quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2425: O Nosso Livro de Visitas (1): Manuel João Coelho, Cabo Especialista da FAP (Aeroporto da Portela)

1. Mensagem de Manuel João Coelho, com data de 7 de Janeiro de 2008:

Felicitações pelo excelente blogue!

Voluntário na Força Aérea, de 1963 a 1966, fui colocado no então AB 1- Aeródromo Base n.º1 no Aeroporto da Portela, em Lisboa, de 1964 até final do tempo de tropa.

Escapei à mobilização para África, mas tornei-me, com outros camaradas, testemunha de episódios que poucos conheceram.

Refiro-me à chegada dos aviões de evacuação, DC-4, Skymaster e DC-6, dos Transportes Aéreos Militares, que traziam para Lisboa, os feridos e acidentados da guerra.

Os vôos normais desembarcavam os passageiros a par dos aviões civis, no estacionamento frente ao Terminal... os de evacuação chegavam à noite, por vezes de madrugada, e eram deslocados para a placa no interior do AB1, longe dos olhos da população.

Como Cabo Especialista MMA (Mecânico de Material Aéreo) fazia parte da equipa que recebia o avião: reboque com tractor, ajuda na abertura da porta e colocação da escada de saída, para além de outras tarefas.

Este momento de abertura era sempre de tensão, a porta abria-se e saía um bafo terrível, mistura de suor, éter, sangue, restos de comida, as macas sobrepostas, os feridos de todos os tipos... rebentamento de minas, amputados, cegos, queimados, cacimbados, feridos à bala, com estilhaços.

E depois a confusão da saída das macas, levanta à frente, baixa, baixa atrás, aguenta, segura!...o despacho e presteza das enfermeiras-páras que, por vezes, acompanhavam o pessoal, o ar pálido/horrorizado das madames da Cruz Vermelha, com as suas capas cinzentas, e que com os seus belos penteados eram um anacronismo ali, pese a sua boa vontade.


Nestes vôos eram particularmente difíceis os que vinham da Guiné.

A viagem era mais curta, tínhamos a sensação de que alguns daqueles desgraçados tinham ferimentos ainda frescos: camuflados rasgados, ligaduras empapadas em sangue, um ar esgazeado mostrando a surpresa, a incredulidade face ao sucedido.



Guiné> Vista aérea da Base Aérea 12> Bissalanca

Foto retirada do Blogue dos Especialistas da BA12, Guiné 1967/74, com a devida vénia

Recordo-me, como se hoje fora, de uma noite em que chegaram dois aviões quase em simultâneo. Não havia capacidade de transporte para o Hospital da Estrela e anexos, de tanta gente, as ambulâncias não chegavam e lá vieram os autocarros da Academia Militar para transportar os feridos que pudessem viajar sentados.

Tenho dois amigos, açorianos como eu - Ponta Delgada, S. Miguel - ambos furriéis milicianos, que estiveram na Guiné, julgo que a partirde 66 até 68 ou 69. Um, o Tibério Branco, andou por Catió e Buba, tanto quanto recordo, o outro, Álvaro Lemos, em Aldeia Formosa.

Os dois contavam, no regresso, como tinha sido a vida deles naquele território e, anos depois, já com o país independente, visitei a Guiné: Bissau, Nhacra, Bafatá, Cacheu e, na carrinha que percorria a estrada, olhando em redor, para aquela vegetação, as bolanhas, os rios e as jangadas, as tabancas - numa delas a inscrição numa parede "Viva o Benfica" - pensei neles, nos meus amigos de adolescência, no seu sacrifício. E nalguns colegas que morreram na guerra em África: o Martins, o Norberto, o Amaral, o João Manuel Cordeiro e outros cujo nome esqueci.

Ao mesmo tempo interrogava-me: se eu tivesse vindo aqui parar, teria conseguido, será que aguentava isto?

Um abraço e continuação do bom trabalho

Manuel João B. Ferreira Coelho


2. Resposta do co-editor CV:

Caro João Coelho:

Desde já agradecemos as suas palavras amáveis e a descrição que faz da sua experiência, colateral, da Guerra Colonial.

Julgo que os nossos verdadeiros amigos e camaradas que tiveram a ventura de escapar àquela guerra, sentiram por nós, os que para lá fomos, uma saudade e um temor que só terminaria naquele abraço trocado aquando do regresso definitivo.

Todos nós temos a lamentar a morte de alguém, que fazendo parte do imaginário da nossa juventude, foi levado antes do tempo, cuja memória provocará uma saudade e uma dor por toda a nossa existência.

O Coelho pode considerar-se Tertuliano e Amigo do nosso Blogue, porque visitou a Guiné-Bissau e viveu de muito perto os efeitos da Guerra Colonial.

Receba um abraço do co-editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Carlos Vinhal

Guiné 63/74 - P2424: Álbum das Glórias (37): Os alferes da CART 1690 ou uma estória de amizade e camaradagem a toda a prova (A. Marques Lopes)

Lisboa > Jantar de Natal 2007 > Os quatro gloriosos alferes da CART 1690 > Ao fundo, estão o Domingos Maçarico, à esquerda, e o Alfredo Reis, à direita. Em primeiro plano, está o António Moreira, à esquerda, e o A.(ntónio) Marques Lopes, à direita.

Foto: © A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.

1. Texto do A. Marques Lopes, ex- Alf Mil At Inf, CART 1690 (Geba) / CCAÇ 3 (Barro) (1968/69):

Caros camaradas:

Tenho-vos falado muitas vezes da CART 1690, sobre a qual há alguns postes no blogue da Tabanca Grande. Já fiz também referência aos alferes que por ela passaram. Mas quero, agora, falar-vos mais em pormenor destes gloriosos alferes, que é como nós próprios nos designamos, porque a nossa glória é continuarmos juntos. É bom que os conheçam pessoalmente. Aqui estão eles, num jantar do Natal de 2007, em Lisboa:

(i) O Domingos Maçarico (ainda um parente afastado do Luís Graça...), nascido na Praia de Mira, é engenheiro agrónomo e membro da Administração do Grupo Espírito Santo (1);

(ii) o Alfredo Reis, de Santarém, é veterinário e está reformado (embora pratique ainda);

(iii) o António Moreira, de Idanha-a-Nova, é advogado em Torres Vedras e é, recentemente eleito, do Conselho Geral da Ordem dos Advogados;

(iv) o A. Marques Lopes é, como sabem, coronel reformado.

Como todos, também temos a nossa história.

Jovens e estudantes - o Domingos Maçarico no, então, Instituto de Agronomia de Lisboa (conheceu lá o Pepito), o Alfredo Reis no Instituto de Veterinária de Lisboa, também assim chamado então, o António Moreira na Faculdade de Direito de Lisboa e o A. Marques Lopes na Faculdade de Letras de Lisboa - fomos apanhados para frequentar, em Janeiro de 1966, o Curso de Oficiais Milicianos em Mafra.

De lá saímos, em Julho desse ano, como Atiradores de Infantaria. Andanças por vários lados, a seguir (Lamego, Amadora...), e tornámos a encontrar-nos no RALIS (Regimento de Artilharia de Lisboa), que nos mobilizou para a Guiné, a 4 de Dezembro de 1966.

De 6 de Dezembro deste ano a 23 de Fevereiro de 1967 estivemos no GAGA2 (Grupo de Artilharia Contra Aeronaves N.º 2) a dar a especialidade aos soldados da que foi designada CART 1690, e que foram connosco para a Guiné.

Passámos, depois, pelo RAC (Regimento de Artilharia de Costa) de Oeiras, Carregueira, IAO... e embarcámos em 8 de Abril. Mas, antes, grandes patuscadas e farras tivemos juntos nos bares e baiúcas de Lisboa, acompanhados pelo capitão da companhia, o Guimarães (já vos falei dele, mas penso que um dia hei-de dizer mais alguma coisa...) (2). Nessa fase cimentou-se a nossa amizade.

Desembarcados do Ana Mafalda (3) para LDG, começou a Guiné, rio Geba acima. E ficámos em Geba. Eu fiquei na sede da companhia, às ordens do capitão e do Comando do Agrupamento. Eles foram distribuídos pelos destacamentos, por onde também passei, mas por pouco tempo. Já há coisas no blogue sobre Geba.

Em 21 de Agosto de 1967, fui ferido na estrada de Geba para Banjara e fui, uma semana depois, evacuado para o HMP, em Lisboa (2) . O Domingos Maçarico foi ferido em 21 de Setembro de 1967, sendo igualmente evacuado para o HMP. O Alfredo Reis foi ferido na mesma altura, mas esteve apenas vários dias no hospital em Bissau. O António Moreira nunca foi ferido. Ele e o Reis estiveram sempre na companhia, em Geba e destacamentos, até Outubro de 1968.

O Maçarico não voltou à Guiné. Eu voltei em Maio de 1968, mas fui colocado na CCAÇ 3, em Barro.

Depois da minha evacuação para o HMP, fui substituído na companhia pelo alferes Fernando da Costa Fernandes, que foi dado como desaparecido em campanha em 19 de Dezembro de 1967, durante a operação Invisível em Sinchã Jobel (4): O alferes Fernandes foi, depois, substituído pelo alferes Carlos Alberto Trindade Peixoto, que foi morto em 8 de Setembro de 1968, durante um ataque ao destacamento de Sare Banda.

O Domingos Maçarico, depois de evacuado, foi substituído pelo alferes Orlando Joé Ribeiro Lourenço. Este voltou à metrópole são e salvo, mas nunca alinhou, nem nos encontros da companhia.

Somos nós os quatro, os sobreviventes, como também dizemos, que nos mantemos unidos entre nós e com os elementos da companhia. Com alguns intervalos, e eu explico a seguir.

Entre 1969 e 1974, os meus amigos e camaradas que estão comigo na fotografia, dedicaram-se a acabar os seus cursos e, depois, à vida pofissional, mantendo, embora, contactos entre si. Mas eu estive afastado deles durante esses anos, pois decidi afastar-me de qualquer actividade normal e pública, não os podendo contactar (é outra história que não cabe aqui).

