1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 12 de Abril de 2016:
Queridos amigos,
Um dos meus voluntariados passa por participar numa organização de direitos de doentes e utentes de saúde. Coube-me ir a uma conferência onde se falou durante dois dias e meio de inovação em cuidados de saúde. Habituei-me a aproveitar todos os bocadinhos para fruir o que o país ou a região melhor oferecem. Mantenho uma relação muito feliz com Londres, o Mall, o Museu Britânico, a Tate Britain, a National Gallery são-me irresistíveis, enquanto tiver forças nada de mais aprazível que me saracotear pelas ruas buliçosas, sentar-me diante do Tamisa, comprazer-me com esta estranhíssima mistura do antigo maciço e do contemporâneo leve, contemplar o povo das antigas colónias que parece sentir-se bem nesta Londres que não perdeu a sua aura imperial.
Um abraço do
Mário
From London to Surrey (1)
Beja Santos
O meu destino é Seldson, no Surrey, aí ficarei encarcerado três dias a ouvir falar em inovação nos cuidados de saúde, imagine-se. Tenho direito à alforria antes da corveia, saí às seis da manhã de Lisboa para ter umas horas em Londres à minha conta. Não me dei mal, viajei de autocarro durante hora e meia, é muito mais agradável do que as pessoas pensam, a aproximação a Londres tem momentos muito curiosos. Desembarquei em London Victoria, ando com um trólei ligeiro de quem viaja em low cost. Viajo à aventura, faço a longa Buckingham Palace Road, dou com o Marechal Foch, Comandante Supremo das Forças Armadas da I Guerra Mundial em pose altaneira, parei diante de uma peça de arquitetura arrojada e mais adiante não perdi o ensejo de mirar uma parede com vegetação, isto numa área de escritórios bem populosa, se dúvidas houvesse que os britânicos não sabem viver sem vegetação, vê-se a imagem e elas ficam dissipadas.
Estou indeciso, vou até ao Hyde Park e depois Piccadilly e depois Trafalgar Square, ou faço ao contrário, circundo Buckingham e desço Saint James Park, percorro o Mall e depois Trafalgar? Escolho a segunda opção, e não estou arrependido. Apanhei a loja que vende recordações régias, Isabel II está magnificente nos seus 90 anos, vejo gente a entrar e a sair carregados de recordações, pratos, canecas, fotografias. Paro diante do Palácio, como a câmara não dá para grandes acometimentos, escolho um ângulo que permite visualizar a fachada, diga-se em abono da verdade que não é nenhuma grande peça de artilharia, é imponente, o Memorial a Victoria e Alberto dá-lhe impacto e temos o Mall, para mim uma das avenidas mais graciosas do mundo. A zona do Palácio tem gradeamentos de finura artística, não resisti ao registo de uma dessas portas que só serve para enfeitar, não me canso de gabar a sua elegância.
Graças a um clima benfazejo para a jardinagem, os temas de conversa entre britânicos tem a ver com o estado do tempo e o que é que andam a plantar nos jardins. Estou em território real, Sua Majestade deve ter dado instruções precisas para que não falte garridice a contrastar com os céus pardacentos. Posso imaginar o que custa ao erário da rainha e a seus súbditos esta natureza em flor, a compensação é enorme, este culto pelos frutos da Deusa Terra, e que compensação!
Inflito para o Parlamento, para ser sincero venho saudar Nelson Mandela e deter-me diante da estátua de Churchill, tenho para mim que é uma das peças estatuárias contemporâneas mais belas. O tempo inglês é isto mesmo, céu luminoso, enevoado, pardacento, e com boa vontade até se apanham as quatro estações do ano. Dou-me por feliz com a primeira imagem, a que tirei ao admirado Churchill não captou a pulsão, o vigor que o artista lhe conferiu, lá surripiei uma imagem no Google que me parece fidedigna, não consigo conceber melhor homenagem a que encabeçou a resistência à fúria nazi, prometendo ao seu povo sangue, suor e lágrimas.
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Nota do editor
Último poste da série de 24 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16416: Os nossos seres, saberes e lazeres (170): Eu fui ao Faial e não vi os Capelinhos (2) (Mário Beja Santos)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
Guiné 63/74 - P16433: Agenda cultural (489): Amanhã, dia de 1 setembro, estreia nos cinemas o filme, de Ivo M. Ferreira, "Cartas da Guerra", baseado nas cartas de amor e guerra de António Lobo Antunes, ex-alf mil médico, da CART 3313 (Angola, 1971/73). Descontos especiais para grupos de ex-combatentes e séniores
Ver aqui trailer do filme, disponível no You Tube. O filme teve anteestreia em 24 do corrente, às 19h30, no Cinema São Jorge, Lisboa, tendo contado com a presença do realizador e dos actores.
Informação adicional da produtora, através de Marta Leon:
Boa tarde Sr. Luís Graça,
O filme CARTAS DA GUERRA estreia amanhã, dia 1 de Setembro. E estará nas salas de cinema até 7 de Setembro.
Envio a lista de salas:
- LISBOA E GRANDE LISBOA
Cinema UCI El Corte Inglés [Sessões: 14h20 | 16h40 | 19h10 | 21h30 | 23h55]
Cinemas NOS Amoreiras [Sessões: 13h10 | 15h40 | 18h50 | 21h30 | 00h00]
Cinema Ideal [Sessões: 14h15 | 16h15 | 20h00 (Leg. Inglês/ Eng. Subtitles) | 22h00]
Cinema City Alvalade [Sessões: 15h35 | 19h30]
Cinema Medeia Monumental
Cinema NOS Almada Forum [Sessões: 12h55 | 15h40 | 18h25 | 21h15 | 23h55]
Cinema NOS Oeiras Parque [Sessões: 12h50 | 15h25 | 18h00 | 21h00 | 23h50]
Cinema da Villa - Cascais
Cinema City Alegro Setúbal [Sessões: 11h40 (fim-de-semana) | 19h20]
Cinema Charlot (Setúbal)
- CENTRO
Cinema NOS Alma Shopping (Coimbra) [Sessões: 13h40 | 16h30 | 19h05 | 21h40 | 00h20]
Cinema NOS Forum Viseu [Sessões: 14h30 | 17h00 | 21h50 | 00h20 (6ª e sáb.)]
Cinema NOS Forum Aveiro [Sessões: 13h05 | 15h40 | 21h20 | 00h00 (6ª e sáb.)]
Cinema City Leiria
Cineplace Serra Shopping (Covilhã)
- NORTE E GRANDE PORTO
- Cinema UCI Arrábida 20 (Porto)
- Cinema NOS Alameda Shop & Spot (Porto) [Sessões: 13h10 | 15h40 | 18h30 | 21h10 | 23h50]
- Cinema NOS NorteShopping (Matosinhos) [Sessões: 16h10 | 18h40 | 21h25 | 00h00]
- Cinema NOS Braga Parque [Sessões: 18h00 | 21h00 | 23h40]
- Cinema NOS Nosso Shopping (Vila Real) [Sessões: 13h50 | 16h40 | 22h00 | 00h30 (6ª e sáb.)]
- Cineplace Estação Viana (Viana do Castelo)
- SUL E ILHAS
Cinemas NOS Forum Algarve (Faro) [Sessão: 18h40]
Cinemas NOS Forum Madeira (Funchal) [Sessões: 11:10 | 13:40 | 19:00]
Cineplace Parque Atlântico - Ponta Delgada (Açores)
Informo também que conseguimos negociar preços especiais para veteranos com os exibidores. Para grupos maiores de 15 pessoas, o valor do bilhete é de 4€ (por pessoa). Se por acaso tiverem interesse em organizar uma ida em grupo ao cinema, peço-lhe que entrem em contacto comigo para eu poder agilizar o processo com a sala de cinema à vossa escolha.
