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quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27249: As nossas geografias emocionais (58): A Pousada do Saltinho ou "Clube de Caça", com ar de abandono, em maio de 2025 (João Melo, ex-1º cabo op cripto, CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã", Cumbijã, 1972/74)



Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Antiga Pousada do Saltinho > Maio de 2025 > Quando por lá passou, há  4 meses, o João Reis deparou-se com este espetáculo deprimente... Ele era cliente desta unidade hoteleira desde que começou a ir à Guiné-Bissau, a partir de março de 2017. Encerrou, não se sabe porquê...



Foto nº  2> Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Saltinho > Maio de 2025 > : Rápidos do Saltinho, uma das sete maravilhas do país.


Foto nº 3 >Guiné -Bissau >  Região de Bafatá > Saltinho > 25 de março de 2017  > Pousada do Saltinho... Diz o Paulo Santigao que .este edifício, quando quartel, "albergava arrecadação de material de guerra ,enfermaria e gabinete médico, bar e messe de oficiais e sargentos,secretaria,gabinete do comandante"

(...) "Saltinho seria dos poucos locais da Guiné onde o terreno era rochoso,impossível existirem valas naquele quartel.Assim,foram construídos abrigos em betão que funcionavam como casernas.Os oficiais e sargentos dormiam num abrigo que ficava junto da porta de armas. Os abrigos não estavam enterrados,tinham "seteiras" voltadas para o exterior. Havia dois grupos de combate em destacamentos um em Cansonco e outro em Sinchã Mamadu Buco.

"Quando em Março de 72,regressei ao Saltinho,  ido de Bambadinca, encotrei um notável melhoramento...O comandante proveta, da CCAÇ 3490, tinha inaugurado uma messe/ bar para oficiais, apenas três... Exilei-me na outra margem do rio no reordenamento, hoje chamado de Sinchâ Sambel"  (..:)


Foto nº 4 >Guiné -Bissau >  Região de Bafatá > Saltinho > 25 de março de 2017  > Pousada do Saltinho, antigo bar e messe de oficiais.


Foto nº 5 > Guiné -Bissau >  Região de Bafatá > Saltinho > 28 de março de 2019  > Pousada do Saltinho, antigo bar e messe de oficiais > Nas paredes inscrições de clientes, como o nosso camarada Silvério Lobo, de Matosinhos, que lá ficava todos os anos, até à pandemia... O João Melo, na foto, também lá deixou a sua assinatur, em 28/3/2019.


Foto nº 6 > Guiné -Bissau >  Região de Bafatá > Saltinho > 25 de março de 2017  > Pousada do Saltinho > "Boutique do Hotel" (inscrição na parede)


Foto nº 7  > Guiné -Bissau >  Região de Bafatá > Saltinho > 25 de março de 2019  > Pousadfa do Saktinho > Viosta sobre o início da Ponte e o rio Corubal


Foto nº 8 > Guiné -Bissau >  Região de Bafatá > Saltinho > 26 de março de 2017  > Rápidos de Cusselinta


Foto nº 9 > Guiné -Bissau >  Região de Bafatá > Saltinho > 25 de março de 2017  > Pousada do Saltinho > Emblema  da CCAÇ 2701 (1970/72)...


Fotos  nº 10 e 11  > Guiné -Bissau >  Região de Bafatá > Saltinho > 25 de março de 2017  > Pousada do Saltinho > Emblemas  da CCAÇ 2406 (19689/70) e CCAÇ 3490 (1971/74)


Foto  nº 12  > Guiné -Bissau >  Região de Bafatá > Saltinho > 25 de março de 2017  > Pousada do Saltinho > Monumento aos mortos da  CCAÇ 2406, "Os Tigres do Saltinho" (1968/70) e do Pel Çacç Nat 53 (1966/74)


Foto nº 13  > Guiné -Bissau >  Região de Bafatá > Saltinho > 25 de março de 2017  > Pousada do Saltinho > Monumento aos mortos:

  • CCAÇ 2406 / BCAÇ  2852 (1968/70): fur mil at inf Manuel F. S. Paulino  | sold at inf António B. Ferreira | sold  at inf Camilo R. Paiva | sold at inf Nelson M. João | sold António Teixeira | sold at inf Fernando P. Sequeira | sold at ifn Fernando S. Azevedo | sold at inf  Amílcar A. Domimgues;
  • Pel Caç Nat 53 (1972/74):  1º cabo  Fernando A. Alves C (?)

Fotos (e legendas): © João de Melo (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Na sua última viagem à Guinau-Bissau, em maio deste ano, a caminho do Cumbijã, o João Melo passou pelo Saltinho e deixou, na página do seu Facebbok (quinta feira, 31 de juhio de 2025, 12:56) uma emotiva recordação da Pousada do Saltinho, que ele encontrou fechada e com ar de abandono (*). 

Este unidade hoteleira era local de paragem  obrigatória para quem visitava a Guiné-Bissau e ia a caminho do Sul, região de Tombali (Quebo, etc.) mas também de Quínara (Buba, etc.). Eu próprio estive lá em 1/3/2008, a caminho de Guileje, no âmbito do programa social do Simpósio Internacionald e Guileje (Bissau, 1-7 de março de 2008) (**) 


Recorde-se que o João Melo (ou João Reis de Melo) foi 1º cabo op cripto, CCAV 8351, "Os Tigres do Cumbijã" (Cumbijã, 1972/74).  É profissional de seguros, vive em Alquerubim, Albergaria-a-Velha. Integra a Tabanca Grande desde 2009.

 
"Retalhos de uma passagem pela Guiné-Bissau" > Saltinho

por João Melo


Saltinho é, para quem foi militar e cumpriu o Serviço Militar Obrigatório na Guiné, um local onde existia um aquartelamento de militares portugueses que, além de patrulharem toda aquela área envolvente, faziam segurança à ponte General Craveiro Lopes (inaugurada no dia 8 de maio de 1955, pelo próprio, que era entáo preasidente da República),  e que une as margens do Rio Corubal entre as regiões de Bafatá, a norte, Quínara, a Oeste, e Tombali, a sul.

Saltinho, ou melhor os rápidos de Saltinho e Cusselinta, proporcionam uma paisagem de uma beleza invulgar e que são,  na verdade, várias piscinas naturais que se formam naturalmente no rio Corubal, com rápidos de rio que fazem minicascatas e zonas rochosas que formam piscinas naturais com uma temperatura muito convidativa e das quais já tive o privilégio de usufruir.

A zona onde fica a praia de Cusselinta, para além das piscinas naturais, tem uma belíssima praia de areia branca e muita tranquilidade que convida a que nos aventuremos num banho nessas águas,  caso se seja um nadador razoavelmente bom e sempre com companhia por perto.

Saltinho fica na Região de Bafatá e dista 175 Km da capital, Bissau. Mas o Saltinho, para todos aqueles antigos militares e amantes de caça que após a independência de 1974 para lá iam ou por lá passavam em visita aos locais onde estiveram em campanha, Saltinho era muito mais que isso! 

As antigas instalações militares que, entretanto, foram cuidadosamente mantidas e recuperadas para que servissem de apoio como “Pousada” aos caçadores que muito a solicitavam,  proporcionava também uma agradável paragem para uma boa refeição e descanso para posteriormente se seguir viagem. 