A seguir ao 25 de Abril, foi o Maçarico que esteve afastado, pois acompanhou a família Espírito Santo quando eles foram para o Brasil. E, nesses primeiros anos após a revolução, também eu andei afastado, devido ao meu empenhamento nessa fase.

Mas, passado tudo isso, há cerca de trinta anos que estes quatro ex-alferes, camaradas e amigos na Guiné, e antes dela, se encontram pelo menos quatro vezes por ano, além dos encontros da companhia. Temos ideias muito diferentes sobre certas coisas, cada um disparando, agora, para seu lado, mas a amizade cimentada na juventude e na guerra mantém-se e está acima de tudo.

Queria dizer-vos isto, porque penso que, no novesforanada, deve-nos unir o que vivemos e passámos, e vão a amizade e a compreensão.

Abraço

A. Marques Lopes

PS - Estou farto de falar a estes malandros no blogue e a convidá-los para entrarem. Mas não há meio (5).


2. Comentário de L.G.:

É uma história exemplar, bonita e serena de amiazade e camaradagem entre homens que a guerra e a Guiné uniu e que as profundas mudanças operadas a seguir ao 25 de Abril de 1974 não separaram... O vosso caso não é inédito, mas eu acho, camaradas, que vocês davam um belo case study...

________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post 3 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - XXXIX: Sinchã Jobel II e III (A. Marques Lopes).

Já falei duas ou três vezes ao telefone com o Domingos Maçarico... Por uma razão ou outra (mas sobretudo de natureza profissional), ainda não nos encontrámos nem nos conhecemos pessoalmente... Mas tudo indica que, na nossa árvore genealógica, temos ascendentes comuns, já que a família Maçariço, que remonta ao Séc. XV, à época dos Descobrimentos, está basicamemte concentrada em Ribamar, concelho da Lourinhã, tendo um ramo emigrado, talvez no Séc. XIX - para a Praia de Mira... Todos os Maçaricos precisam de viver à beira-mar... Hoje há Maçaricos na diáspora, e nomeadamente nos EUA e no Canadá... Mas, segundo o Domingos Maçarico, a sua família também andou pelo Brasil...

Na página da família (que não é da minha responsabilidade...) pode ler-se:



(...) Ribamar na época dos Descobrimentos era já um importante centro de construção naval, tendo ainda existido até cerca de 1930 um estaleiro que situava no local onde está hoje a escola primária.

E já nesses tempos idos os Maçaricos eram reconhecidos como especialistas nessa área tendo acompanhado diversas expedições navais. E provavelmente estabeleceram-se também noutras localidades onde existiam estaleiros, possível explicação para haver outras famílias Maçarico espalhadas pelo Pais, como por exemplo em Mira. (...)

Daqui vai um grande abraço para o meu parente e camarada Domingos Maçarico, com a promessa de num belo verão destes eu o levar até às minhas bandas... Mas ante disso temo-nos de encontrar em Lisboa... Há dias passei pela Praia Mira, tomei um café no Mac Bar (que é de um Maçarico) e lembrei-me deste ramo (mais esquecido ou mal conhecido) da família...

(2) Nesta azarada companhia, até o capitão foi morto em combate... vd. postes de:

29 de Maio de 2005 > Guiné 69/71 - XXXIII: A morte no caminho para Banjara (A. Marques Lopes)

10 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1745: Eu e o meu capitão e amigo Guimarães, morto aos 29 anos, na estrada de Geba para Banjara (A. Marques Lopes, CART 1690)

(3) Vd. postes de:

8 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXXXII: Caminhos entrecruzados: Ana Mafalda, Cantacunda... (A. Marques Lopes)

28 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LXXXVII: A caminho da Guiné, no 'Ana Mafalda' (1967) (A. Marques Lopes)

(4) Vd. post de 5 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - XLV: Sinchã Jobel VII (A. Marques Lopes)

(5) O Domingos Maçariço é está registado na nossa Tabanca Grande, por decisão unilateral, oficiosa, arbitrária, do Luís Graça... Por sua vez, há uma referência ao Reis, no poste de 25 de Junho de 2005 > Guiné 69/71 - LXXXI: Cartazes de propaganda dirigidos aos 'homens do mato' (A. Marques Lopes / Alfredo Reis)

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2423: Guiledje: Simpósio Internacional (1-7 de Março de 2008) (6): Como inscreveres-te ?


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 2410 (Junho de 1969 a Março de 1970) > O Alf Mil José Barros Rocha "posando sobre a roda de uma peça de artilharia 11,4 (ou o obus 14 ?" (JBR) Os Dráculas - CART 2410 - estiveram em Guileje, de Junho de 1969 a Maio de 1970. Sobre a querstão dos calibres 11,4 (peça de artilharia) e 14 (obus), já se publicaram vários postes (2).
Foto: © José Barros Rocha (2007). Direitos reservados.

1. Mensagem do Carlos Silva (3):

Caro Amigo Luís

(i) Acabei de receber o mail do Carlos Schwarz, que me dá umas dicas, relativamente à inscrição para participar no Simpósio Internacional sobre Guiledje

(ii) Há camaradas da Tertúlia que também vão à Guiné e que vão participar no evento e que não sabem como fazer a inscrição. Tal como eu não sabia. Daí eu enviar-te este mail, para - se entenderes - divulgá-lo.

(iii) Eu já passei a mensagem ao António Pimentel e ao Álvaro Basto, que também desconheciam como efectuar este acto.

Recebe um abraço

Carlos Silva

2. Pedido de esclarecimento do Carlos Siva enviado à AD- Acção para o Desenvolvimento, enquanto elemento-chave da organização do Simpósio:

Vi no vosso site que irá realizar-se na República da Guiné-Bissau um Simpósio sobre Guiledje , de 1 a 7 de Março de 2008, no qual gostaria de participar, mas em lado algum encontrei as condições de inscrição.

Será que V. Excia. poderá informar-me sobre o modo da inscrição e respectivos custos?

Desde já agradeço a vossa atenção dispensada.

Com os melhores cumprimentos, Carlos Silva


3. Resposta do Pepito, em nome da sua ONG (que é genuinamente guineense):

Caro Carlos Silva:

A inscrição é facil. Basta enviar:

- Nome

- Estudos académicos

- Ocupação profissional

- Uma foto digital para produção do cartão de acesso à sala do Simpósio.


Quanto às despesas de transporte (avião), alojamento e alimentação elas decorrerão por sua conta (ver informações do site).


4. Em 2 de Dezembro último, já tínhamos recebido um pedido de esclarecimento do nosso camarada José Rocha (1):

Viva! Camaradas!

Estou entusiasmado com a VISITA a Guiledje!

Sempre sonhei revisitar o local onde mais porrada levei!... E não queria morrer sem realizar o sonho! Adiei sempre por motivos que se prendem unicamente com a permanente instabilidade no País... Será que é desta?!

Os Camaradas terão a possibilidade de me facultar todas as informações relativas à minha POTENCIAL ida, durante o Simpósio de Março próximo ? Embora não integrando a equipa responsável pelo evento, gostaria de ver o nosso Guiledje!...

Dar-me-ão todas as dicas para o efeito? Fico muito grato!

Um grande abraço
E até breve!

José Rocha (1)
CART 2410
(Os Dráculas)
Guileje, 1969/70

5. Em 3 de Dezembro último, o Pepito deu, a nosso pedido, a seguinte resposta ao José Rocha:

Sem querer dizer "tudo ao molho e fé em Deus", há sempre lugar para mais um e sobretudo para quem tem argumentos tão fortes e decisivos como o teu. Em função do programa (ver site http://www.guiledje.org/) (4) nós tentaremos assegurar o transporte Bissau-Guiledje, a alimentação e o alojamento (mesmo que seja em tendas de campismo). Pode ser?

Já em Bissau é que não podemos garantir o alojamento. Estamos a fazer tudo por tudo para assegurar a alimentação.

abraço
pepito

6. Mensagem já enviada, entretanto, a todo o pessoal da Tabanca Grande:

Malta da tertúlia:

Preciso que me digam quem está a pensar ir à Guiné por ocasião do Simpósio Internacioanl sobre Guiledje (vd. o respectivo sítio na Net, donde consta toda a informaç~so sobre o programa, os oradores, etc. )... e quer participar, em todas ou nalgumas actividades...

O nosso amigo Pepito seguramente fará o melhor para nos/vos receber. Comuniquem directamente a ele e mim. Luís

Reposta ao email: ad@orange-bissau.com


7. Pedido do Pepito, formulado há dias:

Luís:

Poderás fornecer-me a lista do pessoal que já confirmou a vinda para o Simpósio ? Por duas razões:

(i) para as dar a conhecer através do site;
(ii) para emitir o cartão que lhes dará acesso ao Simpósio e à visita a Jemberem (Guiledje, Cantanhez, etc.)

Estamos a ver se conseguimos vistos para todos os participantes.

Para a identificação de cada um precisamos de:

- Nome
- Funções que ocupa actualmente se estiver reformado ou aposentado, a ocupação ou profissão que exercia antes]
- Companhia [ou outra unidade militar] a que pertenceu [e onde esteve, na Guiné]
- Data de chegada [a Bissau] e meio de transporte [por ex., voo da TAP, via terrestre]

abraços
pepito

___________

Notas dos editores:

(1) Vd. post de 6 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1568: Álbum das Glórias (8): Os Dráculas, CART 2410, Guileje (José Barros Rocha)

Vd. também post de de 18 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1443: Contributo para a história da construção do aquartelamento de Guileje (José Barros Rocha, CART 2410, Os Dráculas, 1969/70)

(2) O nosso especialista em artilharia, o coronel na reforma, Nuno Rubim, diz que o 11.4 é uma peça (de artilharia) e o 14 é que é o obus... Eu confesso que não consigo distingui-los... Sobre a artilharia em Bedanda e Guileje, vd. posts:

18 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1443: Contributo para a história da construção do aquartelamento de Guileje (José Barros Rocha, CART 2410, Os Dráculas, 1969/70)

15 de Janeiro de 2007 >Guiné 6/74 - P1434: Artilharia em Guileje: a peça 11.4 e o obus 14 (Nuno Rubim)

6 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1407: Tertúlia: apresenta-se o Coronel de Cavalaria Carlos Ayala Botto, ajudante de campo do General Spínola

8 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1159: Álbum fotográfico (Hugo Moura Ferreira) (2): Bedanda, ontem (CCAÇ 6, 1970) e hoje

6 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1155: Álbum fotográfico (Hugo Moura Ferreira) (1): Bedanda, CCAÇ 6, 1970: O Obus 14 contra o foguete Katiusha

(3) Vd. post de 8 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2417: Tabanca Grande (51): Carlos Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 2548/BCAÇ 2879 (Jumbembem 1969/71)

(4) Vd. post de 27 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2305: Guileje: Simpósio Internacional (1-7 de Março de 2008) (5): O sítio oficial na Net e o diorama de Nuno Rubim

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2422: Quem terá sido o Camarada que ficou na campa do António Baptista? (Prisioneiros de Guerra) (Virgínio Briote)

Maia > Moreira > Cemitério local > Foto do Jornal de Notícias, edição de 18 de Setembro de 1974, mostrando o soldado António da Silva Batista, a visitar a sua própria campa.