Fico a aguardar o seu feedback.
Obrigada,
Marta
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Nota do editor:
Último poste da série > 7 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16281: Agenda cultural (488): O filme "Cartas da Guerra", de Ivo M. Ferreira, baseado na obra de António Lobo Antunes, tem estreia comercial em 1 de setembro próximo
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Guiné 63/74 - P16432: Manuscrito(s) (Luís Graça) (94): Salvé, minha safada, pequena, bela Helena, hiena, de Bafatá!
Salvé, minha safada, pequena, bela Helena, hiena, de Bafatá!
por Luís Graça (*)
por Luís Graça (*)
Amorosa Helena,
pequena fula dengosa,
salva das garras do Islão
por zelosos missionários,
católicos, apostólicos, romanos…
Mas não da faca da fanateca,
que te extirpou, na festa do fanado,
o teu belo clitóris,
para te tornares o colchão de todas as camas,
a Vénus negra de batalhões inteiros,
a iniciadora sexual de tugas,
mancebos que as sortes vieram arrancar às saias das mamãs,
a alegre,
a divertida,
a traquinas
companheira de muitas farras de caserna,
correndo, nua e lasciva,
do regaço de tropas bêbedos que nem cachos,
para o abrigo mais próximo
quando às tantas da madrugada
soava o canhão sem recuo,
estoirava o morteiro 82,
disparava o RPG
e silvava a bala da Kalash!...
Bela Helena de Bafatá,
minha hiena,
que sabias pôr na ordem
os bravos e truculentos paraquedistas de Galomaro
que te batiam à porta a pontapé,
quando eu estava contigo,
deitado na tua esteira,
de palha de capim,
e me dispensavas pequenas gentilezas:
um ronco de missangas, vermelhas,
uma noz de cola,
uma cantilena da tua infância,
um punhado de mancarra seca ao sol,
uma talhada de papaia que trazias do mercado…
sempre que eu ia a Bafatá
e procurava a tua companhia,
na melhor das hipóteses, uma vez por mês,
no dia de folga dos guerreiros de Bambadinca…
Tu e as tuas amigas de Bafatá,
do Bataclã,
a Fatumata, a Ana Maria, e outras
cujo nome já não lembro,
que tanto trabalho deram
ao competentíssimo furriel enfermeiro Martins,
que nunca punha os pés fora da sua morança,
e que eu duvido que alguma vez tenha ido a Bafatá,
o nosso querido Pastilhas,
que vivia 24 horas por dia dentro do arame farpado,
no perímetro militar de Bambadinca,
trabalhando incansavelmente,
de bata branca,
em prol de uma Guiné Melhor,
que nos aturou mil e um travessuras,
bravatas,
praxes,
esperas,
serenatas,
tainadas,
emboscadas,
partidas de mau gosto,
brincadeiras estúpidas e perigosas,
bebedeiras de caixão à cova
...e que sobretudo nos curou
de alguns valentes esquentamentos!
Destes e doutros males de amores,
dos milhões de unidades de penicilina
com que tu subtilmente te vingaste dos machos,
estás perdoada,
Helena, hiena,
abelha do ferrão e do mel…
Afinal, quem vai à guerra, dá e leva…
Tu curavas-nos dos males da alma,
o Pastilhas, das mazelas do corpo…
Entretanto, quando a guerra acabou,
para mim e para os demais tugas da CCAÇ 12,
por volta do mês de março de 1971,
não tive tempo de te devolver
a pulseira de missangas vermelhas,
nem sequer de te dizer uma palavra,
um adeus, até sempre,
um adeus, triste,
com morabeza e saudade,
essa coisa que os tugas nunca te souberam explicar,
essa palavra saudade,
um adeus sem regresso,
e uma lágrima mal engolida,
que Lisboa estava ali,
tão longe e tão perto.
à nossa espera...
Prometi guardar de ti
a doce lembrança,
das tuas estridentes e saudáveis gargalhadas de hiena,
da tua voz rouca e sensual,
da tua fala encantatória,
do cheiro exótico do teu corpo,
das tuas sagradas funções de sacerdotisa
do amor em tempo de guerra…
Imagino que a tua vida não tenha sido fácil
depois da independência,
se é que lá chegaste,
com vida e saúde…
Se sim, não sei como viveste esse dia,
24 de setembro de 1974,
não sei te raparam o cabelo,
se te insultaram,
chamando-te cadela dos tugas,
ou se te apedrejaram,
amarrada a um poilão,
ou se te violaram
ou se te renegaram para sempre,
que a pior das mortes é a morte social.
Nunca mais tive notícias tuas,
mas, quarenta e muitos anos depois,
revendo mentalmente
a minha primeira viagem, por terra,
em pleno chão fula,
do Xime até Contuboel,
onde nos esperavam os nossos queridos nharros,
pequena fula dengosa,
salva das garras do Islão
por zelosos missionários,
católicos, apostólicos, romanos…
Mas não da faca da fanateca,
que te extirpou, na festa do fanado,
o teu belo clitóris,
para te tornares o colchão de todas as camas,
a Vénus negra de batalhões inteiros,
a iniciadora sexual de tugas,
mancebos que as sortes vieram arrancar às saias das mamãs,
a alegre,
a divertida,
a traquinas
companheira de muitas farras de caserna,
correndo, nua e lasciva,
do regaço de tropas bêbedos que nem cachos,
para o abrigo mais próximo
quando às tantas da madrugada
soava o canhão sem recuo,
estoirava o morteiro 82,
disparava o RPG
e silvava a bala da Kalash!...
Bela Helena de Bafatá,
minha hiena,
que sabias pôr na ordem
os bravos e truculentos paraquedistas de Galomaro
que te batiam à porta a pontapé,
quando eu estava contigo,
deitado na tua esteira,
de palha de capim,
e me dispensavas pequenas gentilezas:
um ronco de missangas, vermelhas,
uma noz de cola,
uma cantilena da tua infância,
um punhado de mancarra seca ao sol,
uma talhada de papaia que trazias do mercado…
sempre que eu ia a Bafatá
e procurava a tua companhia,
na melhor das hipóteses, uma vez por mês,
no dia de folga dos guerreiros de Bambadinca…
Tu e as tuas amigas de Bafatá,
do Bataclã,
a Fatumata, a Ana Maria, e outras
cujo nome já não lembro,
que tanto trabalho deram
ao competentíssimo furriel enfermeiro Martins,
que nunca punha os pés fora da sua morança,
e que eu duvido que alguma vez tenha ido a Bafatá,
o nosso querido Pastilhas,
que vivia 24 horas por dia dentro do arame farpado,
no perímetro militar de Bambadinca,
trabalhando incansavelmente,
de bata branca,
em prol de uma Guiné Melhor,
que nos aturou mil e um travessuras,
bravatas,
praxes,
esperas,
serenatas,
tainadas,
emboscadas,
partidas de mau gosto,
brincadeiras estúpidas e perigosas,
bebedeiras de caixão à cova
...e que sobretudo nos curou
de alguns valentes esquentamentos!