Fiz isso várias vezes e sempre com muito prazer. Existiu inclusive uma situação caricata – creio que em 2017 – quando seguia em mais uma jornada de “voluntarismo” para as Escolas de Cumbijã e a bordo do jipe do grande amigo Patrício Ribeiro. 

Estávamos sensivelmente a atravessar Matu du Cão, fiz um telefonema para a Pousada de Saltinho a avisar que tencionávamos almoçar lá e que poderiam contar com 6 pessoas. O diálogo, foi sensivelmente este:

– Bom dia! Estamos com intenção de aí ir almoçar. Pode ser?

 
– Está bem. E o que é que pretendem comer?

– O que é que poderá ser?

– Pode ser porco do mato. Serve?

– Certo. Pode ser.

Seguimos viagem já a “salivar”, a pensar nm o “banquete” que nos aguardaria. Como naquela altura as comunicações telefónicas estavam bem piores que hoje, pois eram poucos os locais onde se poderia ter rede telefónica, seguimos viagem e, quando estávamos a chegar a Bambadinca, o telefone toca e era da Pousada do Saltinho:

– Está? É que já tentámos ligar várias vezes, mas não deviam ter rede, e tínhamos que avisar de uma coisa…

– O quê?

–  É que mandámos o caçador para ir caçar um javali e ele não encontrou nenhum, mas abateu uma gazela. Podemos servir bifes de gazela???

– Claro que sim!...

Resumindo, foi uma gargalhada geral porque chegámos à conclusão de que o menu dependia muito mais da ocasião do que o pré-estabelecido!... O que foi ótimo!!! 

À chegada, lá estavam os deliciosos bifes de gazela,  acompanhados por arroz e batata frita. e, como “salada” umas belas travessas de mangos cortados às fatias. 

Para acompanhar,  e mediante a vontade de cada um, foram servidos (passe a publicidade) vinho branco verde Três Marias e umas cervejas Sagres geladinhas…

Mas… voltando à Pousada de Saltinho, quando lá passei em maio último, após várias tentativas de os contactar telefonicamente sem o conseguir, para avisar da nossa chegada, quando lá chegámos foi com muita tristeza que deparámos com as instalações abandonadas e já tomadas pelo mato!... 

Em resumo, aquele “oásis” com que podíamos contar, já foi tomado pela natureza e, com isso, nos privou de um apoio com que já contávamos.

Seria muito bom que aparecesse alguém com iniciativa hoteleira que pudesse reabrir aquele ícone do tirsmo da Guiné-Bissau que tanta falta nos faz…

Ficamos a aguardar por melhores dias… Seguem algumas fotos do “hoje” e do “ontem”…

(Revisão / fixação de texto, título: LG)


2. A Pousada do Saltinho - Caça e Pesca (também conhecida em 2008 como "Clube de Caça") pertence/pertencia a (ou é/era explorada por) uma empresa portuguesa, com sede em Loures, ACP - Artigos de Caça e Pesca Lda. O seu "site" já não está disponível (fomos recuperálo attarvésw do Arquivo.pt)


Não sabemos a história desta unidade hoteleira, que ocupou e recuperou as antigas instalações militares do Saltinho, e por onde passaram subunidades como a CCAÇ 2406, o Pel Caç Nat 53 (do nosso Paulo Salganho), a CCAÇ 2701, a CCAÇ 3490... 

Contactámos, hoje de manhã,  a empresa ACP - Artigos de Caça e Pesca, Lda. A resposta que nos foi  dada é que a gerência quer reabrir a Pousada do Saltinho lá para fevereiro de 2026...A pessoa com quem falei, confirmou que as instalações estar com um ar de abandono, ams o sequipamentios (ar condicionado, etc.) estão operacionais... Oxalá que sim.

No antigo "site", podia ler-se que "em 1997 a empresa foi constituída, dando seguimento ao que muitos já conheciam por Espingardaria de Loures, Loja de Comércio de Artigos de Caça, fundada por Fernando Caetano em 1981."







Pelo vi na sua página, a Pousada está aberta no tempo seco (entre 1 de fevereiro e 30 de junho). Reproduz-se abaixo o texto promocional (a título meramente informatrivo):


Entre 1 de Fevereiro e 30 de Junho venha caçar connosco!


A POUSADA DO SALTINHO, unidade Hoteleira situada a sul de Guiné Bissau a 50m do Rio Curbal (sic), onde se pode desfrutar de um ambiente calmo e paradisíaco, com Quedas de Água onde se pratica o Jakusi (sic) natural e se desfruta de uma paisagem deslumbrante com todos os atributos que caracterizam o Continente Africano.

Este complexo foi criado para que todas as expectativas dos nossos visitantes sejam correspondidas e o tempo passado na Pousada provoque o desejo de regressar.

Nesta Pousada contamos com habitações equipadas de casa de banho e ar condicionado, restaurante (com refeições típicas do País e típicas da cozinha portuguesa), Bar e esplanada com serviço de Bar.

Actividdes (Passeios e caçadas)

Passeio Fotográfico

Passeio fotográfico onde se poderá ver várias espécies de animais como os flamingos, piriquitos e muitas outras espécies em estado selvagem, sempre acompanhado de um fundo paisagístico fascinante. A cultura e o conhecimento de cada visitante é engradecido ao contactar com os Nativos e conhecer diferentes Etnias e formas de vida muito próprias.Pesca

Para os amantes da pesca, propomos jornadas de pesca tanto no Rio Curbal, como no Rio Grande de Buba e a mais fascinante oportunidade de pescar no Mar dos Bijagos onde se pode pescar entre outras espécies:
  • Lírios
  • Garopas
  • Barracudas
  • Espadartes
  • Pargos

Os transportes são assegurados em veículos todo-o-terreno e todos os grupos são livres de expôr as suas ideias relativamente à vontade de conhecer ou recordar, sendo devidamente acompanhados nas suas visitas.

Caça menor:

Propomo-nos a efectuar jornadas de caça memoráveis.
  • Rolas (diferentes tipos)
  • Chocas "Perdizes"
  • Pombos verdes

Caça Maior:

Caça maior de perseguição com guia qualificado que tem como principais presas:
  • Gazelas
  • Hienas
  • Fococheros
  • Porcos Espinhos
  • Cabras de Mato
  • Lebres
(Não há indicação de preços)

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Notas do editor LG:

(*) Último poste da série > 16 de agosto de 2025> Guiné 61/74 - P27123: As nossas geografias emocionais (57): EUA, Flórida, Key West: passei à porta do José Belo, meu camarada (António Graça de Abreu, Cascais)

Guiné 61/74 - P27248: Ocorrências em viagem nas Lanchas de Desembarque (2): Ataque à LDG a partir da margem (Alberto Branquinho, ex-Alf Mil Art)


1. Em mensagem de 19 de Setembro de 2025, o nosso camarada Alberto Branquinho, (ex-Alf Mil Art da CART 1689 / BART 1913, Fá, Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), advogado e escritor, autor de, entre outros livros, "Cambança"; "Cambança Final" e "Deixem a Guerra em Paz", enviou-nos três pequenos contos sobre "Ocorrências em viagem nas Lanchas de Desembarque (JD's). Hoje publica-se o segundo com o título "Ataque à LDG a partir da margem.


