim Durães, o Arsénio Puim e o Jorge Cabral, ex- Alf Mil Art, Pel Caç Nat 63);

Fotos: © Benjamim Durães (2009). Direitos reservados



1. Mensagem do Benjamim Durães, ex-Fur Mil do Pel Rec Inf, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72:

Luís Graça e Camaradas da Guiné:

Teve lugar no passado dia 16 de Maio em Viana do Castelo o 3º Encontro - Convívio da CCS/BART 2917 (*), onde foi apresentado, para quem quis adquirir, um medalhão em bronze do BART 2917 (edição reduzida) com o diâmetro de 80 mm.

Estiveram presentes, para além dos ex-militares da CCS, também do PEL CAÇ 63 (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71), CART 2714 (Mansambo, 1970/72), CART 2716 (Xitole, 1970/72) e da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).

Marcou também presença neste Convívio o ex-Alferes Miliciano Capelão ARSÉNIO CHAVES PUIM (**), que veio propositadamente dos Açores. Tivemos ainda a presença do Carlos e do Daniel Rebelo (filhos do Carlos Rebelo) e do cunhado Ernesto Santos, que assim satisfizeram o pedido do pai e cunhado pouco antes de falecer (***).

Junto em ficheiro anexo:

- fotografia do Grupo dos Ex-Militares;
- fotografia do Benjamim Durães, Arsénio Puim e Jorge Cabral
- fotografia do ex-Capelão Puim;
- fotografia do Durães com o Ernesto, cunhado do Rebelo e dos filhos Carlos e Daniel Rebelo; e,
- fotografia do medalhão do BART 2917.

UM ABRAÇO
DURÃES

2. Comentário de L.G.:

Tive muita pena de não poder ir a Viana do Castelo dar um abraço aos meus amigos e camaradas da CCS do BART 2917, com quem privei durante cerca de nove meses (de meados de 1970 a Março de 1971). E, muito em especial, ao Arsénio Puim, que finalmente veio a este convívio, agora reformado como enfermeiro. Gostaria também de dar um abraço de solidareidade aos filhos e ao cunhado do nosso qerido Carlos Rebelo.

Reconheço nas foto do grupo outros camaradas, que fazem parte da nossa Tabanca Grande, tal como o Almeida (na primeira fila, à esquerda, de joelhos) e o David Guimarães (na segunda fila, à esquerda, de pé, junto ao Almeida), o Durães e, a seu lado, o Abílio Machado (na primeira fila, do lado direito)... Sem esquecer o Jorge Cabral, de pé, na terceira fila, ao centro; o Luis Moreira, ao fundo, à esquerda... (Certamente por lapso meu, não identifico ninguém da CCAÇ 12)... A todos, a minha saudação, as minhas saudades... LG

__________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 16 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4198: Convívios (111): 3.º Encontro/Convívio do pessoal da CCS/BART 2917, dia 16 de Maio de 2009, em Viana do Castelo (Benjamim Durães)

Sobre o último convívio, vd. poste de 16 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2847: Convívios (57): CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72): Viseu, 26 de Abril (Jorge Cabral)

(**) Vd. poste de:

17 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1763: Quando a PIDE/DGS levou o Padre Puim, por causa da homília da paz (Bambadinca, 1 de Janeiro de 1971) (Abílio Machado)

Vd. também outros postes com referência ao Arsénio Puim:

13 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1520: Bambadinca, CCS do BART 2917: Alferes Abílo Ferreira Machado, o Bilocas da Cooperativa (Humberto Reis)

28 de Março de 2007> Guiné 63/74 - P1631: À amizade (Abílio Machado, CCS do BART 2917/ Humberto Reis, CCAÇ 12)

29 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1635: Amigos, enquando vos escrevo, bebo um Porto velho à nossa saúde (Abílio Machado, CCS do BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

5 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1925: O meu reencontro com o Arsénio Puim, ex-capelão do BART 2917 (David Guimarães)

8 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2421: Em busca de... (15): Pessoal da companhia madeirense que esteve em Jemberem (1973/74) (Luís Candeia, amigo do Arsénio Puim)

12 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2433: Em busca de ... (16): Pessoal da CCAÇ 4946/73, madeirense + Arsénio Puim, ex-capelão, açoriano, BART 2917 (Luís Candeias)

16 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2444: Arsénio Puim, ex-Alf Mil Capelão, CCS/BART 2917, hoje enfermeiro reformado e um grande mariense (Luís Candeias)

31 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2495: Arsénio Puim, ex-Alf Mil Capelão do BART 2917: recordando a atribulada coluna logística ao Xitole, em Setembro de 1970

14 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3314: Estórias de Guileje (15): Coisas daquela guerra que era uma loucura e deixou muita gente maluca (Luís Candeias)

7 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3579: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (7): A Toque de Caixa, com o Abílio Machado, ex-baladeiro de Bambadinca (Luís Graça)

(***) Vd. postes de:

7 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4301: In Memoriam (22): Carlos Rebelo, a última batalha (Abilio Machado, ex-Alf Mil, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72)

6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4291: In Memoriam (21): Faleceu hoje o nosso camarada Carlos Rebelo, ex-Fur Mil, CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (Benjamim Durães)

(...) Através do Benjamim Durães, a viúva do nosso querido camarada Carlos Rebelo (CC/ BART 2917, Bambadinca, 1970/72), que nos deixou ainda há pouco tempo, mandou-nos a seguinte mensagem, singela mas tocante:"É muito gratificante para mim saber que o Carlos será recordado, com amizade, por tantos amigos."Aceitem os meus agradecimentos pelas vossas mensagens". Manuela Faria, mane.sfaria@gmail.com (...).

Guiné 63/74 - P4371: Contraponto (Alberto Branquinho) (1): Mudam-se os tempos

1. Mensagem do nosso camarada Alberto Branquinho (*), ex-Alf Mil da CArt 1689, Guiné 1967/69, com data de 15 de Maio de 2009:

Assunto: Nova série - "Contraponto"

Caro Carlos Vinhal

Os outros editores que me perdoem, mas dirijo este texto ao Carlos Vinhal, que foi quem insistiu comigo para continuar a escrever umas coisas.

