terça-feira, 27 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19238: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LIII: As fontes e as lavadeiras de Nova Lamego


Guiné > Nova Lamego (ou Gabu) > Fonte de Nova Lamego... Aspeto parcial com ornamentação de azulejo português, pintado à mão, com a seguinte inscrição: «Fonte da Várzea CABO (sic) 1945». Obra do tempo do governador Sarmento Rodrigues (1945-1949).

Foto (parcial) de postal ilustrada: "Nova Lamego, Guiné Portuguesa".  Colecção "Guiné Portuguesa, nº 153". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte, SARL). 

A partir de exemplar da colecção do nosso camarada Agostinho Gaspar (ex-1.º cabo mec auto rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), natural do concelho de Leiria.

Digitalização e edição de imagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).


Foto nº  1A > Fonte de Nova Lamego > Parcialmente visível o painel de azulejo português, pintado à mão, com a seguinte inscrição: «Fonte da Várzea CABO (sic) 1945». 


Foto nº 1 > Fonte de Nova Lamego, 28 de janeiro de 1968... O fotógrafo, no seu jipe, observa as lavadeiras, na véspera de completar 25 anos...


Foto nº 1B > Da inscrição no painel de azulejo (que representa um cavaleiro do Gabu)  só se lê as duas últimas letras, "ea", do topónimo "Várzea"


Foto nº 3 > Fonte de Nova Lamego, outubro de 1967


Foto nº 6 > Nova Lamego, lavadeiras, outubro de 1967


Foto nº 6A > Belíssima imagem!... Um dos mais belos sorrisos (e seios) de bajuda do Gabu, que temos aqui publicado...

Foto nº 7A > Nova Lamego, lavadeira bajuda no rio, fevereiro de 1968


Foto nº 2 A > Pormenor da lavadeira, com a sua lata, à direita, que servia para recolher a
água (. Parece ser uma lata de conservas, da manutenção militar.)


Foto nº 2 > Lavadeiras na Fonte de Nova Lamego, outubro de 1967


Guiné > Região de Gabu > CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) > Fonte de Nova Lamego

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem enviado pelo Virgílio Teixeira, que vive em Vila do Conde:

Data - 16/11/2018, 13:28
Assunto - Tema T003 - As Fontes de Nova Lamego



Bom dia,  Luís,

(...) Eu vou continuando a construir 'pequenos temas' com meia dúzia de fotos, para ir enviando. Mas já temos alguns que estão desde Maio ou Junho e nunca apareceram, não sei porquê.

Gostava de saber se existem alguns temas ou fotos ou conversa, que não deva mandar, basta dizer e altero tudo num abrir e fechar de olhos.

(...) Mas para alternar, de guerra, armas, aviões, crónicas, minas, mortes etc, estou aqui eu com as minhas relíquias e os meus temas, para a malta ver as terras que não conhecem, tenho visto pedidos nesse sentido, e o tempo vai voando, sobre um ninho de cucos, e um dia isto acaba, e fica mais de metade do meu espolio por aparecer no Blogue.

Este exemplo, que volto a enviar - As Fontes - já muito falado há tempos, já foi corrigido 3 vezes desde Junho até esta data, Acho que poderia ser editado, para aliviar a malta, mas tens por aí mais, é só escolher.

Hoje é o "Dia Internacional da Tolerância". Por isso desculpa estas minhas lamentações ou o que quiserem chamar, tolerem-me estas lamechices.

Um BFS,
abraço, Virgílio


2. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)

CTIG / Guiné - Portugal 67/69 - Álbum de Temas:
T003 – A FONTE DE NOVA LAMEGO – GABU
AS NOSSAS LAVADEIRAS NA FONTE DE NOVA LAMEGO


I - Anotações e Introdução ao tema:


INTRODUÇÃO:

Estava a dar uma vista de olhos sobre as mais de 200 fotos de Nova Lamego. Pensei que é muita coisa para um Poste, temos de fazer coisas mais pequenas.

Observei pela primeira vez, apesar de já ter enviado estas fotos junto do Tema Nova Lamego – Parte I, a existência desta fonte, apesar de ter escrito tratar-se de uma fonte.

Como nos últimos tempos tivemos vários Postes sobre Fontes, aqui encontrei mais um para juntar aos restantes.

Na foto não se lê completamente o nome, o meu lema era fazer alguma fotografia com um fundo, neste caso o fundo foi a Fonte, mas as personagens são as lavadeiras que utilizavam aquela água para as suas lavagens, quer de roupa, quer para tomar banho.

Mas pode-se ler ainda duas letras ‘GO’ as duas últimas de Nova LameGO. Julgo que é, mas não vi lá mais nenhuma Fonte, para ali me deslocava tantas vezes para apreciar as bajudas, e ver a minha lavadeira Fátima, bonita q.b. 

[. Na realidade, a fonte chama-se ou chamava-se "Fonte da Várzea",  as letras que se vêem na foto nº 1 não são "GO" do topónimo "Lamego",  mas as duas últimas letras, "EA", do topónimo "Várzea"... Nota do editor, LG.]

Se alguém tem outras que contrariem esta imagem, pode fazê-lo, eu estou quase certo disso, embora a Fonte não fosse o meu primeiro objectivo da foto, como se pode ver.

Aproveitei para selecionar mais algumas, que têm a ver com o tema: Fonte, Lavadeira, Rio.

Espero que apreciem, tenho pena ser a preto e branco, uma delas a cores ficava bem, mas não tinha nessa altura ainda chegado às minhas mãos rolos a cores.

Obrigado, Virgílio Teixeira

II – As Legendas das fotos:

F1 – A Fonte de Nova Lamego e lavadeiras bajudas. Eu observo do Jeep. Nova Lamego,  28Jan68. No dia seguinte fiz os 25 anos de nascimento.

F2 – Grupo de lavadeiras nas águas da Fonte. Nova Lamego, Outubro 67.

F3 – Grupo de lavadeiras nas águas da Fonte. Nova Lamego, Outubro 67.

F6 – Uma bela bajuda lavadeira, até tirou o vestido para baixo, para a fotografia,   e outra mais novinha ao lado, e os seus rapazes a controlar tudo. Nova Lamego, Outubro 67.