OCORRÊNCAS EM VIAGEM NAS LANCHAS DE DESEMBARQUE (LD’s)

II – Ataque à LDG a partir da margem

Navegava a LDG com toda a Companhia a bordo, com armas e bagagens,quando rebentou fogo de espingardas, metralhadoras e lança-granadas contra a Lancha.
Imediatamente saltaram para a amurada os marinheiros empunhando G3, respondendo, também, a metralhadora pesada rotativa no “deck” superior. (Impressionante esta arma disparada em pequenas rajadas ou num tiro a tiro contínuo!). Os marinheiros berraram para o pessoal da Companhia parar de disparar e abrigar-se.
Enquanto isto a LDG continuava a navegar.

Quando chegámos ao destino vimos um rombo na estrutura metálica da LDG, acima da linha-de-água, causado por rebentamento de granada de LGfoguete.
Xime > Lancha de Desembarque Grande 105
Foto: © Humberto Reis
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Nota do editor

Vd. post anterior de 20 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27235: Ocorrências em viagem nas Lanchas de Desembarque (1): LDG encalhada no Geba em maré baixa (Alberto Branquinho, ex-Alf Mil Art)

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27247: Agenda cultural (901): Convite da Liga dos Combatentes para a Festa do Livro, a decorrer entre os dias 25 e 28 de Setembro nos Jardins do Palácio de Belém, conforme o programa


LIGA DOS COMBATENTES NA FESTA DO LIVRO

JARDINS DO PALÁCIO DE BELÉM

25 A 28 DE SETEMBRO

CONVITE

Exmos/as Senhores/as,

A Biblioteca da Liga dos Combatentes convida todos os interessados a participar na Festa do Livro nos Jardins do Palácio de Belém, que decorrerá entre 25 e 28 de setembro de 2025 (quinta-feira a domingo).

Pela primeira vez, a Liga dos Combatentes marcará presença com uma banca de venda de livros (a preços especiais) para divulgação das memórias dos Combatentes desde a Grande Guerra à Guerra do Ultramar.

O acesso à Festa do Livro é efetuado pela Loja do Museu da Presidência da República ou pelo Jardim Botânico Tropical e a ENTRADA É LIVRE! O programa é vasto mas damos nota de alguns dos destaques:

- Quinta-feira, 25 de setembro

16h00 – Abertura ao público

18h00 – Inauguração oficial da Festa do Livro em Belém 2025, com a presença de Sua Excelência o Presidente da República

19h30 – MÚSICA | Concerto de Carolina Deslandes

21h00 – Encerramento das bancas de livros

21h30 – MÚSICA | Concerto de Rui Veloso


- Sexta-feira, 26 de setembro

10h00 – Abertura ao público & Emissão em direto do Programa “Casa Feliz” da SIC c/ Diana Chaves e João Baião

21h00 – Encerramento das bancas de livros

21h30 – MÚSICA | Concerto de Bárbara Tinoco


- Sábado, 27 de setembro

11h00 – Abertura ao público

16h00 – DEBATE | «Portugal e o Futuro» | Oradores: Manuela Ferreira Leite e António Barreto | Moderador: Pedro Mexia

21h00 – Encerramento das bancas de livros

21h30 – MÚSICA | Concerto de Fernando Daniel


- Domingo, 28 de setembro

11h00 – Abertura ao público

21h00 – Encerramento das bancas de livros

21h30 – MÚSICA | Concerto de Xutos & Pontapés


Mais informação em: https://www.ligacombatentes.org/festa-do-livro-em-belem-25-28-de-setembro/

João Horta
Direção Central | Depto. Bibliotecas e Museus
Email: biblioteca@ligacombatentes.org | joaohorta@ligacombatentes.org
Tlf: 213 468 245/46 | Tlm: 918 938 043
Rua João Pereira da Rosa, 18 – 1249-032 Lisboa
https://www.ligacombatentes.org/

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Nota do editor

Último post da série de 10 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27203: Agenda cultural (900): Antestreia da série documental guineense "Martcha", do realizador e produtor Unkaff (pseudónimo de Onésio Caetano Soda, n. 1991): sexta, dia 12, 18h00, no Espaço Mbongi67, Praceta António Sérgio, nº 4, Queluz

Guiné 61/74 - P27246: Felizmente ainda há verão em 2025 (38): "Poema de Outono", por Adão Cruz, ex-Alf Mil Médico da CCAÇ 1547 / BCAÇ 1887 (Canquelifá e Bigene, 1966/68)

© ADÃO CRUZ


POEMA DE OUTONO

Ainda caem a meus pés
bolinhas de sol e pérolas de chuva
do alto da varanda que eu já fui
e fazem brilhar humildemente
a ilusão das cores e a frouxa luz
que há na sombra dos dias.
O poema mais lindo da minha vida
ainda não nasceu.
Sonhei criá-lo hoje contigo
neste princípio de Outono
semente e fruto de teus jovens abraços.
Mas tu caminhavas na outra margem
de rosto escondido atrás da máscara
fugindo do amor banal
olhos baços de chorar sem lágrimas
a alma tão resignada de cruéis memórias
que o beijo ardente se perdeu no rio.
O meu rio
outrora caudaloso e vivo
hoje manso e vencido nos braços do estuário
onde me dizem que ainda há versos
voando perdidos e dispersos
como gaivotas bailando.
Mas o mar ali tão perto tudo engole
nas furiosas ondas do seu ancestral poder
devorando qualquer poema antes de nascer.
Que ao menos a réstia de luz do fim da tarde
mesmo sem bolinhas de sol e pérolas de chuva
me deixe pintar a memória da emoção
na tela sofrida e nua do teu corpo
deitado sobre a luminosa doçura da ilusão.


adão cruz

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Nota do editor

Úlltimo post da série de 23 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27242: Felizmente ainda há verão em 2025 (37): Amarante, a princesa do Tâmega, a 30 km de Candoz, e onde a natureza, a história e a cultura se combinam na perfeição (Luís Graça) - III (e última) Parte

Guiné 61/74 - P27245: (in)citações (279): Por favor, cuidem-se (Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto)


1. Mensagem do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16, Mansoa, 1964/66), com data de hoje, 23 de Setembro de 2025:

Olá companheiros

Obrigado por se lembrarem.
Continuamos a fazer anos. Quantos? Muitos, mesmo muitos. É uma história de vida já longa.
Nascidos nos anos quarenta do século passado e ainda crianças, iniciámos esta “tarefa da vida” e…, vindos pela mão da saudosa avó Agar assistir à missa ao domingo na igreja da então vila de Águeda, de entre as pessoas (quase todas vestidas de cores escuras e as senhoras de lenço na cabeça, quase encobrindo o seu rosto), tentando sempre olhar para cima, porque em frente e dado que éramos crianças, era impossível ver o senhor padre lá no altar, que ia lendo a epístola.