Resolvi atribuir-lhe o título "CONTRAPONTO". Portanto, agora já posso escrever (de quando em vez) àcerca do meu umbigo.

Junto vai o CONTRAPONTO (1).

Um abraço (para todos)
Alberto Branquinho



CONTRAPONTO
 

1 - MUDAM-SE OS TEMPOS…

A vida é cheia de paradoxos. E de contradições. Resultam muitas vezes das mudanças causadas pelo decurso do tempo. Não nos damos conta deles e delas se não estivermos atentos, porque temos o espaço mental ocupado com outras realidades necessárias à sobrevivência diária.

Recordei aquela história contada pelo Comissário de Polícia francês que, nos anos 50 do século passado, quando era, ainda, agente de polícia, recebia ordens para, em Paris, seguir e investigar as vidas e as actividades de uns estudantes africanos negros, naturais das colónias francesas. Concluía dizendo que, como Comissário, agora chefiava muitas vezes as forças policiais que faziam a segurança a esses mesmos (antigos) estudantes, na qualidade de Chefes de Estado das ex-colónias, tornadas países independentes.

Vem isto a propósito de ter constatado da presença de ex-militares guineenses em Portugal, em maior número do que imaginava e, também, da possibilidade de nos cruzarmos, na rua (em Lisboa e em localidades dos arredores), mais vezes do que pensamos, com ex-guerrilheiros do PAIGC, com os quais trocámos tiros, bazucadas, morteiradas e canhoadas há trinta/quarenta anos.

(Não tendo em conta, como é óbvio, as figuras públicas guineenses que, sabemos, estiveram em Portugal ou por aqui passam).

Para quem duvide ou ponha em causa esta afirmação, recomendo que passe durante as tardes, no Largo de São Domingos, em Lisboa e circule entre os muitos guineenses que por ali estão, conversam, se encontram e reencontram. Muitos (talvez) refugiados. Nos dias de mais calor um grande grupo abriga-se à sombra de um poilão (perdão, de um pinheiro) que existe ao pé da Ordem dos Advogados.

Talvez o maior desejo da maior parte desses guineenses seja viver e trabalhar em Portugal ou, quem sabe, conseguir a cidadania portuguesa. Ora, o paradoxo está aqui: de entre eles, pela idade que aparentam, haverá, também, ex-guerrilheiros do PAIGC, que terão os mesmos desejos.

O mesmo se terá passado em França, depois da Indochina e, principalmente, da Argélia.

Isto parece cínico, mas não pretende sê-lo. Somente observador da realidade.

É necessário passar tempo e tempo para que ocorram mudanças causadas pelo fluir desse mesmo tempo, observadas através de outras lentes e com a maior serenidade. Uns tirarão umas conclusões, outros concluirão de forma absolutamente diferente e haverá, também, quem não conclua coisa nenhuma, limitando-se a observar sem qualquer cinismo ou sarcasmo. Quando muito, com cepticismo, mas sem cantar a canção que cantávamos, nas casernas, nos tempos do C.O.M., em Mafra: “Oh tempo, volta para trás…”

A propósito se transcrevem aqui as duas quadras de um conhecido soneto de Luís Vaz de Camões, que, há muitos, muitos anos, concluiu que:

"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas da lembrança
E do bem (se algum houve) as saudades.
......................................
"

Mas, enquanto houver homens (e mulheres) com força e de boa-vontade, esperança haverá.

Alberto Branquinho


2. Comentário de CV:

Peço aos leitores que não acreditem que eu insisti com o Branquinho para ele escrever umas coisas. Era incapaz de fazer isso.

Aconteceu que quando ele numa mensagem enviou aquilo de dizia ser o último episódio de "Não venho falar de mim... nem do meu umbigo", fiz-lhe ver que o Blogue não podia desperdiçar camaradas que escrevem, e muito menos aqueles que por jeito ou formação escrevem melhor, como era o seu caso.

O Branquinho prometeu voltar, desta vez para falar do seu umbigo, e aqui está.
Saudamos o seu regresso.
__________

Nota de CV:

24 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4243: Não venho falar de mim... nem do meu umbigo (Alberto Branquinho) (21): Poema à volta do umbigo

Guiné 63/74 - P4370: O mundo é pequeno e a nossa Tabanca... é grande (10): Reencontrei o meu Comandante (Fernando Franco)

1. Mensagem de Fernando Franco, ex-1.º Cabo Caixeiro do Pelotão de Intendência (PIAD), Cufar, 1973/74, com data de 17 de Maio de 2009:

Assunto: Ao fim de 35 anos

Amigos Luís Graça e Carlos Vinhal,
o António Graça de Abreu disse que vocês mereciam uma estátua, mas eu digo que só isso era pouco.

Passo a explicar. O ex-Alf Mil João Lourenço foi meu Comandante de Pelotão. PINT 9288 de Cufar. Daí para cá nunca mais soube nada dele.

Assim, gostaria de deixar aqui a minha alegria por ele ter tropeçado no vosso/nosso blogue e dar-lhe as boas vindas.

É mais um membro da Intendência (bianda) para o nosso grupo e com muitas histórias para contar, pois passou uns maus bocados.

Fernando Franco


2. Comentário de CV:

O nosso Blogue, além de ser um repositório da história da guerra na Guiné entre os anos 1963 e 1974, tem proporcionado reencontros de camaradas que não sabiam de si desde a passagem à disponibilidade. Ao longo dos poucos anos que o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné leva na sua existência, tem proporcionado muitas alegrias, muitos reencontros e o refazer de amizades, não esquecidas, mas interrompidas.

Sou, eu próprio, um exemplo, pois acabei por encontrar, graças ao nosso Blogue, um ex-Comandante com quem tinha inclusive feito uma Operação, mas que o tempo acabou por apagar da lembrança. Recorrendo à memória e às fantásticas fotos que religiosamente guardamos, refazemos o passado e alimentamos uma amizade tão profunda quanto desinteressada.