A notícia do jornal era: "Morto-vivo depôs flores na sua campa". Na lápide pode ler-se: "Em memória de António da Silva Batista. Falecido em combate na província da Guiné em 17-4-1972".

A foto, de má qualidade, foi feita pelo nosso camarada Álvaro Basto, ex-Fur Mil Enf da CArt 3492 (Xitole, 1971/1973), com o seu telemóvel, na Biblioteca Pública Municipal do Porto, e remetida ao Paulo Santiago.

Foto: © Álvaro Basto (2007). Direitos reservados.
Legenda de Luís Graça.

Será que o António da Silva Baptista foi confundido com o Soldado António Oliveira Azevedo?

Pelo que lemos abaixo no Anexo B, tudo indica que sim.

Juntamos mais dois documentos ao processo do nosso Camarada António da Silva Baptista, o morto-vivo do Quirafo.

__________

1. Relatório da CCaç 3490


cópia do relatório da CCaç 3490, Saltinho, 21 de Abril de 1972

Exemplar nº…
CCaç 3490
Saltinho
210800ABR72

Anexo B (Relação do pessoal morto e ferido em combate) ao relatório de emboscada nº 03/72.

1.Causas que deram origem às baixas sofridas pelas NT

-Contacto com o IN na emboscada sofrida pelas NT no dia 17 de Abril de 1972, na
região do Quirafo (Contabane 9. B7-60).

i)Relação numérica e nominal dos militares, milícias e elementos da População
colaborantes com as NT, mortos em combate:



- Sr. Alf. Mil. Nº 00788271 – Armandino da Silva Ribeiro
- Furriel Mil. Nº 01142371 – Francisco Oliveira dos Santos
- 1º Cabo Radioteleg. Nº 08845271 – António Ferreira
- 1º Cabo A.P.Met. nº 14964771 – Sérgio da costa Pinto Rebelo
- Soldado nº 09334069 – António Marques Pereira
- Soldado nº 10665171 – Bernardino Ramos de Oliveira
- Soldado nº 10896771 – Zózimo de Azevedo
- Soldado nº 10998071 – António da Silva Baptista
- Soldado nº 11117671 – António de Moura Moreira
- Sargento Mil. Nº 044665 – Demba Jau
- Civil – Serifo Baldé
- Civil - Tijane Baldé

ii)Relação numérica e nominal dos militares desaparecidos em combate

- Soldado nº 11331671 – António Oliveira Azevedo

iii) Relação numérica e nominal dos militares, feridos em combate

- 1º Cabo Atirador nº 11549071 – Augusto Carlos Leite
- Soldado Atirador nº 10819171 – José Manuel de Barros Fernandes
- Soldado Atirador nº 10977271 – Manuel Hernâni Martins Alves Gandra
- Soldado Atirador nº 11060971 – Manuel da Costa Almeida
- Civil – Saico Seidi
- Civil – Cabirú Baldé

Assina pelo Comandante da Companhia (Dário Manuel de Jesus Lourenço, Cap. Mil. Inf.) o Alf. Mil. Alexandrino Luís F. (restante ilegível).


2. Nota do QG da R. Miltar do Porto, solicitando que fossem pagos ao António Baptista os vencimentos em atraso e que fosse definida com urgência a sua situação militar.





REGIÃO MILITAR DO PORTO
Quartel General
1ª Rep./1ª Secção

Distribuição:

- Chefe da Repartição do Gabinete / CEM
- Chefe da RSP /DSP/ ME
- Chefe da 1ª Rep./ EME
- Presidente da Comissão Liquidatária do CTIG (B.C.5)
- Comandante do RI 2
- Comandante do DGA

Assunto: Situação de um soldado regressado da Guiné

1. O soldado Atirador de Inf. nº 10998071 – António da Silva Baptista, foi mobilizado pelo RI 2/BCaç 3872/CCaç 3490 tendo seguido para a Guiné em 18 de Dezembro de 1971.
2. Em 17Abr72, quando em operações, sofreu uma emboscada de que resultou ter ficado prisioneiro pelo que foi levado para Konacri-República da Guiné.
3. Em 14Set74 foi entregue pelo PAIGC às autoridades militares portuguesas, em Bissau, tendo recebido guia de marcha para se apresentar no DGA.
4. Deu entrada no HMP para efeito de ser observado na clínica médica e, a seu pedido, por ficar mais próximo da terra da sua naturalidade, passou aser examinado no HMR em regime ambulatório, situação em que ainda se encontra.
5. Quando chegou à Metrópole teve conhecimento que estava dado como falecido e que havia sido sepultado no cemitério da freguesia de Moreira, concelho da Maia, uma ossada, em caixão fechado, como sendo a sua.
6. O referido soldado desde que foi feito prisioneiro (17-4-72) até à presente data ainda não recebeu os vencimentos a que se julga com direito.
7. Em face do que fica exposto, encarrega-me o Exmº Brigadeiro Comandante da Região, de solicitar às entidades a quem se envia a presente nota para que sejam tomadas as necessárias e urgentes providências que o caso requer, dado que se arrasta há já meses, designadamente quanto ao abono dos vencimentos a que o soldado tiver direito, e definição da sua situação militar.

À 1ª Rep./EME solicita-se a prestação da informação em relação às prvidências pedidas pela N/Nota nº 8547/A- Pº 1/1-MF de 19Set74.

O Chefe do Estado-Maior

Eurico de Deus Corvacho

__________

Notas de vb: Vd. posts sobre o António Baptista

Guiné 63/74 - P2421: Em busca de... (15): Pessoal da companhia madeirense que esteve em Jemberem (1973/74) (Luís Candeias, amigo do Arsénio Puim)

Guiné > Região de Tombali > Jemberem > 2005 > "Foto de um marco existente em Jemberem, sede da nossa ONG, em Cantanhez, que foi reparado e que, em homenagem à ONG portuguesa Instituto Marquês Valle Flôr-IMVF (que intervém na zona e com quem vamos trabalhar no projecto Guiledje), se chama Praça IMVF".

Foto e legenda do nosso amigo Pepito, fundador e director exectivo da AD- Acção para o Desenvolvimento, enviada em Outubro de 2005.

Este pequeno monumento evoca a passagem, por aquelas paragens, de uma companhia (que se presume seja a CCAÇ 4942/72)... Na base do monumento lê-se:

"Os Nómadas, pioneiros de Jemberem, Pelundo > 27 Out 72, Cadique > 21 Jan 73, Jemberem > 20 Abr 73".

Do lado esquerdo, em parte tapada pelo corpo da jovem que aparece na imagem, há um brazão de uma unidade (companhia ? batalhão ?) e um número: 6521...

Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2005) (Com a devida vénia...)


1. Mensagem de Luís Candeias, da Ilha de Santa Maria, região Autónoma dos Açores:


Sou um visitante assíduo deste Blogue. O meu nome é Luis António Ricardo Candeias. Sou natural e residente na Ilha de Santa Maria, nos Açores, onde exerço a actividade de Controlador de Tráfego Aéreo.

Sou conterrâneo e amigo do Arsénio Chaves Puim, (aqui mencionado nalguns textos por ter sido capelão militar na Guiné) e afastado pelas suas ideias e coerência (1).

Visito este blogue em busca de notícias de companheiros e amigos desses terríveis tempos da Guerra do Ultramar.

Tenho hesitado em contactar-vos porque, não tendo sido mobilizado para a guerra, não me sinto no direito de me intrometer nas histórias e sofrimento que apenas conheci no conforto do B.I.19 (Funchal), destacamento militar do Porto Santo e B.I.18 (Ponta Delgada).

Fui incorporado no 1º Turno de 1973 no CISMI em Tavira, onde fiz recruta e especialidade. Fui depois colocado no B.I.19 (Funchal) como Cabo Miliciano Atirador de Infantaria e onde fui depois promovido a Furriel Miliciano.

Aí, enquanto aguardava a mobilização, que achava inevitável, integrei várias Companhias de Instrução com os meus Companheiros que foram partindo.

Um batalhão para Cabinda, onde ficaram mais de 20 companheiros, entre eles 2 amigos, Alferes Ferreira e Neves, e uma Companhia para Guiné que ainda vi ser desmobilizada no Funchal antes da minha transferência para Ponta Delgada. Tanto quanto sei, eles estiveram colocados em Jemberém, local que não vejo mencionado no que aqui tenho lido.

Essa Companhia saiu do Funchal no fim do Verão de 1973, e apanhou o fim da guerra depois de Abril de 1974, tendo regressado ao Funchal onde foi desmobilizada. Não me recordo do nº da Companhia e, como não vejo aqui referências a Jemberém (2), pergunto:

Será que esse aquartelamento tinha também outro nome?

As únicas coisas de que nunca me esquecerei são as amizades que fiz com eles, a alegria de os ter visto voltar quase todos, e 2 nomes que retenho por razões completamente diferentes: Tenente Coronel João Mário de Sampaio e Castro, Comandante na altura no BI 19, terrível Comandante; e Major Ramiro Morna do Nascimento, de quem guardo as melhores recordações pelos seu humanismo e sentido de justiça.