Destes e doutros males de amores,
dos milhões de unidades de penicilina
com que tu subtilmente te vingaste dos machos,
estás perdoada,
Helena, hiena,
abelha do ferrão e do mel…
Afinal, quem vai à guerra, dá e leva…
Tu curavas-nos dos males da alma,
o Pastilhas, das mazelas do corpo…
Entretanto, quando a guerra acabou,
para mim e para os demais tugas da CCAÇ 12,
por volta do mês de março de 1971,
não tive tempo de te devolver
a pulseira de missangas vermelhas,
nem sequer de te dizer uma palavra,
um adeus, até sempre,
um adeus, triste,
com morabeza e saudade,
essa coisa que os tugas nunca te souberam explicar,
essa palavra saudade,
um adeus sem regresso,
e uma lágrima mal engolida,
que Lisboa estava ali,
tão longe e tão perto.
à nossa espera...
Prometi guardar de ti
a doce lembrança,
das tuas estridentes e saudáveis gargalhadas de hiena,
da tua voz rouca e sensual,
da tua fala encantatória,
do cheiro exótico do teu corpo,
das tuas sagradas funções de sacerdotisa
do amor em tempo de guerra…
Imagino que a tua vida não tenha sido fácil
depois da independência,
se é que lá chegaste,
com vida e saúde…
Se sim, não sei como viveste esse dia,
24 de setembro de 1974,
não sei te raparam o cabelo,
se te insultaram,
chamando-te cadela dos tugas,
ou se te apedrejaram,
amarrada a um poilão,
ou se te violaram
ou se te renegaram para sempre,
que a pior das mortes é a morte social.
Nunca mais tive notícias tuas,
mas, quarenta e muitos anos depois,
revendo mentalmente
a minha primeira viagem, por terra,
em pleno chão fula,
do Xime até Contuboel,
onde nos esperavam os nossos queridos nharros,
da futura CCAÇ 12,
ao longo do interminável dia 2 de junho de 1969,
o teu nome,
o teu rosto,
a tua voz,
o teu odor,
o teu corpo,
a tua púbis,
e as tuas gargalhadas, quiçá magoadas,
vieram-me à lembrança…
E essa lembrança tocou-me.
Lembrei-te de ti,
da história que se contava sobre ti,
muito provavelmente lenda,
passada em Ponta Coli,
entre os rios Geba e Udunduma,
frente à vasta bolanha de Samba Silate,
agora seara inútil de capim alto,
com o cadáver do furriel vagomestre do Xime
nos braços...
Lembrei-te de ti e das minhas/nossas escapadelas a Bafatá…
Ia-se a Bafatá,
a bonita e alegre Bafatá colonial,
ao longo do interminável dia 2 de junho de 1969,
o teu nome,
o teu rosto,
a tua voz,
o teu odor,
o teu corpo,
a tua púbis,
e as tuas gargalhadas, quiçá magoadas,
vieram-me à lembrança…
E essa lembrança tocou-me.
Lembrei-te de ti,
da história que se contava sobre ti,
muito provavelmente lenda,
passada em Ponta Coli,
entre os rios Geba e Udunduma,
frente à vasta bolanha de Samba Silate,
agora seara inútil de capim alto,
com o cadáver do furriel vagomestre do Xime
nos braços...
Lembrei-te de ti e das minhas/nossas escapadelas a Bafatá…
Ia-se a Bafatá,
a bonita e alegre Bafatá colonial,
a princesa do Geba,
para limpar a vista,
entrar no café da Dona Rosa,
ver as manas libanesas,
dar um mergulho na piscina,
comprar umas bugigangas da nossa civilização,
para limpar a vista,
entrar no café da Dona Rosa,
ver as manas libanesas,
dar um mergulho na piscina,
comprar umas bugigangas da nossa civilização,
cristã e ocidental,
nos armazéns da Casa Gouveia,
comer o bife com ovo a cavalo
na Transmontana,
dar um salto ao Bataclã,
mudar o óleo, dizíamos, nós, machões,
cheios de testosterona no corpo e angústia na alma…
e passar, por fim, pelo café do Teófilo,
para o último copo, de despedida,
antes de apanhar o último Unimog,
de regresso a Bambadinca,
ao fim da tarde...
Eram os únicos momentos do mês
em que éramos donos do nosso tempo,
em que a nossa liberdade não estava cerceada,
cercada de arame farpado,
nem pensávamos na emboscada de ontem,
nem na operação de amanhã,
nem na puta da mina que nos podia matar
ou amputar um pé...
Também foste, à tua maneira,
uma heroína daquela guerra,
minha impossível amiga colorida,
separada pelos papéis
que nos obrigaram a representar
no teatro da tragicomédia daquela guerra…
Daí figurares,
contra toda a ortodoxia,
do teu povo, fula,
dos teus missionários, cristãos,
que te queriam a alma,
dos tugas, putos de vinte e poucos anos,
que apenas te queriam o corpo,
contra o blá-blá dos revolucionários do PAIGC
que não te terão perdoado
o teu colaboracionismo com os tugas,
para mais sendo tu conterrânea do pai da pátria,
o pobre do Amílcar Cabral
tantas vezes morto e remorto à traição,
ao longo destes anos todos,
daí figurares, dizia eu,
na minha galeria de heróis e de heroínas da Guiné…
Por direito próprio,
com todo o direito,
com o direito que ganharam as mulheres do teu país,
pobres,
as mais pobres dos mais pobres,
mas sempre dignas e corajosas,
apesar de ofendidas e humilhadas,
excisadas,
exploradas,
violentadas pelo sistema,
pela guerra,
pela dominância dos machos,
pelo imperativo da sobrevivência,
pela lotaria da geografia e da história…
Aceita esta pequena homenagem,
tardia, singela, mas sincera,
da minha parte,
e da parte todos os demais meus camaradas
que dormiram contigo, na tua cama,
e em contrapartida,
dá-me o derradeiro prazer,
esse prazer tão terno,
de te ouvir soltar as tuas gargalhadas de hiena,
minha safada, pequena, bela Helena de Bafatá,
onde quer que estejas,
comer o bife com ovo a cavalo
na Transmontana,
dar um salto ao Bataclã,
mudar o óleo, dizíamos, nós, machões,
cheios de testosterona no corpo e angústia na alma…
e passar, por fim, pelo café do Teófilo,
para o último copo, de despedida,
antes de apanhar o último Unimog,
de regresso a Bambadinca,
ao fim da tarde...
Eram os únicos momentos do mês
em que éramos donos do nosso tempo,
em que a nossa liberdade não estava cerceada,
cercada de arame farpado,
nem pensávamos na emboscada de ontem,
nem na operação de amanhã,
nem na puta da mina que nos podia matar
ou amputar um pé...
Também foste, à tua maneira,
uma heroína daquela guerra,
minha impossível amiga colorida,
separada pelos papéis
que nos obrigaram a representar
no teatro da tragicomédia daquela guerra…
Daí figurares,
contra toda a ortodoxia,
do teu povo, fula,
dos teus missionários, cristãos,
que te queriam a alma,
dos tugas, putos de vinte e poucos anos,
que apenas te queriam o corpo,
contra o blá-blá dos revolucionários do PAIGC
que não te terão perdoado
o teu colaboracionismo com os tugas,
para mais sendo tu conterrânea do pai da pátria,
o pobre do Amílcar Cabral
tantas vezes morto e remorto à traição,
ao longo destes anos todos,
daí figurares, dizia eu,
na minha galeria de heróis e de heroínas da Guiné…
Por direito próprio,
com todo o direito,
com o direito que ganharam as mulheres do teu país,
pobres,
as mais pobres dos mais pobres,
mas sempre dignas e corajosas,
apesar de ofendidas e humilhadas,
excisadas,
exploradas,
violentadas pelo sistema,
pela guerra,
pela dominância dos machos,
pelo imperativo da sobrevivência,
pela lotaria da geografia e da história…
Aceita esta pequena homenagem,
tardia, singela, mas sincera,
da minha parte,
e da parte todos os demais meus camaradas
que dormiram contigo, na tua cama,
e em contrapartida,
dá-me o derradeiro prazer,
esse prazer tão terno,
de te ouvir soltar as tuas gargalhadas de hiena,
minha safada, pequena, bela Helena de Bafatá,
onde quer que estejas,
...na terra,
no céu
ou no inferno!