Luís, para ti as minhas homenagens.
CV
__________

Notas CV:

(*) Vd. poste de 26 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3943: Sr. jornalista da Visão, nós todos fomos combatentes, não assassinos (5): Quero exprimir a minha revolta (Fernando Franco)

Vd. último poste da série de 13 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4335: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (9): Sinofilias (Jorge Picado / António Graça de Abreu)

Guiné 63/74 - P4369: Os bu...rakos em que vivemos (11): Banjara City, capital do Oio (Fernando Chapouto, CCaç 1426, 1965/66)

Este é o bu… rako idealizado pelo “engenheiro” Fernando Chapouto especializado em armas de Infantaria.

Fernando foi Fur Mil, Op Esp, CCAÇ 1426 (
Geba, Camamudo, Banjara e Cantacunda, 1965/67).

O Chapouto chegou, no Niassa, à Guiné em Agosto de 1965; em Outubro de 1965 foi para Camamudo; em fnais de Novembro de 1965 foi destacado para Banjara; em meados de 1966 foi destacado para Geba; em Março de 1967 foi colocado em Cantacunda; e, por fim, em Maio de 1967 regressou à metrópole no Uíge. Recebeu uma cruz de guerra... É dos nossos mais antigos membros da nossa Tabanca Grande (MR).

Foi em finais de Novembro 65 quando chegamos a Banjara. Muita “engenharia” a colocar fiadas de arame farpado.

Começámos a montar a segurança e a mim tocou-me a porta de armas, no sentido do Banjara -pontão de Bafatá.

(Nesta foto sou o quarto a contar da esquerda - Antes de começar o bu... rako)

Primeiro tivemos que procurar pás e picaretas. Depois abrir as fundações até mais, ou menos, um metro de profundidade.

Segundo pegar nos machados e, em direcção ao pontão bolanha adentro, cortar troncos transportando-os aos ombros até à estrada. Carregá-los na viatura e toca a andar. Colocá-los em cima do bu… rako, cortar bidões, estendê-los e colocá-los em cima dos frágeis troncos.

Finalmente, cobrir tudo com terra, com uma camada suficiente para aguentar, pelo menos com a primeira granada, pois com outras não sei se aguentaria.

O pessoal começou-se a instalar, o primeiro foi o Alferes do meu pelotão, que foi quem menos fez, ou seja nada.

Como a nossa precária “defesa” estava montada, reparamos que não conseguíamos andar em pé, pelo que, foi necessário aprofundar mais o bu… rako.

Toca a tirar novamente as ferramentas, pás e picaretas, e lá comecei eu, de joelhos, a afundar a cota inicial.

Uns cavavam a terra, outros empurravam-na com as pá para a rampa de entrada e outros levavam-na para fora do “bunker”.

Nunca lá dormi. À noite ia até lá jogar as cartas com o pessoal da minha secção.

Preferi dormir os primeiros dias ao relento, tendo depois passado a fazê-lo em tendas de campanha.

Camarada António Moreira (*), o meu buraco ficava junto à casa, sem portas e janelas, onde vagueavam cobras e outros animais, livremente, aquilo parecia um zoo.

Junto ao meu bu… rako estava uma escavadora toda queimada.

Não conheci Guileje e apenas te digo que a electricidade em Banjara era em “pó”.

“Casa de banho” só no meio do mato, fora do arame farpado, e sempre com a G3 ao lado.

As noites eram todas autênticos arraiais. Dormíamos de dia e, a certa altura, já se dormia ao som dos tiros.

Em Banjara sofri horrivelmente, passei fome, perdi um camarada e amigo - o Furriel Tomé -, e psicologicamente fiquei muito afectado.

Também todos aqueles que por lá passaram, ficaram muito traumatizados e muitos nem sequer sabiam que Banjara existia na Guiné.

Só quem por lá passou é que sabe os pesadelos que gramou.

Estranhamente e apesar de tudo, a minha companhia considera-se felizarda, mas se me perguntarem porquê não saberei explicar.

Operações e emboscadas não faltaram mas, felizmente, sempre nos saímos bem delas.

Aqui fica a descrição do meu bu… rako, que o António Moreira diz ter visto em Banjara.

(Nesta foto sou o terceiro em pé, a contar da esquerda - Depois de acabar o bu... rako)


Fotos e legendas: © Fernando Chapouto (2009). Direitos reservados.

Nós alcunhamos Banjara como Banjara city, capital do Oio.

Um forte abraço,
(F. Chapouto)

Fur Mil CCAÇ 1426 - 1965/67 (**)

____________
Notas de M.R.:

(*) Vd. último poste da série em:


Vd. também sobre Banjara, em 1968:


(**) Do Fernando Chapouto, sobre Banjara, ver ainda:

Guiné 63/74 - P4368: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (6): Raízes...