F7 – Uma lavadeira Fula, na hora da minha despedida daquela terra, já tinha o cabelo rapado por causa da praga de piolhos. Acho que é a última daquela terra. Nova Lamego,  Fevereiro 68.

F8 - A Fonte de Nova Lamego e lavadeiras bajudas. Eu observo do jipe. Foto Original com legenda escrita na hora. Nova Lamego, 28Jan68. No dia seguinte completei os meus 25 anos (de juventude)

Em, 2018-06-18, Virgílio Teixeira

Revisto hoje novamente com alterações,

Em, 2018-09-13

Revisto hoje novamente com alterações, Em, 2018-11-16

Nota Final do Autor:

# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir.#

Em, 2018-11-16

DIA INTERNACIONAL DA TOLERÂNCIA

Virgílio Teixeira

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933 / RI 15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21Set67 a 04Ago69».
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 21 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19216: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LII: Fez ontem 50 anos que o meu cmtd de batalhão, ten cor Armando Vasco de Campos Saraiva, foi gravemente ferido em combate, sendo evacuado para a metrópole... A minha homenagem à sua memória,

Guiné 61/74 - P19237: Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Capítulo 71: A última carta (, "de amor, ridícula"), com data de 9 de junho de 1974, escrita sem saber que a sua mâe já tinha morrido no dia 1... Foi também a única, em centenas, que nunca chegaria ao destino...


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª CART / BART 6520/72 (1972/74) > O Dino, no rio Fulacunda, junto ao "porto fluvial"

Foto (e legenda): © José Claudino da Silva (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da pré-publicação do próximo livro (na versão manuscrita
, "Em Nome da Pátria"), do nosso camarada José Claudino Silva [foto atual à direita] (*):

José Claudino da Silva, chapeiro em Amarante
Quase a chegar ao fim da sua viagem pelas memórias de Fulacunda, socorrendo-se do seu "roteiro literário-sentimental", o autor evoca aqui, no capº 71,  "a última carta" que escreveu à sua Amélia, namorada e futura esposa, com data de 9 de junho de 1974, sem saber que a sua mãe tinha morrido no dia 1...

Passa por alto ou por cima de acontecimentos (coletivos) como o 25 de Abril e a retração do dispositivo das NT ou os primeiros contactos "pacíficos" com o PAIGC em Fulacunda.

Recorde-se, por outro lado  que o autor faz questão de não corrigir os excertos que transcreve, das cartas e aerogramas que começou a escrever na tropa e depois no CTIG à sua futura esposa. E muito menos fazer autocensura 'a posterior', de acordo com o 'politicamente correto'... Esses excertos vêm a negrito. 

O livro, que tinha originalmente como título "Em Nome da Pátria", passa a chamar-se "Ai, Dino, o que te fizeram!", frase dita pela avó materna do autor, quando o viu fardado pela primeira vez. Foi ela, de resto, quem o criou. 


2. Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva, ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Cap 71º


71º Capítulo > A ÚLTIMA CARTA

Estou muito perto de terminar esta partilha confidencial de emoções que guardei, sem nunca ter intenção de divulgar. Entre o drama e a comédia, tentei dar-vos uma visão dum soldado que escreveu apenas por amor, num tempo de guerra.

A partir de Março de 74, e talvez por influência da mãe e do irmão, a Amélia deixou de guardar o correio que lhe enviava. Embora eu continuasse a escrever, já não o fazia tão assiduamente. No meu mapa, não está marcado que tenha escrito, por exemplo, no dia 25 de Abril de 1974. Sei que festejei esse acontecimento em Fulacunda mas não me lembro como foi.

Ora, como é lógico, e partindo do princípio que me norteou, não quero citar nada que não possa provar. Contudo, mesmo assim, ainda consegui reaver alguma correspondência sem grande relevância,  excepto a última que escrevi.

Esta última carta tem 12 páginas que perfazem um total aproximado de 2700 palavras. Como digo, a última que escrevi na Guiné. Sendo a última, vou transcrever algumas frases, aleatoriamente:


“Fulacunda Domingo 9 de Junho de 1974.

Desejo que esta carta te encontre de boa saúde, eu não me sinto muito bem.
Ficarei bem se amanhã conseguir falar-te.
Quando a gente está na cama doente é que pensa em mais coisas.
Sofri mais nestes 24 meses na Guiné que no resto da minha vida”.


Com 2700 palavras fazem-se muitas frases, mas nesta carta quase adivinhando o que poucas horas depois iria suceder, estão também alguns desabafos e um estranho balanço amoroso.

Confio no vosso sentido de humor ao lerem o que vos ofereço e lembro-vos que as cartas de amor são sempre ridículas.

“Quando vim para aqui não queria ocultar-te nada no entanto tive de ocultar-te muitas coisas. Ataques que sofríamos e não queria que ficasses em cuidado porque na verdade passamos muitos perigos. Estou até a recordar-me de uma vez em que fui para o mato numa operação para assaltarmos um acampamento de terroristas mas que só por felicidade eles não estavam lá. Mas bem isso não te interessa.

Se tu tens razões para pensar que eu tenho outra eu quero que sejas sincera e me digas se eu tenho ou não razões para pensar que tens outro.

Primeiro: Pouco depois de eu vir para aqui num aerograma dizem-me que tens outro namorado.

Segundo: Numa visita que a minha avó fez a tua casa vê um rapaz a sair de lá.

Terceiro: Quando fui de férias e nos chateamos, logo que te deixei, ficaste pouco aborrecida o que demonstra pouco interesse.


Desculpem, mas estou confuso, não tenho o quarto motivo. Não interessa! Adiante!

Quinto: Nunca atendes-te um pedido meu com a solicitude que devias.

Sexto: As cartas que me escrevias e muito mais os aéros, chegavam a ter três semanas de atraso e mais, sem que te preocupasses com isso.

Sétimo: Em 24 meses recebi cinco fotografias e isto porque te supliquei quase sempre que as mandasses.

Oitavo: Tu não respondias em condições às minhas cartas mostrando dessa maneira um total desinteresse por aquilo que te mandava.

Ainda teria muito mais coisas para te dizer…”


Francamente!... A guerra colonial, comparada com a minha guerra amorosa, ficou nitidamente a perder.

