quarta-feira, 25 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9802: O caso da Ponta Coli (Xime-Bambadinca) II. Nova emboscada (Jorge Araújo)



1. O nosso camarada Jorge Araújo (ex-Fur Mil Op Esp/Ranger da CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, 1972/74), enviou-nos a seguinte mensagem. 


Caríssimo Camarada CMDT Luís Graça, e restantes elementos do G.O.E. (Grupo Operacional de Editores). 

Os meus melhores cumprimentos. 

No dia do oitavo aniversário do nascimento do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, tomei a iniciativa de vos enviar, por este meio, uma pequena lembrança. 

Trata-se de mais um mosaico para colocar no puzzle de uma das paredes da nossa Tabanca Grande que, por ser grande, creio que não vai ser fácil concluir a obra. 

Parabéns para o aniversariante e, igualmente, para os seus progenitores. 

Obrigado pelos bons momentos de confraternização passados no pretérito sábado em Monte Real, durante o nosso VII Encontro Nacional.

ERA UMA VEZ UMA ESTRADA, PALCO DE JOGOS DE SOBREVIVÊNCIA 

O CASO DA PONTA COLI (XIME-BAMBADINCA) – II

I – O CASO DA PONTA COLI - XIME: - NOVA EMBOSCADA

Entre a chegada a Bissau no dia 28.Dez.1971, a bordo do Paquete Niassa, e o regresso a Lisboa em 03.Abr.1974, efectuado nos Transportes Aéreos Militares (TAM - boeing 707), a CART 3494 escreveu algumas páginas da sua história colectiva com acontecimentos indeléveis que continuam, ainda hoje, a influenciar os itinerários, os comportamentos e as atitudes – isto é: a vida – de alguns elementos do seu contingente, agora ex-combatentes, e que mais à frente aprofundaremos. 

Durante vinte e sete meses e uma semana, ou seja, cento e dezoito semanas, que perfazem oitocentos e vinte e oito dias, equivalente a dezanove mil e oitocentas e setenta horas, totalizando um milhão, cento e noventa e dois mil e trezentos e vinte minutos - é muito tempo; e muito jogo …, os principais episódios foram classificados numa escala de graves e muito graves, em função dos efeitos produzidos nas NT. 

O caso da Ponta Coli, que acabaria por contabilizar dois episódios muito graves durante a permanência da Unidade no Xime, antes da rotação para Mansambo ocorrida em Março de 1973, era o contexto que suscitava maior incógnita quanto à efectiva possibilidade de aí acontecerem encontros/desencontros com os guerrilheiros, sempre de consequências imprevisíveis, na justa medida em que eles sabiam tudo sobre os nossos movimentos, horas de saída e chegada ao aquartelamento, transporte, efectivos, armamento utilizado, local da segurança, postos de vigia, entre outros detalhes. 

Esse conhecimento dava-lhes, desde logo, uma efectiva vantagem, podendo agir de surpresa, controlando o tempo e o espaço, “como se fosse uma qualquer caçada ao coelho bravo, à gazela ou ao javali”, colocando cada presa no centro da sua mira. Mas, em função destes dois exemplos, veio a provar-se que não agiram, felizmente, com muita disciplina táctica e técnica e que, numa relação custo/benefício, o custo foi francamente superior. 

Estou convencido que os guerrilheiros estiveram emboscados na Ponta Coli, em outras ocasiões em que não houve contacto directo, desconhecendo-se qual ou quais os motivos que os levaram a não tomarem a iniciativa do ataque. Esta convicção/intuição resulta do facto de terem sido identificados (e confirmados!) sinais da presença humana, que não do nosso lado, e que implicaram a pernoita em espaços muito próximos daqueles que habitualmente eram por nós ocupados. 

Esta convicção é reforçada com o facto concreto relatado no documento referente ao programa de actividades para aquela zona retirado do bolso do camuflado do comandante Mário Mendes, aniquilado no decorrer de uma acção à Ponta Varela, efectuada em conjunto pela CART 3494 e pela CCAÇ 12, em Maio de 1972, que previa a concretização de novas emboscadas na estrada Xime-Bambadinca, tema que abordarei em outra oportunidade. 

Assim, durante os treze meses em que a CART 3494 esteve aquartelada no Xime, a quem tinha sido atribuída a responsabilidade diária de garantir a segurança possível em parte do troço que ligava este lugar a Bambadinca (sede do BART 3873), essa tarefa/acção/missão, considerada “Rainha” no conjunto de todas as outras, foi realizada por trezentas e oitenta vezes, aproximadamente, o que perfaz, feita a divisão pelos três GComb, cerca de cento e vinte e cinco presenças para cada um, naquele a que tomei a iniciativa de (re)baptizar como o «palco de jogos de sobrevivência». 

Como referido anteriormente, apenas ocorreram dois contactos durante esse período, com mortos e feridos confirmados de ambos os contendedores. O primeiro, no dia 22.Abr.1972, foi já narrado neste blogue (vidé poste 9698, de 03.Abr.2012). O segundo, de que trata este texto, ocorreu no dia 01.Dez.1972, 6.ª feira, tendo por intervenientes os elementos do mesmo GComb, ou seja, o 4.º pelotão. 

Creio que a escolha do dia 01.Dez.1972, para a concretização desta segunda emboscada às NT, não teve qualquer relação histórica com o dia 01.Dez.1640, também conhecido por «Restauração da Independência», designação atribuída à revolta dos portugueses iniciada naquela data com a invasão do Palácio Real, sito no Terreiro do Paço, em Lisboa, onde prenderam a Duquesa de Mântua, obrigando-a a dar ordens às suas tropas para se renderem, matando Miguel de Vasconcelos e Brito (1590-1640), Secretário de Estado da Duquesa, que era Vice-Rainha de Portugal, em nome do Rei Filipe IV de Espanha (1605-1665), Filipe III de Portugal. 

Também no dia 01.Dez., mas de 1922, ou seja cinquenta anos antes, era legalmente constituída a direcção do primeiro Núcleo da Liga dos Combatentes, em Pinhel, presidida por Manuel Augusto Ferreira Lima da Veiga, Coronel de Infantaria e delegado, à época, da denominada Liga dos ex-combatentes da Grande Guerra. A sua sede ficou instalada no edifício do Regimento de Infantaria n.º 14, de onde partiu o Batalhão Expedicionário de Infantaria n.º 12 da Guarda, com destino à Flandres, onde combateu, ao serviço dos aliados, durante os anos de 1917 e 1918, na 1.ª Grande Guerra. 

Cronologicamente, a seguir à primeira história vem a segunda, e depois a terceira, e assim sucessivamente, e porque a acção, o sentido e as formas dessa acção nunca se repetem, mesmo que os seus intérpretes sejam os mesmos, eis outra oportunidade para tornar público o que ainda guardo na memória relativo ao segundo acontecimento na Ponta Coli, cuja ordem de apresentação foi estruturada em três pontos: o antes, o durante e o depois dos factos. 

De referir, ainda, que este texto não caracteriza tão só e apenas o período de tempo em que decorreu esta emboscada, mas adiciona-lhe outras pequenas histórias que lhe dão uma certa coerência, aliás como nos ensina a filosofia, ou seja, o todo é mais que a soma das partes, como se pode constatar de imediato. 


