quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13648: Convívios (631): Rescaldo do Encontro comemorativo dos 43 anos após o regresso da Guiné, do pessoal da CCAÇ 2615, realizado no passado dia 20 de Setembro de 2014, em Leiria (Manuel Amaro)



1. Em mensagem do dia 23 de Setembro de 2014, o nosso camarada Manuel Amaro (ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969 a 1971) enviou-nos o rescaldo do convívio da sua Unidade, levado a efeito no passado dia 20.


CONVÍVIO CCAÇ 2615 

A CCAÇ 2615 / BCAÇ 2892 (Guiné, 1969/71), realizou no dia 20 de Setembro mais um convívio para comemorar os 43 anos do regresso da Guiné.
O local escolhido foi o Restaurante Fonte do Corvo, na Aldeia da Boavista (Leiria).

Como é natural o número de presenças vai diminuindo com o passar dos anos e apenas 35 ex-combatentes responderam presente, embora acompanhados por cerca de 50 familiares.

Nota positiva foi a presença do Major General Pedro Pezarat Correia que foi Oficial de Operações do BCAÇ 2892, com a patente de Major.

Antes do almoço, o Capitão António Ramalho Pisco congratulou-se com a presença de todos e evocou aqueles camaradas que entretanto nos deixaram, (três durante a guerra e 35 depois do regresso), tendo sido guardado um minuto de silêncio.

O Major General Pezarat Correia fez também uma intervenção, brilhante como sempre, sobre a guerra, (uma guerra sem sentido), sobre os seus efeitos e sobre o que hoje move os ex-combatentes nestes convívios: uma procura da juventude, mas cimentada em amizades fortes e duradoiras.

No final, creio que pela primeira vez nos nossos convívios, cantou-se o Hino Nacional, o que provocou alguma emoção na sala.

Em 2015 lá estaremos outra vez. Pelo menos estarão os que forem resistindo às marcas do tempo.

Um Abraço
Manuel Amaro

O Major Gen Pezarat Correia na sua intervenção

Aspecto da sala
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13636: Convívios (630): Almoço de confraternização e comemoração do 40.º aniversário do regresso da CCAÇ 4544/73, levado a efeito no dia 14 de Setembro de 2014, no Marco de Canaveses (António Agreira)

uiné 63/74 - P13647: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (2): "Párti um peso" e "Canção de Mamã Negra", de Albano de Matos, pp. 6/7







Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > CCS/BART (1979/72) > Fotos do álbum do fur mil op esp. Pel Rec Info, Bemjamin Durães: tributo à beleza das crianças. bajudas, muheres e  mães fulas.

Fotos: © Benjamim Durães (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]



Elementos da capa do documento policopiado do Caderno de Poesias Poilão", editada em dezembro de 1973 pelo Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino (O GDC dos Empregados do BNU foi criado em 1924).











1. O nosso camarada Albano Mendes de Matos [, ten cor art ref, que esteve no GA 7 e QG/CTIG, Bissau, 1972/74, e foi o "último soldado do império"; é natural de Castelo Branco, vive no Fundão; é poeta, romancista e antropólogo], mandou-nos uma cópia, em pdf, do Caderno de Poesias "Poilão"...

Temos a sua autorização para reproduzir aqui, para conhecimento de um público lusófono mais vasto, este livrinho, de que se fizeram apenas 700 exemplares, policopiados, distribuídos em fevereiro de 1974, em Bissau. A iniciativa foi do Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, cuja origem remonta a 1924.

Reproduzimos hoje mais dois dos três dos poema de Albano de Matos (pp. 5/7), que abrem o pequeno livro, de 35 pp. O Albano de Matos, editor literário, juntou nesta primeira antologia da poesia guineense, 24 poemas, de 11 poetas lusófonos (4 da Guiné, 3 de Cabo Verde e 4 de Portugal). Dos poetas guineenses o destaque vai para Pascoal D’Artagnan Aurigema (1938-1991), com três poemas que apresentaremos no próximo poste. (LG)

PS - Para os nossos leitores mais jovens, e os demais que não conheceram o território da Guiné no tempo dos portugueses: "parte peso" (crioulo) = dar dinheiro ("patacão)", dar um tostão... O peso era a unidade da moeda local. o escudo guineense (no tempo colonial). Esta cena aqui evocada no poema "parti un peso, patrão" era frequente, num país em guerra,  nomeadamente em Bissau, pejada de soldados, nas ruas e nas esplanadas, geralmente em trânsito (uns a partir, outros a chegar)...Muitos miúdos mascaravam a mendicidade, vendendo "mancarra" (amendoim)... Já o termo "patrão", como sinónimo de branco, seria mais usado em Angola (, território por onde também passou o Albano de Matos, camarada de grande sensibilidade sociocultural)...