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > 1968 > CART 2339 (1968/69) > O nosso Alf Mil Torcato Mendonça, de peito feito às balas dos guerrilheiros do PAIGC (instalados ao longo da margem direita do Rio Corubal), em cima do capô de um burrinho, qual exímio equilibrista, na estrada Mansambo-Bambadinca (?). Nunca sei qual deles é o verdadeiro herói, o Torcato ou o José (à esquerda). (LG) Foto: © Torcato Mendonça (2006). Direitos reservados. 1. Mensagem de Torcato Mendonça, de 15 de Maio último: Olá, Camaradas Editores Com a tourada ao lado, fui escrevendo e vendo as pegas a não darem. Este escrito pouco tem a ver com o que costumo enviar. É para aliviar tensões e aquilo a que dizem ser "polémicas". Tenho disso escrito por aqui. Falta teclar. Há por aí textos vários. Um dia teclo e vai tudo. Estou a apanhar ritmo e a "acalmia" para a escrita. Mais uma pega falhada... Pois vai este escrito para ser diferente... Abraços do, Torcato 2. Mensagem de 16 de Maio: Amigos Editores. Ontem, depois de há muito nada mandar de escritos, enviei um com o Titulo - Passado e Presente. Estava "encrensado" com a tourada...e reli hoje. Se publicarem mudem ao menos o titulo para - Raízes. Estou com tentos na "forja": Musa Iéro; O Sexo em Tempo de Guerra; Pensamento Alterado (título a ser mudado) e etc. (...) Abraços e até ao meu regresso...Torcato 3. Comentário do L.G.: Há dias provoquei o nosso amigo e camarada José, alentejano-algarvio a viver no Fundão, a terra da melhor cereja do mundo (conselho de amigo: não venhas já a correr, Luís, que a primeira é para os pardais, os turistas e os apressados,; a melhor é a de Junho)... José: Vamos lá sair dessa morrinha... Daqui a um bocado tens aí o teu neto a querer jogar à bola contigo... Tens de ficar em forma... Vamos desenguiçar esses teus escritos... (...) Parece que a provocação resultou... O nosso camarada Torcato (re)começou a mandar-nos os seus textos, qu vamos publicar para contentamento dos seus admiradores (onde eu me incluo)... Alguns ficaram no limbo. Vamos recuperá-los. Combinei com ele que vai tudo para a série Estórias de Mansambo... tanto as de ontem como as das de hoje, tanto as histórias como as estórias, tanto o Torcato como o José... Simplex, bloguex... Obrigado, camarada. (LG) 2. Estórias de Mansambo (17)> Raízes por Torcato Mendonça Deixei a Auto-estrada, volteei pelo nó de ligação e preferi entrar na estrada secundária, procurando caminhos de infância ou, talvez melhor, de juventude. Tarde quente em Verão já, nesse ano, meio gasto mas aquecendo ainda forte os montes ligados uns aos outros, cobertos pela vegetação típica de estevas, medronheiros e sobreiros. A estrada serpenteava entre eles na fronteira entre Algarve e Alentejo reflectindo o calor. Conduzia devagar, com tempo só para mim e deliciando-me com a paisagem, sabendo que, alguns quilómetros à frente, a estrada seria mais larga e recta, correndo pela planície e charneca arenosa adentro. Mais uma curva e, antes de um cruzamento, aparecem umas quantas casas brancas, com as características barras azuis a debruarem portas e janelas, além das barras a subirem, menos de um metro, do solo xistoso do pequeno largo. Numa delas, à porta estava dependurado o característico garrafão já meio desfeito mas o suficiente para nos indicar a taberna ou a loja de tudo. Uma breve paragem, carro estacionado de traseira para o sol pois sombras eram falha da natureza e dispensável para os homens. Saí respirando o ar puro, sentindo o silêncio do calor, os cheiros daquela terra, o barulho das cigarras e a deixar entrar as recordações de um passado não tão distante assim. Devagar, como aquela terra nos exige, atravessei o largo em direcção à porta com o garrafão e entrei afastando as fitas de plástico da cortina. O fresco veio ao meu encontro e a penumbra obrigou-me a meter os óculos ao bolso. Dois velhos jogavam damas numa mesa a um canto. Ao balcão um homenzarrão, barriga proeminente, mãos apoiadas no balcão de madeira escura e usada, mangas da camisa aforradas e colete escuro. - Boa tarde a todos. - Boa tarde. - Resposta calma com olhares de interrogação. - Bebia uma cerveja preta se tiver e fresca, claro. - Cerveja só das ‘loiras’, grandes ou minis. - Mini, para já. Para não beber sozinho convido-os a beberem qualquer coisa. Agradeceram e recusaram. Bebi devagar, encostado ao balcão. Abri mais o colarinho do pólo e, sem dar por isso, deixei aparecer a tatuagem de um dos braços e disso me apercebi ao ver o olhar do taberneiro. - Isto parece ter cada vez menos gente. - Vai-se tudo. Uns para baixo para o Algarve e outros para cima para Lisboa e outros sítios. Só ficam os velhos e os que estão fartos do reboliço. -Vossemecê tem isso aí escrito no braço e, pela cara, se calhar andou por África. -Andei. Abanou um pouco e lentamente a cabeça. Depois devagar arregaçou um pouco a manga da camisa. Lá estava desenhado um coração com amor de mãe. Rápido baixou a manga. Não consegui ler o resto. - Então o senhor também para lá foi. - Andei pela Guiné. - Porra, que foi lá que eu estive. A cara abriu-se mais, o sorriso apareceu, os olhos ficaram mais vivos. Parecia outro. - Então, por onde? - Pelo Leste; Bambadinca e outros lados. - Eu, primeiro, fui para o Norte, Bigene e depois para Catió, lá pelo Sul. Quase não vi Bissau. Porrada e mais porrada, fome e febres e um calor de um cabrão. O tempo, esse, passava devagar demais. -Mais uma mini, loira e fresca. Riu-se. Tirou outra para ele e de um trago bebeu metade. Depois falou sobre a Guiné, as saudades ainda hoje dos camaradas e o regresso. Sentia-se a necessidade de falar, desabafar, mandar para fora as memórias retidas. Parou, bebeu o resto da mini e mais calmo, mais pensativo, voltou a falar: -Quando regressei, foi difícil fazer-me à vida. Andava por aí sem saber o que fazer. Andava inquieto. Um dia abalei até Setúbal. Estive lá uns anos bem bons mas tive que voltar. Não dava. Tomei conta aqui da loja do meu pai. Voltou a calar-se. Senti que regressara lá ou a alguma memória recalcada. Quanto dele lá teria ficado? Deu uma pequena palmada no balcão, olhou-me e com uma voz mais funda, mais grossa e pastosa, perguntou: - E vossemecê, deu-se bem com aquilo? - Ninguém se deu bem naquilo camarada. Vim e lembro aquilo como você. Pega-se á pele, entra cá dentro e fica para sempre. - Não tenha dúvidas. São lembranças fortes. - Tenho que ir. Quanto devo? - Porra. Nada, porra que até ofende. Então um homem está aqui a falar daquelas vidas e ia receber dinheiro ?! Quando passar aqui outra vez vem ao castigo’ e falamos melhor. Agora é de amigos… - Obrigado´, camarada. A malta que esteve na Guiné parece que tem uma união diferente, mais forte. - Não tenha dúvidas; não tenha dúvidas. Saí para o calor da tarde e senti-o atrás de mim. Voltei a apertar-lhe a mão forte e uma palmada correspondida no ombro. - Belo carro. Correu-lhe bem a vida não? - Nada disso. O carro é do patrão. Fui condutor na tropa e depois continuei na vida civil. Vou entregar o carro a Lisboa. - Pois…por aqui. Vai no caminho certo. Apareça um dia. E ria-se. - Até á próxima, camarada. - Até…lá. ____________ Nota de L.G.: (*) Vd. último poste da série > 10 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4171: Estórias de Mansambo II (Torcato Mendonça, CART 2339) (5): Emboscada na Fonte de Mansambo

domingo, 17 de maio de 2009

Guiné 63/74 – P4367: Ainda a última emboscada do PAIGC em 15 de Maio de 1974, no pontão do Rio Jagarajá, subsector do Xitole (José Zeferino)



É com todo o prazer que faço o seguinte comentário ao futuro poste do Macau. Se o acharem extenso poderão resumi-lo de acordo com o espaço disponível.