Atenção! Na quinta página ainda afirmo que esta ingrata me vai pagar com juros. Pois, mas na sexta página, depois de dizer que ela até havia de morrer, digo:

“Tens beijos de fogo que me acendem o coração.

Vou dormir e nem quero sonhar contigo.

Já dormi e fui ver se a chamada que marquei para falar contigo pode ser feita. Por acaso pode por isso amanhã às 14H30, quatro horas e meia da tarde aí na Metrópole vou tentar mais uma vez falar-te”.


Esta última carta devia ser a única a não chegar ao destino. Nas páginas 9 e 10 escrevi a história da Bela Adormecida. Na página 11 tem um poema da minha autoria, para ser cantado na música de Gianni Morandi “Non son degno di te”[1964] [Vd. vídeo no You Tube, disponível aqui, com legendas em português do Brasil]

Ultimo parágrafo:

“Havias de ter os lábios gelados quando beijares outro que não fosse eu, havias até de te transformar numa estátua de gelo”.

“Dino”


Acham que foram as bombas, os tiros, em suma, a guerra… que me fizeram sofrer mais?

(Continua)

3. Nota detalhada dobre o autor e sinopse dos postes anteriores [vd. aqui]
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segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19236: Em bom português nos entendemos (17): os vocábulos "sinceno" e "sincelo" no nosso blogue e no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa


Do sítio brunhoso.net (com a devida vénia...)

1. Caros/as leitores/as: o nosso blogue, a caminho dos 15 anos de idade, dos  20 mil postes publicados  e dos 11 milhões de visualizações de páginas, é uma fonte de informação e conhecimento sobre a Guiné-Bissau e a guerra colonial de 1961 a 1974... 

É um blogue coletivo de partilha de memórias (e de afetos), entre combatentes (de um lado... e do outro, se bem que mais de um lado do que do outro...). E edita-se em português. Tanto quanto possível, "em bom português"... E é visitado por gente de todo o mundo, e em especial do mundo lusófono, dos EUA à Austrália, de Portugal à China...De facto, é em português que nos entendemos, de Lisboa a Bissau, de Brasília a Luanda, da Praia a Maputo...

Não deixa de ser curioso assinalar que os nossos dicionários "on line" (ou em linha), como é o caso do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa também vêm "pescar nas nossas águas"... O nosso blogue (Luís Graça & Camaradas da Guiné ou blogueforanadaevaotres.blogspot.com) é, com alguma frequência, citado pelo Priberam...

É o caso, por exemplo, do regionalismo "sinceno", usado num texto do nosso camarada Francisco Baptista sobre o Natal na sua terra, Brunhoso, concelho de Mogadouro, Trás-os-Montes (*).  Aqui fica o registo do vocábulo e o seu significado,,,, Outros exemplos se seguirão em futuros postes desta série. (**)



2.  Francisco Baptista > O Natal em Brunhoso  > ... as oliveiras cobertas de sinceno...

(...) No dia 24, dia de Consoada, segundo as leis da Santa Madre Igreja, que a terra acatava,  era dia de jejum e abstinência.

Por ser o tempo da apanha da azeitona, levantávamo-nos bem cedo, logo ao alvorecer e andávamos 3 ou 4 quilómetros até às arribas do Sabor onde se situavam os olivais, plantados em socalcos como as vinhas do Douro.

Dias frios, desagradáveis por vezes, pela humidade, pelo nevoeiro com as oliveiras cobertas de sinceno. Aguentávamos, que remédio, a colheita da azeitona tinha que ser feita,  fizesse calor ou frio. Não havia almoço ou merenda, era dia de jejum e abstinência. (...) (*)

3. Comentário dos nossos leitores (e camaradas da Guiné):

(i) Alberto (Abrunhosa) Branquinho: 

(...) Achei engraçada a referência ao "sinceno". É que na minha terra (Foz Côa) chamamos-lhe "sincelo". Consultando o Dicionário Porto Editora, constato que ambas as palavras designam o mesmo: " Pedaços de gelo suspensos das árvores e dos beirais dos telhados...". Só que não são "pedaços de gelo", são gotas e gotas congeladas, como que paradas no tempo e no espaço, à espera de caírem. Quem conheça o Alto Douro (agora Douro Superior...) só na Primavera e Verão, não imagina que isso acontece por aquelas terras. (...) (*)

(ii) Carvalho de Mampatá:

(...) Eu, apesar de ter já experimentado, durante uma semana, o trabalho de varejador de azeitona, em Souto da Velha, não conhecia o vocábulo "sinceno", mas tendo consultado o dicionário, fiquei a saber que não é coisa boa e que tive a sorte de o não apanhar, por lá. (...) (*)

4. O que diz o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:

sinceno | s. m.

sin·ce·no |ê|

substantivo masculino

[Portugal: Trás-os-Montes] Pedaços de gelo suspensos dos beirais dos telhados, das árvores ou das plantas, resultantes da congelação da chuva ou do orvalho, geralmente em situações de nevoeiro. = SINCELO

"sinceno", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/sinceno [consultado em 26-11-2018].

Esta palavra em blogues... Ver mais

... as oliveiras cobertas de sinceno .. Em blogueforanadaevaotres.blogspot.com

"sinceno", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/sinceno [consultado em 26-11-2018].

sincelo | s. m.

sin·ce·lo |ê|
(origem obscura)

substantivo masculino

Pedaço de gelo suspenso dos beirais dos telhados, das árvores ou das plantas, resultante da congelação da chuva ou do orvalho, geralmente em situações de nevoeiro (ex.: a vegetação amanheceu toda coberta de sincelo). = CARAMBINA, SINCENHO, SINCENO

"sincelo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/sincelo [consultado em 26-11-2018].

___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 24 de dezembro de 2013 >  Guiné 63/74 - P12500: Conto de Natal (17): O Natal em Brunhoso, Mogadouro

(**) Último poste de 22 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18666: Em bom português nos entendemos (16): senhores dicionaristas, grafem lá o vocábulo "grã-tabanqueiro" ou simplesmente "tabanqueiro"... O nosso pequeno contributo para a celebração do dia 5 de Maio, Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP...