Quantao ao poema "Canção de Mamã Negra" tem evidentes ressonâncias angolanas...Vem-me à memória poetas angolanos como: (i) o Viriato da Cruz (Porto Amboim, 1928- Pequim, China, 1973), autor do magistral poema "Mamã negra: canto de esperança"; ou como  (oo) Alda Lara (Benguela, 1930-Cambambe, 1962) e o seu poema "Prelúdio"  (que é datado de Lisboa, 1951) e onde se encontram as famosas estrofes da Mãe Negra, cantadas por angolanos e portugueses (com destaque para o Paulo de Carvalho). 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13646: Agenda cultural (338): III Jornadas sobre Valorização do Património Abaluartado da Raia Transfronteiriça, dias 26 e 27 de Setembro de 2014 na Biblioteca da Câmara Municipal de Castro Marim (António J. Pereira da Costa)

1. Mensagem do nosso camarada António José Pereira da Costa (Coronel de Art.ª Ref, ex-Alferes de Art.ª na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69; ex-Capitão de Art.ª e CMDT das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74), com data de 22 de Setembro de 2014:

Vou participar na iniciativa supra que decorre na biblioteca da Câmara Municipal de Castro Marim.
A minha intervenção terá lugar pelas 15H45 de 26 de Setembro (sexta-feira).
Estão todos convidados para assistir.
Um Abraço do
António Costa


C O N V I T E

III JORNADAS SOBRE VALORIZAÇÃO DO PATRIMÓNIO ABALUARTADO DA RAIA TRANSFRONTEIRIÇA



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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13627: Agenda cultural (337): Jornadas Europeias do Património - 26 a 28 de Setembro de 2014 no Museu da Marinha

Guiné 63/74 - P13645: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XI: dezembro de 1972: (i) talvez a primeira quadra festiva do Natal e Ano Novo passada, no setor L1, sem ataques nem flagelações do IN; (ii) por outro lado, o comandante 'Nino' Vieira vem pessoalmente à frente Bafatá-Xitole para censurar e punir maus tratos infligidos às populações locais pelos seus guerrilheiros


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) / CCAÇ 12 (1969/71)  > 1969 > A capela de Bambadinca (onde havia uma pequena comunidade cristã).. Também servia de "capela mortuária"...


Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) / CCAÇ 12 (1969/71)  > O fur mil at inf Arlando  Roda,  fotografado no presépio montado em Bambadinca, possivelmente no Natal de 1969, no primeiro ano da CCAÇ 12 (que esteve ao serviço, no meu tempo, de dois batalhões, o BCAÇ 2852 e o BART 2917 (1970/72). Este último foi rendido pelo BART 3873 (1972/74).

Fotos: © Arlindo Roda (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: LG]


1. Continuação da publicação da história do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da história da unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte.

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74; foi voluntário para a CCAÇ 12 (em 1973/74); economista, bancário reformado, foto atual à esquerda].


Dois destaques, no mês de dezembro de 1972 (com o BART 3873 a fazer um ano de comissão no TO da Guiné: a partida em Lisboa, no T/T NIassa foi em 22/12/1971):

(i)  o Natal e o Ano Novo  foram tranquilos, no setor L1 (que inclui os subsetores de Bambadinca, Xime, Mansambo e Xitole); contrariamente à tradição, o PAIGC deixou a rapaziada comer as rabanadas, beber o vinho finho e contar as janeiras na santa paz do senhor: não houve, nesta época festiva, nem ataques nem flagelações aos numerosos aquartelamentos e destacamentos guarnecidos por forças o BART 3873;