E nas paredes havia aquelas imagens dos ANJOS. Vendo-as, ficávamos na dúvida. Porquê? Porque tinham asas e não sabiam voar, pelo menos nunca tínhamos visto nenhum a voar lá na nossa aldeia. E mais, a saudosa avó Agar dizia-nos que estavam no céu e não pertenciam à terra.

Talvez fosse verdade, porque uma vez, lá naquela maldita guerra colonial, nas savanas e pântanos do golfo da então Guiné Portuguesa, debaixo de um ataque furioso do inimigo, num estado de sofrimento onde havia medo e angustia, com a mente toldada pela fúria do combate e da sobrevivência, pensando que íamos mesmo morrer, olhámos o céu e vimos um ANJO, (daqueles cuja imagem estava lá na parede da igreja), que estava voando na nossa frente, sempre a fugir de nós, para fora do pântano, em direção ao terreno seguro e…, cremos mesmo que nos salvou.

Eram outros tempos, em que se acreditava que as crianças vinham embrulhadas e penduradas no bico de uma cegonha e, não eram o resultado do amor entre os humanos, que dá lugar à multiplicação e..., elas que iam nascendo talvez fossem mais felizes, porque pensavam que os adultos e os ANJOS, as protegiam de todos os males. Infelizmente hoje, em algumas partes do mundo, ainda morrem abandonadas ou pelos estilhaços das bombas que vão explodindo junto de si e…, algumas até à fome, porque os seus pais, olhando à sua volta dizem: “Agora não temos nada, só bombas".

Enfim, nós éramos crianças que despertávamos e ainda acreditávamos, talvez perdidas no nosso tempo e hoje…, principalmente pela avançada idade, somos vozes apagadas pelo pó dos anos.

Mais uma vez obrigado do coração por se lembrarem e…, por favor, cuidem-se.
Tony Borie

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Nota do editor

Último post da série de 9 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27199: (in)citações (278): Dos nossos “males” sabemos, pelo visto. E dos “males” dos outros? (Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Operações Especiais)

Guiné 61/74 - P27244: Humor de caserna (213): Cada "cruzada" com o seu "Mata-mouros", cada guerra e revolução com a sua "fanfarra" e o seu "fanfarrão"... (Abílio Magro, ex-fur mil amanuense, CSJD/QG/CTIG, Bissau, 1973/74)

1. Todas as guerras são "cruzadas": por Deus, pela Pátria, pela Bandeira...Dos cristãos contra os mouros, dos mouros contra os cristãos, e por aí fora... Ontem e hoje. E cada "cruzada" tem o seu "Mata-Mouros", o seu Santiago", o seu "Cid, o campeador", o seu "Al-Mansur", o seu "Ferrabrás", em suma, a sua Fanfarra e o seu Fanfarrão, a sua "Maria Turra" e a sua "5ª Rep",   etc. 

Na "nossa guerra" (e o adjetivo possessivo "nossa" já dá logo para se começar a espadeirar entre as nossas tropas, uns contra os outros...) também se podia dizer, sem ofensa, "presunção e água cada um toma(va) a que quer(ia)"!... 

O problema é que o pobre do amanuense,  lá na Chefia de Serviço de Justiça e Disciplina do Quartel General do Comando Territorial Independente da Guiné,  não podia dar-se ao luxo de (de)lirar (entenda-se: dedilhar a lira)...

Contavam-lhe um "conto", mas ele não podia acrescentar nem mais uma vírgula nem mais um ponto... E,  no fim,  as contas (e os pontos) tinham que bater certo...Nas hostes, de cada lado, havia muitos "trovadores": não faltava gente para (de)lirar, dedilhar ou tocar a lira... ou, em linguagem de caserna, menos poética, "mandar bitaites". 

Parece ser esse o sentido desta "peça" (antológica) que vamos (re)publicar na série "Humor de Caserna"... Pelo menos, é o que o nosso editor de serviço, acabado de chegar das vindimas nortenhas, deduz do título original (e do seu conteúdo): "Um Herói à Minha Porta: Bazófia Militar", publicado há muitos anos na série "Um amanuense em terras de Kako Baldé"...  

Fanfarras e fanfarrões sempre os há e haverá em todos as guerras e revoluções. O eng Amílcar Cabral teve os seus, fanfarrões e fanfarras.. . O gen António Spínola teve os dele... Enfim, nós tivemos os nossos, o PAIGC teve os dele... Parafraseando o Abílio Magro, o nosso cronista pícaro (do tempo dos últimos soldados do Império), pode-se também dizer (sem ofensa para ninguém)...


Cada "cruzada" com o seu "Mata-mouros"... 

por Abílio Magro


Eu prestava serviço na CSJD/QG/CTIG - Chefia de Serviço de Justiça e Disciplina do Quartel General do Comando Territorial Independente da Guiné, onde, como Furriel Miliciano Amanuense, coadjuvava um Alferes Miliciano na Secção de “Doenças”.

Esta Secção tratava dos processos de doenças, acidentes, ferimentos e mortes (em campanha, em serviço ou em combate) e a minha principal tarefa, para além dos registos, controle e arquivo, era a de verificar se os mesmos estavam devidamente instruídos, isto é,  se continham todos os documentos obrigatórios (ficha do militar, testemunhos, relatórios médicos, etc.) e devolvê-los às unidades instrutoras, se fosse caso disso.

Como devem calcular, durante a minha comissão militar na Guiné, passaram-me pelas mãos inúmeros processos daqueles, proporcionando-me um bom conhecimento do que, oficialmente, sucedeu em muitas das acções em que as NT  sofreram baixas (ferimentos ou mortes) por acção direta ou indireta do IN.

Sendo o território da Guiné-Bissau muito pequeno (com uma área equivalente ao nosso Alentejo), qualquer “embrulhanço” (ataque IN) sofrido pelas NT, era rapidamente conhecido em Bissau e os respectivos pormenores eram transmitidos facilmente de boca em boca.

Contudo, à boa maneira portuguesa (onde “quem conta um conto,  acrescenta-lhe  um ponto”), as notícias chegavam quase sempre exageradas, com algumas bravatas e inúmeras baixas à mistura, factos que não eram minimamente confirmados nos processos que, em  havendo feridos ou mortos, mais tarde me vinham “parar às mãos”.

Num determinado dia em Bissau, constou ter havido um “embrulhanço” às portas da cidade, sofrido por uma qualquer coluna de reabastecimento que dali saíra.

Falava-se então, à boca cheia, entre militares, ter sido esse “embrulhanço” fruto de uma acção muito violenta do IN e onde teriam morrido alguns militares e muitos outros ficado feridos.

Nestes casos mais “mediáticos”, eu tinha por hábito registar a notícia no meu “disco duro” e ficar a aguardar os eventuais processos referentes aos feridos e mortos, se os houvesse.

E houve! Não mortos, mas apenas dois ou três feridos ligeiros e os respetivos processos lá me vieram parar às mãos mais tarde e, se bem me lembro, o que afinal acontecera terá sido o seguinte:

Era uma pequena coluna de reabastecimento cujo destino já não me recordo. Lembro-me que na frente seguia um Unimog com milícias, no meio da coluna duas ou três viaturas com a carga, e, a fechar, outro Unimog, mas com militares.