Se ainda estiveres viva,
contra todas as probalibilidades
da estatística demográfica da tua terra,
... que Deus, Alá e os bons irãs te protejam!
Versão 6 | Lourinhã, 20 agosto 2016 (**)
(**) Vd. poste de 12 de janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - P424: A galeria dos meus heróis (3): A Helena de Bafatá (Luís Graça)
Sobre o tema (o sexo em tempo em tempo de guerra...), aqui vai uma lista (necessariamente incompleta, provisória, quiçá arbitrária) dos postes que publicámos (até março de 2009):
21 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4065: As Nossas Queridas Enfermeiras Pára-Quedistas (7): Os tomates do Capelão da BA 12, Bissalanca... e outras frutas (Miguel Pessoa)
5 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3025: Os nossos regressos (7): Perdido, com um sentimento de orfandade, pelos Ritz Club, Fontória, Maxime, Nina... (Jorge Cabral)
1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3546: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (14): Em Junho de 69 havia bajudas a alternar no Tosco, na Conde Redondo (Jorge Félix)
19 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2556: Estórias de Bissau (16) : O Furriel Pechincha: apanhado ma non troppo (Hélder Sousa)
21 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2290: Estórias de Bissau (14) : O Pilão, a menina, o Jesus e os pesos que tinha esquecido (Virgínio Briote)
19 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2281: Estórias de Bissau (13) : O Pilão, a Nônô e o chulo da Nônô (Torcato Mendonça)
17 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2272: As nossas (in)confidências sobre o Cupelom, Cupilão ou Pilão (Helder Sousa / Luís Graça)
14 de Novembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2264: Blogue-fora-nada: O melhor de... (3): Carta de Bissau, longe do Vietname: talvez apanhe o barco da Gouveia amanhã (Luís Graça)
28 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1554: As mulheres que ficaram na rectaguarda (Luís Graça /Paulo Raposo / Paulo Salgado / Torcato Mendonça)
3 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1490: Favores sexuais furtivos em Mampatá (Paulo Santiago)
2 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1484: Estórias de Bissau (10): do Pilão a Guidaje... ou as (des)venturas de um periquito (Albano Costa)
1 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1483: Blogoterapia (16): Males de amores ou... Tenho um lenço da minha lavadeira ali guardado na gaveta (David Guimarães et al)
31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1476: Blogoterapia (15) : Mulher tua (Torcato Mendonça)
31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1475: A chacun, sa putain... Ou Fanta Baldé, a minha puta de estimação (Vitor Junqueira)
24 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1314: Estórias de Bissau (8): Roteiro da noite: Orion, Chez Toi, Pilão (Paulo Santiago)
18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1290: Estórias de Bissau (7): Pilão, os dez quartos (Jorge Cabral)
18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1289: Estórias de Bissau (6): os prazeres... da memória (Torcato Mendonça)
11 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1267: Estórias de Bissau (2): A minha primeira máquina fotográfica (Humberto Reis); as minhas tainadas (A. Marques Lopes)
20 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P974: Estórias cabralianas (12): A lavadeira, o sobretudo e uma carta de amor
4 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P936: Estórias cabralianas (11): a atribulada iniciação sexual do Soldado Casto
18 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLV: Teresa: amores e desamores (Virgínio Briote)
17 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 -DXLVI: Estórias cabralianas (5): o Amoroso Bando das Quatro em Missirá
no céu
ou no inferno!
Se ainda estiveres viva,
contra todas as probalibilidades
da estatística demográfica da tua terra,
... que Deus, Alá e os bons irãs te protejam!
Versão 6 | Lourinhã, 20 agosto 2016 (**)
____________
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 28 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16425: Manuscrito(s) (Luís Graça) (93): A vida, de fio a pavio
(*) Último poste da série > 28 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16425: Manuscrito(s) (Luís Graça) (93): A vida, de fio a pavio
Sobre o tema (o sexo em tempo em tempo de guerra...), aqui vai uma lista (necessariamente incompleta, provisória, quiçá arbitrária) dos postes que publicámos (até março de 2009):
21 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4065: As Nossas Queridas Enfermeiras Pára-Quedistas (7): Os tomates do Capelão da BA 12, Bissalanca... e outras frutas (Miguel Pessoa)
5 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3025: Os nossos regressos (7): Perdido, com um sentimento de orfandade, pelos Ritz Club, Fontória, Maxime, Nina... (Jorge Cabral)
1 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3546: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (14): Em Junho de 69 havia bajudas a alternar no Tosco, na Conde Redondo (Jorge Félix)
19 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2556: Estórias de Bissau (16) : O Furriel Pechincha: apanhado ma non troppo (Hélder Sousa)
21 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2290: Estórias de Bissau (14) : O Pilão, a menina, o Jesus e os pesos que tinha esquecido (Virgínio Briote)
19 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2281: Estórias de Bissau (13) : O Pilão, a Nônô e o chulo da Nônô (Torcato Mendonça)
17 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2272: As nossas (in)confidências sobre o Cupelom, Cupilão ou Pilão (Helder Sousa / Luís Graça)
14 de Novembro de 2007 >Guiné 63/74 - P2264: Blogue-fora-nada: O melhor de... (3): Carta de Bissau, longe do Vietname: talvez apanhe o barco da Gouveia amanhã (Luís Graça)
28 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1554: As mulheres que ficaram na rectaguarda (Luís Graça /Paulo Raposo / Paulo Salgado / Torcato Mendonça)
3 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1490: Favores sexuais furtivos em Mampatá (Paulo Santiago)
2 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1484: Estórias de Bissau (10): do Pilão a Guidaje... ou as (des)venturas de um periquito (Albano Costa)
1 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1483: Blogoterapia (16): Males de amores ou... Tenho um lenço da minha lavadeira ali guardado na gaveta (David Guimarães et al)
31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1476: Blogoterapia (15) : Mulher tua (Torcato Mendonça)
31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1475: A chacun, sa putain... Ou Fanta Baldé, a minha puta de estimação (Vitor Junqueira)
24 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1314: Estórias de Bissau (8): Roteiro da noite: Orion, Chez Toi, Pilão (Paulo Santiago)
18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1290: Estórias de Bissau (7): Pilão, os dez quartos (Jorge Cabral)
18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1289: Estórias de Bissau (6): os prazeres... da memória (Torcato Mendonça)
11 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1267: Estórias de Bissau (2): A minha primeira máquina fotográfica (Humberto Reis); as minhas tainadas (A. Marques Lopes)
20 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P974: Estórias cabralianas (12): A lavadeira, o sobretudo e uma carta de amor
4 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P936: Estórias cabralianas (11): a atribulada iniciação sexual do Soldado Casto
18 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLV: Teresa: amores e desamores (Virgínio Briote)
17 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 -DXLVI: Estórias cabralianas (5): o Amoroso Bando das Quatro em Missirá
terça-feira, 30 de agosto de 2016
Guiné 63/74 - P16431: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte VIII: Bafatá, o restaurante "Ponto de Encontro", da Célia e do João Dinis, os nossos mais recentes grã-tabanqueiros
Guiné-Bissau > Bafatá > Outubro de 2015 > Restaurante "Ponte de Encontro"
Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2016) Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]
1. Continuação da publicação do álbum fotográfico e das notas de viagem de Adelaide Barata Carrelo, à Guiné-Bissau, em outubro-novembro de 2015 (*)
[Foto à esquerda, a Adelaide Carrêlo mais o dono da casa, o João Dinis, um antigo militar português, natural das Caldas da Raínha, que fez parte da CART 496 (Cacine e camecon de, 1963/65), que tem também uma escola de condução, e é casado com a Célia (**); a Adelaide conheceu o João Dinis, em 1970, em Nova Lamego, aos sete anos; ambos pertencem agora à nossa Tabanca Grande].