(ii)  há indícios de que o IN, na região (a frente Bafatá-Xitole), anda desorientado e nervoso, a dar tiros nos pés, a maltratar a população tradicionalmente sob o seu controlo ou onde, sob duplo controlo, em tabancas, "dosso nosso lado", onde  há simpatizantes (, muitas vezes por razões de parentesco): é o caso por exemplo das populações (balantas) de Mero e de Bissaque; numa visita de inspeção (sic) à "frente Bafatá-Xitole", é o próprio 'Nino', o então mítico  comandante João Bernardo Vieira 'Nino, quem vem em pessoa censurar e reprimir abusos dos guerrilheiros locais contra a população... (´É o que se pode ler na história da unidade - BART 3873, Bambadinca, 1972/74).

Por outro lado, Spínola está de novo em Bambdinca, em 19 de dezembro, para presidir às cerimónias de encerramentop do 4º turno de milícias...Um dos pelotões, o Pel MIl 358, composto por gente de Mero, vai defender a sua própria tabanca... É um revés muito sério para o partido de Amílcar Cabral. Algo impensável no meu tempo, em 1969, em que éramos (a CCAÇ 12) recebidos com hostilidade passiva, em Mero...

Por outro lado, na sua alocução, Spínola utiliza um fraseologia política que é nova, conceitos como "participação" ou "Guiné mais justa e mais rica"...

É feita ainda uma referência ao jornalista francês Dominique le Roux, que uns meses antes visitara o CTIG e o setor L1,  e que é  apresentrado como um simpatizante dos movimentos nacionalistas africanos, mas ao mesmo tempo capaz de protestar junto da histórica e influente revista  "Jeune Afrique" pela publicação de uma reportagem tendenciosa em relação ao PAIGC e à Guiné portuguesa.  (LG)

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Dezembro de 1972: talvez  a primeira quadra festiva do Natal e Ano Novo passada, no setor L1, sem ataques nem flagelações do IN

Guiné 63/74 - P13644: Tabanca Grande (447): Egídio Avelino Lopes, ex-Tenente Pilav da BA 12 (Bissalanca, 1966/67)... É o nosso grã-tabanqueiro n.º 668

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf, Bafatá, 1968/70) com data de 21 de Setembro de 2014:

Carlos:
Com vista a satisfazer a voragem do blogue, qual dragão chinês, aí mando este duplo trabalho, da apresentação de um novo tabanqueiro, o Egídio Lopes, e duma viagem à China a qual está interligada com a apresentação do Egídio.

Dado o seu grande tamanho, em termos de fotos, faz a publicação como entenderes.

Com um grande abraço.
Fernando Gouveia


O mundo é pequeno e a nossa tabanca é … grande.

Sim, o mundo é pequeno. Pois não é que se foram encontrar, na terra do dragão, lá no outro lado do mundo, quatro ex-combatentes sino-admiradores?

Dos quatro, três são conhecidos da Tabanca Grande porém o quarto carece de apresentação no blogue. Trata-se de Egídio Lopes com o nome de guerra, lá na Guiné, de “Brutus”.

Contrariamente ao que é habitual passo eu próprio a apresentar o “Brutus”, mandando as respectivas fotos, do tempo da guerra e de agora bem como a primeira história da guerra, que me contou. Mais tarde, “fazendo um looping”, será ele a gerir os seus assuntos junto do blogue.


O Egídio Avelino Lopes e eu próprio nascemos no concelho de Torre de Moncorvo, embora em aldeias diferentes. O Egídio na freguesia da Lousa.

Como Piloto do Quadro, antes de ir para a Guiné, fez vários cursos de pilotagem, nomeadamente com os jactos T37, T33, F86 e Fiat G-91.

Já na Guiné, onde esteve de Março de 1966 até Outubro de 1967, como Tenente Piloto na BA 12, foi o fundador da Esquadra dos FIAT G-91 - TIGRES, voando também no DO-27.
Nessa altura a missão principal dos Fiats era a destruição das antiaéreas e apoio próximo às missões das FT, tendo sido várias vezes atingido pelo fogo das antiaéreas.
Nos DO-27 realizou missões de REVIS e transporte de pessoas e bens para e entre quartéis.