II – O ANTES DE 01 DE DEZEMBRO DE 1972 

A aprendizagem retirada da primeira experiência vivida na Ponta Coli, em 22.Abr.72, que conduziu à alteração das rotinas anteriores, passando cada GComb a ser auto transportado somente até ao limite da bolanha do Xime e o restante trajecto até ao local da segurança a ser efectuado a pé, com esquemas diferenciados de progressão e distribuição espacial de todos os seus elementos, dava a sensação de ter sido uma boa opção, pelo menos ficava a ideia de se reduzir substancialmente a exposição ao risco. 

A segurança fazia-se diariamente, excepto quando a Companhia tinha de efectuar outras missões que justificassem a presença de todos os seus efectivos, sendo substituídos nessa função por elementos de Grupos de Milícias que estavam sob jurisdição do Batalhão. 

A atenção e a concentração continuavam a ser as palavras de ordem, ou palavras-chave, quando se saía do aquartelamento para cumprir esta missão, justificada ainda com maior veemência depois do expresso na correspondência retirada ao comandante Mário Mendes, conforme referido anteriormente. E o tempo foi passando, felizmente sem ocorrências de maior na Ponta Coli. 

Em finais de Setembro/72, depois de uma intensa actividade militar, pensei que era chegado o momento de agendar o primeiro período de férias de trinta e cinco dias, de acordo com as normas então em vigor, tendo decidido passá-las na Metrópole, como se dizia à época, fazendo coincidir esse período com o meu aniversário. E assim foi. Escolhemos o período de 24.Out. a 27.Nov.1972. 

Chegado ao aeroporto de Lisboa, fui recebido pelos nossos familiares directos (os pais), seguindo depois para a sua (nossa) residência, em Moscavide. Os primeiros dias foram de completa readaptação aos espaços, particularmente no que concerne ao trânsito intenso da cidade, aos semáforos e às passadeiras, aos cheiros, aos ruídos; em suma, a quase tudo.
O ambiente de felicidade iluminava cada dia que ia passando, com os meus familiares a não perderem a oportunidade de colocarem questões sobre a realidade por mim vivida na Guiné, transmitindo-me os seus medos, expectativas e ansiedades, mas também procurando saber mais como era a sua gente, o seu ambiente, o seu clima, a sua organização social, os seus consumos, o que era perfeitamente natural e normal naquele tempo. Os amigos, alguns mais velhos, que tinham já vivido experiências semelhantes nos diferentes cenários ultramarinos, davam-me conselhos, sugestões e outras dicas visando ajudar-nos a ultrapassar eventuais dificuldades. 

Mas, do que mais se falou durante esse mês foram os episódios vividos até então, em que a nossa existência física esteve francamente em causa, e que após efectuada a sua avaliação, em consciência, considerei ter sido de elevado risco, muito maior daquele por que passa um funâmbulo no circo, no exercício de equilíbrio no arame, mesmo que não possua rede de segurança a meio caminho do solo, como foram os casos da emboscada na Ponta Coli (22.Abr.1972) e o naufrágio no Rio Geba (10.Ago.1972). 

Por outro lado, e uma vez que o ex-Alf. Mil. Maurício Viegas, também ele natural de Lisboa e CMDT do Pelotão de Artilharia (obuses 10.5) do Xime, me sugeriu que visitássemos os seus pais, residentes na Boa-Hora, em Lisboa, facultando-me a sua morada. Daí ter agendado um encontro com eles, em nome do convite/pedido formulado aquando da minha saída do Xime, levando-lhes as naturais saudades e palavras de conforto e de ânimo para resistirem ao tempo que ainda faltava para a conclusão da sua Comissão de Serviço. 

Na sequência do primeiro contacto presencial, aceitei a proposta de com eles almoçar, ficando também combinada uma sessão de slides (meus) visando uma aproximação à realidade por parte daqueles que, estando longe dos seus familiares (militares), gostavam de ver as suas paisagens, as suas gentes, as lavadeiras, as beijudas e outros ícones da cultura guineense, e que para mim era o contexto para onde teríamos de voltar alguns dias depois. 

Como um dos tios do ex-Alf. Viegas era pasteleiro (mestre de renome em doçaria), e o sobrinho comemorava o seu aniversário no dia 01.Dez. (já não me recordo quantos, mas seriam certamente mais de vinte), logo nos pediu para sermos portadores de um bolo especial para esse dia de anos, confeccionado com uma substância (XPTO) preparada para aguentar os dias suficientes até à nossa chegada ao mato. No dia 26.Nov.1972, véspera da partida, lá fomos buscar o bolo ao Bairro da Boa-Hora, fazendo votos para que ele chegasse inteiro ao seu destino. 

Embarquei no dia aprazado, prometendo voltar, logo que fosse possível, para um segundo período de férias. 

Chegado a Bissau no dia 27.Nov.1972, 2.ª feira, desci à terra, e tomei consciência de que as férias tinham acabado, e que o principal assunto que teria em mãos, a partir de então, era outro, mais sério e problemático do que nunca. 

Procurei resolver, com celeridade, a deslocação para a Companhia, no Xime, tendo apanhado uma boleia de Bissau a bordo de uma embarcação civil «CP10», cujo comandante era um militar da marinha – o Cabo Silva, e que habitualmente nos visitava no Xime, quando aí tinha de fazer carregamentos de madeiras para a capital, ou de outros materiais mais pesados vs volumosos. 

Cheguei ao aquartelamento na 4.ª feira, dia 29.Nov.1972, por volta das 17.00 horas. Mas, como tinha feito a viagem ao sol, pois a embarcação navegava a céu aberto, logo sem sombras, essa noite foi passada num estado febril em crescendo. Antes, porém, tive a oportunidade de entregar ao ex-Alf. Maurício Viegas, o bolo de aniversário que nos tinham pedido para lhe trazer. O dia seguinte, 5.ª feira, foi passado na cama, aguardando que as drogas de marca «LM» – Laboratório Militar, distribuídas/receitadas pelo camarada mezinho, ex-Fur. Mil. Enf.º Carvalhido da Ponte desempenhassem a competente acção farmacológica no organismo. 

O dia seguinte, 6.ª feira, dia 01.DEZ.1972, voltou a ser um dia diferente, como muitas emoções versus tensões, em função dos relatos que desenvolveremos no ponto seguinte. 

III – O DIA 01.DEZ.1972 – a segunda emboscada na Ponta Coli 

Se o dia 22 de Abril de 1972, data da primeira batalha travada na Guiné (Xime) pelos militares da CART 3494, através do seu 4.º GComb, continuava bem presente na memória de todos, particularmente naqueles que a viveram em directo, esse dia 01 de Dezembro do mesmo ano, fez aumentar não só os factos negativos contabilizados até então, como ampliou os registos gravados na nossa memória de longo prazo. Entre o primeiro e o segundo caso decorreram duzentos e vinte e dois dias. 

E o que tenho em memória desse já longínquo 1.º de Dezembro de 1972, acontecimento que está prestes a completar quatro dezenas de anos, inicia-se com o acto de acordar, consequência do ruído dos motores das duas viaturas unimog alinhadas na parada, como era habitual, destinadas a transportar o GComb que nesse dia iria estar de serviço na Ponta Coli, ou seja, o 4.º pelotão, o mesmo da 1.ª emboscada. 

Este GComb, entretanto refeito depois de ultrapassadas as enfermidades físicas sofridas pelos seus efectivos mais atingidos anteriormente, viu reforçado os seus quadros de comando com a chegada, em Maio, do ex-Fur. Mil. Mário M. Neves para substituir o ex-Fur. Mil. Manuel Rocha Bento, falecido na emboscada anterior, e dois meses e meio antes deste episódio (Set.) do oficial de que nunca dispôs, sendo nomeado para comandar este grupo o ex-Alf. Mil. A. J. Serradas Pereira. 