Foi com satisfação que tomei conhecimento do poste do Joaquim Macau, pois não me sentindo, como é evidente, isolado na nossa tertúlia, é bom ter alguém com a mesma origem: a 2ª CCAÇ do 4616.

Tenho só a lembrar ao Macau que a “curva da morte” ficava perto da Ponte dos Fulas e que a emboscada, de 15 de Maio, se deu no limite do nosso sector, com Mamsambo, no pontão do rio Jagarajá.

O Domingos, continuo em crer que foi atingido no peito. A sua G3, toda distorcida, só foi recuperada 15 dias depois, na mesma zona, aquando de uma nova segurança à nossa habitual coluna de abastecimento. Se estava a usá-la com a bandoleira podia tê-la, então, pelas costas - a preocupação dele seria o Rádio - e então o Macau pode ter razão.

O Macau também se deve lembrar que, também o alferes Aguiar faleceu, já no HMB, atingido por uma mina accionada nessa emboscada.

O Allouette III, na foto, fez parte da única formação aérea que pousou naquele heliporto antes do 25 de Abril e no nosso tempo. Tinha transportado o general Bettencourt Rodrigues na visita ao Xitole. O meu GC estava, na altura, destacado na Ponte dos Fulas que o nosso general também foi visitar.

Quanto ao problema da água creio que tem razão. Havia mais dificuldade em manter os níveis no depósito, já que, o mesmo, servia mais pessoal. Pessoalmente, só por ma ocasião tive falta dela, durante um dia , mas o bidão que servia, creio que 2 pessoas, era de fácil enchimento. No entanto não recebi qualquer queixa dos camaradas do meu GC.

Um grande abraço para o Macau e para todos tertulianos.

Com os melhores cumprimentos,

(José António dos Santos Zeferino)

__________

Nota de M.R.:

Vd. Último poste da série em:



Vd. poste anterior do autor em:



Guiné 63/74 - P4366: Tabanca Grande (144): João Lourenço, ex-Alf Mil, PINT 9288, Cufar (1973/74)

Guiné > Região de Tombali > Cufar > Foto (obtida por Luís Graça) de um slide do António Graça de Abreu, apresentado no dia 2 de Outubro de 2008, na Biblioteca-Museu República e Resistência / Espaço Grandella, por ocasião da conferência do nosso amigo e camarada sobre o seu livro Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura (2007), no âmbito do ciclo de conferências "Memórias literárias da guerra colonial" (I Série, 2008)...

Essa foto, carregada de luto, impotência e dramatismo, foi reproduzida no seu livro, página 201, com a seguinte legenda: "Buraco de mina-anticarro, na picada de Cufar para o porto interior"... Foi no dia 2 de Março de 1974, sábado, um "dia do diabo" (sic)...

Entre Cufar e o porto do rio Manterunga, numa picada que não teria mais de cem metros, batida milhares de vezes pelos jipes e demais viaturas militares, os guerrilheiros do PAIGC lembraram-se de lá deixar uma brinquedo de morte: uma vulgar mina anti-carro, reforçada por uma bomba de um Fiat (!) que não tinha explodido... Um jipe do pelotão da Intendência, o PINT 9288, comandado pelo Alf Mil Lourenço, accionou o engenho.

Os cinco ocupantes, dois militares, brancos (O Fur Mil Pina e o Sold Jeová), e três civis, estivadores, guineenses, encontraram aqui a morte (*)...

Mais à frente, outra mina, enterrada no lodo do rio, provocou a explosão, em cadeia, de batelões atracados ao cais e carregados de bidões de gasolina... Cerca de duas dezenas de estivadores perderam a vida... Um espectáculo dantesco, escreveu o António..."Vi coisas nunca vistas e que nunca mais quero ver"...

Foto: © Luís Graça & Camaradas da Guiné (2008). Direitos reservados.


************

1. Mensagem, de hoje, de João Lourenço:

Meu caro Luís,
"Tropecei" no teu blogue e gostava não só de me encontrar com o pessoal das nossas "férias tropicais" como de pertencer ao grupo e ir ao almoço de dia 20.

Fui o 1º Comandante do PINT 9288, estive lá em Cufar até ao terrível dia da morte do meu Furriel Pita e do Jeová no mesmo Jipe que eu próprio tinha conduzido na estrada para o porto interior nesse dia de manhã cedo, antes de ir em serviço a Bissau chamado pelo Cap Manuel Duran Clemente, meu 2º Comandante.

Estive no Hospital com o Pita o pouco tempo em que o coração dele resistiu ao destino que era inevitável. Hoje resta apenas a memória gravada no monumento em Belém de homenagem a todos os que deram a vida. Tal como a maioria, nunca soube o nome do Jeová, penso que estará homenageado no mesmo monumento.

Convivi com a CCaç 4740, o CAOP 1, ainda me lembro de alguns, poucos, bons momentos, como a célebre recepção aos piras em que lhes demos arroz com marmelada..., antes de vir a nossa janta reforçada, etc.

Lembro-me bem do Baía e de mais alguns, havia o Furriel Cardoso, um moço do Norte que era Bate-chapas... um 1º Cabo que ficou no BINT de Bissau, que era aqui da Figueira onde habito agora e que gostava de voltar a encontrar,etc.

Não percebo muito de informática mas tenho ajuda em casa, contacta-me logo que possível. 