Se por acaso souberem algo destes meus amigos que passaram por Jemberém e me puderem informar, ficava muito agradecido.

Se não souberem, paciência, e, mais uma vez desculpem por favor a minha intromissão nos vossos sentidos e muito merecidos desabafos.

Grato pela atenção

Luís Candeias

Vila do Porto, 7 de Janeiro de 2008

2. Comentário de L.G.:

Luís Candeia: Ficamos todos sensibilizados pela tua mensagem. Tu não chegaste a ir à Guiné, mas hoje bem podias ser nosso camarada. Por isso não tens que pedir desculpa. Foi a roleta da sorte. Mesmo assim, passaste por Tavira, como muitos de nós. Tiveste apenas um pouco mais de sorte...

Não tenho muita informação para te parte sobre a tal companhia (madeirense, em princípio) que procuras e que terá ido parar a Jemberem, na mítica mata do Cantanhez... Encontrei, no entanto, no nosso arquivo uma foto com um monumento construído pela CCAÇ 4942/72, que os teus madeirenses terão substituído.

Esta unidade ocupou Jemberem, até então sob controlo do PAIGC, em 20 de Abril de 1973, e terá construído o respectivo aquartelamento, o que bate certo com a legenda da foto, acima reproduzida... Se o meu raciocínio estiver certo, a unidade (madeirense) que procuras é a CCAÇ 4946/73 (se o número estiver correcto, o que tenho dúvidas)...

Recentemente o nosso camarada A. Marques Lopes referiu, na lista das unidades que passaram por Barro (3), a existência da CCAÇ 4942/72, cuja actividade operacional vem resumida nestes termos:

(...) Em princípios de Abril de 73, seguiu para Cadique, na zona de acção do COP 4, a fim de tomar parte na operação Caminho Aberto, com vista à instalação de uma subunidade em Jemberém. Em 20 de Abril de 73, após o desembarque e ocupação daquela área, assumiu a responsabilidade do subsector de Jemberém, então criado, iniciando a construção do respectivo aquartelamento e ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 4 e depois do BCAÇ 4514/72, e ainda, após reformulação dos limites dos sectores, do COP 5.

Depois de ser substituída no subsector de Jemberém pela CCAÇ 4946/73, instalou-se em Barro, a partir de 23 de Fevereiro de 1974, a fim de efectuar a sobreposição e render a CCAÇ 3519. Em 12 de Março de 1974, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3 e depois do BART 6522/72 e ainda do BART 6521/74. Destacou ainda um pelotão para Bigene, em reforço da guarnição local (...).


Vou pedir ao pessoal da nossa Tabanca Grande para te ajudar com informação mais detalhada. Peço-te que mandes um grande abraço ao nosso camarada e amigo Puim: estive com ele em Bambadinca no 2º trimestre de 1970... Diz-lhe que o esperamos - eu, o Abílio Machado, o Humberto Reis, o Tony Levezinho, o Jorge Cabral e tantos outros - na nossa Tabanca Grande, de braços abertos... Eu quero o testemunho dele, para memória futura, desse longo, penoso e sinistro dia, 1 de Janeiro de 1971, em que a PIDE/DGS de Bissau o foi buscar e o arrancou do nosso convívio (1)...

__________

Notas dos editores:

(1) Sobre o Arsénio Puim, ex-Alf Mil Capelão, da CCS do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72), vd. posts de:

5 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1925: O meu reencontro com o Arsénio Puim, ex-capelão do BART 2917 (David Guimarães)

17 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1763: Quando a PIDE/DGS levou o Padre Puim, por causa da homília da paz (Bambadinca, 1 de Janeiro de 1971) (Abílio Machado)

(2) Jemberem, na mata do Cantanhez: Vd. Carta de Cacine. Não confundir com Jembembem, que pertence a Farim, no norte (fronteira com o Senegal).

(3) Vd. post de 7 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2416: Unidades que passaram por Barro, na região do Cacheu (A. Marques Lopes)

Guiné 63/74 - P2420: Notas de leitura (6): Amílcar Cabral, um lusófono fazedor de utopias (António Rosinha)

1. Texto do nosso amigo Antonio Rosinha (1):

Luis e co-editores,

Custa-me a entender como não surgiu ainda, nenhum de nós, tertulianos, a falar algo sobre esta biografia da figura mais importante, para muitos, tanto para a política nacional daquele tempo, como pessoalmente para muitos de nós, e principalmente para milhões de Africanos e Luso-africanos, muitos destes circulando hoje no meio de nós. Se alguem já se debruçou sobre o assunto, não me apercebi (2).

Mas eu não resisto, a pronunciar-me sobre o que mais me marcou no que o autor escreve, documentado, e que, tirando uma outra novidade para mim, susbscrevo na integra, porque mesmo sem documentos, só naquela de "se queres acreditar, acredita", eu vivi e senti ao vivo, desde 1957 a 1997 (40 anos) em que vivi nos trópicos a sul do paralelo do Funchal:

Nos primeiros capítulos o que me chamou mais à atenção, foi a análise das diversas contradições e injustiças da colonização portuguesa, que ajudariam A. Cabral a decidir-se por uma tomada de posição. E o contrassenso de um país atrasado e com tanto analfabetismo colonizar aqueles territórios. Até aqui, praticamente sempre ouvi desde que cheguei a Angola, a brancos que se arrogavam de 2ª, mestiços e a alguns pretos, tanto colegas nos diversos serviços onde trabalhei, como superiores hierárquicos, bem como no curso de sargentos milicianos em 1959 em Nova Lisboa, onde senti mais o sentimento anticolonial. Evidentemente, mais tarde ouvi a Nino Vieira, Luis Cabral coisas semelhantes e até na Ilha da Madeira, onde andei a fazer túneis, ouvi no Chão da Lagoa a Alberto J. Jardim, coisas semelhantes. Sem falar na TV Globo, periodicamente, no Brasil onde tambem permaneci 4 anos.

Em seguida, o que chamou mais a atenção, foi sem dúvida a capacidade diplomática e a inteligência de A. Cabral, para praticamente sozinho, no caso da Guiné, conseguir conjugar a seu favor as forças mais antagónicas: Fidel Castro/Igreja, CIA/KGB, Senghor/Sekou Touré, e até em Bissau conseguiu anular qualquer movimento que se lhe opusesse. Mas mais impressionante foi juntar aquilo que se continua ainda hoje a considerar um projecto incompreensível, ou seja a UNIDADE GUINÉ-CABO VERDE.

Ainda, sobre Cabo Verde, o autor observa, para a maioria dos Caboverdianos, o ideal não seria a independência, mas um estatuto semelhante aos Açores e Madeira. É uma observação que, assino por baixo, pois imensos colegas e amigos de diversas ilhas, que viviam em Angola, sempre frisavam, e é com muita satisfação que eu vejo, hoje, aquele povo a lutar por se aproximar do nivel dos seus vizinhos Açoreanos, Madeirenses e Canarinos. E estão a demonstrar que têm imensa capacidade e inteligência para o fazer. E Portugal penso que está a colaborar com eles.

Uma coisa que se estranha, ao ler o livro, é que o autor, não consegue entrevistas de Guineenses relevantes, apenas com as irmãs de A. Cabral. Entra então na parte negativa do PAIGC, ou seja as coisas que, pelo menos em Bissau, se falam com frequência, quer sejam os assassinatos entre os membros do partido, dos comandos africanos e de civis, claro que se subentende que seriam coisas tão graves, que o autor se atreve a perguntar, se foi justo fazer o povo Guineense sofrer o que sofreu.

Sobre a morte de A. Cabral, há suspeitos no livro que vão desde Spinola, Nino, Sekou Touré, que, digo eu, talvez todos os detectives dos policiais do nosso Beja Santos não descobririam o responsável.

Luis Graça, se algo me está a motivar a escrever isto tudo, que acabo de escrever, e até de ter lido o livro, é principalmente, para transcrever uma frase do autor que atribui a um pensamento de Adriano Moreira, aquando de ter sido ministro do Ultramar(pag.141), que é a seguinte: A sua crença mais profunda era a de que uma comunidade de países que falavam a mesma lingua haveria certamente de sobreviver ao fim do império.

Para quem conheceu o Ultramar antes de 1960, principalmente Angola, sabe que uma independência naquela altura, da presença portuguesa, nesta altura existia tanto, como existe em Caxemira ou Ceilão ou Goa. Nem os vizinhos nem as potências grandes permitiam que sobrasse nada.

Um abraço,

António Rosinha

____________

Notas dos editores:

(1) Vd. post de 29 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1327: Blogoterapia (7): Furriel Miliciano em Angola, em 1961; topógrafo da TECNIL, em Bissau, em 1979 (António Rosinha)

Vd. outros posts do autor:

17 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2274: RTP: A Guerra, série documental de Joaquim Furtado (6): Luís Cabral, os assimilados e os indígenas (António Rosinha)


11 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1358: Nostalgias (1): No cais do Xime, dois velhos Unimog pedindo boleia a algum barco (António Rosinha, ex-topógrafo da TECNIL)

(2) Vd. posts de:

21 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2292: Bibliografia de uma guerra (25): Amílcar Cabral, fazedor de utopias: uma biografia escrita pelo angolano António Tomás

22 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2297: Notas de leitura (2): Biografia de Amílcar Cabral (João Tunes)

Guiné 63/74 - P2419: Tabanca Grande (52): Salutacions cordials a nostre amic catalan Àlex Tarradelas

1. Mensagem do nosso amigo catalão Àlex (1):

Caro Luís, obrigado a si. Se alguma vez precisar, ou simplesmente gostasse de publicar em castelhano ou catalão algum artigo que ache interessante para perceber o sentido do seu blog, ou qualquer coisa que achar que interessante para ser difundida, informe-me, e dentro da minha disponibilidade vou traduzi-lhe, encantado.