[Foto à esquerda, a Adelaide Carrêlo mais o dono da casa, o João Dinis, um antigo militar português, natural das Caldas da Raínha, que fez parte da CART 496 (Cacine e camecon de, 1963/65), que tem também uma escola de condução, e é casado com a Célia (**); a Adelaide conheceu o João Dinis, em 1970, em Nova Lamego, aos sete anos; ambos pertencem agora à nossa Tabanca Grande].
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Notas do editor:
´(*) Último poste da série > 29 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16429: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte VII: Bafatá, Rio Geba
ao pôr do sol
(**) Vd. poste de 5 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14120: Manuscrito(s) (Luís Graça) (43): Notas à margem do documentário de Silas Tiny, "Bafatá Filme Clube", com direção de fotografia da Marta Pessoa (Portugal e Guiné-Bissau, 2012, 78')
(...) )(ix) O João Dinis… Um camarada do nosso tempo que ficou em Bafatá, veio casar a Portugal e levou a esposa, Célia, para a Guiné em 1972… É um homem, desencantado, precomente envelhecido, mas ainda a reconhecer que ama África e a terra que escolheu para viver e trabalhar.
ao pôr do sol
(**) Vd. poste de 5 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14120: Manuscrito(s) (Luís Graça) (43): Notas à margem do documentário de Silas Tiny, "Bafatá Filme Clube", com direção de fotografia da Marta Pessoa (Portugal e Guiné-Bissau, 2012, 78')
(...) )(ix) O João Dinis… Um camarada do nosso tempo que ficou em Bafatá, veio casar a Portugal e levou a esposa, Célia, para a Guiné em 1972… É um homem, desencantado, precomente envelhecido, mas ainda a reconhecer que ama África e a terra que escolheu para viver e trabalhar.
Quando jovem, vivia melhor em Bafatá do que em Portugal, costumava dizer ele para os seus antigos camaradas de armas... Mas hoje confessa que ainda sonha em acabar os seus dias na sua terra, Portugal… O casal, João e Célia Dinis, abriram um negócio na área da restauração e hotelaria, mas hoje a baixa de Bafatá não tem gente, está às moscas…“O movimnento é que faz falta", diz ele... Havia barcos, havia camiões, sempre a carregar e a descarregar, havia correpios de gente na baixa... Agora é o vazio, diz o Toninho, que deve ser homen dos seus cinquentas e tais anos (, era criança quando das primeiras flagelações do PAIGC a Bafatá, em 1973, de se lembra bem; o pai mandava o Canjajá desligar as luzes do cinema e levar o Toninho e os primos para casa...).
(x) No filme, o João Dinis fala para a câmara, num verdadeiro monólogo, tentando explicar as razões por que se foi deixando ficar até hoje...O realizador e o diretor de fotografia não fazem perguntas nem fornecem informação de contextualização: Bafatá é atravessada por uma "câmara muda"; há momentos de antologia como a sequência da partida de futebol, disputada ao longe (no estádio da Rocha) sob um uma nuvem de pó que se poderia confundir com o cacimbo...); ou a cena em que Canjajá, vestido de preto e com ar de asceta, faz as suas orações virado para Meca, enquanto um grupo de mulheres, a um canto da casa, tagarelam e dão continuidade à vida; ou ainda a cena, bem conseguida, em que um voluntarioso entrevistado se transforma em proativo entrevistador, inquirindo em crioulo, de microfone em punho, a opinião dos seus conterrâneos sobre o futuro de Batafá... E tem um comentário final otimista: "Bafatá há-de mudar para melhor, se Deus quiser" (...)
(x) No filme, o João Dinis fala para a câmara, num verdadeiro monólogo, tentando explicar as razões por que se foi deixando ficar até hoje...O realizador e o diretor de fotografia não fazem perguntas nem fornecem informação de contextualização: Bafatá é atravessada por uma "câmara muda"; há momentos de antologia como a sequência da partida de futebol, disputada ao longe (no estádio da Rocha) sob um uma nuvem de pó que se poderia confundir com o cacimbo...); ou a cena em que Canjajá, vestido de preto e com ar de asceta, faz as suas orações virado para Meca, enquanto um grupo de mulheres, a um canto da casa, tagarelam e dão continuidade à vida; ou ainda a cena, bem conseguida, em que um voluntarioso entrevistado se transforma em proativo entrevistador, inquirindo em crioulo, de microfone em punho, a opinião dos seus conterrâneos sobre o futuro de Batafá... E tem um comentário final otimista: "Bafatá há-de mudar para melhor, se Deus quiser" (...)
Mas o mérito do realizador e da equipa é terem ido para Bafatá, despidos de preconceitos etnocêntricos... E trata-se de cinema lusófono!... Por outro lado, o filme faz-me lembrar o "Nuovo Cinema Paradiso", do italiano Giuseppe Tornatore (1988)... Mas isso daria aso a outras reflexões sobre o cinema enquanto objeto de cinema que não cabem aqui neste blogue e nestes "manuscritos" (...)
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Guiné 63/74 - P16430: (De)Caras (44): Os "periquitos" da Tabanca da Linha: almoço-convívio de 21 de julho de 2016, no restaurante "Caravela de Ouro", em Algés, Oeiras (Manuel Resende)
Foto nº 8
Foto nº 9
Foto nº 10
Foto nº 11
Foto nº 12
Foto nº 13
Foto nº 14
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Foto nº 15
Oeiras > Algés > 21 de julho de 2016 > Restaurante Caravela de Ouro, Alameda Hermano Patrone, 1495 ALGÉS (Jardim de Algés) > 26º convívio da Magnífica Tabanca da Linha (*) > "Periquitos" (**)...
Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
[Foto à esquerda: Manuel Resende, ex-alf mil da CCaç 2585/BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71; fotógrafo oficial e 2º secretário da Tabanca da Linha]
Aqui vão as legendas:
8 - O António Gil, das Caldas da Raínha, camarada do Diniz Souza e Faro e do António Chaves, conhecidos desde os tempos de Cameconde, de Artilharia pesada, foi meu convidado. Apanhei-o no Facebook, convidei-o e cá está ele. Parece que não irá faltar mais aos nossos convívios.
9 - Os três de Artilharia, Diniz Souza e Faro, António Gil e António Chaves.
10 - Os três de Artilharia, Diniz Souza e Faro, António Gil e António Chaves.
O Luís Paulino, de Algés, convidou também 3 piras da zona:
11 - José Rei, de Sesimbra, da CCAÇ 3459 - Teixeira Pinto.
12 - Walter Lacasta, de Carnaxide, da CCAÇ 3460 - Cacheu.