A data altura rebenta um pneu da viatura da frente, o pessoal atira-se de imediato para o chão e desata a disparar a torto e a direito.

Resumindo: na queda, um milícia partiu um pé, outro deslocou um braço e acho que foi só isso que aconteceu…

Passaram-me pelas mãos muitos processos do género, mas também muitos em que os nossos militares foram gravemente feridos ou mortos em circunstâncias horríveis. Muitos deles por falta de assistência, principalmente após a introdução na guerra, por parte do PAIGC, dos misseis Strela, que impediam a Força Aérea de prestar o apoio célere que até aí prestava às forças terrestres.

Mas havia também muita bazófia e esta julgo que se estendia aos três TO (Teatros de Operações), Angola, Moçambique e Guiné. E era usada mais frequentemente e provavelmente por quem, naquelas guerras, levou uma vida sossegada.

Um dos militares mais condecorados do Exército Português, o famoso Alferes Graduado Comando e guineense Marcelino da Mata (mais tarde, Tenente-Coronel), embora reconhecidamente um grande guerreiro, exagerava imenso nos relatos das suas façanhas, referindo algumas vezes ter enfrentado e derrotado, com reduzido número de efectivos, um número elevado de elementos IN, verificando-se posteriormente em relatórios oficiais que nem o seu grupo era tão reduzido, nem o grupo IN tão elevado. Por vezes referia também árvores com mais de cem metros de altura [??].

Se mesmo aqueles cujos actos heróicos eram reconhecidos gostavam de acrescentar uns “pontos”, imaginem os outros que nunca se viram na necessidade de dar um tiro.

Recordo-me que, já depois do 25 de Abril e numa das minhas vindas de férias à Metrópole, ter-se passado comigo um pequeno episódio ao qual me lembrei de dar o título de : “Um herói à minha porta”.

Morava eu então na cidade do Porto, na Rua Aníbal Cunha onde, perto da minha residência, estava instalada a DORN  (Direção da Organização Regional do Norte) do PCP.

Estávamos no mês de agosto ou princípios de setembro de 1974  (estva de férias) e houve uma tentativa de assalto àquela sede do PCP, com tiros à mistura, pelo que havia dois cordões militares; um junto à Rua da Torrinha e outro junto à Faculdade de Farmácia (portanto, um no início e outro quase no final da rua) para impedir a passagem de pessoas. 

A mim deixaram-me passar por ser morador, mas fiquei por ali, junto à porta de entrada da minha residência, a ver o evoluir dos acontecimentos.

Acalmados os ânimos e abrandada a segurança, chega-se junto a mim um camarada da Guiné, dali daquelas Unidades Militares perto do QG/CTIG e que por cá se encontrava de férias, como eu, ou tinha terminado a comissão (não me recordo) e, acompanhado da respectiva namorada  ou mulher, começa com esta conversa:

- Ó Magro, estes gajos aqui a brincar às guerrinhas! Queria vê-los lá na Guiné, como nós, a aguentar aqueles ‘embrulhanços’!

Claro que não tive coragem para desmascarar o “herói do ar condicionado” junto da namorada, ou mulher, mas aquela narrativa era bem demonstrativa da bazófia que alguns dos nossos camaradas usavam junto de familiares e amigos para se arvorarem em bravos combatentes, ainda que muitos deles não tivessem dado qualquer tirito.

Provavelmente “arrumavam com eles à chapada”! Nunca se sabe…, ele há “heróis” para tudo…!

(Revisão / fixação de texto, título: LG)

Guiné 61/74 - P27243: Parabéns a você (2419): Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto da CMD AGR 16 (Mansoa, 1964/66)

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Nota do editor

Último post da série de 21 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27236: Parabéns a você (2418): José Macedo, 2.º Tenente Fuzileiro Esp (RN), DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74)

Guiné 61/74 - P27242: Felizmente ainda há verão em 2025 (37): Amarante, a princesa do Tâmega, a 30 km de Candoz, e onde a natureza, a história e a cultura se combinam na perfeição (Luís Graça) - III (e última) Parte




Foto nº 35 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes: Entre Ruínas e Fantasmas”, dedicada à vida e obra do poeta-filósofo da saudade > Casa de Pascoaes, em Gatão : Teixeira Pascoaes com a mãe, uma irmã, uma sobrinha e um sobrinho-neto, se não erramos. (O solar, do séc. XVII, foi incendiado nas invasões francesas, tal como outros.)



Foto nº 36 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes: Entre Ruínas e Fantasmas”, dedicada à vida e obra do poeta-filósofo da saudade > Teixeira de Pascoais com a mãe e os irmãos. Ele era o segundo mais velho de sete irmãos. Na foto , está sentado ao lado da mãe com quem, de resto, sempre teve uma relação muito especial. Morreria logo a seguir a ela.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)


Foto nº 37 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes (...) > Excerto de "A Era Lusíada"




Foto nº 38 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Paisagem do Marão. Dedicatória: "Ao poeta Teixeira de Pascoaes, o pintor Raul Brandão, outono de 1928". Teixeira de Pascoaes também foi artista plástico, uma faceta menos conhecida da sua vida e obra...




Fotos nº 39 e 40 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > A serra do Marão, o rio Tâmega, a família, o solar de Gatão, Amarante... foram as suas referências.


Foto nº 41 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > O poeta quando jovem, numa república, em Coimbra com mais colegas da universidade (c. 1898). Sempre detestou a boémia e o espírito coimbrão. Fez o curso de direito. Mas foram as letras a sua paixão.


Foto nº 42 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Excerto de Drama Junqueiriano. Dom Carlos teria sido visita do Solar de Pascoaes...


Foto nº 43 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Cópia de carta, manuscrita e assinada por Leonardo Coimbra, s/d.


Carta, s/d (referência de arquivo: D3 1501, assinada por Leonardo Coimbra, filósofo, amigo e vizinho da Lixa, Felgueiras:


"Meu querido amigo: Recebi daqueles senhores, que o Pascoaes viu em minha casa, um pedido, que desejo, com toda a alma, satisfazer.

É ver se é possível livrar da tropa o mancebo António Cardoso, filho de Manuel Cardoso e Isabel Ribeiro, da freguesia de Lufrei.

O Pascoaes poderá, pelo dr. Macedo ou por outro qualquer tropa, tentar auxiliar-me ?

É mais um favor que lhe fico devendo.

O seu muito amigo e admirador, Leonardo Coimbra".


O dr. Macedo, aqui citado, da Casa dos Macedos (presumimos nós), era uma figura da elite local. Leonardo Coimbra (1883 - 1936), filósofo e pedagogo, militante do Partido Republicano Português (até meados dos anos 20), foi ministro da instrução pública, duas vezes, durante a República (em 1919 e em 1923). Admitimos que a "cunha" metida ao Teixeira de Pascoaes, seja já da época da Ditadura Militar (1926-1933).



Foto nº 44 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > "Ao Soldado desconhecido (morto em França)"> Exemplar do livro de poemas do Afonso Lopes Vieira (1878-1946), publicado em 1925, com dedicatória manuscrita : "A Teixeira de Pascoaes, ao ilustre camarada e velho amigo: estes versos"... O resto da frase é ilegível: "dignos (?) (ou desígnios ?) da alma da Pátria, e que a república (?) (im)berbe (?) apreendeu (?)".