Um grande abraço,

Àlex Tarradellas

2. Comentário de L.G.:

Obrigado, Àlex, pela tua disponibilidade. Accionarei o eixo da amizade Portugal -Espanha-Catalunha-União Europeia-África-Guiné Bissau, sempre que se justificar e nos apetecer... Se me dás licença, vou-te pôr na lista dos amigos da Guiné que fazem parte da nossa Tabanca Grande... Vejo que estás atento a (e te interessas por) o que se passa hoje, não só na Guiné-Bissau como noutros países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) (2).
____________

Notas de L.G.:

(1) Vd. post de 3 de Janeiro de 2008 >Guiné 63/74 - P2403: Antologia (67): As Duas Faces da Guerra: Como si la guerra fuera un simple juego de ajedrez (Álex Tarradelas)

(2) Vd. texto de Alex Tarradellas (que escreveu o prólogo e traduziu para castelhano o livro da mçamnicana Paulina Chiziane): Paulina Chiziane em espanhol. Diário dos Açores. 14/7/2007.

(...) Com o seu primeiro romance (Balada de Amor ao Vento, 1990), Paulina Chiziane foi considerada a primeira mu-lher de Moçambique a escrever um romance. No entanto, ela contradiz este dado ao negar sentir-se romancista. Define-se simplesmente como contadora de «estórias»: «Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos em volta da fogueira, a minha primeira escola de arte.» As «estórias» são a forma de definir a narrativa de cunho popular e tradicional nutrida de uma grande influência oral. (...).

(...) Se nos cingimos ao caso de Paulina Chiziane, encontramo-nos com uma mulher nascida em 1955 em Manjcaze, uma população rural no sul de Moçambique. Aos sete anos muda-se para os subúrbios de Maputo, conhecida como Lourenço Marques nos tempos coloniais. Ali, subsiste com o seu pai a trabalhar como costureiro pelas ruas e a sua mãe como camponesa. Na capital, conhece a independência do país a 25 de Junho de 1975. E os bons augúrios nacionalistas, gerados após libertar-se das tropas portuguesas, dissipam-se rapidamente com o início da guerra civil, que não vai terminar até 1992 com o Acordo Geral de Paz.

Durante este turbulento período, Paulina Chiziane obtém a sua formação escolar e começa os estudos em linguística na Universidade Eduardo Mondlane, mas não os acaba. Com o tempo, começa a publicar contos na imprensa moçambicana, até que em 1990 escreve o seu primeiro romance. O facto de trabalhar na Cruz Vermelha durante a guerra civil permite-lhe nutrir-se da crueldade do conflito na primeira fila (...).

(...) Com a publicação em espanhol de O Sétimo Juramento, a autora adentra-nos numa sociedade cheia de contradições, onde os costumes convencionais chocam constantemente com as raízes ancestrais das personagens.

David é um guerrilheiro que, após a independência de Moçambique das forças portuguesas, converte-se em director de uma fábrica. Membro de uma emergente pequena burguesia, assentada sobretudo em Maputo, agirá como um bom cristão. No entanto, perante o primeiro problema pessoal com que se depare, recorrerá à magia negra. Esta será a tónica geral de um reduzido grupo social regido por dogmas católicos e, ao mesmo tempo, carregado de hipocrisia. Portanto, apesar de agir sob os princípios da ciência, a religião católica e, em resumo, o modus vivendi trazido do Ocidente, não poderá fugir das religiões animistas que acompanharam os seus antepassados.

Ao longo do romance, Paulina Chiziane desvela-nos uma vida cheia de dualismos que se entrecruzam constantemente: passado e presente, revolucionários e acomodados, tradições ancestrais e religião católica, homens e mulheres, jovens e anciões, curandeiros e feiticeiros, magia negra e magia branca e um longo etc. Contudo, é muito importante destacar que não se trata de puro maniqueísmo, senão de binómios, muitas vezes enlaçados sem poder separar-se. Esta é a essência do romance, um mundo de contradições e incompatibilidades entre crenças. Uma longa história de feitiçaria num mundo dual, característico da sociedade africana. (...)


Paulina Chiziane
é editada em Portugal pela Caminho
(a quem são devidos os créditos fotográficos desta imagem).

Guiné 63/74 - P2418: Estórias (secretas) dos nossos criptos (2): Mariema também era minha (Albano Gomes, CART 2339, Mansambo, 1968/69)

Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > Mansambo > CART 2339 (1968/69)> O 1º Cabo Op Cripto e a Mariema.



Foto: © Albano Gomes (2007). Direitos reservados



1. Mensagem do Albano Gomes:


Na minha ex-especialidade de Cripto, não me era autorizado divulgar o quer que fosse, por muita amizade que houvesse com os meus camaradas, entre eles o Torcato.



Mas, como em 19 de Novembro de 2006 na Guiné 63/74 - P1295 Fotos Falantes - o Torcato Mendonça escreve sobre a Mariema, a minha Bajuda (2), vou agora em tom de brincadeira, divulgar ao meu camarada amigo Torcato, que a Mariema também era minha, a minha Bajuda.

Não o divulguei na altura em Mansambo pela classificação de segurança (CONFIDENCIAL) que lhe atribui ao facto (3).

Um abraço para ti, Luís, e para ti , Torcato.

Albano Gomes

_______________


Notas dos editores:


(1) Vd. post de 28 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2387: Tabanca Grande (46): Albano Gomes, residente em Chaves, ex-1º Cabo Cripto da CART 2339 (Fá e Mansambo, 1968/69)

(2) Vd. post de 19 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1295: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (7): Mariema, a minha bajuda...

(3) Vd. post de 1 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2396: Estórias (secretas) dos nossos criptos (1): Braimadicô, o prisioneiro (Albano Gomes)

Guiné 63/74 - P2417: Tabanca Grande (51): Carlos Silva, ex-Fur Mil da CCAÇ 2548/BCAÇ 2879 (Jumbembem 1969/71)


Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > Março de 2007 > As antigas instalações para sargentos, que faziam parte do edifício (integrado) onde estava instalado o comando do Batalhão do Sector L1 (No meu tempo, BCAÇ 2852, 1968/70, e BART 2917, 1970/71)... O fotógrafo foi o Carlos Silva, hoje advogado... Segundo ele, "o caramelo que está com o télélé, é o nosso camarada Camilo, de Lagoa, da CCAÇ 1565 (Jumbembem), que vai à Guiné anualmente, 2 e 3 vezes, integrando expedições humanitárias. O tipo é mais apanhado do clima do que eu"... Segundo me disse o Xico Allen, em 27 de Dezembro de 2007, quando estive com ele e o resto da minitertúlia de Matosinhos, o Camilo será um dos elementos integrantes da caravana (sete jipes e carrinha, num total de vinte e tal pessoas) que, em princípio, partirá de Portugal para a Guiné-Bissau, por via terrestre... O Carlos Silva sei que também vai... Espero que o cancelamento do Rali Lisboa-Dacar, devido à alegada insegurança ma Mauritânia, não venham resfriar o entusiasmo e afectar os planos dos n0ssos camaradas que querem também assistir ao Simpósio Internacional de Guileje.

Foto: © Carlos Silva (2007). Direitos reservados.


Carlos Silva , ex-Fur Mil CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71 (1)

1. Mensagem de Carlos Silva, com data de 13 de Dezembro de 2007, dirigida a Luís Graça e a Virgínio Briote

(i) Caro Luís:

Recebi o teu mail, de 20 de Julho de 2007 (1). O meu silêncio deve-se ao facto de que tenho o tempo de todo o mundo e não tenho tempo para nada. Trabalho, viagens dentro e fora, preguicite aguda, etc.

Não estou enganado em datas. Fiz o CSM no CISMI em Tavira, Armas Pesadas, no 2.º trimestre de 1969, fui para Aveiro, RI 10, e rapidamente e em força para o TO da Guiné, CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Farim, porque fazia lá muita falta, embora na minha opinião eu deveria ter ficado por cá.

Mas uma coisa é certa, se não tivesse ido para aquelas paragens, hoje não estava integrado na tua família, na nossa grande família, a dos tugas, não teria ido pisar, obrigatoriamente (e algumas vezes, voluntariamente, conhecer) o chão e as gentes da Guiné.

Eu não estou nas fotos que te enviei e relativas a Bambadinca (1). O caramelo que está com o télélé, é o nosso camarada Camilo, de Lagoa, da CCAÇ 1565 (Jumbembem), que vai à Guiné anualmente, 2 e 3 vezes, integrando expedições humanitárias. O tipo é mais apanhado do clima do que eu. (Vd. foto acima reproduzida).

Mas, já agora, aproveito para enviar-te as minhas fotos para fazeres o favor de colocar no quadro de honra da Tertúlia da Tabanca Grande.

Não envio mais fotos, porque, como te disse anteriormente, tenho um manancial delas que ultrapassam as 3000, além daquilo que escrevi. Portanto, a oferta de 2 ou 3 DVD será para se realizar durante um Bate-Papo actual e ex-Chez Toi do nosso tempo d’ouro, 22 anos nas terras calientes do mato e das bazucas na 5ª Rep em Bissau.

Esta referência ao Bate-Papo já deve ser familiar para ti, pois consta no roteiro dos restaurantes de Bissau, no site do Simpósio Internacional sobre Guiledje, à disposição dos conferencistas do Simpósio do qual fazes parte (2).

A propósito, o bicho penetrou-me e, como tal eu e mais camaradas do meu Batalhão, vamos a 24 de Fevereiro ou a 2 de Março para Bissau.

Gostaria de participar ou assistir ao Simpósio mas no citado site não encontro qualquer indicação para inscrições e respectivos custos. Tu tens conhecimento destes procedimentos? Se souberes agradeço, que me informes.

(ii) Caro Virgínio:

Meu camarada velhinho

Eu pisei o Chão que tu pisaste, K3 – Farim, Lamel, Jumbembem, Norobanta, Cuntima e vice-versa, bem como, as Tabancas abandonadas do nosso Sector, mas só a partir de 69/71, já tu felizmente te encontravas no ar condicionado, a beber outro tipo de bazucas e a comer outra espécie de berbigão à europeia.

Então, meu malandro, integraste o célebre BCAV 490, da Ilha do Como, e estreante do nosso Sector?