Guiné 61/74 - P19235: Tabanca Grande (470): Vítor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014), cor art ref, DFA, cmtd da CART 2715 (Xime, 1970/72), senta-se, a título póstumo, à sombra do nosso poilão, no lugar nº 781, no dia em que se comemoram os 48 anos da Op Abencerrragem Candente, em que as NT tiveram 6 mortos e 9 feridos graves na antiga picada da Ponta do Inglês


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > c. 1969/70 > Vista aérea (parcial) da tabanca do Xime, onde estava sediada uma unidade de quadrícula... Entre maio de 1970 e março de 1972, era a CART 2715 / BART 2917, comandada até ao fim do ano de 1970 pelo cap art Vítor Manuel Amaro dos Santos (1944-2014), que entra agora, a título póstumo, para a Tabanca Grande, sob o nº 781. Infelizmente não temos nenhuma foto dele.

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Por lamentável lapso, o nosso camarada Vítor Manuel Amaro dos Santos não entrou, na devida altura, em 2014, para  a Tabanca Grande, como era sua expressa vontade, em vida,  e nossa intenção publicamente manifestada após a sua morte, aos 69 anos. (*)

Recorde-se que o falecido cor art ref, DAF, Vítor Manuel Amaro dos Santos (Lousã, 22/11/1944- Coimbra, 28/2/2014), ex-cmdt da CART 2715 (Xime, 1970/72),  tem 7 referências no nosso blogue. (**). 

Em 2012 falámos ao telefone diversas vezes (a primeira vez, em 13/1/2012) e ele mandou-me diversas mensagens de telemóvel que já transcrevi, em grande parte, no nosso blogue, em que ele me falava do pesadelo do "inferno do Xime" que ainda vivia e procurava defender não apenas o seu bom nome e honra, como militar, mas também a memória dos mortos e feridos da sua companhia (***).

Na altura escrevi em comentário ao poste P9335 (***):

(...) "O Amaro dos Santos como comandante operacional é um camarada nosso, e como tal acima de qualquer crítica (neste blogue)... Tem direito ao seu bom nome: razão porque não faz sentido o seu nome completo figurar, entre parênteses retos, no poste P6368... Foi já retirado, não vinha aliás no documento original (onde é referido apenas como o comandante da CART 2715)...

"Por outro lado, convidei-o para integrar a nossa Tabanca Grande; ficou surpreendido por ele lhe dizer... que "'eu também estava lá', na Op Abencerragem Candente... E que fui um dos homens da CCAÇ 12 que foi à frente da coluna - éramos mais de 250 homens em pleno mato, dois agrupamentos - resgatar os corpos dos nossos infelizes camaradas, o Cunha e mais cinco; um dos nossos homens que trouxe o cadáver do Cunha  às costas, o nosso "bom gigante" Abibo Jau, será fuzilado pelo PAIGC, logo a seguir à independência - creio que em 11 de Março de 1975, se não erro -, juntamente com o comandante da CCAÇ 21, o tenente 'comando' graduado Jamanca... (Correu o boato, entre os homens da CART 2715, que os 'pretos' da CCAÇ 12 se recusaram a socorrer os 'tugas' da CART 2715, o que é falso; eu fui um dos 'pretos' que estive na testa da coluna, logo que acabou o fogo, a socorrer os feridos e a transportar os mortos).

"Um abraço para o Cor Amaro dos Santos... que nunca mais vi desde esse fatídico dia 26/11/1970!" (...)


Em 26 de novembro de 2016, no dia em que se completavam 46 anos da trágica Op Abencerragem Candente (Xime, 25 e 26 de novembro de 1970),  eu escrevi o seguinte, a seu respeito:

(...) "Do Amaro dos Santos, só posso dizer que em combate teve um comportamento heróico. Em contrapartida, como camarada que 'da lei da morte já se libertou', só posso desejar lhe que descanse finalmente em paz. Creio que ele era crente e encontrou na fé algum conforto em vida. Por fim, a sua memória é honrada, por todos nós, aos olhos de todos nós, incluindo a sua família, filhos e netos, e os seus antigos camaradas da CART 2715 e do BART 2917, com a sua integração, a título póstumo, na lista dos membros da Tabanca Grande. (*)

Há tempos deu-me conta que o seu nome não contava, como eu pensava,  da lista alfabética dos membros da Tabanca Grande, publicada na coluna do lado esquerdo do blogue.  Hoje, quando passam 48 anos sobre os trágicos acontecimentos do Xime, e 4 anos e meio sobre a morte do cmdt da CART 2715, eu venho reparar essa lamentável anomalia. Para este camarada não fique na vala comum do esquievimento.

O Vítor Manuel Amaro dos Santos, que esteve na Academia Militar, com outros camaradas nossos, grã-tabanqueiros, como o António J. Pereira da Costa, também da arma de artilharia, passa a figurar na nossa lista, infelizmente a título póstumo, com o nº 781 (****).

Não temos, lamentavelmente, até agora, nenhuma foto de jeito da sua pessoa, quer como civil quer como militar, a não ser uma de grupo. 

Fazemos aqui um apelo, aos camaradas do BART 2917, em geral, e aos da CART 2715, em especial, para que nos façam chegar uma foto, individual, ou em grupo, do nosso Vitor Manuel Amaro ds Santos, que tinha família na Lousã (onde nasceu) e em Coimbra (onde viveu e morreu).  (LG).

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Notas do editor:




(**) Mais postes com referência ao nosso camarada Vitor Manuel Amaro dos Santos e à Op Abencerragem Candente:

28 de novembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16768: (De)Caras (62): O Amaro dos Santos [1944-2014] que eu conheci (António J. Pereira da Costa, cor art ref)


11 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13871: In Memoriam (205): José Fernando de Andrade Rodrigues (Ribeira das Taínhas, Vila Franca do Campo, 1947- Rio de Mouro, Sintra, 2014)... O único açoriano do BART 2917, além do 2º srgt Saúl Ernesto Jesus Silva, e de mim próprio (Arsénio Puim, ex-alf mil capelão, CCS/BART 2917, Bambadinca, 1970/72)




(****) Último poste da série >  11 de novembro de  2018 > Guiné 61/74 - P19183: Tabanca Grande (469): Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alf mil, CCaç 3535 / BCaç 3880 (Angola, 1972 / 74); nosso grã-tabanqueiro, nº 780.