Passados poucos minutos da saída dos militares do meu ex-GComb, levantei-me sentindo algumas melhoras em relação aos dois dias anteriores, pois já não tinha febre, e avancei para os sanitários do abrigo da messe de Sargentos, situados em frente ao nosso Tzero, este partilhado com os camaradas ex-Furriéis Godinho, Ferreira e Neves. 

Concluída a higiene pessoal, e quando passava à porta da Secretaria da Companhia, que ficava exactamente em frente à nossa, do outro lado do caminho térreo (a que se chamava rua), eis que ouvi e senti os primeiros rebentamentos vindos do lado da Ponta Coli. Tratava-se, naturalmente, de uma nova emboscada montada pelos guerrilheiros, já prometida há algum tempo atrás, mas sem data marcada. 

Não pestanejei.  

Num impulso produzido a partir dos sistemas internos homeostáticos, explicados na biologia da consciência como sendo a memória especial de valor registada por via de experiência anterior – imagens, sons e desempenhos –, complementada com a mensagem do mundo exterior que acabara de ser descodificada, rapidamente me preparei para ir em seu auxílio. 

Vestido com estava naquele momento, em fato de treino azul militar, coloquei à cintura os quatro carregadores de munições encaixados no cinturão, peguei na minha companheira inseparável nestas ocasiões, a G3, e parti só, na direcção da Ponta Coli, não fazendo a mínima ideia do que me poderia acontecer até lá. 

Atravessei as moranças da Tabanca, segui no sentido da bolanha do Xime (Taliuará) e quando me encontrava mais ou menos a meio do carreiro que ligava, na largura, os dois lados da bolanha, avistei um grupo de guerrilheiros movimentando-se para sul, na fronteira da bolanha com a vegetação aí existente. Avistei os guerrilheiros e eles também a mim, na medida em que um deles disparou uma rajada na nossa direcção, mas sem consequências, pois não devia ser grande especialista no tiro de precisão. 

Ao ouvir o silvo das balas (uma meia dúzia!?) que passaram por cima e ao meu lado, coincidente com o mergulho que tive justamente de efectuar, por instinto de sobrevivência, e sem saber o que viria a seguir, aí esperei um pouco, camuflado tanto quanto me era possível, observando os movimentos do IN, e sem saber muito bem o que fazer a partir de então: voltar para trás ou seguir em frente. 

Quando me apercebi que aquele grupo de guerrilheiros estava de regresso às suas origens, decidi avançar, mas com a máxima atenção, pois a situação assim o exigia. Porém, vindos da Ponta Coli, continuava a ouvir tiros e rebentamentos, sinal de que a situação ainda não estava totalmente controlada. 

Passados alguns minutos, talvez dez/quinze, cheguei junto dos camaradas flagelados, grupo que, gradualmente, tinha sido reforçado com a chegada de mais elementos de outros GComb, deslocados em viaturas até ao local. 

Aí chegado, constatámos que neste caso, do ponto de vista da estratégica militar, os guerrilheiros foram obrigados a alterar a sua, em função também das mudanças por nós introduzidas a partir da avaliação feita à primeira emboscada. 

Desta vez os elementos IN, estimados em mais de sessenta unidades, que segundo informações posteriores eram constituídos pelo grupo especial de Bazzokas, do CMDT Coluna da Costa, e do bigrupo dos CMDT’s Mamadu Turé e Pana Djata, ficaram emboscados a cinquenta metros da linha da nossa segurança, protegidos por bagabagas, árvores e outros arbustos mais rasteiros. 

Aguardaram que as NT ocupassem os postos habituais, e quando nada fazia prever, pois esse era o método utilizado na guerra de guerrilha, abriram as hostilidades, fazendo accionar, à distância, duas minas de sopro colocadas junto a duas árvores de maior porte, seguida das tradicionais rajadas de Kalashnikov e do lançamento de granadas de RPG7, tendo os elementos do nosso GComb reagido em conformidade com a provocação e de acordo com a experiência adquirida na anterior situação. 

As ocorrências mais graves foram provocadas pelo efeito das minas de sopro, tendo atingido dois elementos das NT que, passado pouco tempo, foram evacuados para o Hospital Militar, em Bissau. 

Entretanto, com a situação totalmente controlada, depois da debandada dos guerrilheiros, que não conseguiram desta vez obter grandes resultados práticos felizmente, iniciámos o reconhecimento na zona outrora ocupada por estes. 

Durante o desempenho dessa tarefa, operacionalizada em equipa com o ex-Fur. Mil. António Carda, do 3.º GComb, foi com alguma surpresa que encontrámos dois corpos de guerrilheiros, já cadáveres, ocupando ambos, um ao lado do outro, um espaço entre arbustos de aproximadamente dois metros, junto dos quais se encontravam as suas respectivas armas. Um tinha uma Kalashnikov, o outro possuía uma pistola Tokarev. Noutro local foi também encontrado um lança granadas e duas granadas desse equipamento. 


No final, a contabilidade feita à segunda emboscada, e que seria a última, sofrida pela CART 3494 na Ponta Coli, ambas vividas pelos elementos do 4.º pelotão, foi de dois feridos graves das NT, dois mortos capturados ao IN, mais uma espingarda automática Kalashnikov, uma pistola Tokarev e um lança granadas RPG7. 

A partir desta nova experiência, cada segurança diária à Ponta Coli passou a ser considerada como uma Operação Especial, só ao alcance de quem tivesse um coração forte, capaz de resistir às emoções/tensões vividas naquele contexto. 

IV – CAUSAS/EFEITOS DESTA NOVA EMBOSCADA 

Se nada de anormal tivesse acontecido naquele dia 01.Dez.1972, a noite teria tido um significado e um programa especiais, na medida em que o ex-Alf. Mil. Maurício Viegas fazia anos, e até existia um bolo de aniversário confeccionado de propósito, no distante Bairro da Boa-Hora, em Lisboa. 

Mas, porque não foi isso que aconteceu, lamentavelmente, este segundo episódio na Ponta Coli, acabaria por marcar os tempos seguintes, influenciando os comportamentos, o estado de espírito individual e colectivo, com reflexos no humor e na disponibilidade para grandes farras. No entanto, não deixámos de cantar os parabéns ao aniversariante, na messe de oficiais, e de comer uma fatia do seu bolo, um pouco rijo, mas ainda próprio para consumo. Do que me lembro desse momento, posso afiançar de que não sobrou nem uma migalha. 

A bebida consumida nessa noite, um pouco mais longa do que em noites anteriores, pois foi decidido desligar o gerador produtor de energia, uma vez que se equacionou a possibilidade de acontecerem represálias pela ocorrência da manhã, resultou da fusão do líquido de várias garrafas existentes no bar, vulgo cocktail, servido em baixela (prateada) de aço inox, mas que não me caiu nada bem. Andei uma semana a beber água Perrier, passe a publicidade. 

Assim, eis algumas causas/efeitos deste acontecimento. 

Uma primeira causa/efeito de mais um episódio negativo registado no seio da CART 3494 foi a tomada de consciência colectiva de que não se podia facilitar, fosse qual fosse a circunstância ou o contexto, tendo como exemplos as duas emboscadas na estrada Xime-Bambadinca e o naufrágio no Rio Geba, todos eles provocando baixas humanas, factos ocorridos, curiosamente, com intervalos de cento e dez dias entre si. 

