Assunto - Merry Christmas!
Caro Luís Graça
Estava para deixar passar este Natal sem grande alvoroço da minha parte. Mas este teu email veio pôr tudo no seu devido lugar!
E antes que me esqueça: quando estive em tua casa o nosso comum querido camarada e amigo Joaquim Pinto Carvalho deu-me o seu livro "A 'Chama' que nos chamou". Quis depois telefonar -lhe directamente, e pedi-te o número dele; mas não sei porque razão a máquina de respostas diz que não é possível o contacto. Quando puderes liga para ele e diz-lhe o que eu tencionava dizer-lhe : Levou-me tempo a arranjar ocasião para o ler . Mas quando lhe peguei sucedeu-me o que me acontece com livros que apaixonam: li-o da primeira página à última, sem conseguir parar. E sei que mais cedo ou mais tarde vou lê-lo outra vez.
E outros a quem tentei falar também não consegui fazê-lo. E continuo a fazê-lo, quando posso, quer estejam nos USA, Canadá, Holanda ou em qualquer “Cochinchina" mundo fora. Porque sou teimoso, geralmente mais cedo ou mais tarde acabo por chegar. Mas nem sempre. Oxalá de alguma maneira muitos tenham conhecimento do conteúdo deste email.
Se não achares inconveniente (sei que há razões hoje em dia que podem tornar coisas bem simples em grandes problemas… e por isso , quem sabe?, pode não ser coisa aconselhável a fazer; mas por mim não vejo inconveniente) podes partilhar o meu e mail e o meu telefone:
E agora ao fim primeiro deste: mas que maravilhoso Natal este que acabou por ser para tantos de nós. Desde dia primeiro de Dezembro eu tenho vindo a seguir no nosso blogue , a série "O nosso sapatinho de Natal” começado por uma “reflexão" do nosso camarada Francisco Baptista (poste P22774): logo seguido por um conto do José Teixeira.
Eu estava a seguir tudo isto, e alegrava-me com o que se passava, mas não me sentia com forças para dar o meu contributo, pois ultimamente as coisas, em vários campos, tinham estado a ser um pouco "menos fáceis" para mim. E, com pena o digo, eu não tenho a mesma coragem que tu tens que consegues "cantar janeiras”, mesmo no meio da adversidade. Por isso me limitava a fazer alguns telefonemas a alguns camaradas. Mas as coisas mudaram.
Que bom foi receber este teu email, de 25 do corrente, em que dizias:
"E tu, antes de ires a 28, para o hospital, lê aqui mais um poste das tuas memórias (**)... Foi bom teres reproduzido a carta do Quebá Soncó, datada de 6/8/1967, temos poucas referências ao Hospital de Hamburgo ...Beijinhos para a Vilma, grande abraço fraterno para ti. Vai correr tudo bem.. Mano Luís"
No meu caso devo dizer que tenho razões duplas, pois até são semelhantes às tuas!
Como sabes no ano passado quando ainda lutava com uma lombalgia, tive um ataque de ciática que se prolongou bem mais do que eu esperava. Quando estive aí em Portugal , um primo meu que também havia “feito a Guiné", falou-me dum tal Peixeira ( não Teixeira, como alguns o chamam por engano) que havia sido seu comandante de secção em Tite "que se mantinha ainda em contacto com toda a gente”.
Valeu bem a pena, pois este não só endireitou a minha coluna com resultados surpreendentes e quase instantâneos, como me elucidou que algumas das dores que eu sentia e que eu atribuía a efeitos colaterais da ciática, eram antes provocadas por uma hérnia ( que eu desconhecia ter) que era coisa a que ele não podia ajudar mas para a qual, ao voltar a Nova Iorque, eu tinha de consultar o meu médico.
Assim fiz; mas se já não estava tranquilo por ter descuidado esta hérnia tanto tempo, que me obrigava a uma inação enervante, mais preocupado fiquei. Foi-me dito que só em 2022, na melhor das hipóteses em fins de Janeiro, pois devido à situação criada pela Covid poderia ser mesmo "lá para Março” em que eu poderia ser operado.
Quando porém fui informado da boa nova e dela participei aos meus filhos, eles, em vez de sermos nós a ir a casa de um deles passar o Natal, concordaram em virem os dois (e seus respectivos filhos, meus netos) a virem passar o Natal deste ano a nossa casa.
Foi uma revolução aqui: no mesmo dia fomos comprar uma árvore de Natal (não podia ser muito grande, pois para evitar problemas com os cães que o meu filho pediu para trazer com eles nesse dia , a árvore tinha de ser posta e ficar em lugar elevado)... E depois foi comprar luzes e ornamentos para substituir aqueles de que nos havíamos desfeito …
E logo a seguir com o meu neto Caton e minha filha Cristina, entusiasta nestas coisas de celebrar tradições portuguesas, deslocámo-nos-nos a Newark para fazer as compras de Natal : bacalhau, chouriço, castanhas, bolos-rei (sete deles pois serviriam de presentes para alguns dos meus vizinhos), azeitonas e tremoços, broas e azeite português, e os necessários condimentos para fazer o arroz doce e rabanadas…
Imagino pois a alegria da Alice e dos teus ao saberem dessa tua prenda de Natal que recebeste, logo no dia 22!... É com a mesma alegria que te enviamos o nosso grande abraço e nos associamos à Alice e os teus queridos e todos os que se felicitam pela boa notícia.
Aproveito agora este para me associar também a todos os meus/nossos camaradas que duma maneira ou outra estão celebrando esta época festiva. Obrigado aos que já me fizeram chegar os seus bons desejos, que retribuo de coração também.
(*) Vd. poste de 25 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22845: CCAÇ 1439 (Xime, Bambadinca, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): A “história” como eu a lembro e vivi (João Crisóstomo, ex-alf mil, Nova Iorque) - Parte XV: Dezembro de 1966: a Op Harpa em que é ferido com gravidade o Quebá Soncó, que depois irá para o hospital de reabilitação de Hamburgo, na Alemanha