Guiné 61/74 - P19234: Notas de leitura (1124): “Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest; Ohio University Press, 2003 (3) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Setembro de 2016:

Queridos amigos,
A investigação de Joshua Forrest é tão refrescante nas suas premissas que é indeclinável abrir-se à controvérsia. Para entender o que falhou na grande consigna que precedeu a luta vitorioso liderada por Amílcar Cabral, intitulada Unidade e Luta, é preciso ir muito atrás, à inexistência de Estado nos períodos pré-colonial e colonial, e ao facto de que tal ausência, bem como a ausência da própria nação eram superadas por identidade étnica e um maleável sistema de alianças que permitiu às sociedades rurais serem as portadores do património histórico, económico, social e cultural da Guiné. A unidade preconizada por Cabral, demonstrou-se, não sensibilizou as comunidades rurais a passar de nação a Estado dirigido por um partido-Estado. E o autor exemplifica com inúmeras formas de alianças, como se pode avaliar no período em análise, entre 1890 e 1909. Seguir-se-á um período de grande acalmia após a pacificação de Teixeira Pinto. Inevitavelmente, a potência colonial não se apercebeu a tempo e horas que era impossível manter submissa aquelas comunidades rurais que tinham repelido o ocupante português.

Um abraço do
Mário


Guiné-Bissau: O Estado é frágil, as sociedades rurais são a alma da nação (3) 

Beja Santos 

“Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest, Ohio University Press, 2003, é uma das investigações mais argutas e audaciosas que se publicaram no novo século sobre a Guiné pré-colonial, colonial e pós-colonial. Como se referiu em textos anteriores, o ponto de partida do investigador norte-americano é de que a fragilidade do Estado é um dado permanente daquele território, foram e são as sociedades rurais o esteio económico, social e cultural, sociedades com uma enorme capacidade volitiva para estabelecer acordos de interesse, por motivos de segurança ou de resistência, a despeito da sua autonomia, conseguindo preservar identidade no colonialismo e já na Guiné independente.

Estamos agora na segunda parte do ensaio, no auge da ocupação, um período que se situa entre 1890 e 1909, ou seja o degrau anterior às campanhas do Capitão Teixeira Pinto. Forrest recorda o envolvimento da administração nos problemas de Fuladu, a região do Gabu, onde vão estabelecer alianças com os Fulas, pondo e depondo chefes. Encetam campanhas militares para dominar povos de etnia Balanta, Papel, Manjaca e Oinca (o povo que habita a região do Oio) e os animistas Beafadas. A resistência será enorme: em Farim, Geba, Ziguinchor e Cacheu, até mesmo às portas de Bissau. Isto só foi possível graças a um sistema de alianças entre etnias. A potência colonial procede a um tipo de “africanização da guerra”, recorre aos Fulas como auxiliares e na casa dos milhares. Essa africanização estender-se-á a Mandingas e Beafadas, bem como a grumetes.

Ocupar e pacificar é praticamente uma causa perdida, não há meios. Para pagar aos auxiliares, a administração autoriza que estes saqueiem e pilhem as povoações onde entram. Neste período, pasme-se, ainda existe um relativo equilíbrio quanto a armamento, falamos de rifles e munições, adquiridas no comércio informal. Para o autor, o momento de viragem ocorrerá nos anos 1907-1908, há manifesta intenção política de que se ocupe o interior da Guiné. É Governador Oliveira Muzanty, viverá o grande cerco de Bissau e será o vencedor da campanha do Geba, contra Infali Soncó. Forrest refere a identidade Oinca, ela é um bom exemplo da mistura étnica numa região em que recentemente tinham chegado os Balantas, os Mandingas islamizados, os Mandingas Soninké (animistas), vindos do Forreá e Gabu fugidos às guerras entre os Fulas e Beafadas. É um caso de relações interétnicas pacíficas e juntar-se-á a esta complexidade os Balantas-Banaga.

A administração portuguesa não sabia compreender a noção de cooperação entre as etnias, entendeu-se que o melhor era aproveitar a proposta de um acordo de paz e deixar o Oio por conta própria. Porque o historial da tentativa de ocupação era penoso para Portugal. Em 1897, o Tenente Graça Falcão comandou uma coluna militar contra os Mandingas Soninké, perante um assalto verdadeira devastador, os auxiliares Mandingas viraram-se contra Graça Falcão e foguearam-nos, Falcão retirou para Farim. Subsequentemente, Falcão recrutou mais auxiliares e soldados, pretendia combater os régulos Mamadu Paté Coiada e o Beafada Infali Soncó (este tinha sido reconhecido pelos portugueses em 1895 como chefe). Vive-se então um grande período de turbulência e o resultado foi um impasse. Breve, a presença portuguesa na região centro-norte da Guiné encontra-se comprometida. Em 1902, durante o governo de Júdice Biker ocorre o já referido acordo de paz com os Oincas, a parte portuguesa não ficou bem no retrato, os Oincas prometeram pagar tributação, nunca cumpriram.

É então que tudo muda em 1907, com a revolta de Infali Soncó, impedindo a navegação do Geba, estabelecendo uma aliança com um número apreciável de régulos. Infali ofende um oficial da armada, José Proença Fortes, Muzanty vem a Lisboa pedir meios, perder o Geba e o acesso ao Gabu era regressar à estaca zero. Vai então ocorrer uma expedição envolvendo canhoneiras munidas de metralhadoras, virão tropas de metrópole e de Moçambique. Em 1908, Infali será derrotado e foge os outros régulos propõem acordos de paz. No Norte da província, a situação não é muito feliz, os Djolas infligem pesadas baixas aos portugueses, foi necessário partir de Lisboa uma coluna militar, com artilharia e até médico. Forrest observa que estas vitórias coloniais eram todas elas efémeras, mal partir o efetivo militar iniciava-se a contestação.