Pois eu já li tudo sobre aquela batalha, existente no Arquivo Militar Histórico, e tenho a História da vossa Unidade que fui buscá-la de propósito e muito fresquinha ao Regimento de Cavalaria 3, em Estremoz, a qual tu deves ter sem dúvida, pois há camaradas teus que já a têm, por distribuição do Paulo Bastos, do Pel Ind 953 (Canjambari e Jumbembem), e que vai aos vossos almoços no último fim de semana de Maio. Aliás que coincide com o meu e que organizo há vinte e tal anos.

Pois é, temos muito que falar. E, sendo assim, passemos a falar de coisas sérias.
Não sei navegar no vosso extraordinário site. É normal, sou periquito, mas vou aprender. Pois o método das minhas visitas é entrar e percorrer o conteúdo que me é dado a conhecer. Mas deve haver uma maneira de pesquisar, não só pelos nomes, como é indicado no blogue.

Contudo, aproveito para perguntar e sugerir. Não será possível criar ou sistematizar os sites, blogues, as páginas ou pastas por Sectores? Tal como vocês têm para Bambadinca? E outras situações?

Eu sou um leigo na matéria, mas digo isto, porque nas visitas encontrei esporadicamente os vossos registos P2207 sobre o Vasco Lourenço, que é do meu Batalhão, P1976 referente a mim, P2335 relativo ao Artur Conceição, da CART 730/BART 733, Jumbembem, e P2245 do Vítor Silva, meu contemporâneo da CART 3331 (Cuntima) e, como tal, se houvesse uma pasta relativa ao Sector era muito mais fácil de procurar, porque as buscas eram direccionadas para lá, conforme os interesses. Penso eu.

Se criarem uma situação destas, penso que há muita coisa para lá meter. Gostaria de saber a vossa opinião.

Recebam um abraço
Carlos Silva


2. Porque nós não demos resposta ao mail acima, Carlos Silva, em 26 de Dezembro de 2007, voltava ao ataque:

Olá Amigos:

Há dias enviei um mail para o vosso mail geral, mas ainda não recebi qualquer resposta, pois estamos no período natalício.

Caro Virginio:

Vi agora em recente busca ou consulta que tens uns itens sobre Cuntima e naquele de Notícias de Farim, para o nosso amigo Anízio em S. Paulo, dizes que Cuntima fica a 30 Kms de Farim, pois, olha, fica a 46 Kms, e que Canjambari é uma povoação a sul de Farim, [para lá do rio Cacheu, fica o K3, Mansabá] também aqui a tua memória falha, na medida em que fica a nordeste daquela vila e a leste de Jumbembem.

Segue uma foto do Paulo Bastos do Pel Ind 953 que esteve em Canjambari e Jumbembem em 1965/66, convivendo com o BCAV 490 e com o BART 733, onde está a placa com as distâncias entre Farim e as povoações do sector. Actualmente já não existe tal placa, pois tenho lá ido várias vezes desde 1993, sendo a última em Março passado e não a vejo lá.

Fazes também uma descrição sobre um ataque em Farim durante um batuque onde num saco, misturaram granadas de todos os tipos, projecteis de balas, até, uma bomba de avião que não tinha rebentado. E foi tudo pelos ares, população incluída"... Estes factos passaram-se durante a tua permanência em Cuntima? Ou ouviste contar a história?

Enfim, faço esta pergunta, porque estou interessado em escrever sobre a guerra no nosso sector e tenho feito investigação, principalmente lendo as Histórias das Unidades que passaram pelo Sector de Farim, incluindo a História do BCAV 490 e não li nada disso. Aliás, a versão que li, consta na História do BART 733 a págs. 116 e que se passou no dia 1 de Dezembro de 1965 e já o BCAV 490 não se encontrava em Farim, foi que:

Secção da CART 731 (+), Secções da CCS transportaram feridos e mortos devido ao rebentamento de um explosivo lançado por elementos subversivos durante um batuque que se realizava no Bairro de Morucunda pelas 21h 30m. O rebentamento do engenho causou a morte de 27 indivíduos, 70 feridos graves e vários feridos ligeiros, todos civis. As NT sofreram um ferido grave que foi evacuado com os feridos civis mais graves num DAKOTA….

Tenho um livro do Armor Pires Mota - Guiné, Sol e Sangue, Editora Pax, [Braga] - da CCAV 488/BCAV 490 que é bastante interessante. Conheces?

Brevemente, falarei do maior ronco da Guiné, 24 toneladas, efectuado em Faquina Fula e Faquina Mandinga, bem como de Sitató, onde a minha CCAÇ 2548 teve o primeiro morto e 4 feridos.

É com muito interesse que leio o blogue e principalmente as histórias sobre os factos que se passaram no nosso Sector de Farim, por isso, gostaria de saber uma forma mais simples de busca sobre escritos relativamente ao sector, na medida em que não conheço os posts. Será possível fazer a busca de forma diferente sem ser pelas palavras?

Recebam um abraço e feliz quadra natalícia


4. Comentário de L.G.:

Carlos: Obrigado pela tua insistência e pelas tuas críticas e sugestões. A pesquisa sobre os conteúdos do nosso blogue pode ser feita de várias maneiras: (i) directamente no blogue (inserindo um ou mais descritores na janela do canto superior esquerdo do blogue: por exemplo: Jumbembem + "CCAÇ 2548"); (ii) procurar na página pessoal de Luís Graça (infelizmente não há ainda uma página sobre Farim ou outros sectores importantes); e (iii) procurar no Google (utilizando três ou mais palavras-chaves: por exemplo, Guiné + blogue + Farim + "Carlos Silva")...

As dúvidas que levantaste em relação à inscrição no Simpósio Internacional sobre Guileje já foram, em sede própria, esclarecidas ou ultrapassadas, independentemente da conveniência de maior e melhor divulgação deste assunto, nas páginas do nosso blogue.

O Virgínio Briote terá, de certo, oportunidade de responder às questões que lhe puseste. Quanto a mim, espero (re)encontrar-te em Bissau, dentro de dois meses, para termos o tal Bate-Papo no antigo Chez-Toi e matarmos saudades de Tavira e da nossa instrução de especialidade (armas pesadas de infantaria) ...

Até lá um Alfa Bravo.
Luís Graça
____________

Notas de CV:

(1) Vd. post de 20 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1976: Tabanca Grande (27): Carlos Silva, mais um 'apanhado do clima' (CCAÇ 2548, Jumbembem)

(2) Obrigado, Carlos, não fazia a mínima ideia que era o antigo Chez Toi, um dos bares chungas do nosso tempo (1969/71)...Aqui ficam algumas dicas sobre o Restaurante Bate-Papo:

Localização: Rua Eduardo Mondlane, junto à Estação Meteorológica, Bissau
Telefone: 7202122
Com música ao vivo
Comida europeia e africana
Entradas: 1.000 a 3.500 Cfa
Prato principal: 3.000 a 25.000 Cfa
Sobremesa: 1.000 a 1.500 Cfa

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2416: Unidades que passaram por Barro, na região do Cacheu (A. Marques Lopes)

Guiné > Região de Cacheu > Barro > CCAÇ 3 (1) > 1968 > O nosso camarada A. Marques Lopes, na altura Alf Mil da CCAÇ 3. O seu grupo de combate eram os Jagudis.

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Espaldão do morteiro 81, guarnecido por dois jagudis, de etnia balanta.

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Os jagudis emboscados

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma equipa de futebol. O A. Marques Lopes é o terceiro, de pé, a contar do lado esquerdo.

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Jagudis reparando a cerca de arame farpado.

Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma bulldozer da engenharia militar...



Guiné > Região do Cacheu > CCAÇ 3 > Barro > 1968> Uma aspecto da povoação de Barro, ao tempo em que lá esteve o Alf Mil A. Marques Lopes, nosso camarada, hoje coronel, DFA, na reforma.

Fotos: © A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.


1. Texto do A. Marques Lopes, ex- Alf Mil At Inf, CART 1690 (Geba) / CCAÇ 3 (Barro) (1968/69).


1ª Companhia de Caçadores

Início: anterior a 1 de Janeiro de 1961. Extinção: 1 de Abril de 1967 (passou a designar-se CCAÇ 3)

Síntese da Actividade Operacional

Era uma unidade da guarnição normal, com existência anterior a 1 de Janeiro de 1961 e foi constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local, estando enquadrada nas forças do CTIG então existentes.

Em 1 de Janeiro de 1961, estava colocada em Bissau, com um pelotão destacado em Nova Lamego, onde foi transitoriamente instalada, na totalidade, em 3 de Abril de 1961, com pelotões destacados em Sedengal e Cacheu e depois em S. Domingos. Após a reorganização do dispositivo de 23 de Agosto de 1961, foi substituída em Nova Lamego, por troca, pela 3ª CCAÇ, regressando a Bissau, tendo destacado efectivos para várias localidades da zona Oeste, nomeadamente em Ingoré, Enxalé, Susana, Mansabá e Bigene e também, na zona Sul, em Cabedú.

A partir de 1 de Julho de 1963, foi colocada em Farim, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239, com pelotões destacados em S. Domingos e Ingoré e secções em Susana, Mansoa, Mansabá, Bigene e Barro, tendo depois ainda deslocado efectivos para Bissorã, Cuntima, Olossato, Binta, Guidage, Canjambari, Porto Gole e Enxalé, sucessivamente integrada no dispositivo e manobra dos batalhões que assumiram a responsabilidade do sector de Farim.

Em 27 de 0utubro de 1966, foi colocada em Barro, onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, então criado na área do BCAÇ 1887 e transferido, em 3 de Novembro de 1966, para a zona de acção do BCAÇ 1894, mantendo, no entanto, dois pelotões destacados no anterior sector, em Binta e Canjambari, este último deslocado para Jumbembém, a partir de meados de Janeiro de 1967.

Em 1 de Abril de 1967, passou a designar-se CCAÇ 3.
_________________________

Companhia de Caçadores n.° 3

Divisa: "Amando e Defendendo Portugal"

Início: 1 de Abril de 1967 (por alteração da anterior designação de 1ª CCAÇ) (2)Extinção: 31 de Agosto de 1974

Síntese da Actividade Operacional

Em 1 de Abril de 1967, foi criada por alteração da anterior designação de 1ª CCAÇ. Era uma companhia da guarnição normal do CTIG, constituída por quadros metropolitanos e praças indígenas do recrutamento local.