Uma segunda causa/efeito deste acontecimento terá contribuído para que um ano depois desta segunda emboscada, certamente para vingar o aí ocorrido doze meses antes, onde os guerrilheiros registaram um forte revés, estes tenham decidido voltar a atacar o aquartelamento do Xime, agora tendo por residentes os militares da CCAÇ 12, uma unidade africana. 

Este ataque do IN, o mais severo e violento de todos os efectuados até então, iniciado pela calada da noite, eram 22:15 e que durou cerca de meia hora, e que eu próprio testemunhei não só através da sua audição à distância, como observei os clarões provocados pelas detonações das diferentes armas pesadas utilizadas, uma vez que me encontrava instalado nos espaços circundantes da nova Ponte sobre o Rio Udunduma, situada entre a população de Amedalai e Bambadinca, na estrada do Xime, em missão de segurança permanente. Nesse local acabaria por contabilizar uma estadia de cerca de cento e sessenta dias, ou seja, cinco meses e meio. 

Constou-se que para esse ataque com armas pesadas foram mobilizados todos os recursos existentes na zona por parte do PAIGC, nos quais se incluíam foguetões 122 mm. Estes acabaram por provocar alguns estragos, sobretudo na zona das moranças dos civis do Xime, tendo dois deles atingindo uma delas, que ficou totalmente destruída, com os seus sete ocupantes mortos. 

Uma terceira causa/efeito (dupla) desta emboscada, particularmente para os dois ex-militares feridos em combate, este seria um acontecimento que haveria de produzir sequelas incuráveis ao longo de suas vidas, em todas as dimensões humanas: físicas, psicológicas, sociais e económicas. Por via desse episódio, estes ex-combatentes foram premiados ad eternum com o estatuto de «abandonados», o que é francamente injusto, ingrato, pouco ético, nada moral, em suma, um crime execrável. 

No primeiro caso, o ex-soldado Carlos Alberto Cunha, depois de ter sido assistido no Hospital Militar de Bissau e de ter transitado para o Hospital Militar de Lisboa, onde, decorrido algum tempo, obteve alta, passando à disponibilidade. Porém, nunca mais pode exercer a sua actividade profissional, em função do seu grau de incapacidade física. Por falta de acordo quanto à atribuição do estatuto de invalidez, o seu processo transitou para julgamento no Tribunal Judicial de Coimbra, desconhecendo (eu) qual o seu veredicto. Até há bem pouco tempo a situação era de impasse. 

No segundo caso, o ex-soldado Mário Rodrigues Nascimento foi encontrado, no início deste ano, a vaguear pelas ruas da Figueira da Foz. Interpelado por uma Assistente Social, funcionária da Autarquia Local, sobre o seu passado, apenas se lembrava de ter sido ferido em combate no Xime e de ter pertencido à CART 3494. Esta técnica lembrou-se, com efeito, de contactar com a Delegação de Coimbra da Liga dos Combatentes, pedindo ajuda. Esta Instituição de apoio aos ex-militares, por sua vez, entrou em rede com vários elementos da Companhia referenciados no nosso blogue, o que conduziu à abertura de um processo visando a sua integração em Instituição de Solidariedade Social naquela localidade, de modo a alterar a sua condição de vida - um “sem abrigo” -, situação absolutamente degradante para qualquer ser humano, e em particular para este nosso camarada, ex-combatente, que fora gravemente ferido em combate no cumprimento de um dever nacional. 

Curiosamente, a sua residência conhecida, extraída dos registos dos Serviços Públicos, refere que era na Rua do Viso, por sinal a mesma rua onde os meus avós tinham uma casa, e onde eu, nos distantes tempos de criança, lá passava uma parte significativa das férias grandes de verão, bastando atravessar a avenida do Grande Hotel da Figueira (Av. 25 de Abril), para estar na praia. 

Finalmente, neste dia 01.Dez.1972, tomei conhecimento que o nosso segundo CMDT da Companhia, o Cap. Art. António José Pereira da Costa (agora Coronel na Reserva) tinha sido transferido para a CART 3567, estacionada em Mansabá, facto ocorrido durante as nossas férias, sendo substituído, então, pelo Cap. Mil. Luciano de Carvalho Costa, o terceiro e último CMDT da Companhia, cargo que ocupou até ao final da nossa Comissão de Serviço. 

Segundo julgo saber, a ordem/nota da transferência foi-lhe comunicada no dia 10.Nov.1972, exactamente no dia em que, na Metrópole, em Moscavide, comemorava o meu vigésimo segundo aniversário. O desenlace com a CART 3494 aconteceu no dia seguinte – 11.Nov. (Dia de S. Martinho), um marco mais na história da sua vida … militar. 

Chegado ao fim deste segundo episódio relacionado com os factos reais ocorridos na estrada Xime/Bambadinca, vividos por alguns ex-combatentes da CART 3494, no local designado por Ponta Coli, damos por encerrado este tema, esperando que o modo e os conteúdos da sua narração, feitos na primeira pessoa, partindo de experiências concretas, tenham permitido, por um lado, esclarecer dúvidas em aberto e, por outro, aglutinar algumas das ideias que andavam dispersas. 

Contudo, estou convicto que outros relatos, seguindo a mesma metodologia, seriam não só bem-vindos como ajudariam no aprofundamento da sua historiografia. 

Está, desde já, feito o convite a todos os membros da CART 3494, também conhecidos por Fantasmas do Xime. 

Um grande abraço para todos, e até à próxima história. 

Saudações Tertulianas.
Jorge Araújo.
Fur Mil Op Esp/RANGER da CART 3494
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Nota de M.R.:

Vd. poste anterior desta série em: 

3 DE ABRIL DE 2012 > Guiné 63/74 - P9698: O caso da ponta Coli, Xime-Bambadinca (Jorge Araújo)



Guiné 63/74 - P9801: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (15): O abraço camarigo da AORN (Associação dos Oficiais da Reserva Naval) (Manuel Lema Santos), da Tabanca de Matosinhos (Eduardo Moutinho) e da ONGD Ajuda Amiga (Carlos Silva)


Manuel Lema Santos, em nome da direção da AORN: "Guiné uma vez, Guiné para sempre!"

Vídeo 1' 33'': Luís Graça (2012).  Alojado em You Tube > Nhabijoes 


1. Com os cerca de 190 convivas sentados à mesa, para dar início ao almoço, houve uma pequena sessão de boas vindas, com palavras de saudação do nosso editor Luís Graça, em nome da organização (Carlos Vinhal, Joaquim Mexia Alves e Miguel Pessoa), bem como do Manuel Lema Santos, em representação da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval), do Eduardo Moutinho Santos, em nome da Tabanca de Matosinhos, e ainda o Carlos Silva, em nome da ONGD Ajuda Amiga.

O Manuel Lema Santos (ex-1º Ten da Reserva Naval da Marinha de Guerra, imediato da LFG Orion, Guiné, 1966-1972), e que foi um dos nossos camaradas que esteve no nosso 1º Encontro Nacional, na Ameira, em 2006, ofereceu ao blogue, na pessoa do Luís Graça, um exemplar do "Anuário da Reserva Naval, 1958-1975", da autoria de A.B. Rodrigues da Costa e Manuel Pinto Machado (Lisboa, 1992), um exemplar autografado do "Anuário da Reserva Naval, 1976-1992", de Manuel Lema Santos (Lisboa: AORN, 2011), bem como vários exemplares da última edição da publicação periódica da AORN - Associação dos Oficiais da Reserva Naval (AORN,  nº 19, outubro de 2011), e ainda uma medalha comemorativa da fundação da AORN, em 1995.