Um abraço
Cumprimentos
João Lourenço
(Ex Alferes Miliciano Lourenço)

************

2. Comentário de L.G.:

João: 
Sê bem vindo. Sabes que a "malta da bianda" nos era muito querida... Além disso vejo que és da Figueira: Temos vários camaradas daí, que já pertencem à nossa Tabanca Grande (António Pimentel, Vasco da Gama, Artur Soares, etc. - cito de cor). Vou tomar boa nota do teu pedido, incluindo a a inscrição no nosso encontro, a 20 de Junho. Vou publicar a tua mensagem, na série Tabanca Grande... Do CAOP 1, do teu tempo de Cufar, tens cá o António Graça de Abreu. E do BINT, o Baía (aqui na foto, à direita) bem como o Franco (que estava em Bissau).

Se tiveres, duas fotos digitalizadas (uma antiga e outra actual), seria óptimo. Se não, mandas mais tarde. Boa saúde para ti.

************

3. Eis como o António Graça de Abreu saudou a entrada do novo membro da nossa Tabanca Grande:

Meu caro Luís:
Tu mereces uma estátua! Agora, graças a ti, descubro o Lourenço.
Junto cópia do mail que lhe enviei para teu conhecimento.

Vou para Macau 6º. feira, dia 22 de Maio. Regresso de Macau dia 5 de Junho. Lá vai ser lançado o meu último livro, Poemas de Han Shan. Han Shan é um homem fabuloso, meio budismo zen, meio quase tudo.

Claro que estarei no nosso encontro na Ortigosa, dia 20. Dia 3 de Julho parto para Xangai com os meus filhos (a minha mulher já lá estará) e só regresso de Xangai no dia 3 de Setembro. Não viajo para a China há quatro anos, vou-me reciclar.

Estarei sempre atento ao blogue e tenho quase toda escrita uma longa Carta Aberta a Salazar e a Marcelo Caetano que depois peço para tu publicares.

Obrigado pelo teu infatigável labor por todos nós.
Um abraço,
António Graça de Abreu

***********

4. Mail enviado pelo Graça de Abreu ao João:

Lourenço, caríssimo:
És um dos que faltava na minha lista de gente importante de Cufar. A companhia 4740 (os açorianos, o cap, Dias da Silva, etc.) já está, fui a dois convívios desses homens que foram nossos companheiros em Cufar.

Sou o alf mil António Abreu do CAOP 1. Vivemos no mesmo quarto durante uns meses, Junho a Novembro de 1973, creio. Fazíamos lá uns jantares meio-escondidos com frangos assados roubados do teu pelotão de intendência. Conto tudo isso no meu Diário da Guiné que quero que leias.

Depois de Cufar, foste para Bambadinca e Bissau.

Na altura eu escrevi um diário de guerra. Foi publicado em 2007, com o título Diário da Guiné. Lama, sangue e água pura [vd. capa, foto à esquerda].

Tu, Lourenço, entras no livro, até transcrevo na íntegra um aerograma que me enviaste de Bambadinca. Há dois anos não te pedi autorização para o publicar porque ignorava por completo o teu paradeiro.

Vou mandar-te o livro pelo correio, dá-me-me a tua morada e, se vais ao encontro do blogue Luís Graça e Amigos na Ortigosa, dia 20 de Junho, encontramo-nos lá. Faremos contas do livro e um esfuziante balanço das nossas vidas. Podes também telefonar-me.

Um abraço e até breve.
António Graça de Abreu

************

5. Resposta do L.G. ao António:

António:
A estátua, não, muito obrigado. Mas a tua amizade, sim, acho que a mereço... Ainda bem que o 'puzzle' vai-se completando, ainda bem que tu encontraste mais um camarada de Cufar...Tens alguma foto do Lourenço? Podes mandar-me o aerograma digitalizada, que ele te mandou de Bambadinca?... Vou ver, agora com outros olhos, o teu Diário...

Quanto à viagem à China... Sabes o que se passou em Macau durante a Revolução Cultural? Se souberes algo sobre isso, escreve... Teve, de certo, influência na 'nossa' guerra... Que seja uma bela jornada para todos vós, a viagem à China... 
Luís

************

6. Segunda mensagem do dia, enviada pelo João Lourenço:

Meu caro Luís, 
Vou precisar de mais informações, morada, para ir ter com o pessoal da "bianda" no dia 20 [de Junho, à Ortigosa]. Já entrei em contacto com o Abreu... um espectáculo. Sabes alguma coisa do pessoal dos outros PINT, o 9286, 9287 e 9285?

A única notícia que tive em muitos anos foi o falecimento precoce, por doença, do meu colega do PINT de Farim, que era do Porto, o Alferes Lima. Nada sei do Luís Beiroco, de Buba, nem do Carlos Mota, de Bambadinca.

Tinhamos no Pint 9288 um rapaz aqui da Figueira que era o nosso Cabo cortador/magarefe, ficou em Bissau sempre, talvez o Franco ou o Martins se lembrem e saibam dele. Se souberem avisem.

Um abraço
João Lourenço
___________

Nota de L.G.:

(*) Sobre a Intendência e sobre este dia negro para o BINT, em Cufar, vd. postes de:

23 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3229: História resumida da Companhia de Terminal e do Batalhão de Intendência (José Martins)

12 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3196: Em busca de...(39): Companhia Terminal (Bissau, 1973/74) (Daniel Vieira)

20 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2462: Convívios (38): Minitertúlia da Intendência / Administração Militar, Belém, Lisboa, 18 de Janeiro de 2008 (Fernando Franco)

16 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1284: A Intendência também foi à guerra (Fernando Franco / António Baia)

20 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1195: Ameira: O nosso encontro fez-me bem à alma (Fernando Franco)

Guiné 63/74 - P4365: O Nosso IV Encontro Nacional, Ortigosa, Monte Real, 20 de Junho de 2009 (5): As inscrições continuam a bom ritmo (A Organização)

IV ENCONTRO NACIONAL DA TERTÚLIA DO BLOGUE LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA GUINÉ, DIA 20 DE JUNHO DE 2009, QUINTA DO PAÚL, ORTIGOSA, MONTE REAL, LEIRIA




Caros camaradas e amigos Terulianos

As inscrições para o nosso IV Encontro vão avançando, mas sabemos que ainda há muita gente que vai participar, e estamo-nos a referir aos suspeitos do costume, que ainda não se inscreveram.

Lembramos que as inscrições atempadas evitam trabalho de última hora ao organizador no terreno, camarada Mexia Alves.