Depois da Guiné a sua actividade como piloto não parou e em 1968/69 aparece como Capitão Piloto de Experiências nas OGMA e faz o curso de piloto de helicópteros AL II e AL III.

Em 1970/72 faz uma comissão em Angola, no avião Noratlas.
E como muitos outros bons pilotos não deixa de ser piloto da TAP, de 1973 a 2000.

De 2000 a 2010 foi Assessor de Segurança Operacional da ANA e de 2001 a 2005 foi Director Adjunto da Academia Aeronáutica de Évora.


O Tenente pilav Egídio


Pilotos Fiat G91- Guiné 1966. Da esquerda para a direita: TCor Hugo (CMDT Grupo); Alf. Luís António; Ten. Egídio Lopes (CMDT Esquadra Fiat); Cap. Costa Pereira (Operações); 1.º Sarg Cardoso e Fur. Mec.


Antiaéreas que os Fiat atacavam no Quitafine


Fotos ©: Egídio Lopes (2014)


Uma pequena história contada pelo Egídio, que se espera venha a contar muitas mais.

Quase no final da minha comissão, regressava à Base voando a cerca de 10.000 pés, depois de mais um ataque a antiaéreas no Quitafine.

De repente vejo um DO-27 por baixo de mim e a voar por cima do Cantanhês. Chamei-o e disse-lhe para se afastar imediatamente pela direita, porque estava a ser alvejado por uma antiaérea.
Assim fez e livrou-se de ser abatido, porque àquela velocidade e altitude era “tiro e queda”!

Quando aterrou na BA12, o piloto (Cap. Vasquez, recém chegado e um operacional de mão-cheia) veio ter comigo a exagerar que lhe tinha salvo a vida!

- Não ouvias os disparos da antiaérea, àquela altitude e já tão próximo?

Resposta:
- Ouvia um matraquear, mas julgava que eram os cintos soltos da parte de trás do DO, que estavam a bater!

Ainda hoje recordamos esta cena, com alguma saudade e muita amizade, não obstante o perigo evidente, que só pode ser compreendida por quem andou pelas terras da Guiné.

Aquele abraço
Egídio Lopes


2. Comentário do editor

Aqui deixamos o nosso obrigado ao camarada Fernando Gouveia por ter trazido até nós o novo tertuliano Egídio Lopes. Ao nosso novo Grã-Tabanqueiro enviamos um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores Luís Graça, Eduardo Magalhães Ribeiro e Carlos Vinhal.
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Nora do editor

Último poste da série de 20 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13631: Tabanca Grande (446): Alexandre Alberto Correia Cardoso, ex-Soldado Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 2464 CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969/70)... É o nosso grã-tabanqueiro nº 667

Guiné 63/74 - P13643: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (9): Dentro do Peak District, a vasculhar belezas incomparáveis

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Agosto de 2014:

Queridos amigos,
Chega de vos cansar com estas viagens inglesas, uma coisa é a viagem ser inolvidável para quem a faz outra para quem acompanha os relatos apaixonados, rendidos, do viajante.
Este Peak District tem desfiladeiros, regatos, estâncias termais, arquitetura imponente, casas senhoriais e marcas profundas da I Revolução Industrial. O apanhado de imagens procura impressionar-vos para quem se sentiu, sem reservas, impressionado do princípio ao fim.
O Luís desafiou-nos em encher estes passos, em férias, falando das nossas férias. Foi assim que eu as vivi, e é com a maior satisfação que procurei transmitir-vos a alegria deste viajante.

Um abraço do
Márioviage


Biblioteca em férias (9)

Dentro do Peak District, a vasculhar belezas incomparáveis

Beja Santos

O Peak Distric fica em Derbyshire, nas Midlands. A ideia era percorrer uma pequena superfície a pente fino, monumentos arqueológicos dentro de quintas, ver regatos, passear nas florestas, embrenhar-nos em casa senhoriais ímpares, parar em feiras, percorrer instalações da I Revolução Industrial. É disso que vos vou relatar, sabendo antecipadamente que esta síntese não contribui em si tão favoravelmente como eu gostaria para vos aliciar a vir até aqui, dispostos à vida pedestre, a misturar ambiente com história, visitas a aldeias e pequenas cidades. Paciência, é o que posso fazer e faço-o com imenso gosto. Vamos então à última etapa desta viagem. Primeiro a visita a Haddon Hall, sentimo-nos pequenos e até atrapalhados a detetar o que ali há de normando, de gótico e de Tudor, há por ali intervenções que chegaram até há um século atrás, intervenções dignas, nada de “fachadismo”. As reconstituições convencem.