O grande cerco de Bissau foi uma rebelião séria, havia antecedentes, de tal modo que os portugueses se viram na contingência de trazer para Bissau auxiliares Beafadas e Fulas e tropas de Cabo Verde e Angola. À volta de Bissau, os régulos de Antula, Bandim e Intim, de Safim e Nhacra, tinham efito uma aliança para contrariar a presença portuguesa. Em Maio de 1894, o Governador Sousa Lage atacou Bandim e Intim, a cerca de dois quilómetros de Bissau. Em Julho desse ano, foi a vez dos Papéis de Biombo, com apoio dos Balanta, atacarem Bissau, afundando três barcos. Garantir a segurança dos europeus dentro da fortaleza de Bissau era pouco crível. O dado curioso é que enquanto Oliveira Muzanty prepara uma severa reação no Geba, Bissau está em estado de sítio, as comunicações com Conacri tinham cessado. Os comerciantes estrangeiros, crucialmente interessados num estado de paz, estabeleceram conversações com os régulos, incitando-os a pagar multas pela rebelião, os Papéis recusaram. A reação portuguesa foi um bombardeamento das povoações Papéis à volta de Bissau. Forrest descreve com todo o detalhe estas danças e contradanças, pode avaliar-se como todo o governo de Oliveira Muzanty foi passado a combater e a resistir. Regressará a Portugal em Janeiro de 1909 deixando a Guiné em pura rebelião.

Joshua Forrest avalia a situação do seguinte modo. Trata-se de um período (1890 a 1909) de permanente contestação da autoridade colonial. Esta conta com a fidelidade dos Fulas e Beafadas. O Oio, com as suas enormes florestas, é uma região que vive uma quase independência. Só se pode entender o vigor desta resistência pelos acordos entre as diferentes etnias. Tudo se vai alterar com a chegada do Capitão Teixeira Pinto, para o autor vamos entrar num período de terror e de pilhagem dos mercenários, com Abdul Indjai à frente.

(Continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 19 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19207: Notas de leitura (1122): “Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest; Ohio University Press, 2003 (2) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 23 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19225: Notas de leitura (1123): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (61) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19233: Parabéns a você (1531): Jorge Teixeira, ex-Fur Mil Art da CART 2412 (Guiné, 1968/70) e Manuel Lima Santos, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 3476 (Guiné, 1971/73)


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Nota do editor

Último poste da série de 24 de Novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19226: Parabéns a você (1530): Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742 (Guiné, 1967/69) e António Levezinho, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71)

domingo, 25 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19232: PAIGC - Quem foi quem (11): Lourenço Gomes, era uma espécie de "bombeiro" para situações difíceis ... A seguir à independência era um homem temido, ligado ao aparelho de segurança do Estado (Cherno Baldé, Bissau)


Foto nº 1 > República da Guiné > Conacri > c. 1960  > Dirigentes do PAIGC, junto ao Secretariado Geral: da esquerda para a direita, (i) Osvaldo Vieira, (ii) Constantino Teixeira, (iii) Lourenço Gomes e (iv) Armando Ramos.  

Recorde-se que o "estado-maior" do PAIGC instalara-se em Conacri em maio de 1960. A foto deve ser do ano de 1960, já que em janeiro de 1961 Osvaldo Vieira e Constantino Teixeira faziam parte do grupo de futuros históricos comandantes, mandados por Amílcar Cabral para a  Academia Militar de Nanquim, na China, para receber treino político-militar. Uns meses antes, em agosto de 1960. Amílcar Cabral em pessoa tinha-se deslocado a Pequim para negociar o treino dos quadros do PAIGC na Academia Militar de Nanquim.  No grupo de quadros do PAIGC que vão nesse ano para a China incluem-se, além dos supracitados Osvaldo Vieira e Constantino Teixeira, os nome de João Bernardo Vieira [Nino], Francisco Mendes, Pedro Ramos, Manuel Saturnino, Vitorino Costa ], irmão de Manuel Saturnino],  Domingos Ramos [, irmão de Pedro Ramos e amigo do nosso Mário Dias], Rui Djassi, e Hilário Gomes.

Foto (e legenda): Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivo Amílcar Cabral  > Pasta: 05222.000.084 (adapt por Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, 2018, com a devida vénia...)


1. Comentário do nosso editor LG:

Não era um tipo qualquer, este Lourenço Gomes (*)... Escrevia bem português, tinha estudos, devia ser natural de Bissau, talvez papel,  e, no início da guerra, pertencia ao "Comité Executivo da Luta"... Parece ser, pelo que se lê,  algo "enrascado", "queixinhas" e "timorato"... mas sensível aos gravíssimos problemas de assistência médico e hospitalar dos guerrilheiros e população evacuados para os hospitais no exterior (Senegal e Guiné-Conacri)... Quantos, centenas e centenas, não terão morrido por falta de medicamentos e outro material médico-hospitalar básico?...

Vamos encontrá-lo, em escassas fotos do Arquivo Amílcar Cabral, muito jovem (c. 1969) ao lado de outros dirigentes do PAIGC, e mais tarde (entre 1963 e 1973) como membro do "Comité Executivo da Luta" (Foto nº 2).


Foto nº 2 >República da Guiné > Conacri > c. 1963-1973  >  Reunião de responsáveis do PAIGC [Comité Executivo da Luta].  Da esquerda para a direita: (i) Lourenço Gomes, (ii) Honório Chantre, (iii) Victor Saúde Maria, (iv) Abílio Duarte,  (v) Pedro Pires, (vi) Luís Cabral e (vii) Aristides Pereira.


Foto nº 2 A > República da Guiné > Conacri > c. 1963-1973  >  Reunião de responsáveis do PAIGC [Comité Executivo da Luta].  Detalhe: Da esquerda para a direita: (i) Lourenço Gomes, (ii) Honório Chantre, e (iii) Victor Saúde Maria.

Foto (e legenda): Fundação Mário Soares > Casa Comum > Arquivo Amílcar Cabral  > Pasta: 05247.000.074 (adapt por Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, 2018, com a devida vénia...)

Tivemos, entre as NT,  muitos erros de "casting", muitos dos nossos comandantes (e nomeadamente oficiais superiores, comandantes de batalhão) não tinham mesmo jeito para a guerra... Foram só preparados para a tropa e as suas burocracias... O busílis é que, quando há uma guerra, e é preciso saber liderar (, que não é a mesma coisa que chefiar...). E liderar é literalmente "ir à frente, mostrando o caminho"...

O PAIGC tinha, naturalmente, o mesmo problema. Este desabafo do Lourenço Gomes é mesmo de um homem, vulgar, como qualquer um de nós, à beira de um ataque de nervos... Este Lourenço Gomes não tinha fibra de revolucionário... Até onde é que ele chegou ?... Talvez o Cherno Baldé nos possa dar uma dica...