Continuou instalada em Barro, mantendo-se então integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1894, com dois pelotões destacados em reforço do BCAÇ 1887 e estacionados em Binta e Jumbebém, este depois em Canjambari a partir de finais de Setembro de 1967. Ficou sucessivamente integrada no dispositivo manobra dos batalhões e comandos que assumiram a responsabilidade da zona de acção do subsector de Barro.

Após recolha dos pelotões instalados em Binta e Canjambari em 20 de Julho de 1968, destacou, em meados de Outubro de 1968, um pelotão para Guidage, tendo assumido, em 9 de Março de 1969, a responsabilidade do subsector de Guidaje por troca com a CART 2412 e destacando então dois pelotões para Binta, sendo especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá, onde em 21 e 22 de Janeiro de 1969 tomou parte na Operação Grande Colheita, realizada pelo COP 3.

Em 22 de Fevereiro de 1972, rendida em Guidaje pela CCAÇ 19, assumiu a responsabilidade do subsector de Saliquinhedim, onde substituiu a CCAÇ 2753 e ficou integrada no dispositivo e manobra do COP 6 e depois do BART 3844.

Em 8 de Dezembro de 1972, foi substituída, transitoriamente, por forças da CART 3358 no subsector de Saliquinhedim e foi colocada em Bigene para onde se deslocou, por escalões, em 26 de Novembro de 1972 e 8 de Dezembro de 1972 e onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector em substituição da CCAÇ 4540/72, ficando então novamente integrada no dispositivo de contrapenetração no corredor de Sambuiá.

Em 31 de Agosto de 1974, as praças africanas tiveram passagem à disponibilidade e, após desactivação e entrega do aquartelamento de Bigene ao PAIGC, o restante pessoal recolheu a Bissau, tendo a subunidade sido extinta.
_________________________

Companhia de Caçadores n.° 91

Partida: Embarque em 27 de Abril de 1961; desembarque em 3 de Maio de 1961. Regresso: Embarque em 12 de Abril de 1963

Síntese da Actividade Operacional

Inicialmente, ficou colocada em Bissau, tendo destacado dois pelotões para Mansoa e Piche em 13 de Maio de 1961. Em 8 de Junho de 1961, foi transferida para Mansoa, sendo integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239, a partir de 6 de Julho de 1961, tendo dois pelotões destacados em Piche e Bissorã.

De 23 de Agosto a 1 de Novembro de 1961, também na dependência do BCAÇ 239, foi deslocada para Farim, com os seus efectivos disseminados pelas localidades de Bissorã, Barro, Bigene e, por um curto período, em Cuntima, Jubembém e Mansabá. Em seguida, a sede da subunidade voltou a Mansoa, mantendo-se, entretanto, os destacamentos atrás referidos e orientando a sua actividade para a segurança e controlo das populações, com a missão de impedir a instalação do inimigo na área.

Em 10 de Abril de 1963, foi substituída em Mansoa pela CCAÇ 413, a fim de recolher a Bissau para efectuar o embarque de regresso.
_________________________

Batalhão de Caçadores n.° 239

Partida: Embarque em 28 de Junho de 1961; desembarque em 6 de Julho de 1961 Regresso: Embarque em 24 de Julho de 1963

Síntese da Actividade Operacional

Inicialmente constituiu apenas um comando reduzido, sendo-lhe atribuída a responsabilidade da zona Oeste, desde Varela ao meridiano de Cuntima e ate aos rios Mansoa e Geba. Em 8 de Maio de 1963, passou a comando completo, com a chegada dos respectivos elementos de recompletamento: 2.° comandante, CCS, Pelotão de Reconhecimento e Pelotão de Sapadores.

Desde logo instalado em Bula, assumiu a responsabilidade da referida zona de acção, comandando e coordenando a actividade das companhias estacionadas em Teixeira Pinto, Mansoa e Bula (esta a partir de 16 de Agosto de 1961, depois colocada em S Domingos em 12 de Janeiro de 1963) e dos pelotões atribuídos em reforço, cujos efectivos se encontravam disseminados por Ingoré, Bissora, Mansaba, S Domingos, Cuntima, Farim, Bigene, Barro, Cacheu, e sucessivamente, a partir de finais de Outubro de 1963 por Susana, Jumbembém, Varela, Caio. Em meados de Junho de 1963, foi, entretanto, instalada outra companhia, em Farim, com a consequente reformulação das respectivas zonas de acção.

Inicialmente, desenvolveu intensa actividade de patrulhamento, de reconhecimento e de contactos com as populações com vista à sua segurança e protecção, tendo coordenado ainda a acção das suas forças na reacção a primeira acção armada na Guiné, efectuada na noite 20/21 de Julho de 1961 em S. Domingos. A partir de Janeiro de 1963, a sua actividade incidiu na contrapenetraçao contra actos de terrorismo.

Em 20 de Julho de 1963, foi rendido pelo BCAÇ 507, para o qual transitaram os elementos recebidos no recompletamento para comando completo.
___________________________

Companhia de Caçadores n.° 413

Partida: Embarque em 3 de Abril de 163; desembarque em 9 de Abril de 1963. Regresso: Embarque em 29 de Abril de 1965.

Síntese da Actividade Operacional

Após o desembarque, substituiu a CCAÇ 91 em Mansoa, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 239 e depois do BCAÇ 507, e após remodelação do dispositivo, em 01Set63, na dependência do BCAÇ 512. Destacou efectivos para guarnecer, por períodos variáveis, diversas localidades da zona de acção até à chegada ou substituição por outras forças, nomeadamente em Mansabá, até 28 de Julho de 1963, em Barro e Bigene, até 1 de Agosto de 1963, em Enxalé e Porto Gole, de Agosto de 1963 a 8 de Dezembro de 1963 e em Farim, até 5 de Dezembro de 1963.

Em 19 de Janeiro de 1964, após a reunião dos seus efectivos em Mansoa, destacou um pelotão para reforço da guarnição de Olossato, onde se manteve até 20 de Abril de 1964. Actuou ainda em diversas operações realizadas nas regiões de Binar, Mores e Cutia, entre outras.

Em 1 de Julho de 1964, por rotação com a CART 564, foi transferida para o subsector de Nhacra, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 600, com vista a colaborar na segurança e protecção das instalações e das populações da área; desde essa altura, um pelotão passou a estar destacado em Encheia, até 13 de Abril de 1965, na dependência do BCAÇ 512 e depois do BART 645.

Em 28 de Abril de 1965, foi substituída no subsector de Nhacra pela CCAÇ 799, a fim de efectuar o embarque de regresso.
___________________________

Companhia de Caçadores n.° 461

Partida: Embarque em 14 de Julho de 1963; desembarque em 20 de Julho de 1963

Regresso: Embarque em 7 de Agosto de 1965

Síntese da Actividade Operacional

Em 28 de Julho de 1963, seguiu para Mansabá e assumiu a responsabilidade do respectivo subsector, então criado, com pelotões destacados em Olossato, até 26Dez63 e Cuntima, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 507 e após reformulação dos sectores, do BCAÇ 512.

Em 23 de Dezembro de 1963, substituída no subsector de Mansabá pela CCAÇ 594 e foi transferida para Bigene onde assumiu a responsabilidade do subsector, com um pelotão destacado em Barro, desde 21 de Dezembro de 1963 e mantendo o outro pelotão destacado em Cuntima, onde permaneceu até 23 de Julho de 1964, depois deslocado para Guidage, de 8 de Agosto de 1964 a 13 de Maio de 1965. A subunidade manteve-se na zona de acção do BCAÇ 512 e depois do BCAV 490.

Inicialmente, desenvolveu intensa actividade de reconhecimento, de patrulhamento e de contacto com as populações da área e executou algumas acções ofensivas contra elementos inimigos infiltrados na região de Mores. A partir de 2 de Março de 1964, mantendo a anterior actividade de patrulhamento e de contacto com as populações, passou também a realizar acções ofensivas e emboscadas na região de Bigene e Barro, com especial incidência na região de Sambuiá.

Em 28 de Maio de 1965, foi rendida no subsector de Bigene pela CCAÇ 762 e foi transferida para Bissau, onde foi integrada no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, em substituição da CCAÇ 787, tendo ficado integrado nos efectivos do BCAÇ 600 e depois do BCAÇ 513, até ao seu embarque de regresso. Entretanto, ainda, dois pelotões estiveram temporariamente deslocados em Bula, a partir de 13 de Junho de 1965, em períodos de 10 a 15 dias, em reforço do BCAV 790, com vista à realização de patrulhamentos e contactos com a população, na região de S. Vicente.
____________________________

Companhia de Caçadores n.° 508

Partida: Embarque em 14 de Julho de 1963; desembarque em 20 de Julho de 1963

Regresso: Embarque em 7 de Agosto de 1965

Síntese da Actividade Operacional

Em 1 de Agosto de 1963, assumiu a responsabilidade do subsector de Bissorã, então criado, com pelotões destacados em Barro, até 23 de Dezembro de 1963 e Bigene, até 26 de Dezembro de 1963, ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 507 e, após remodelação dos sectores, no do BCAÇ 512. Em 26 de Dezembro de 1963, passou a ter um pelotão destacado em Olossato.

Em 4 de Setembro de 1964, já então na dependência do BART 645, e depois da chegada da CART 566, foi substituída no subsector de Bissorã pela CART 643, do antecedente ali colocada em reforço, tendo seguido para o sector de Bissau, a fim de se integrar no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, com um pelotão destacado em Quinhamel, ficando na dependência do BCAÇ 600.

Em 7 e 23 de Março de 1965, por troca com a CCAÇ 526, deslocou-se, por fracções, para Bambadinca, assumindo a responsabilidade do respectivo subsector, com pelotões destacados em Xime e Galomoro e ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 697. Em 16 de Abril de 1965 foi substituída pela CCAÇ 678 e foi deslocada para Xime, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsector, então criado, com pelotões destacados em Ponta do Inglês e Galomaro.