Foto nº 45 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Objetos do quotidiano: cigarros feitos á mão, e que o poeta já não chegou a fumar.


Foto nº 46 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Objetos do quotidiano: o bloco de notas, os óculos, a caneta de aparo... Sabemos que nunca usou caneta de tinta permanente...


Foto nº 47 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Reflexões sobre uma caveira que, se não erramos, pousava em cima da sua secretária...


Foto nº 48 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Conceito de saudade...


Foto nº 49 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Biografia: 1877-1900.



Foto nº 50 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Biografia: 1901-1913.


Foto nº 51 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Biografia: 1913-1928.


Foto nº 52 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Biografia: 1929-1952.


Foto nº 53 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Algumas das obras do autor estão a ser reeditadas.


Foto nº 54 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Biografia: homenagem de Miguel Torga.


Foto nº 55 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Homenagem de Eduardo Lourenço.


Foto nº 56 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Interior da exposição (que se distribui pelos 3 ou 4 pisos do edifício).


Foto nº 57 > Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes" (...) > Antiga cadeia municipal

Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” >


Amarante > 5 de setembro de 2025 > Casa da Cadeia, agora “Lugar Saudade – Teixeira de Pascoaes” > Exposição temporária “Teixeira de Pascoaes: Entre Ruínas e Fantasmas”, dedicada à vida e obra do poeta-filósofo da saudade.


Esta exposição vai estar aberta ao público durante três anos. Foi inaugurada em agosto de 2025. O curador da mostra é José Rui Teixeira, autor das obras Pascoaes – Poesia I, II e III,  e investigador com trabalho amplamente reconhecido na área dos estudos pascoaesianos. Pode ser visitada de segunda-feira a sábado, das 09h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2025). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. O verão é quando a gente quiser e/ou puder (*)... Pelo menos, aqui no blogue dos camaradas e amigos da Guiné que, durante dois anos em que estiveram por lá, "de férias tropicais" (!), só conheceram duas estações, a do tempo seco e a das chuvas.


Começou ontem o outono, diz o calendário, dizem os meteorologistas. Mas ainda há, na Tabanca Grande, restos de materiais que sobraram da canícula... E um deles foi da nossa visita à encantadora cidade de Amarante, terra de bons verdes (quem não se lembra do Gatão, que chegava a Bambadinca ?!), terra de grandes escritores e artistas, terra de património e de história, terra profundamente marcada pela serra do Marão e pelo rio Tâmega, que a divide ao meio (**).

Teixeira de Pascoaes, já muito esquecido dos leitores de hoje (mas que continua a ser estudado na Academia), foi um escritor amarantino de referências nas primeiras décadas do séc. XX. Chegou inclusive a ser proposto como candidato ao Prémio Nobel da Literatura.

Da visita que fizemos à exposição temporária sobre a sua vida vida e obra, selecionámos, com a devida vénia, umas tantas imagens, na esperança de fazer chegar Amarante e o seu grande poeta a um público mais vasto, incluindo os amigos e camaradas da Guiné.



Teixeira de Pascoaes (1877-1952) nasceu e morreu em Amarante. Estudou Direito em Coimbra, mas cedo trocou a jurisprudência pela literatura e pela vida rural, fixando-se na Casa de Pascoaes, em Gatão. Era suficientemente abastado para se dar a esse luxo.

Pascoaes é pseudónimo: seu nome de batismo era Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos. Tem nome de rua em Amarante, rua Teixeira de Vasconcelos. É lá que situa cada onde nasceu. 

Foi um figura central do Saudosismo e da Renascença Portuguesa, destacando-se no Porto e em Lisboa como poeta, filósofo e ensaísta. Autor de vasta obra traduzida para várias línguas, manteve-se fiel à poesia até ao fim da vida, em 1952. É, por excelência, o nosso poeta-filósofo da saudade.

Vd. também RTP Arquivos > RTP2 > 27 de março de 2010 > Programa sobre a Casa-Museu Teixeira de Pascoaes (22' 54''). Apresentação de Maria Amélia Teixeira de Vasconcelos. Série "Casas com História".
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Notas do editor LG:

(*) Último poste da série > 21 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27237: Felizmente ainda há verão em 2025 (36): Alcunhas (populares) e cognomes (reais)

(**) Vd. postes anteriores:

1 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27208: Felizmente ainda há verão em 2025 (31): Amarante, a princesa do Tâmega, a 30 km de Candoz, e onde a natureza, a história e a cultura se combinam na perfeição (Luís Graça) - Parte I

12 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27211: Felizmente ainda há verão em 2025 (32): Amarante, a princesa do Tâmega, a 30 km de Candoz, e onde a natureza, a história e a cultura se combinam na perfeição (Luís Graça) - Parte II

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Guiné 61/74 - P27241: Notas de leitura (1840): Mais perguntas do que respostas nestas fotografias em tempos de Império (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Setembro de 2025:

Queridos amigos,
Foi uma muito bem organizada exposição representada no Padrão dos Descobrimentos, em 2021, com o foco do uso da fotografia ou memória fotográfica no período do colonialismo moderno. Se o leitor, ao folhear agora o livro-catálogo, estiver à espreita de encontrar respostas para este vasto acervo de imagens que se prendem com expedições científicas ou de demarcação de fronteiras, exibição de cerimónias ou mostra de usos e costumes, imagens associadas à "missão civilizadora", com escolas, professores missionários, aprendizagem de artes e ofícios, reordenamentos, as alvoradas do desenvolvimento e, inevitavelmente, as lutas de libertação, os diferentes instantes do conflito. Um belo livro-catálogo, um auxiliar que pode contribuir para modelarmos as respostas.

Um abraço do
Mário



Mais perguntas do que respostas nestas fotografias em tempos de Império

Mário Beja Santos

Com base na exposição que ocorreu no Padrão dos Descobrimentos, em 2021, intitulada "Visões do Império", coordenada por Manuel Bandeira Jerónimo e Joana Fontes, nesse mesmo ano a editora Tinta da China produziu um catálogo que referencia plenamente as matérias versadas no evento expositivo. Escrevia-se então:

“O que nos conta uma imagem? A fotografia foi um elemento fundamental da história do moderno colonialismo português. Sem ela, a idealização e o conhecimento sobre os territórios coloniais, seus recursos e populações, teriam sido diferentes. As imagens fotográficas foram encenadas e comercializadas, com diferentes propósitos: alimentaram a imaginação da dominação colonial, concorrendo para a sua concretização, ajudaram a moldar uma visão do “outro” como essencialmente diferente, nos seus modos de vida, costumes e mentalidades, mas serviram também para denunciar a iniquidade e a violência da colonização, acalentando aspirações de um futuro mais humano e igualitário – sonhos esses com diferentes matizes e orientações políticas. Os seus usos no passado e os seus legados no presente foram e são vastos, heterogéneos e duradouros.
As fotografias expostas são provenientes de várias coleções particulares e de inúmeras instituições, como o Arquivo Nacional Torre do Tombo, a Fundação Mário Soares/Maria Barroso, o Arquivo & Museu da Resistência Timorense, o Arquivo Histórico de São Tomé e Príncipe ou Centro de Documentação e Formação Fotográfica, em Maputo e algumas serão mostradas ao grande público pela primeira vez.”