(...) "Estou sujeito a ser preso dum momento para o outro, pois o proprietário da Farmácia, constantemente me manda cobrar.

"A minha situação é semelhante a de um náufrago, que já cansado de nadar e com as forças esgotadas se deixa morrer. Assim também, não será de admirar e até será muito possível o ter de qualquer dia abandonar o meu lugar, sem esperar ordens superiores, não significando isso falta de respeito ou disciplina, mas sim, só saturação e canseira até ao esgotamento." (...)

Era bom que os nossos médicos e enfermeiros pudessem comentar... Andam muito arredios do nosso blogue...


2. Comentário do Cherno Baldé, nosso colaborador permanente:

Caro amigo Luís,

O Lourenço Gomes (suponho que é o mesmo), não é tão fraquinho como parece nesta imagem de missivas de 1965. Era de muita confiança e devia ser uma espécie de "bombeiro" para situações difíceis. 

No período pós-independência, o Lourenço foi o primeiro responsável do Partido a trabalhar com as chefias militares do exército português com vista a entrega das instalações e quartéis de Bissau. Deve haver muitas referências sobre ele nos contactos havidos com a parte portuguesa e, sobretudo a resolução da situação dos Comandos e soldados Guineenses que combateram do lado português.

Esteve depois ligado aos serviços da segurança do Estado, mesmo depois do golpe militar de 14 de Novembro de 1980 [, liderado por 'Nino' Vieira contra Luís Cabral]. Deve ter morrido de doença numa idade avançada, em finais dos anos 90 ou inícios de 2000. Era muito temido, como todos os da segurança num país de ditadura pseudo-revolucionária. (**)

Com um abraço amigo,
Cherno AB
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 23 de novembro de  2018 > Guiné 61/74 - P19224: (D)o outro lado do combate (38): Carta de Lourenço Gomes, datada de Samine, 3 de março de 1965, dirigida a Luís Cabral, expondo a dramática situação da farmácia do PAIGC (Jorge Araújo)

3 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6102: PAIGC - Quem foi quem (10): Abdú Indjai, pai da Cadi, guerrilheiro desde 1963, perdeu uma perna lá para os lados de Quebo, Saltinho e Contabane (Pepito / Luís Graça)


4 de junho de 2009 >  Guiné 63/74 - P4460: PAIGC - Quem foi quem (8): O Luís Cabral que eu conheci (Pepito)

Guiné 61/74 - P19231: Blogues da nossa blogosfera (106): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (23): Palavras e poesia


Blogue Jardim das Delícias, do Dr. Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547/BCAÇ 1887, (Canquelifá e Bigene, 1966/68), com a devida vénia, reproduzimos esta publicação da sua autoria.

MORREU A ESPERANÇA

ADÃO CRUZ


© ADÃO CRUZ


Não tem sonhos nem lhe bate o coração
não a beija o sol nem a paz da lua.
Batida pela chuva e varrida pelo vento agreste
senta-se nos bancos vazios dos jardins
a ver passar os homens que procuram encontrar-se
a ver mulheres que descarnam outros fins.
Já não chega ser gente de cansaço e solidão
sem manhãs de luz nem flores brancas nascendo da erva mansa
nem o despertar das sombras adormecidas
nem um raio de sonhadora esperança.
Na noite pegada ao corpo de tantos rostos saqueados
de tantas mãos caídas de tantos sonhos amputados
o punho cerrado não vive aqui.
Morreu a esperança despojada e nua
invernosa e fria.
Deixou-a a primavera e o gume quente do verão
perdida nos escuros recantos do fim do dia.
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Notas do editor

Poste anterior de 9 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19000: Blogues da nossa blogosfera (104): Jardim das Delícias, blogue do nosso camarada Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 (22): Palavras e poesia

Último poste da série de 22 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19036: Blogues da nossa blogosfera (105): Panhard, Esquadrão de Bula, Guiné 1963-1974, criado e editado por José Ramos, ex-1º cabo cav, EREC 3432 (1972/74)

Guiné 61/74 - P19230: Blogpoesia (596): "Nossa terra, nosso País", "Negra e só nas terras d'África..." e "Sé de Lisboa", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Nossa terra, nosso País

Nossa terra tem castelos seculares e pontes romanas.
Tem palácios e catedrais.
Os Jerónimos e a Belém.
Mesquitas e horizontes siderais.
Tem limites e fronteiras.
Custaram sangue a traçar.
Um mar imenso. Tanta riqueza.
Terra fértil, pradarias.
Muito sol.
Um passado glorioso.
E um destino para viver.
Gente humilde muito nobre.
Uma língua muito rica.
Deu Camões e deu Pessoa.
Ensinou as Áfricas, pelas Ásias e o Brasil.
Muitos milhões.
Tem génios, na ciência e no saber.
Campeões. Maratonistas.
Bailarinos.
E tanto mais.
Para que serve tanta riqueza se o Povo é pobre e infeliz?

Ouvindo Lord of The Rings (Calm Ambient Mix by Syneptic)
Berlim, 22 de Novembro de 2018
9h21m
JLMG

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Negra e só nas terras d’África...

Tinha tranças pretas
Aquela moça morena
De olhos tristes.
Viu-o partir
Banhada em lágrimas.
Bendita a guerra que o fez chegar.
Durante dois anos,
Que feliz foi...
Um príncipe encantado,
Que se enamorou dela
E a fez sonhar.
Tantas noites belas,
Na tabanca em festa,
Mesmo de colmo,
Uma fogueira a arder,
Com batuque
Em chama.
À luz do luar.
No seu ventre de amor,
Nasceu-lhe um tesouro.
Seria moreno,
De olhos azuis.
Um rosto de cor,
Entre o branco e o negro.
Um botão a abrir,
Em primavera em flor.
Foi o fim da guerra
Que o fez partir.
Jurando promessas
De um dia voltar...
Cruel força do destino,
Tão fatal em os prender...
Como de cego em os separar!
Que será feito dela
E do fruto do seu amor?
Não há nada no mundo
Nem de dia,
Nem de noite,
Que os faça esquecer.
Ele, longe, no fim do mundo
E ela, negra,
Nas terras d’África...