Capa da revista AORN, edição de outubro de 2011, homenageando dois antigos oficiais da Reserva Naval, e destacados cidadãos portugueses,  Hernâni Lopes (1942-2010) e António Rodrigues Maximiano (1946-2008)



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012 > Luís Graça, saudando os presentes, ladeado à sua esquerda pelo Carlos Vinhal e o Joaquim Mexia Alves (que integraram a comissão organizadora do encontro, juntamente com o Miguel Pessoa).

Foto: © Jorge Canhão (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Ao centro, o Eduardo Moutinho Santos, que falou no início do almoço-convívio, em nome da direção da Tabanca de Matosinhos. Acompanham-no à sua direita o António Graça de Abreu (Cascais) e *a sua esquerda o Zé Manel Lopes (Régua).



VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Carlos Silva, falando em nome da direção da ONGD  Ajuda Amiga e dando notícias tranquilizadoras do Carlos Fortunato, em missão solidária na Guiné-Bissau.

Fotos: © Luís Graça (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P9800: Tabanca Grande: oito anos a blogar (10): Parabéns! (Carlos Matos Gomes / António Vaz)


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012>  Que belo friso de camarigos, de diversas épocas e diferentes lugares da guerra da Guiné (1961/74): Luís R. Moreira (Bambadinca, Nhabijões e Bissau, 1970/72), Magalhães Ribeira, o "pira de Mansoa" (Mansoa, 1974), Torcato Mendonça (Fá e Mansambo, 1968/69, João Mata (Bissorã, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69), António Vaz (Bissorã e Xime, 1967/69), Luís Graça (Contuboel e Bambadinca, 1969/71), e Manuel Moreira (Bissorã, Ponta do Inglês e Xime,1967/69)... (LG)


Foto: © António Vaz (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.





1. Mensagem de parabéns do cor cav ref e escritor Carlos Matos Gomes [, foto à direita, na Amura, em 7 de março de 2008; foto de L.G.]:


Data: 23 de Abril de 2012 18:32

Assunto: Parabéns

Meus caros amigos, estive a ver as fotos da festa da Tabanca. Queria deixar aqui os meus parabens, mas também expressar a admiração pelo convívio e pela sã troca de afetos e memórias entre aqueles que passaram pela Guiné no cumprimento do serviço militar.


Todos ficamos enriquecidos ao visitar esta Tabanca. Em especial ao Luís Graça e aos editores, o meu bem hajam e o estímulo para que continuem. Para todos os que aqui partilham os seus segredos, os seus pensamentos, os seus sentimentos vai o meu obrigado pelo que me têm ensinado.

Um grande abraço para todos do Carlos Matos Gomes.

2. Mensagem, do dia 24 do corrente, do nosso camarigo António Vaz, antigo cap mil, CART 1746 (Bissorã e Xime, 1967/69):

 
Olá, caros camaradas:


Hoje, dia do aniversário do nosso blogue e ainda não tendo passado da meia noite,quero aqui deixar a merecida mensagem de PARABÉNS para os editores,organizadores e evidentemente para o Luís Graça.

Saúde para todos e que durante muitos anos nos acompanhemos uns aos outros.
Pela iniciativa de uns e pelo empenho de todos penso que estamos assim todos de parabens.

O almoço e o convívio em Monte Real foram o que toda a gente viu: um sucesso!!!
Aqui vão fotos do acontecimento com um grande abraço para todos do

António Vaz

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Nota do editor:

Último poste da série > 24 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9798: Tabanca Grande: oito anos a blogar (9): Os "nós" e os "laços" do nosso querido Blogue (Manuel Joaquim)

terça-feira, 24 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9799: O Nosso Livro de Visitas (133): Maximino Guimarães Alves, ex-Radiotelegrafista do STM (Bissau, 1972/74)

1. Mensagem do nosso camarada Maximino Guimarães Alves, ex-Radiotelegrafista do STM (Guiné, 1972/74), deixado no Poste 3498*:

Chamo-me Maximino Guimarães Alves, sou de Fafe, Minho.

Como Radiotelegrafista do STM a minha comissão na Guiné foi no Centro de Escuta do Agrupamento de Transmissões (Outubro de 1972 a Agosto de 1974).

O 1º Centro de Escuta onde fiz serviço ficava fora do quartel. Era numa das vivendas do lado de fora, quase em frente à Intendência... O 2º Centro de Escuta, quase no fim da minha comissão, já era junto a um dos blocos de casernas novas, perto do campo de futebol e do refeitório.

Recordo, do Centro de Escuta, o Furriel Santos Pereira, (fazia dupla comigo durante os serviços nocturnos, excelente parceiro, tradutor das mensagens que recebíamos), Garcia, Faustino Estanqueiro, Faustino Pinto de Jesus, Páscoa, Fur. Meira, Adelino Rei, Couto, e muitos outros que não me lembro o nome agora...

Terminei as segundas férias no dia 21 de Abril de 1974 regressando à Guiné no dia 22 de Abril de manhã. Iniciei o serviço precisamente no dia 25 de Abril de manhã, já no Centro de Escuta novo.

O que o Furriel Hélder Valério diz sobre o Centro de Escuta é exacto. Consistia, no que ao meu serviço dizia respeito, em receber mensagens em morse, normalmente com o texto em francês que depois eram traduzidas se fossem em texto normal, ou descodificadas pelos criptos se fossem codificadas.

Também gravávamos programas da BBC, Voz da América, discursos do Amílcar Cabral, da esposa, conhecida por Maria «Turra», etc...

No primeiro ano no Agrupamento, íamos almoçar e jantar ao Quartel General que fazia «fronteira» com o nosso... Só em 1973 tivemos o nosso refeitório novo que, por sinal, era excelente. Tenho várias fotografias do quartel e do centro de escuta. Gostava de as partilhar. O que devo fazer?


Também posso informar que vai haver um encontro no dia 5 de Maio, nos Arcos de Valdevez, de antigos militares do Agrupamento de Transmissões da Guiné. É organizado pelo Garcia. Se alguém estiver interessado posso fornecer o contacto dele.
O meu email é: maxalves@netcabo.pt


2. Comentário de CV:

Caro camarada Maximino, se quiseres engrossar a fileira dos camaradas das Transmissões deste Blogue, envia uma foto actual e outra do teu tempo de Guiné, de preferência tipo passe e diz-nos qual foi o teu posto militar.
Já sabemos a data em que foste para a Guiné, a data de regresso e onde fizeste serviço, mas muito mais terás para nos dizeres dos tempos passados em Bissau, principalmente nos meses mais próximos do antes e do pós 25 de Abril.

Ficamos a aguardar as tuas mensagens, descodificadas e desclassificadas, que deverás enviar para luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com e para um dos co-editores Carlos Vinhal e/ou Eduardo Magalhães Ribeiro.