Numa secção do catálogo escreve o historiador Aniceto Afonso:

“As visitas que fazemos a este período da recente História de Portugal dos novos países confronta-nos com um mundo que deixou subitamente de existir, mas cujas marcas se escondem nas sociedades herdeiras, que continuam magoadas.

A pertinência de um olhar historiográfico abrange, na procura do equilíbrio perante a extensa literatura colonial anterior, em que os temas antes na penumbra se tornam obrigatórios, como a violência, a discriminação, o racismo, a ausência, o domínio, a exclusão, não pode, ainda assim, excluir as influências mútuas, as lutas comuns, a construção de relações de cooperação e a visão de um mundo novo, emergente do fim dos impérios.

A fotografia é um documento fascinante, porque nos permite ‘ver’ um instante que existiu. A partir daí, a fotografia suscita infindáveis perguntas. Coloca-nos num tempo e num lugar, mas não resolve a nossa relação com os acontecimentos. Ou seja, cada uma das fotografias que analisamos sugere-nos questões, dificilmente responde às nossas interrogações, mas não deixa de nos inquietar.”


Em consonância entre a exposição e o catálogo, o que temos agora para folhear é suscetível de levantar mais perguntas do que oferecer respostas. O que aparece em diferentes secções tem como espaço e lugar o Terceiro Império, um branco no colonato do Limpopo parece contrastar com um operário negro moçambicano, isto como chamada de atenção para um vislumbre de uma História que tem pluralidade de visões, em todos os domínios abarcados na exposição. Logo as expedições, que podem até a ver com a delimitação de fronteiras, estudos geológicos, até curiosidades de um tempo em que se acreditava haver raças superiores e inferiores. Há os usos e costumes, destaque para as imagens que mostram o ‘gentio a civilizar-se’; e há o trabalho forçado que veio substituir a escravidão, como Manuel Bandeira Jerónimo analisa a propósito do cacau, por onde andaram chineses:

“Na viragem para o século XX, o caso do ‘cacau escravo’ em S. Tomé e Príncipe, alimentado pelo transporte forçado de milhares de trabalhadores negros oriundos sobretudo de Angola, mas também de Moçambique e até da China, foi um dos mais ampla e acerbamente debatidos. A situação acicatou o nacionalismo imperial, tão característico da época, alimentando teses mais ou menos conspirativas sobre a cobiça e as ambições estrangeiras (estiveram envolvidos missionários, sobretudo protestantes, industriais do cacau como os Cadbury, jornalistas, médicos e autoridades públicas). A fotografia assumiu um papel central, as imagens captadas serviram diversos propósitos: eram as ‘provas’ da ‘civilização’ contra as ‘provas’ da ‘selvajaria civilizada’ do colonialismo português e europeu.

Não faltarão imagens do que passou a ser designado como grandes operações de pacificação, a potência colonial trazia a administração, um posto médico ou de saúde, a escola missionária. Brancos de um lado, indígenas do outro, emergem no trabalho, em colonatos, em colheitas, nas escolas, como profissionais secundários na saúde, os missionários ganharão aqui relevo; com a chegada das administrações e com os planos das infraestruturas, lança-se igualmente a operação dos reordenamentos, fala-se em progresso social e do desenvolvimento, são expressões que acompanham a chamada ‘missão civilizadora’; dá-se a miscigenação cultural, criam-se bandas, grupos étnicos de bailado, emissões de rádio, há uma cidade para brancos e civilizados, cercada de musseques, onde vivem os indispensáveis para o funcionamento da indústria e do comércio; inopinadamente e com escassos anos de diferença, estalam as guerras de libertação, um regime imperial como o Estado Novo não estava preparado para aceitar a mudança dos tempos".


Como observa Afonso Dias Ramos:

“As insurreições eram apresentadas como primeiro e não último recurso dos rebeldes e, durante a guerra, esta lógica visual havia de ser levada ao cúmulo de converter a violência da ocupação colonial em simples e legítima autodefesa. Procurava-se extrair o máximo de capital político da exibição pública sensacional dos cadáveres das vítimas, utilizando fotografias escabrosas para justificar a guerra na Organização das Nações Unidas, mobilizar a sociedade civil, intimidar rebeldes e silenciar críticos. A intensa circulação das imagens impublicáveis focava-se no como e não no porquê dos ataques. Fixava-se nos seus aspetos irracionais para inviabilizar ideias políticas e invalidar as críticas à resposta desproporcional. Justapunha-se a retratos dos soldados como meros agentes da paz, civilização e ordem. Ao longo deste conflito, a brutal guerra foi sendo gradualmente rasurada da imprensa, enquanto as fotografias se iam reduzindo às inócuas vistas dos embarques e desembarques, entre os quais nada parecia ocorrer, até também estas serem proibidas, em 1969.”

Um livro-catálogo de 2021 que mantém flagrante a atualidade. Livro para guardar na estante.

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Nota do editor

Último post da série de 19 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27231: Notas de leitura (1839): A Festa do Outono de 1956 no Campo Grande, eu estive lá (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P27240: No céu não há disto: Comes & bebes; sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (49): Peixinhos fritos, no Douro Bar Petiscaria, junto à Barragem do Carrapatelo; à mesa, os fantasmas do Zé do Telhado e do Serpa Pinto


Foto nº 1 > Cinfães > São Cristóvão da Nogueira > Barragem do Carrapatelo > Douro Bar Petiscaria > 18 de setembro de 2025 > Entrada: fritada de peixe-rei e diversos ciprinídeos, apresentada com limão e salsa. 



Foto nº 2 > Cinfães > São Cristóvão da Nogueira > Barragem do Carrapatelo > Douro Bar Petiscaria > 18 de setembro de 2025 > Entrada: enguias fritas... (durante muito tempo a enguia andou desaparecida do rio Douro, devido às barragens, tal como a lampreia e o sável)


Foto nº 3 > Cinfães > São Cristóvão da Nogueira > Barragem do Carrapatelo > Douro Bar Petiscaria > 18 de setembro de 2025 > Prato principal: peixe frito (boga, lúcio e outros), acompanhado com arroz de tomate e feijão.




Foto nº 4 e 4A > Cinfães > São Cristóvão da Nogueira > Barragem do Carrapatelo > Douro Bar Petiscaria > 18 de setembro de 2025 > Vinho de autor, "Terras de  Serpa Pinto" (*)... Um agradável surpresa.

Fotos (e  legendas): © Luís Graça  (2025). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Cinfães, em matéria de viticultura, pertence à subregião de Baião, Região Demarcada dos Vinhos Verdes... enquanto a nossa Quinta de Candoz pertence à subregião de Amarante...  Em São Cristóvão de Nogueira, na margem esquerda do rio Douro, junto à Barragem do Carrapatelo, fui lá descobrir duas coisas que não há no céu:

(i) peixinho do rio Douro (!), frito, incluindo como entrada umas "enguias fritas" que estavam simplesmente  "divinais" (parece que a enguia-.europeia já estava  a voltar ao Carrapatelo em 2022, diz a EDP!)