13 - João Mata, de Palmela, CART 1746 - Bissorã.
14 - O António Alves Alves, de Lisboa, já membro da Magnífica Tabanca da Linha há bastante tempo, fez-nos a sua primeira visita e creio que gostou. Pertenceu à CCAV 8351 e esteve sempre em Bissau no(a) COMBIS.
15 - O Fernando Sousa, de Lisboa, já bem conhecido de todos nós, como membro da Magnífica Tabanca da Linha foi a primeira vez que veio aos nossos convívios. Levou o seu livro "QUATRO RIOS E UM DESTINO" para venda, e creio que vendeu alguns exemplares.
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Notas do editor:
(*) Vd. postes de:
28 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16339: Convívios (762): Tabanca da Linha, 21 de julho de 2016: Parte I - Grandes corredores d'Algés & Dafundo e d'Além-Mar em Àfrica (Texto de José Manuel Matos Dinis; fotos de Manuel Resende)
28 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16340: Convívios (763): Tabanca da Linha, 21 de julho de 2016: Parte II - (E)ternos namorados (fotos de Manuel Resende)
(**) Último poste da série > 28 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16242: (De)Caras (42): A minha lavadeira Aline... "herdou-me" (Francisco Gamelas, ex-alf mil cav, cmdt Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto 1971/73)
28 de julho de 2016 > Guiné 63/74 - P16340: Convívios (763): Tabanca da Linha, 21 de julho de 2016: Parte II - (E)ternos namorados (fotos de Manuel Resende)
(**) Último poste da série > 28 de junho de 2016 > Guiné 63/74 - P16242: (De)Caras (42): A minha lavadeira Aline... "herdou-me" (Francisco Gamelas, ex-alf mil cav, cmdt Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto 1971/73)
Guiné 63/74 - P16429: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte VII: Bafatá, Rio Geba ao pôr do sol
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > Outubro de 2015 > Ponte Nova > Pôr do sol no rio Geba (1)
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > Outubro de 2015 > Ponte Nova > Pôr do sol no rio Geba (2)
Fotos (e legendas): © Adelaide Carrêlo (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Continuação da publicação do álbum fotográfico e das notas de viagem de Adelaide Barata Carrelo, à Guiné-Bissau, em outubro-novembro de 2015 (*)
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Nota do editor:
Último poste da série > 24 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16417: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte VI: Bafatá, parte velha
Guiné 63/74 - P16428: Convívios (766): Os "tugas" de Bafatá... Agosto de 2016, restaurante "Ponto de Encontro", do casal Célia e João Dinis a quem prestamos uma emocionada homenagem (Patrício Ribeiro, Impar Lda)
Guiné-Bissau > Bafatá > Agosto de 2016 > Restaurante "Ponte de Encontro" > João e Célia Dinis, os donos anfitriões, e os tugas mais antigos
Guiné-Bissau > Bafatá > Agosto de 2016 > Restaurante "Ponte de Encontro" > Foto nº 2 > Da direita para a esquerda, Célia, Dinis, Sebastião, Nuno, Aprilio e Patrício...
Fotos (e legenda): © Patrício Ribeiro (2016) Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]
1. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro Patrício Ribeiro [, da empresa Impar Lda]
[Foto à direita: Patrício Ribeiro, de 68 anos de idade, português de Águeda, vivido, crescido, educado e casado em Angola, Nova Lisboa / Huambo, antigo fuzileiro naval, que retornou ao "Puto" depois da descolonização, fixando-se entretanto na Guiné-Bissau, há 3 décadas, país onde fundou a empresa Impar Lda, líder na área das energias alternativas; é um daqueles portugueses da diáspora que nos enchem de orgulho e nos ajudam a reconciliarmo-nos com nós mesmos e afugentar o mau agoiro dos velhos do Restelo, dos descrentes, dos pessimistas; é de há muito tratado carinhosamemte como o ´pai dos tugas´, pelo apoio que dá aos mais jovens que chegam à Guiné-Bissau, em visita ou em missões de cooperação]
Data: 28 de agosto de 2016 às 22:55
Assunto: Os "tugas" de Bafatá
Homenagem:
Junto fotos do nosso almoço de jhm domingo de Agosto, com o petisco que nos brindou a Célia [Dinis].
Este grupo é frequente (, quase todos os dias), no Restaurante Ponto de Encontro, de Bafatá.
Somos tugas que por lá trabalhamos há muitos anos e, como habitualmente, o nosso convívio é no Ponto de Encontro.
Quase todos os dias telefonamos de Pirada, Buruntuma ou Canquelifa.
Depois do nosso almoço, "lata de atum com pão"...
- Ó Célia, hoje à noite há sopa?
Ela lá responde que alguma coisa se há-de arranjar...
Assim sendo, aqui vai uma homenagem a este casal que, de dificuldade em dificuldade, adoram a sua cidade de Bafatá. Fazem todos os sacrifícios para poderem ajudar os tugas que por lá trabalham, ou que apenas estejam de passagem...
Fotos : 1. João e Célia Dinis; 2. Célia, Dinis, Sebastião, Nuno, Aprilio e Patrício.
Patricio Ribeiro
IMPAR Lda
Av. Domingos Ramos 43D - C.P. 489 - Bissau , Guiné Bissau
Tel, 00245 966623168 / 955290250
www.imparbissau.com
impar_bissau@hotmail.com
PS - Neste almoço, não estiveram presentes os tugas que trabalham nas ONG, porque já estavam de férias em Portugal
2. Comentário do nosso editor LG:
Patrício(s):
Ficamos sem palavras... A milhares de quilómetros de Portugal, essa é seguramente uma "casa portuguesa"... E de repente salta-nos à mente a letra e a música da Amália, tão "maltratadas" antes do 25 de abril... No fundo, podia parecer que esse famoso fado, da Amália, era o elogio, miserabilista, da pobreza honrada associada ideologicamente ao Estado Novo...
Camarada e amigo Patrício Ribeiro, diz ao nosso camarada João Dinis e à sua companheira Célia que eles já ganharam o direito de figurar, a partir de hoje, e com todo o mérito, no quadro de honra da Tabanca Grande, passando a ser os grã-tabanqueiros nºs 724 e 725. Diz-lhes que é a nossa singela homenagem, a do blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné, não só ao seu portuguesismo como também à sua grande capacidade de trilhar as duras picadas da vida, e de sobreviver as todas as minas e armadilhas. O seu exemplo comove-nos e honra-nos... Um abraço fraterno para todos os demais "tugas" de Bafatá. Um xicoração para ti, que és o "pai dos tugas" da Guiné-Bissau....LG
_____________
[Imagem à esquerda: cartaz de propaganda do Estado Novo, Cortesia de Susana Simões]
Uma casa portuguesa
Música: V. M. Sequeira; Artur Fonseca
Letra: Reinaldo Ferreira [Barcelona, 1922- Lourenço Marques, 1959]
Numa casa portuguesa fica bem
Pão e vinho sobre a mesa,
E, se à porta humildemente bate alguém,
Senta-se à mesa co'a gente.
Fica bem esta franqueza, fica bem,
Que o povo nunca desmente,
A alegria da pobreza
Está nesta grande riqueza
De dar, e ficar contente.
Refrão:
Quatro paredes caiadas,
Um cheirinho à alecrim,
Um cacho de uvas doiradas,
Duas rosas num jardim,
Um são josé de azulejo
Mais o sol da primavera,
Uma promessa de beijos
Dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!