Recebe um abraço dos camaradas das Transmissões deste Blogue e não só.
O teu camarada
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 16 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9753: O Nosso Livro de Visitas (132): Não se preocupem se não der notícias - só estamos sem eletricidade porque o gasóleo acabou! (Anabela Pires, Iemberém, Cantanhez)

Guiné 63/74 - P9798: Tabanca Grande: oito anos a blogar (9): Os "nós" e os "laços" do nosso querido Blogue (Manuel Joaquim)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Joaquim (ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67):

 Meus caros camaradas:
Aqui vai a minha mensagem de parabéns para o "Luís Graça & Camaradas da Guiné", nosso querido blogue, a propósito do seu 8º aniversário, penso que a 23/4.
Gostava que o texto fosse ilustrado mas não o consegui fazer.
Se acharem que este "pastel" de letras merece edição...

Um grande abraço, bem merecido, para os seus editor e co-editores.
Manuel Joaquim


OS NÓS E OS LAÇOS*

Olá, meu querido blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”! Neste teu oitavo aniversário venho dar-te os parabéns e falar-te de nós e de laços. Sabes? És um blogue de “nós”. De nós (és nosso, dos teus membros) e de outros nós, mais ou menos apertados, mais ou menos difíceis de desatar. Olha alguns:

Nós de enredo de dramas, de histórias que poderão ser História. Nós de embaraço, de estorvo. Nós de garganta, de emoção. Nós, em certos “pontos” da trama, difíceis de desatar. Nós corredios ou mesmo nós cegos. És também um blogue de laços: laços que também são nós mas de outro tipo, são laços de fraternidade e de ternura, laços de união, laços de memória(s) e de emoções, laços de relacionamento(s) e de amizade(s).

Em ti já há nós desatados e laços afetivos, ténues ou fortes, enfeitados ou não, mais ou menos apertados, mas que nos apertam com afagos e carícias que a amizade e a camaradagem agradecem. Laços que nos ajudam a manter-nos vivos, que nos amparam na nossa sociabilidade, para alguns difícil, na solidariedade entre antigos combatentes e entre estes e a sociedade onde estão inseridos.

Lendo-te ou participando no teu espaço, há “velhos soldados” que dão conta desses nós desatados, desses laços afetivos a reafirmarem-se e a crescer, ou a nascer, assentes num certo passado comum, num manancial de emoções coletivas resultantes de vivências similares suportadas num determinado teatro de guerra.

O tempo, inexorável, provoca o esquecimento, arrasa mesmo muitas memórias. Tu, blogue, és um guerreiro lutando contra esse esquecimento, contra o abandono e a menorização dos feitos, das missões, dos cometimentos de muitas centenas de milhares de jovens portugueses sacrificados numa guerra, guerra esta que só acabou há 37 anos mas que parece esquecida ou está mesmo esquecida, tanto politicamente como socialmente. Este facto é mesmo um enigma social e político, tendo em atenção que o número de antigos combatentes vivos, mais os seus familiares diretos, será seguramente superior a três milhões de portugueses. Eis mais um nó mas este é mesmo um nó górdio. Não deves ser capaz de o desfazer nem deve haver herói que o faça!

Ao desatares nós de isolamento e de incomunicabilidade, ao criares condições de sociabilidade que fazem em nós nascer ou restaurar laços de fraternidade e de camaradagem (somos camarigos, sabes?), ao sustentares as nossas afinidades como combatentes no mesmo teatro de guerra, tens conseguido levar-nos a uma aproximação que nos revigora, nos acalma, nos conforta, nos torna mais conscientes daquilo que nos aconteceu durante um determinado tempo da nossa juventude.

Eu sei e sinto que me ajudaste na criação de laços que me reforçaram as qualidades como ser humano. Eu sei e sinto que me ajudaste a desatar alguns nós em memórias incómodas, doloridas ou confusas, aclarando factos e trazendo muita paz ao meu, muito íntimo, “tribunal da razão”, nós esses que me ataram a coisas que, na altura, me pareceram importantes mas que hoje já o não são. Também sinto que entre nós, antigos combatentes, há ainda quem carregue muito peso daqueles anos de chumbo passados em África. Não sei porquê mas acredito que tenhas servido, estejas ou venhas a servir para amenizar esse peso ou até a tirá-lo das costas de alguém.

Com o avançar da idade (eu já fiz 70), e se não tivermos cuidado, nós os que te frequentamos e te sustentamos, iremos inadvertida e inconscientemente deslizando numa suave rampa de isolamento crescente. É afinal o que nos espera, à maior parte de nós, se tivermos uma vida longa. Temos de lutar contra a velocidade do deslizamento na tal rampa e, para isso, é preciso fugir do isolamento para viver com os outros, comunicar, participar, partilhar, aproveitar no dia a dia as pequenas coisas que nos animem, que nos sobressaltem, que nos façam sentir vivos, que nos possam saciar a sede de viver.

Espero que continues a apoiar-nos neste campo. Precisamos de comunicação para termos mais e melhor saúde, principalmente mental. Comunicar é importante até para desatarmos muitos nós que transportamos na alma e que nos infernizam a vida e para criar laços que nos enfeitem as “prendas” que a mesma vida nos pode oferecer. Tu és um desses veículos de comunicação que podemos (devemos) aproveitar. Repito o que já disse sobre ti há uns tempos atrás (P 5932): “este blogue é uma câmara de gritos (de saudade, de alegria, de tristeza, de horror, de perdão, de expiação, de amor-próprio, de vaidade, de humildade, de dádiva, de amizade, de solidariedade, de revolta, de vazio ... )”.

Não tenho dúvidas, perante o volume do que tenho lido no teu espaço, que és também um meio de terapia, coletiva e individual. Desejo que os teus frequentadores se não inibam e que participem para lá da simples leitura ou consulta, não tendo receio de se exporem, de relatarem memórias ou estados de alma, de opinarem sobre o que lhes (nos) desagrada ou não.

A finalizar, vê lá se atendes estes meus desejos:

Que continues a desatar nós, incluindo os nós na garganta que, tanto tempo depois, ainda possamos conservar ou outros que venhamos a ter.

Que aclares os pedaços de memória que nos possam ainda incomodar, contextualizando-os à época dos factos, de modo a podermos lidar melhor com eles.
Que nos ajudes a criar ou a manter vivos sentimentos positivos quanto à nossa passada vida de combatentes.
Que cries, recries e sustentes laços afetivos entre nós, teus membros.
Que continues a ser um veículo para nos situarmos melhor como cidadãos de um país que pouco nos liga, para nos ajudar a viver melhor e a fortalecer a nossa vivência social, para nos ajudar a ver o futuro com um olhar mais confiante, na certeza de sermos acompanhados por novos amigos no nosso esforço para seguirmos em frente, serenos perante o que fomos e fizemos na nossa juventude tão sacrificada.

Muitos parabéns, meu querido Blogue! Festejo os teus oito anos de vida! E faço força para que tenhas uma vida longa, muito longa! Essa vida ser-te-á alimentada pelos teus atuais e futuros membros e leitores que, como se de horta se tratasse, te cultivam e cultivarão para produzires frutos que continuem a desatar nós e a criar laços afetivos entre todos os frequentadores do teu espaço.

Por falar em horta, é altura de homenagear os teus trabalhadores permanentes que são também teus editor e co-editores. Sem eles, sem a sua vigilância sobre o teu crescimento, sem a sua atenção no ordenamento da plantação e em acudir à rega quando a seca ameaça, seria o fim da “horta”, o teu fim. E tu não podes morrer tão novo! Para eles, também, um grande abraço de admiração e de agradecimento.