(ii) um vinho branco, de autor (!), "Terras de Serpa Pinto"...

Éramos seis (cinco mulheres, incluindo a "chef" Alice, mais eu)... As entradinhas foram uma travessa de peixinhos fritos, juvenis, só com molho de limão e salsa, e mais um prato de enguias fritas; "peixe-rei", disse-me a simpática jovem senhora que nos serviu à mesa, cá fora, sob um toldo, em dia de calor, com vista para a albufeira e a Casa do Carrapatelo (na outra margem).

 E quem diz Casa do Carrapatelo diz logo ( ou pensa no) Zé do Telhado, cujo fantasma continua a povoar a serra de Montedeiras e estas terras das bacias do Douro, Tâmega e Sousa (**).

O prato principal foi uma travessona de peixe frito do rio (lúcio, boga e outros), acompanhada de um tacho de arroz de tomate e feijão... 

Bebemos duas... garrafas do "Terras de Serpa Pinto". Mais o pão,  a salada e os cafés. No final, pagámos 110 euros, com gorjeta.

 Seguramente que no céu, condomínio de luxo, será mais caro (***)...

Aqui fica o nome e o endereço deste achado: 

Douro Bar Petiscaria,
São Cristovão da Nogueira, Cinfães,  
Telemóvel: + 351 916 093 515


Tem página no Facebook. Diz que está sempre aberto. Mas não: fecha á terça.

2. Os nossos "vagomestres" deviam ser  especialistas em peixe de rio (e de... bolanha). Mas infelizmente não o são...

Aqui vão então algumas dicas para suprir essa falha. Com a ajuda do assistente de IA / Perplexity.

O melhor peixe do rio Douro, especificamente na albufeira da Barragem do Carrapatelo, para fritar, é a boga.  É de pequeno porte e sabor delicado. É tradicionalmente servida frita em casas ribeirinhas da região que deviam abundar, em tempos, mas hoje não. 

Hoje em dia  aqui apanham-se várias espécies de peixe, tanto autóctones como exóticas.  As principais espécies invasoras são o lúcio-perca, o achigã e o lúcio. A sua introdução nas nossas albufeiras teve um impacto muito negativo.

Peixinhos bons  par fritar: 

  • a boga (Pseudochondrostoma polylepis) é muito apreciada frita, crocante por fora, é tradicional nas margens do Douro;
  • barbo (Barbus bocagei) também pode ser preparado frito ou em caldeiradas, sendo consistente e saboroso; 
  • enguia (Anguilla anguilla), embora menos comum, também é servida; 
  • peixinhos do rio (vários ciprinídeos, da família da Carpa,  de pequeno tamanho), usados para frituras rápidas, apresentados, com limão e salsa, e normalmente acompanhados com arroz de tomate ou migas.

Espécies que se apanham hoje (mas um crescente número são espécies exóticas):

Os peixes nativos de maior destaque são o barbo, a boga e a enguia:
  • Barbos (Barbus spp.);
  • Boga (Pseudochondrostoma polylepis);
  • Enguia (Anguilla anguilla).

A carpa (Cyprinus carpio) não é nativa.  Entre os peixes exóticos capturados, nomeadamente na pesca desportiva e artesanal, estão: achigã, lúcio-perca, carpa e pimpão, sobretudo nas zonas profundas da albufeira:
  • o siluro (Silurus glanis), o grande peixe-gato europeu, predador de topo, pode chegar a medir mais de 2 metros e pesar até 100 kg: é uma ameaça crescente para o rio Douro;
  • o achigã (Micropterus salmoides) é outra "praga", sendo originário da América do Norte: é um predador voraz de ovos e juvenis de peixes nativos; 
  • o lúcio (Esox lucius): espécie da Europa Central e Norte da Ásia, foi introduzida para a pesca desportiva.
Todos estes peixes têm valor algum comercial e são apreciados na gastronomia local. E inclusive já aparece nas bancas de peixe dos nossos hipermercados.

Outras espécies exóticas que representam ameaça ao ecossistem
a: 
  • Lúcio-perca (Sander lucioperca)
  • Ruivaco (Rutilus rutilus)
  • Alburno (Alburnus alburnus)
  • Pimpão (Carassius carassius)

3. A  EDP  diz que está a fazer a  monitorização das eclusas de peixes no Douro (esperemos que não seja "show-off"). É  um mecanismo que facilita a migração de peixes no rio; os resultados recentes são positivos e mostram que há espécies nativas a transpor as barragens; o projeto da EDP esteve em destaque na celebração do "World Fish Migration Day",  em 2022.


Num artigo publicado há mais de 3 anos, a EDP Global disse:

(...) Criadas para facilitar a passagem de peixes, as eclusas são um mecanismo essencial para garantir a biodiversidade e a proteção das espécies fluviais. 

A monitorização da ictiofauna que utiliza as eclusas de peixes está atualmente em operação em cinco barragens: Crestuma-Lever, Carrapatelo, Régua, Valeira e Pocinho.

Os resultados deste projeto demonstram, por exemplo, que uma espécie migradora em risco de desaparecimento, como é o caso da enguia-europeia, tem utilizado as eclusas para chegar à albufeira da Valeira, a 145 quilómetros da foz do rio Douro. 

É nas áreas a montante que crescem e se preparam para voltar ao mar, onde se reproduzem – no espaço de ano e meio, foram contabilizadas quase 25 mil enguias na barragem de Carrapatelo.

 Também já se observou o aparecimento de outras espécies nativas, como a solha das pedras, a truta marisca, o peixe-rei ou o robalo-legítimo.(...)

O investimento que foi feito para modernizar o funcionamento das eclusas, espera-se que venha a contribuir para que "outras espécies migradoras, como a lampreia e o sável, possam também transpor as barragens do Douro num número expressivo". 

Oxalá assim seja, senhores da EDP, de quem eu sou fidelíssimo cliente até agora!

 O projeto também permite detectar a presença de espécies invasoras (como a achigã ou o peixe-gato-negro).

(...) A presença do lúcio, lúcio-perca e achigã na bacia do Douro representa um dos principais desafios ecológicos contemporâneos da região. 

Proteger as espécies autóctones exige um esforço coordenado entre cientistas, autoridades locais e a sociedade civil. (...)

(Pesquisa: LG + Assistente de IA / Perplexity)

(Condensação, revisão / fixação de texto, negritos: LG)

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Notas do editor LG:

(*) Alexandre Alberto da Rocha de Serpa Pinto,(1846-1900),  militar, explorador e administrador colonial, é filho de Cinfães.

(**) Vd. poste de 21 de setembro de 2025 Guiné 61/74 - P27238 : As nossas geografias emocionais (58): Rio Douro: Nos caminhos do Zé do Telhado: Barragem e Casa do Carrapatelo

(***) Último poste da série : 7 de setembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27193: No céu não há disto: Comes & bebes; sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (48): Jaquinzinhos da "arte xávega" da Praia da Vieira, azeitonas, arrozinho de tomate, pão, e vinho... Um home mata a sua fome e a sua sede..