Haddon Hall tem belas tapeçarias, móveis genuínos não faltam. A parede é do tempo. Senti-me nos tempos isabelinos e não desgostei.


Um detalhe do salão de receções, procurei registar o varandim onde os músicos alegravam os serões dos antepassados dos duques de Rutland e seus convidados. As dimensões são impressionantes e, curiosamente, o salão é acolhedor, é mesmo íntimo.


Este corredor é impressionante, quem concebeu esta ala sabia da poda, tinha tato fino para o cumprimento largura e altura, é tudo gigantesco e não é, grandioso e acolhedor. Entra muita luz, todas estas casas procuram rasgar janelas para vencer os invernos rigorosos, os tempos de negrume, que são longos.


No Peak District há património mundial da humanidade, e grandioso, digo-o sem exagero. Ali para os lados de Cromford, de Derwent Valley assinala a chegada da revolução industrial, do motor de ignição, do tear mecânico, o que estão a ver é uma das primeiras fábricas de lanifícios do mundo, isto, ainda por cima rodeado de vales frondosos, como Matlock Bath, que se mostra abaixo.


Matlock Bath terá sido assim há cerca de 180 anos atrás, o esforço para manter a sua beleza é grande, a despeito das lojas de Fish and Chips e de traquitana inconcebível. Ali perto temos Cromford onde um dos pioneiros da revolução industrial, Sir Richard Arkwright mandou construir Willersley Castle, hoje uma guest house superintendida pela Christian Guild Holidays, os preços são módicos, ali pernoitei.


Willersley Castle, Cromford, Derbyshire. Hoje não está exatamente assim, mas é dos pontos altos das belezas incomparáveis do Peak District. Mais: passeia-se à volta de Willersley Castle e fica-se com a sugestão de que Sintra para aqui se transmutou, em sem qualquer prejuízo.



A fotografia é minha, o postal é de 1930, tirei-a em Cromford, na visita aos primórdios do mundo fabril, em Inglaterra e em todo o mundo. O postal mostra-nos Derwent Valley e vale a pena andar por ali, muitas fábricas desapareceram, havia moinhos em profusão, hoje é meramente um recanto turístico, um espaço de negócios, de escritórios, de entretenimento.


Está na hora da abalada. Estas são as Midlands, mas não sai de Derbyshire. O leitor encontrará nomes como Biddulph Grange Garden, aconselho a visitar se gosta de floricultura, de um espaço reconstruído, com jardins secretos e recantos íntimos; Buxton é uma estância termal encantadora tem ópera e tudo; Leek para ser sincero, foi um desapontamento, mas vi lá uma instalação fabril abandonada que me arrepiou; Ashbourne é uma pequena jóia, com os seus declives e muita arquitetura jorgiana e eduardiana; e há Tidewell com uma imponente igreja, e visitei Eyam que tem uma casa espantosa, Eyam Hall. Chegámos ao fim. Para quem quiser, tenho mapas, brochuras e ofereço-me como cicerone para quem quiser ir visitar com um guia apaixonado. O Peak District gravou-se-me na alma. Nada mais a acrescentar.

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Nota do autor:
Tinha programado que a série terminaria hoje, mas seguir-se-à a resenha de uma viagem que fiz recentemente a Bilbau.
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13618: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (8): Notas soltas de viagem em Inglaterra, Maio-Julho de 2014

Guiné 63/74 - P13642: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXIII: O quotidiano em Canjambari...(Agostinho Evangelista, 1º pelotão)








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1. Continuação da publicação das "histórias da CCAÇ 2533", a partir do documento editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, de fotografias). (*)

Desta vez ex-sold Agostinho Gomes Evangelista, do 1º pelotão conta-nos como era, a seus olhos, o dia a dia em Canjambari, que não era muito diferentes de outros buracos por onde todos ou quase todos nós passamos, meses e meses e meses a fio, no TO da Guiné, (LG)