Muitos parabéns! Feliz aniversário!
Manuel Joaquim

*Título de um romance de António Alçada Batista, “Os Nós e os Laços”, reedição Ed. Presença, 2000 (com a devida vénia, aqui usado).
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9795: Tabanca Grande: oito anos a blogar (8): Tabanqueiro da primeira hora, totalista dos nossos 7 encontros nacionais (David Guimarães)

Guiné 63/74 - P9797: Agenda cultural (197): "Adeus até ao meu regresso" em foco na "Tertúlia - Literaturas da guerra colonial: há memórias que nunca acabam", dia 26 de Abril de 2012, pelas 18 horas, na Bertrand Dolce Vita Monumental, Lisboa, com a participação de Mário Beja Santos e Luís Graça

C O N V I T E

No próximo dia 26 de Abril, pelas 18 horas, na Bertrand Dolce Vita Monumental, na Av. Fontes Pereira de Melo, Lisboa, terá lugar uma sessão integrada no ciclo "Tertúlia, Literaturas da guerra colonial: há memórias que nunca acabam", coordenação do Cor Carlos Matos Gomes, estando em destaque o livro "Adeus até ao meu regresso" de autoria do nosso camarada Mário Beja Santos que será um dos intervenientes assim como o nosso camarada e Editor/Administrador deste Blogue, Luís Graça.


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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9773: Agenda cultural (196): Algumas notas sobre o Seminário Guerra de África (José Colaço)

Guiné 63/74 - P9796: Estórias cabralianas (71): Fixações etnomamárias: evocando o meu avoengo Carloto Cabral que, no séc. XVIII, crismou Quebo como a Aldeia das Mamas Formosas (Jorge Cabral)

1. Mensagem do nosso camarigo Jorge Cabral, mais conhecido como sósia do Alfero Cabral, um das figuras mais queridas e populares da nossa Tabanca Grande:

Olá Amigos!

Parabéns ao Blogue! Parabéns à Tabanca!

Parabéns à nossa Tribo!

Mais uma vez faltei ao Grande Encontro.

Quem lá esteve foi o Jovem Alfero Cabral. 

Abraços, Jorge Cabral.

P.S – Aí vai “estória”.



[Foto à direita: Guiné Portuguesa > Bajuda Mandinga >  Farim > Foto Lisboa > s/d >  Cortesia de Memórias da Guerra da Guiné, blogue de Luís de Matos].

2. Estórias cabralianas >  Fixação Mamária? Tenho que ir ao Divã?
por Jorge Cabral

Há uns tempos recebi uma simpática mensagem de uma leitora das “estórias cabralianas”. Gabava-me o humor mas alertava-me, algumas indiciavam uma certa “fixação mamária”. Nada de grave, que não pudesse ser tratado no seu divã, de psicanalista,  presumo.

Respondi aos elogios. Não me atribuo qualquer mérito. Escrevo “estórias” para a Tabanca, a minha Tribo. Sou apenas um “gajo” com piada e uma pancadinha saudável. Quanto à aludida “fixação”, bem, confesso, é genética ou mesma atávica. 

Citei-lhe Vasco Calvet de Magalhães, Administrador da Circunscrição do Geba, que no seu Relatório de 1914, segundo Beja Santos, escreveu: - “Uma diferença enorme existe entre a mulher fula e a mulher fula – preta. A primeira tem glândula mamária perfeitamente esférica enquanto a segunda tem-na em forma de pêra…” 

Como vê, disse – lhe eu, “este interesse etnomamário esteve sempre presente na colonização portuguesa”. E reforçando a tese, inventei um avoengo de nome Carloto Cabral, que no Séc. XVIII crismou Quebo, como Aldeia das Mamas Formosas, tendo as ditas com o tempo, e como é natural, (de)caído.

Enfim, até lhe prometi classificar os belos atributos em nova “estória”. Abacates, papaias, mangas, melões, tangerinas e figos, mas tudo boa fruta…

Agradeceu-me a explicação. Disse-me já ter consultado o livro do Beja Santos, mas pede-me agora, elementos sobre o referido Carloto. Documentos, livros… 

Como vou descalçar esta bota? Pois é. Se calhar vou ter mesmo de passar pelo tal divã.
Jorge Cabral (*)
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Nota do editor:

Ùltimos postes da série:

3 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9304: Estórias cabralianas (70): Sambaro, o Dicionário e o Afecto (Jorge Cabral)

(...) Agora que tenho tempo,  tornei-me um caminheiro. Logo pela manhã abalo pela cidade. Travessas, calçadas, pátios, becos, vilas, percorro devagar essa Lisboa escondida, quase invisível.  Foi num desses passeios que encontrei Ansumane. Um negro velho e calvo, que entre a Travessa da Lua e o Beco das Estrelas, arengava em crioulo. (...)


(...) Também houve Natal em Missirá naquele ano de 1970. Na consoada,  os onze brancos e o puto Sitafá, que vivia connosco. Todos iam lembrando outros Natais. 
Dizia um:
 – Na minha terra…

E acrescentava outro:
 – A minha Mãe fazia… (...)



(...) Chegado na véspera e instalado no Biafra, entrei pela primeira e última vez na Messe de Oficiais em Santa Luzia. Era noite do Bingo. Procurei algum conhecido e encontrei o Gato Félix, estudante de Letras, ora Alferes, o qual também me pareceu entediado. (...)


(...) Em Missirá não existiam rafeiros, até porque era muito mais uma Tabanca do que um Quartel. Lá viviam duzentas almas, pelotão Nativo e pelotão de Milícias, mais população e, no meio de toda esta gente, apenas dez europeus, o que levou muitas vezes o Alfero a interrogar-se: Afinal quem 'colonizava' quem? (...) 


(...) Foi na prisão de Alcoentre que conheci o Mãozinhas, por intermédio do meu amigo e cliente, o 24, nome que ganhou há muito tempo, num bordel, sito à Rua do Mundo. E porquê, 24? Ora, é fácil adivinhar. O tamanho, melhor, o comprimento (...)


(...) Estava calor e todo o quartel dormia a sesta. Em cuecas, o Alfero urinava contra a parede (bem não urinava, mijava, pois na Tropa, ninguém urina, mija). Eis que um jipe se acerca. Nele, três alferes de Bambadinca, acompanhados de duas raparigas. Ainda a sacudir “o corpo do delito”, disfarça, cora, mas que vergonha (!). Claro, ninguém lhe aperta a mão. Elas são a filha do Senhor Brandão e uma amiga de Bissau, cabo-verdiana. Vêm visitar Fá. Chama o fiel Branquinho. Que os leve a todos para o Bar, enquanto ele se veste e se penteia. Regressa impecável. À paisana, de camisinha branca, calças azul-bebé. (...)

Guiné 63/74 - P9795: Tabanca Grande: oito anos a blogar (8): Tabanqueiro da primeira hora, totalista dos nossos 7 encontros nacionais (David Guimarães)

1. Mensagem de parabéns do nosso editor Luís Graça ao David Guimarães, tabanqueiro da primeira hora, que faz hoje 65 anos, um dia depois do 8º aniversário do nosso blogue:

Se a Tabanca Grande fosse uma empresa, o David Guimarães era um dos sócios fundadores (juntamente com o Sousa de Castro, o A. Marques Lopes, o Humberto Reis, e outros tertulianos da primeira hora)... 

E mais do que isso: o David é um dos tabanqueiros que veste e não larga a camisola... Comigo, e com o Carlos Vinhal e a Dina, e se calhar com mais algum outro camarigo que agora, de repente, não consigo recordar, o David Guimarães (e a sua inseparável Lígia) é, se não me engano, um dos raros totalistas dos nossos 7 encontros nacionais!... Desde a Ameira, em 2006, ele tem estado em todos, verdade ?