No conforto pobrezinho do meu lar,
Há fartura de carinho
E a cortina da janela é o luar
Mais o sol que bate nela...
Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar
Uma existência singela...
É só amor, pão e vinho
E um caldo verde, verdinho
A fumegar na tigela
Refrão:
Um cheirinho à alecrim,
Um cacho de uvas doiradas,
Duas rosas num jardim,
Um são josé de azulejo
Mais o sol da primavera,
Uma promessa de beijos
Dois braços à minha espera...
É uma casa portuguesa, com certeza!
É, com certeza, uma casa portuguesa!
No conforto pobrezinho do meu lar,
Há fartura de carinho
E a cortina da janela é o luar
Mais o sol que bate nela...
Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar
Uma existência singela...
É só amor, pão e vinho
E um caldo verde, verdinho
A fumegar na tigela
Refrão:
Quatro paredes caiadas (...)
________________
Nota do editor:
Último poste da série > 24 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16415: Convívios (765): Encontro dos Falcões de Sare Bacar, pessoal da CCAÇ 3414, levado a efeito entre os dias 5 e 8 de Agosto passado, na cidade do Porto (Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil Inf MA)
________________
Nota do editor:
Último poste da série > 24 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16415: Convívios (765): Encontro dos Falcões de Sare Bacar, pessoal da CCAÇ 3414, levado a efeito entre os dias 5 e 8 de Agosto passado, na cidade do Porto (Joaquim Carlos Peixoto, ex-Fur Mil Inf MA)
Guiné 63/74 - P16427: Histórias da CCAÇ 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71) (Luís Nascimento / Joaquim Lessa): Parte XXXIV - Memórias de um pobre cabo quarteleiro que teve de pagar, do seu magro bolso, o valor de 15 cantis que faltavam no inventário...
1. Continuação da publicação das "histórias da CCAÇ 2533", a partir do documento editado pelo ex-1º cabo quarteleiro, Joaquim Lessa, e impresso na Tipografia Lessa, na Maia (115 pp. + 30 pp, inumeradas, com fotografias). (*)
Trata-se de uma brochura, com cerca de 6 dezenas de curtas histórias, de uma a duas páginas, e profusamente ilustrada (cerca de meia centena de fotos). Chegou às mãos dos nossos editores, em suporte digital, através do Luís Nascimento, que vive em Viseu, e que também nos facultou um exemplar em papel, para consulta.
Temos a devida autorização do editor e autores para dar a conhecer, a um público mais vasto de amigos e camaradas da Guiné, as peripécias por que passou o pessoal da CCAÇ 2533, companhia independente que esteve sediada em Canjambari e Farim, região do Oio, ao serviço do BCAÇ 2879, o batalhão dos Cobras (Farim, 1969/71).
O primeirop poste desta série é de 16/4/2014. As primeras 25 páginas são do comandante da companhia, o cap inf Sidónio Ribeiro da Silva, hoje cor ref. Tanto esta companhia como a minha CCAÇ 2590 (mais tarde CCAÇ 12) viajaram, juntas no mesmo T/T, o Niassa, em 24 de maio de 1969, e regressaram juntas, a 17 de março de 1971, no T/T Uíge!... Temos, pois, aí uma fantástica coincidência!..
Como ele esclarece, com fina ironia, ele era o responsável máximo da arrecadação, estando abaixo dele o 1º e o 2º sargentos...
Há "histórias do arco da velha", esta é seguramente uma delas... Como diz o nosso povo, "quando o mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão"... Enfim, uma história pouco ou nada edificante sobre os supremos valores que norteavam o nosso glorioso exército... Moral da história: na tropa havia os xicos, os xicos espertos e os filhos do Zé Povinho... que só de 50 em 50 anos é que fazem o célebre manguito, imortalizado, em 1875, pelo genial Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905)... Enfim, somos um povo com reflexos de dinossauro que, dizem, levava meia hora a reagir quando lhe pisavam o rabo...
domingo, 28 de agosto de 2016
Guiné 63/74 - P16426: Em busca de... (271): José Manuel de Medeiros Barbosa, natural de (e residente em) Bafatá, meu camarada em Angola, radiotelegrafista, Lumege, 1972/74 (José Alexandre Barros Ferreira)
Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1958/61 > Bombas de gasolina na Casa Barbosa
Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1958/61 > Bombas de gasolina na Casa Barbosa
Fotos (e legenda): © Leopoldo Correia (2013) Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]
[O Leopoldo Correia foi fur mil da CART 564, Nhacra,Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto,Encheia e Mansoa, 1963/65), e enviou-nos "fotos de outros tempos", de Bafatá, Capé e Olossato, respeitanes ao período entre 1958 e 1961].
1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) José Alexandre Barros Ferreira:
Data: 24 de agosto de 2016 às 21:17
Assunto: : Procura de amigo em Bafatá-Guiné Bissau (*)
Boa noite,
Pesquisei na internet sobre Bafatá, Guiné-Bissau, e apareceu o vosso blog.
O meu nome é José Alexandre Barros Ferreira, e estive na tropa em Angola, com um grande amigo qua já não vejo há mais de 42 anos.
Os dados dele são os que passo a transcrever abaixo.
Chama-se : José Manuel de Medeiros Barbosa
Cidade natal e residência da família: Bafatá
Foi radiotelegrafista do Exército Português tendo prestado serviço militar no Lumege, Leste de Angola entre 1972 e 1974.
Nº de Radiotelegrafista 059506/72, SPM 6936
Espero que me consigam ajudar a reencontrar este meu amigo.
Cumprimentos,
Alexandre
2. Comentário do editor LG:
Meu caro Alexandre: obrigado pelo teu contacto. Respondendo ao teu pedido: pode ser que alguém, dos muitos camaradas nossos que estiveram em (ou passaram por) Bafatá, a "doce princesa do Geba", tenha comhecido o teu amigo (e camarada) José Manuel de Medeiros Barbosa.
Não temos qualquer registo dele (ou sobre ele) no nosso blogue, para mais sendo um camaradas que fez, como tu, a comissão de serviço militar em Angola.
Em todo o caso, posso dizer-te que em Bafatá (e em Bissau) havia uma importante casa comercial, chamada Casa Barbosa (**)... Pode ser que o teu amigo seja desa família.
Numa pesquisa que fizemos na Net, este mesmo nome (com um apelido que parece ter origens açorianas) aparece referido no sítio dos antigos alunos do Colégio Nun'Álvares, de Tomar. Pode ser uma pista, O nosso camarada Leopoldo Correia, autor das fotos publicadas acima, também te poderá eventualmente ajudar. Não nos parece que haja alguém dessa família atualmente a viver em Bafatá. Boa sorte para as tuas pesquisas. Estamos disponíveis para ajudar. Se tiveres alguma foto do teu amigo, ainda seria melhor.
___________________
Notas do editor:
(*) Último poste da série 19 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16402: Em busca de... (270): Demba Baldé, falecido em 2003... Teria sido chefe de tabanca, comandante de milícia ou militar em Cansissé, região do Gabu (Francisco Teixeira)
[O Leopoldo Correia foi fur mil da CART 564, Nhacra,Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto,Encheia e Mansoa, 1963/65), e enviou-nos "fotos de outros tempos", de Bafatá, Capé e Olossato, respeitanes ao período entre 1958 e 1961].
1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) José Alexandre Barros Ferreira:
Data: 24 de agosto de 2016 às 21:17
Assunto: : Procura de amigo em Bafatá-Guiné Bissau (*)
Boa noite,
Pesquisei na internet sobre Bafatá, Guiné-Bissau, e apareceu o vosso blog.