Lembramos que o preço do Almoço com Lanche incluído é de 30,50 €uros e que a dormida para quem dela necessitar é de, na Pensão Santa Rita, 35 e 45 €uros, respectivamente para single e duplo.

Vamos fechar as inscrições no dia 15 de Junho, para que o Restaurante possa fazer o aprovisionamento necessário à prestação de um bom serviço.

O nosso camarada Miguel Pessoa assumiu este ano a feitura dos crachás, que serão enviados oportunamente aos participantes.

Embora afixada ao lado esquerdo da nossa página, aqui fica a lista actualizada há poucos minutos.

Eis os nomes dos 90 magníficos:

Agostinho Carreira Gaspar (Leiria)
Álvaro Basto e Fernanda (Leça do Balio / Matosinhos)
Amadu Bailo Djaló (Lisboa)
António Fernando R. Marques e esposa (Cascais)
António Graça de Abreu (Cascais)
António J. Pereira da Costa e Isabel (Mem Martins / Sintra)
António M. Sucena Rodrigues (Oliveira do Hospital)
António Martins de Matos (Lisboa)
António Paiva (Lisboa)
António Pimentel (Porto)
António Santos e Graciela (Loures)
Artur Soares (Figueira da Foz)
Belarmino Sardinha e Antonieta (Odivelas)
Benjamim Durães (Palmela)
Carlos Marques Santos (Coimbra)
Carlos Silva e Germana (Lisboa)
Carlos Valentim e Margarida (Proença-a-Nova)
Carlos Vinhal e Dina (Leça da Palmeira / Matosinhos)
Constantino Neves e Judite (Almada)
Coutinho e Lima (Lisboa)
David Guimarães e Lígia (Espinho)
Delfim Rodrigues (Coimbra)
Eduardo Magalhães Ribeiro e Fernanda (Porto)
Fernando Calado (Lisboa)
Fernando Oliveira e Maria Manuela (Porto)
Henrique Matos (Olhão)
Hernâni Acácio Figueiredo (Ovar)
Idálio Reis (Cantanhede)
Jaime Machado e Maria de Fátima (Lavra / Matosinhos)
Joaquim Mexia Alves (Monte Real / Leiria)
Jorge Cabral (Lisboa)
Jorge Canhão (Oeiras)
Jorge Picado (Ílhavo)
José Brás (Montemor-o-Novo)
José Carlos Neves (Leça da Palmeira / Matosinhos)
José Casimiro Carvalho e Ana (Maia)
José Eduardo Alves e Maria da Conceição (Leça da Palmeira / Matosinhos)
José Fernando Almeida e Suzel (Óbidos)
José Manuel Lopes e Luísa (Régua)
José Manuel M. Dinis (Cascais)
José Marcelino Martins e Maria Manuela (Odivelas)
José Pedro Neves e Ana Maria (Lisboa)
José Zeferino (Loures)
João Carlos Silva (Almada)
João Lourenço (Figueira da Foz)
João Seabra (Lisboa)
Juvenal Amado (Fátima)
Luís Graça e Alice Carneiro (Alfragide / Amadora)
Luís R. Moreira (Lisboa)
Luís Rainha (Figueira da Foz)
Manuel Amaro (Amadora)
Manuel António Rodrigues (Mortágua)
Manuel Augusto Reis (Aveiro)
Miguel e Giselda Pessoa (Lisboa)
Pedro Lauret (Lisboa)
Raul Albino e Rolina (Vila Nova de Azeitão / Setúbal)
Ribeiro Agostinho e Elisabete (Leça da Palmeira / Matosinhos)
Rui Alexandrino Ferreira (Viseu)
Santos Oliveira (V. N. de Gaia)
Semião Ferreira (Monte Real)
Valentim Oliveira e Maria (Viseu)
Vasco da Gama (Figueira da Foz)
Vasco Ferreira e Margarida (V. N. de Gaia)
Victor Barata (Vouzela)
Virgínio Briote (Lisboa)

No acto da inscrição devem indicar o nome da(o) acompanhante, se for o caso, e da indicação de que querem pernoitar em Monte Real. Devem também dizer de onde se deslocam.

Voltaremos ao vosso contacto.

Pela Organização
Carlos Vinhal
__________

Nota de CV:

Vd. poste de 6 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4289: O Nosso IV Encontro Nacional, Ortigosa, Monte Real, 20 de Junho de 2009 (4): Preços da ementa e dormidas (J. Mexia Alves)

Guiné 63/74 - P4364: Memória dos lugares (22): Fortim e Ponte Alferes Nunes, sobre o Rio Costa, entre Canchungo e Bachile (Jorge Picado)

Guiné> Fortim e Ponte Alferes Nunes entre Teixeira Pinto e Bachile, sobre o Rio Costa (Pelundo). c. 1968/69.

Foto do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro, CCS/BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, Jolmete, Olossato, Bissorã,1968/70).

Foto: © Albino Silva (2007). Direitos reservados.

Comentário do Jorge Picado ao poste P4350 (*):

Cheguei atrasado, mas ainda vou a tempo, para te [, a ti, José Câmara, ] felicitar por teres metido mãos à obra e dar-nos a conhecer as tuas lembranças daqueles tempos na Guiné.

Fico contente se tiver contribuido para que tivesses arrancado com esta fase e cá estarei a reler, enquanto puder, as tuas histórias por locais que me possam avivar a minha memória.

E já agora, a propósito de memória, aproveito para lembrar uma interrogação que o Luís Graça colocou na legenda da foto da Ponte Alferes Nunes, no Postado sobre o Cap Martins da CCaç 16 (**).

Perguntava o Luís se a Ponte se mantinha assim depois da data dessa foto. Muito sinceramente, eu que lá passei algumas vezes, que andei apeado pelo "areal" até à célebre, e verdadeira, Ponte Alferes Nunes, em cimento,de um só arco, "plantada" em seco, por baixo da qual não corria uma gota de água, a não ser talvez quando chovia...não me lembro...da Torre!!! (***)

E "esta, hem?!", como dizia o falecido locutor Fernando Pessa, aveirense da beira mar.

Abraços
Jorge Picado

________

Notas de L.G.