Berlim, 22 3 de Novembro de 2013
15h2m 
Joaquim Luís Mendes Gomes

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Sé de Lisboa

Cátedra maior da igreja em Lisboa.
Templo sagrado, erguido em pedra, estilo romano, com rosácea colorida e luminosa.
Três naves em arco, com abóbodas de pedra bem cerzida, com uma leveza de encantar.
Altares sumptuosos, tecidos a oiro,
Onde se venera o sagrado, com humildade reconhecida.
Um órgão orquestral de mil tubos onde cabem todas as notas.
Alto coro majestático, donde ecoam vibrantes as vozes coloridas dos corais.
A pia sacra baptismal de granito, onde se abrem as portas eternas aos inocentes baptizandos.
Igreja-mãe das gentes de Lisboa, implantada na encosta luminosa frente ao Tejo.

ouvindo a guitarra de Carlos Paredes
(A neve anda mesmo a aparecer)
Berlim, 24 de Novembro de 2018
7h23m
JLMG
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19205: Blogpoesia (595): "Fardas e batinas...", "Romagem a Lisboa" e "Olho daqui Lisboa...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

sábado, 24 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19229: Consultório militar do José Martins (38): Pedido de Informações sobre a CCAÇ 2466 / BCAÇ 2861, Bula e Encheia, 1969/70, a que pertenceu o meu avô (Cristiana Duarte)

1. Mensagem do nosso colaborador permanente José Martins [ex-Fur Mil Trms,  CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70):

Data: quarta, 14/11/2018 à(s) 21:43
Assunto: Resposta a pedido de informações sobre a CCAÇ 2466

Caríssimos:

Estive hoje no AHM [, Arquivo Histórico-Militar,]  e consultei a História do BCAÇ 2861, processo bastante extenso. [Cota: 2/4/109/1)

Capítulo I – Mobilização, Composição, Deslocamento

Historia o início do batalhão, em 4 páginas.

Do Anexo 1, ao Capítulo I, constam 17 páginas com a composição de todo o batalhão. Em relação à CCAÇ 2466 [, Bula e Encheia, 1969/70,], estão nas páginas 13 a 17 (5 páginas).

Capítulo II – Actividade operacional

São 194 páginas, cujo resumo se encontra nos livros da CECA, volume 7, páginas 124 a 126.

Capítulo III – Baixas – Punições – Louvores – Condecorações.

São 41 páginas com os respectivos registos que, sem saber o nome do nosso camarada, o avô da Cristiana Duarte,] não é possível detectar algum registo.

Arquivo Histórico Militar

Telefone 218 842 415

Largo do Outeirinho da Amendoeira

1100-386 Lisboa

Horário: 2ª a 6ª feira, das 10H00 às 12H15 e das 13H45 às 16H45.

Não sei se o mail «ahm@mail.exercito.pt» ainda está activo.

Se necessitarem de algo mais, ao serviço de V. Exªs.

"Saúde e Fraternidade" e "A Bem da Nação"

Abraço

Zé Martins


2. Mensagem da nossa leitora Cristiana Duarte:

De: Cristiana Duarte  [email: cristianaduarte1425@gmail.com]

Data: terça, 11/09/2018 à(s) 14:48

Assunto: Pedido de Informações sobre a CCAÇ 2466

Boa tarde.

Tenho estado a ver o vosso blogue "Luís Graça & Camaradas".

O meu avô esteve na Guiné, no BCAÇ 2861,  CCAÇ 2466, tenho procurado informações sobre esse batalhão e essa companhia.

Gostaria de saber se por acaso o senhor não tem informações do mesmo ou se não me consegue disponibilizar um site que contenha por exemplo a listagem dos militares presentes nesse batalhão.

Aguardo resposta

Cumprimentos
Cristiana

PS - O nome do meu avô é José Henriques Ferreira [mensagem de 25/11/2018]
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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18653: Consultório militar do José Martins (37): Monumento aos Combatentes de Vila Chã da Beira

Guiné 61/74 - P19228: Convívios (883): "Bosque dos Avós", hoje, todo o dia, na serra do Marão, Aboadela, Amarante (José Claudino da Silva)



Página do Facebook Bosque doa Avós


In:

José CLaudino da Silva, Lixa, Felgueiras
FLOR DO TÂMEGA > “DE LONGE A LONGE” > BOSQUE DOS AVÓS versus BOSQUE DO CENTENÁRIO

por José Ckaudino da Silva

[ ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART / BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)]

Recentemente, encontrei o meu amigo Zé que toda a vida foi carpinteiro e fomos beber um copo com o Silva, um dos melhores marceneiros que conheci. 

Agora que estamos todos reformados, a conversa girou sobre a maneira, como passamos o nosso tempo livre. O Zé ajuda a filha que tem um restaurante, e o Silva colabora num clube de veteranos. Pela minha parte, expliquei-lhes que andava envolvido nas florestas e que tinha ajudado a criar o Bosque dos Avós. 

Estranharam que um antigo chapeiro de automóveis andasse a plantar árvores e eles que sempre trabalharam em madeira não o fazerem, aliás, confessaram-me que nunca na vida deles, tinham plantado uma, no entanto tinham destruído milhares nas suas profissões. Creio que os meus amigos nunca, até à nossa conversa, tinham sequer pensado nisso.

Embora se fale muito na reflorestação das áreas ardidas a verdade é que a maioria das pessoas está à espera que sejam os outros a fazer essa reflorestação.

É pois com satisfação que no próximo dia 24 de novembro, dia seguinte, ao dia mundial da árvore autóctone que se comemora no dia 23, os organizadores do Bosque dos Avós e do Bosque do Centenário, vão proporcionar a quem quiser colaborar, a satisfação de participar num evento saudável e preponderante, para que no futuro, os carpinteiros e os marceneiros, possam ver as árvores crescer e dar vida ao planeta e tenham madeira para usarem nas suas profissões, mais que isso, que os escultores que usam madeira nas suas esculturas e que, também eles, não plantam árvores, as possam ter no futuro, para construírem as suas obras de arte. (*)

José Claudino da Silva (**)

[Excerto reproduzido com a devida vénia e votos de bom convívio... Telemóvel para contacto:965 804 597 ]
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