Por isto, e muito mais - sobretudo por ser um camarigo de coração de ouro - aqui vai um Alfa Bravo muito especial para ele no seu dia de festa, em plena semana de celebração do nosso 8º aniversário!... (Com um beijinho para a Lígia, meu e da Alice). Luís Graça.


2. Comentário do David Guimarães, o nosso aniversariante de hoje [, foto à esquerda,  com a sua inseparável viola, instrumento que sempre tocou desde as Caldas da Raínha e do Xitole]:

Obrigado,  Luís (que representas toda essa gente que hoje formamos uma grande comunidade de amigos) por este abraço de aniversário que me envias - por ele apanharei de todos ao mesmo tempo - aqueles que menos me conhecem ainda.

Sou,  sim, totalista dos encontros, fui o terceiro a perfilar-me e a colaborar no blogue... Curioso,  até andei metido na azáfama como se deveria chamar à nossa casa [, tertúlia, tabanca...].  Posso não ser tão assíduo agora na escrita mas sempre estou ligado do mesmo modo com os afectos e carinho que tenho por aquilo que afinal sou responsável também por o ter ajudado no parto - senti e sofri as dores do crescimento, não passei o testemunho que é meu mas dei a palavra a muitos que hoje escrevem e bem - assim em cada um mais que entra coma sua palavra encontro mais um amigo - um camarada ou camarigo mas antes de tudo, sim,  mais um amigo. Nessa comunhão então sinto-me feliz, pois sei que em cada um tenho um amigo e todos em mim poderão ter a certeza que o têm também...

Um abraço de amizade e agradecimento nesta minha festa de 65 anos,

David


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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P9794: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (14): Tanta gente, camarigos! (Fotos de Jorge Canhão)









VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Belíssimas fotos de um dos nossos reporteres fotográficos habituais, o Jorge Canhão (Oeiras), que veio acompanhado da sua esposa Lurdes (aqui na última foto, ao centro, de casaco verde mar ou esmeralda)... Um terço dos nossos camaradas veio acompanhado de familiares (esposas, filhos e até netos)... As nossas caras metade estavam todas elegantíssimas, como se pode avaliar pelas imagens... O São Pedro desta vez é que foi pouco camarigo... Contrariamente a anos anteriores, a primeira parte do convívio acabou por se realizar no interior do hotel... com cerca de 200 convivas... Mas a logística portou-se bem... Temos de reconhecer aqui,  publicamente,  o profissionalismo do pessoal do Palace Hotel... Pessoal de cinco estrelas num hotel de quatro estrelas, com um belíssimo enquadramento paisagística e facilidades de estacionamento... (LG)


Fotos: © Jorge Canhão (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9783: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande (13): Mais caras novas... (e outras, não tanto)



Guiné 63/74 - P9793: Tabanca Grande: oito anos a blogar (7): Camarigo, uma palavra que um dia há-de entrar no léxico da língua portuguesa (Idálio Reis, Cantanhede)


VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> Dois grandes camarigos, Idálio Reis (Cantanhede) e JERO (Alcobaça)...


Foto (e legenda): © Luís Graça (2012). Todos os direitos reservados



1. Mensagem do Idálio Reis, com data de 23 do corrente:

Caros Luís e co-editores:

Foi cheia a festa-convívio de Monte Real.

Desde logo, pela forma aberta e jovial, como o nosso anfitrião fez gala em nos receber. Mais uma vez o grande Joaquim se aprimorou, ao franquear as cancelas de par em par do seu lugar de sediação.


E todos os tertulianos presentes fruíram de uma ampla jornada de confraternização, revisitando memórias, indagando paradeiros de afectos, estoriando passagens (das brincantes às mais molestas).

O Blogue, ao longo destes 8 anos, para quem já entrou de pleno direito na era digital, tem uma bonita idade. Congregou ex-camaradas da guerra da Guiné, de todos os tempos, e contemplativamente teve o condão de os forjar em camarigos, uma palavra, em que um dia haverá de surgir impante no léxico da língua-mãe, sempre. Aporta consigo um enorme acervo de um inestimável valor histórico, que se vai tornando fundamental para a compreensão da guerra travada em inúmeros palcos de guerra no TO da Guiné. 
[Infografia de Miguel Pessoa, 2012]


E os que se sentiram impelidos em partilhar as suas narrativas, conglomeraram-se nesta festa feliz, permitindo um maior grau de identificação, que só um ambiente são e fraterno de uma sala pujante, pode propiciar.

E ficamos mais acicatados em continuar, até que alguma ancilose nos doa.

Um bem-haja a todos. Cordiais afectos do


Idálio Reis.


PS - O pedido do Luís, das palavras que então proferi quanto ao livro, segue em anexo.

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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9788: Tabanca Grande: oito anos a blogar (6): Travando a batalha contra o esquecimento (José Martins, Odivelas; Carlos Pinheiro, Torres Novas)

Guiné 63/74 - P9792: Estórias avulsas (61): Fotos de Bedanda (Luís Gonçalves Vaz/Mário de Azevedo)


1. O nosso amigo Luís Gonçalves Vaz,   membro da Tabanca Grande e filho do Cor Cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (último Chefe do Estado-Maior do CTIG - 1973/74), enviou-nos várias fotos do álbum fotográfico do seu primo Mário José Lopes de Azevedo (,foto do lado direito),, que foi Furriel Miliciano de Artilharia da CCAÇ 6, Bedanda, 1970/72. 

Camarigos,


Aí vai um conjunto de fotografias do meu primo Mário Azevedo, obtidas a partir de slides do próprio, tirados em Bedanda no ano de 1971. 


Podem publicar já ou esperar pela "estória do Mário Azevedo", que está a caminho...


Nas fotos 5 e 6, é mesmo o obus de 140 mm do Mário de Azevedo em pleno fogo, no ano de 1971... 

"...Ou se respondia a um ataque ao nosso quartel, ou Aldeia Formosa pedia-nos apoio de fogo para um "corredor já conhecido do IN. Mas outros aquartelamentos nos pediam para fazermos fogo... "

O obus da minha secção 
No dia da despedida do Dr. Bravo
Mais um pormenor da despedida do Dr. Bravo

Ainda a despedida do Dr. Bravo
O meu obus a disparar 
Mais um disparo noturno do meu obus 
Tabanca feita pelos militares para população africana 
Africanas novas "Bajudas"
"Bajuda" 
Pelotão destacado a + ou - 1 km
Eu no pelotão com uma gazela de um comerciante
Época da compra do arroz aos africanos pelos comerciantes 
Mais um pormenor da época da compra do arroz 
Posto de sentinela por cima do abrigo (este abrigo não era o meu)
Vista da tabanca (antiga) 
Aquele que foi o meu abrigo

Forte Abraço:
Luís Gonçalves Vaz
(Tabanqueiro 530)

Fotos: © Mário de Azevedo (2011). Direitos reservados.
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Notas de MR:

Último poste da série em > 

Guiné 63/74 - P9791: Parabéns a você (410): David Guimarães, ex-Fur Mil da CART 2716/BART 2917 (Guiné, 1970/72)

Para aceder aos Postes do camarada David Guimarães, clicar aqui
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9777: Parabéns a você (409): António Branquinho, ex-Fur Mil do Pel Caç Nat 63 (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71)