(*) 15 de Maio de 2009 >Guiné 63/74 - P4350: Tabanca Grande (141): José da Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56 (Guiné, 1971/73)

(**) Vd. poste de 13 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4334: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (8): Da China, em busca do Jorge Picado (José Martins, CCAÇ 16, Bachile, 1971)

(**)Vd. último poste da série Memória dosLuagres > 26 de Março de 2009 >Guiné 63/74 - P4083: Memória dos lugares (21): Hospital Militar 241 de Bissau (Carlos Cardoso)

Guiné 63/74 - P4363: Convívios (132): Pessoal da CCAÇ 3520, no dia 2 de Maio de 2009 no Funchal, Ilha da Madeira (Juvenal Candeias)

1. Mensagem de Juvenal Candeias, com data de 15 de Maio de 2009:

Olá Carlos, espero que estejas bem!

Envio-te uma pequena reportagem sobre o 35.º Encontro da nossa Companhia e algumas fotografias do acontecimento!

Que tenhas um bom fim de semana!

Um grande abraço.
Juvenal Candeias


35.º ENCONTRO DA CCAÇ 3520

A Companhia de Caçadores 3520 era uma Companhia independente, com origem no Batalhão Independente de Infantaria 19, actual Regimento de Infantaria n.º 3, do Funchal, que prestou serviço na Guiné, de Dezembro de 1971 a Março de 1974.

Denominados os “Homeopáticos de Cacine” passaram sucessivamente pelo Cumeré, Cacine/Cameconde e Quinhamel/Biombo. Um dos seus GCOMB esteve também em Guileje.

Celebram, desde sempre, o seu Encontro Anual, normalmente no Continente, donde eram oriundos os Oficiais, Sargentos e Praças Especialistas, e raras vezes na Madeira, onde pertencia a generalidade dos operacionais.

Em 2009, o 35.º Encontro ocorreu no Funchal, no passado dia 2 de Maio!

As celebrações, que, entre antigos militares e familiares, mobilizaram quase uma centena de pessoas, começaram cedo, com os habituais abraços à porta do quartel, hoje integrado em zona residencial, bem diferente dos bananais que o envolviam há 38 anos!

Seguiu-se uma visita ao Museu da Unidade, onde, naturalmente, as peças em destaque só poderiam ser… o Guião da CCAÇ 3520 e a imagem de Nossa Senhora – a "Senhora" como a tratavam os madeirenses – que nos acompanhou nos vinte e oito meses de viagem à Guiné!

Imagine-se o número de fotografias captadas!

De seguida celebrou-se uma missa em memória dos camaradas já falecidos, na vizinha Igreja do Rosário, para onde tinha sido deslocada a imagem de Nossa Senhora da CCAÇ 3520, que recebeu uma coroa, oferecida pelo camarada Pestana e benzida pelo Padre.

Da celebração constou ainda uma homenagem aos mortos em combate da Unidade, com deposição de flores e uma visita às instalações do quartel, onde verificámos as benfeitorias ali realizadas!

Finalmente dirigimo-nos para o rancho, que era hora de atacar o almoço melhorado, que o 2.º Comandante da Unidade teve a gentileza e simpatia de nos proporcionar e a bonita 1.º Sargento Vagomestre de nos preparar – como são diferentes os tempos!...

As fortes emoções continuaram! Histórias imensas! Uma mistura de riso - lágrimas pairava no ar!


O pior e o melhor!

Os ataques aos aquartelamentos com RPG7 e mísseis ou as futeboladas dominicais;

as frequentes minas nas picadas e nos trilhos ou os mergulhos no Rio Cacine;

o arroz com cavala de conserva (experimentem, é nouvelle cuisine!) ou o guisado de porco – espinho;

a evacuação dos mortos e feridos de Gadamael e Guileje ou a sorte de termos um grupo de combate na retirada de Guileje e não termos baixas…

Gente que não se via há 35 anos! O Pestana, o outro Pestana (a velhinha) o Spínola (que não é o Caco), o Santos, o Nunes, o Faria, o Canastra, o Vicente, o Viveiros, o Saturnino, o Max, o Jesus, o Fernandes, o outro Fernandes (o cozinheiro)… grandes madeirenses, grandes homens…

Falava-se dos vivos, dos mortos, dos que emigraram! Alguns vieram de propósito do estrangeiro! Do Brasil, de Inglaterra…

O Margarido, Capitão da Companhia, fez o habitual discurso à Castro – desta vez mais Raul e menos Fidel – com a eloquência e o sentimento habituais!

Outros discursaram também, era dia para todos falarem e serem ouvidos com interesse e aplauso!

A tarde já ia avançada e a festa terminou com o bolo enfeitado com o crachat da 3520 e o vinho Madeira.

As despedidas foram difíceis! Houve mesmo quem saísse sorrateiramente, sem coragem para despedidas!

Para o ano há mais… desta vez no Continente!

Alguns dos participantes

Museu do RI3 - Funchal > Estandarte da CCAÇ 3520 em primeiro plano

Bolo comemorativo do 35.º Encontro da madeirense CCAÇ 3520


2. Comentário de CV:

Aproveitando o facto de ter publicado a notícia deste Convívo e, em nome dos Editores, deixo esta pequena achega.

Esta época, coincidente com um elevado número de Convívios, causa um enorme afluxo de correspondência ao Blogue. Os camaradas, e muito bem, querem dar notícia dos Encontros das suas Unidades e enviam muitas fotografias dos eventos, muitas vezes sem o acompanhamento de qualquer texto.

Assim, vamos combinar o seguinte:

- A partir de agora só anunciaremos e publicaremos Encontros de Unidades a pedido a dos nossos Tertulianos, desde que a elas pertençam.
- Todas as notícias devrão trazer um texto contando o essencial do Encontro.
- Publicaremos no máximo 3 ou 4 fotos (devidamente legendadas) do acontecimento (como neste poste) que serão seleccionadas pelo próprio e não por nós.
- Sempre que possível mandem o emblema, crachá, brasão, etc. da Unidade para encimar a notícia.

Agradecendo a vossa compreensão, continuamos ao dispôr.

Pelos Editores
Carlos Vinhal
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4349: Convívios (129): Pessoal do BCAÇ 2884, em S. Pedro do Sul, no dia 9 de Maio de 2009 (José R. Firmino)