Em 6 de Agosto de 1965, após a chegada da CCAÇ 1439 para treino operacional, foi rendida no subsector de Xime por forças da CCAV 678 e recolheu imediatamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

A CCAÇ 1547 seguiu em 13 de Maio de 1966 para Fá Mandinga, a fim de efectuar instrução de adaptação operacional sob orientação do BCAÇ 1888, substituindo a CCAV 702 na função de intervenção e reserva daquele sector, tendo tomado parte em operações na região de Xitole e no baixo Corubal. De 27 de Maio de 1967 a 7 de Junho de 1966, foi entretanto deslocada, temporariamente, para Nova Lamego, em reforço do BCAÇ 1856, em virtude de um previsível agravamento da pressão inimiga neste sector, tendo efectuado acções na região de Pataque e outras.

Em 13 de Setembro de 1966, recolheu a Bissau , a fim de seguir para Bula, para realização de uma operação na região de Joi, sob dependência do BCAV 790.

Em 27 de Setembro de 1967, foi colocada em Bigene, tendo assumido a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Barro, em substituição a CCAÇ 762 e ficando então integrada no dispositivo e manobra do seu batalhão.

Em 29 de Outubro de 1967 foi rendida no subsector de Bigene pela CART 1745 e seguiu para Bissau, a fim de substituir a CCAÇ 1497 a partir de 2 de Novembro de 1967 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações daquela área, sob dependência do BART 1904 e depois do BCAÇ 2834. Manteve-se em Bissau até ao embarque de regresso, tendo, entretanto, destacado um pelotão para Nhacra, em reforço da guarnição local.

A CCAÇ 1590 ficou colocada inicialmente em Bissau, como subunidade de intervenção e reserva do Comando-Chefe e foi prioritariamente atribuída em reforço do BCAÇ 1857, tendo-se deslocado para Mansoa a fim de actuar em diversas operações realizadas nas regiões de Date, Bará, Bissorã e Olossato, entre outras, de 23 de Agosto de 1966 a 1 de Setembro de 1966, de 19 de Setembro de 1966 a 10 de Outubro de 1966 e de 21 a 24 de Outubro de 1966.

Em 3 de Dezembro de 1966, foi integrada no dispositivo do seu batalhão instalando-se em Ingoré, com vista à realização de operações nos corredores de Canja e Sano e mantendo um pelotão destacado, ora em Barro, ora em S.Domingos, ora em Susana.

Após deslocamento para S. Domingos, desde 4 de Maio de 1967, para realização de acções de contrapenetração naquela área, com destaque para a operação Drambuie I, regressou a Ingoré, a fim de, em 13 de Julho de 1967, em substituição da CCAV 1482, assumir a responsabilidade do respectivo subsector, com um pelotão destacado em Sedengal.

Em 23 de Abril de 1968, foi rendida no subsector de Ingoré pela CCAÇ 1801 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
___________________________

Companhia de Artilharia n.° 2412

Divisa: "Sempre Diferentes"

Partida: Embarque em 11 de Agosto de 1968; desembarque em 16 de Agosto de 1968

Regresso: Embarque em de 4 de Maio de 1970

Síntese da Actividade Operacional

Em 28 de Agosto de 1968, seguiu para Bigene, a fim de efectuar o treino operacional com a CART 1745, sob orientação do COP 3 e seguidamente actuar nesta zona de acção em operações realizadas nas regiões de Talicó e Farajanto, entre outras.

Em 14 de Outubro de 1968, rendendo a CART 1648, assumiu a responsabilidade do subsector de Binta, com um pelotão destacado em Guidage, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3. Em 17 de Outubro de 1968, a sede do subsector passou para Guidaje, ficando então com dois pelotões destacados em Binta, sendo a subunidade especialmente orientada para a contrapenetração no corredor de Sambuiá; a partir de 8 de Fevereiro de 1969, após troca de sectores, passou à dependência do BCAÇ 1932.

Em 9 de Março de 1969, por troca com a CCaç 3, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ainda com um pelotão em Binta em reforço da guarnição local até finais de Abril, mantendo-se integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1932, mas agora orientada para a contrapenetração nos corredores de Canja e Sano; em 1 de Agosto de 1969, após novo reajustamento das zonas de acção dos sectores, passou à dependência do BCAV 2876 até 7 de Fevereiro de 1970, data em que o subsector de Barro foi incluído na zona de acção do COP 3.

Após deslocamento de dois pelotões para Bissau, em 17 de Abril de 1970, a fim de substituírem, transitoriamente, a CART 2411 no dispositivo de segurança e protecção das instalações e das populações da área, foi rendida no subsector de Barro pela CCAÇ 2725 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
_________________________

Companhia de Caçadores n.° 2527

Divisa: "Nunca tão poucos valeram tanto"

Partida: Embarque em 24 de Maio de 1969; desembarque em 30 de Maio de 1969

Regresso: Embarque em 17 de Março de 1971

Síntese da Actividade Operacional

Seguiu imediatamente para Bigene, a fim de assumir a responsabilidade do referido subsector de Bigene, rendendo a CART 1745 em 2 de Junho de 1969 e ficando integrada no dispositivo e manobra do BCAÇ 1932 e depois do COP 3, com vista à realização de emboscadas no corredor de Samoge e de patrulhamentos nas regiões de Nenecó e Capai.

De acordo com a manobra e necessidades operacionais, destacou pelotões para reforço das guarnições de Guidaje, de 10 de Outubro de 1969 a 2 de Dezembro de 1069, de Barro, de 6 de Abril de 1970 a 10 de Maio de 1970, de Binta, de 13 a 30 de Abril de 1970 e novamente de Guidaje, de 3 de Julho de 1970 até finais de Out de 1970.

Em 3 de Março de 1971, foi rendida no subsector de Bigene pela CART 3329 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
____________________________

Companhia de Caçadores n.° 2725

Partida: Embarque em 4 de Abril de 1970; desembarque em 11 de Abril de 1970

Regresso: Embarque em 26 de Fevereiro de 1972

Síntese da Actividade Operacional

Em 16 de Abril de 1970, instalou-se em Barro, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com a CART 2412. Em 27 de Abril de 1970, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3, com vista ao esforço de contrapenetração nas linhas de infiltração inimigas e a garantir a segurança e protecção dos itinerários e das populações da área.

Em 8 de Fevereiro de 1972, foi rendida no subsector de Barro pela CCAÇ 3519 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
____________________________

Companhia de Caçadores n.° 3519

Divisa: "Lutamos pela Paz"

Partida: Embarque em 20 de Dezembro de 1971; desembarque em 24 de Dezembro de 1971

Regresso: Embarque em 28 de Março de 1974

Síntese da Actividade Operacional

Após realização da IAO, de 27 de Dezembro de 1971 a 22 de Janeiro de 1971, no CMI, em Cumeré, seguiu em 23 de Janeiro de 1972 para Barro, a fim de efectuar o treino operacional e a sobreposição com CCAÇ 2725. Em 8 de Fevereiro de 1972, assumiu a responsabilidade do subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3, com vista ao reforço de contrapenetração nas linhas de infiltração inimigas de Canja e Sano e a garantir a segurança e protecção dos itinerários e das populações.

Colaborou ainda em operações efectuadas fora da sua zona de acção, nomeadamente em acções de contrapenetração no corredor de Sambuiá e na região de Cossé. Em princípios de Fevereiro de 1974, destacou um pelotão para Bigene, em reforço da guarnição local.

Em 12 de Março de 1974, foi substituída no subsector de Barro pela CCAÇ 4942/72 e recolheu a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.
_______________________________

Companhia de Caçadores n.° 4942/72

Partida: Embarque em 27 de Dezembro de 1972; desembarque em 2 de Janeiro de 1973

Regresso: Embarque em 4 de Setembro de 1974

Síntese da Actividade Operacional

Após a realização da IAO, de 5 de Janeiro de 1973 a 1 de Fevereiro de 1973, no CMI, em Cumeré, seguiu em 2 de Fevereiro de 1973 para Mansoa, a fim de efectuar o treino operacional e depois reforçar o BCAÇ 4612/72, a partir de 19 de Fevereiro de 1973, com vista à protecção e segurança dos trabalhos da estrada Jugudul-Bambadinca, e onde se manteve até 23 de Março de 1973, após o que recolheu, temporariamente, a Bissau.

Em princípios de Abril de 73, seguiu para Cadique, na zona de acção do COP 4, a fim de tomar parte na operação Caminho Aberto, com vista à instalação de uma subunidade em Jemberém. Em 20 de Abril de 73, após o desembarque e ocupação daquela área, assumiu a responsabilidade do subsector de Jemberém,então criado, iniciando a construção do respectivo aquartelamento e ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 4 e depois do BCAÇ 4514/72, e ainda, após reformulação dos limites dos sectores, do COP 5.

Depois de ser substituída no subsector de Jemberém pela CCAÇ 4946/73, instalou-se em Barro, a partir de 23 de Fevereiro de 1974, a fim de efectuar a sobreposição e render a CCAÇ 3519. Em 12 de Março de 1974, assumiu a responsabilidade do respectivo subsector de Barro, ficando integrada no dispositivo e manobra do COP 3 e depois do BART 6522/72 e ainda do BART 6521/74. Destacou ainda um pelotão para Bigene, em reforço da guarnição local.

Em finais de Agosto de 74, foi substituída por forças do BART 6521/74, tendo recolhido seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.
__________

Notas dos editores:

(1) Vd. post de 22 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1776: Convívios (9): CCAÇ 3 (Barro, Binta, Guidaje, 1967/74) (A. Marques Lopes)

(2) Esclarecimento do AML: O José Pereira (3) não esteve na CCAÇ 3 mas, sim na 3.ª CCAÇ, que foi, depois, CCAÇ 5, a partir de 1 de Abril de 1967... Isto é, 3.ª CCAÇ não é a mesma coisa que CCAÇ 3...

(3) Vd. post de 4 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2405: Tabanca Grande (49): José Pereira, ex-1º Cabo da 3ª CCAÇ e da CCAÇ 5 (Nova Lamego, Cabuca, Cheche e Canjadude, 1966/68)