O meu nome é José Alexandre Barros Ferreira, e estive na tropa em Angola, com um grande amigo qua já não vejo há mais de 42 anos.
Os dados dele são os que passo a transcrever abaixo.
Chama-se : José Manuel de Medeiros Barbosa
Cidade natal e residência da família: Bafatá
Foi radiotelegrafista do Exército Português tendo prestado serviço militar no Lumege, Leste de Angola entre 1972 e 1974.
Nº de Radiotelegrafista 059506/72, SPM 6936
Espero que me consigam ajudar a reencontrar este meu amigo.
Cumprimentos,
Alexandre
2. Comentário do editor LG:
Meu caro Alexandre: obrigado pelo teu contacto. Respondendo ao teu pedido: pode ser que alguém, dos muitos camaradas nossos que estiveram em (ou passaram por) Bafatá, a "doce princesa do Geba", tenha comhecido o teu amigo (e camarada) José Manuel de Medeiros Barbosa.
Não temos qualquer registo dele (ou sobre ele) no nosso blogue, para mais sendo um camaradas que fez, como tu, a comissão de serviço militar em Angola.
Em todo o caso, posso dizer-te que em Bafatá (e em Bissau) havia uma importante casa comercial, chamada Casa Barbosa (**)... Pode ser que o teu amigo seja desa família.
Numa pesquisa que fizemos na Net, este mesmo nome (com um apelido que parece ter origens açorianas) aparece referido no sítio dos antigos alunos do Colégio Nun'Álvares, de Tomar. Pode ser uma pista, O nosso camarada Leopoldo Correia, autor das fotos publicadas acima, também te poderá eventualmente ajudar. Não nos parece que haja alguém dessa família atualmente a viver em Bafatá. Boa sorte para as tuas pesquisas. Estamos disponíveis para ajudar. Se tiveres alguma foto do teu amigo, ainda seria melhor.
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Notas do editor:
(*) Último poste da série 19 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16402: Em busca de... (270): Demba Baldé, falecido em 2003... Teria sido chefe de tabanca, comandante de milícia ou militar em Cansissé, região do Gabu (Francisco Teixeira)
(**) Ve. postes de:
21 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11433: Álbum fotográfico do Leopoldo Correia (ex-fur mil, CART 564, Nhacra, Binar, Teixeira Pinto, Mansoa, 1963/74) (1): Bafatá nos finais dos anos 50 (ainda hoje lá tem familiares ligados ao comércio)
Guiné 63/74 - P16425: Manuscrito(s) (Luís Graça) (93): A vida, de fio a pavio
Lourinhã > Praia da Areia Branca > 12 de agosto de 2016 > Pôr do sol
Fotos (e texro): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
A vida, de fio
a pavio
por Luís Graça
Circadiana a
vida!...
Depois do
solstício do inverno,
virá o
solstício do verão
e aos dias
suceder-se-ão
as semanas,
os meses,
os anos.
Circadiana a
vida!...
Pior que o
suplício do inferno
é o pavor,
imagino, do eterno
retorno.
É
eternidade, dizem,
que nos move
ou demove
ou comove,
ou demove
ou comove,
a eternidade ou a sua
cruel ilusão,
os seus sucedâneos,
efémeros,
a fama,
a glória,
a vaidade,
o ouro,
os
diamantes,
o elixir da
juventude,
o amor até
que a morte nos separe,
o poder,
orgástico,
talvez a
paternidade,
e o egoísmo
genético.
Circadiana a
vida!...
Afinal todos
os anos é Natal
e todos os
anos pela tua casa passa
o compasso pascal.
Aleluia,
aleluia,
Cristo
ressuscitou,
a vida
triunfa sobre a morte.
Circadiana a
vida!...
Todos os
anos, com sorte…
Exceto
quando deixaste a tua terra
e foste para
a guerra:
perdeste a
noção do dia e da noite,
dos dias,
dos dias,
das semanas,
dos meses,
e das
estações,
que eram
duas,
a do tempo
seco e a das chuvas.
Circadiana a
vida!...
Disseram-te
que o velho general
esteve à
beira da tua cama
no hospital:
- É uma
subida honra,
para qualquer
mortal,
a sua
visita, meu general –
terás dito
mas, por
favor, não ponhas isso
no teu “curriculum vitae”.
Esquece a
Guiné,
camarada,
e os
pauzinhos que gravaste na parede da caserna,
na contagem
descrescente
para o fim da tua comissão.
para o fim da tua comissão.
Circadiana a
vida!...
Quando eras
jovem,
tinhas um
calendário perpétuo,
na tua mesinha
de cabeceira,
na secreta esperança
de que os dias não tivessem 24 horas,
não tivessem noite,
não tivessem fim
Depois,
deixaste de te fiarde que os dias não tivessem 24 horas,
não tivessem noite,
não tivessem fim
nas leis
imutáveis da natureza
e, todos as
manhãs,
tomavas o
lugar de Sísifo
e pegavas na
tua pedra,
montanha acima,
montanha abaixo!
montanha abaixo!
Circadiana a
vida!...
E, se Deus
quiser,
a primavera
há de chegar
e com ela as
andorinhas
ao teu
beiral.
E trazem
histórias de coragem
as tuas
andorinhas de torna-viagem,
vêm do norte
de África,
quiçá da
Guiné,
e não
precisam de passaporte,
nem de GPS,
nem de código
postal,
nem de
carimbo da alfândega.
Fogem da
guerra,
sem o aval do alto comissário
para os
refugiados,
ou a benção do máximo
representante de Deus
na terra.
Circadiana a
vida!...
E todos os
anos fazes anos
e haverá
sempre um bolo de aniversário
e uma vela
para
soprares.
Mas o que é
que sopras tu, afinal,
meu pobre feliz aniversariante
?
Sopras a
vida,
sopras a
vela da vida,
de fio a
pavio!
Circadiana a
vida!...
Até as almas
têm estados,
dizem-te,
circadianos,
estados de alma,
estados de alma,
bipolares,
ora de
euforia
ora de depressão,
colina
acima,
colina abaixo.
colina abaixo.
Afinal, tão certo
como dois vezes dois serem quatro,
como dois vezes dois serem quatro,
depois da
noite
segue o dia,
e não há lua
sem sol,
nem maré alta
sem maré baixa!
nem maré alta
sem maré baixa!
Circadiana a
vida!...
A vida é
pura repetição,
é o teu
coração que bate forte,
até à exaustão,
até a gente
queimar a vela,
de fio a
pavio.
A vida,
camarada,
ora sabe a
muito,
ora sabe a
pouco,
... a vida,
sempre, sempre,
armadilhada,
armadilhada,
presa por um fio.
Praia da Areia Branca, 12/8/2016,
Quinta de Candoz, 24/8/2016
Quinta de Candoz, 24/8/2016
Nota do editor:
Último poste da série > 20 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16405: Manuscrito(s) (Luís Graça) (92): Praia do Caniçal: memórias
Último poste da série > 20 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16405: Manuscrito(s) (Luís Graça) (92): Praia do Caniçal: memórias
Guiné 63/74 - P16424: Parabéns a você (1128): António Marques Barbosa, ex-Fur Mil Cav do Pel Rec Panhard 1106 (Guiné, 1966/68) e José Manuel Corceiro, ex-1.º Cabo TRMS da CCAÇ 5 (Guiné, 1969/71)
____________
Nota do editor
Último poste da série de 27 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16422: Parabéns a você (1127): Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (Guiné, 1968/70)
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