domingo, 28 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3674: Em busca de... (59): Ex-combatentes do BCAÇ 4616/73 (Manuel Rebocho)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > 1970 > Espectacular vista aérea do aquartelamento, tirada no sentido leste-oeste, ou seja, do lado da grande bolanha de Bambadinca 
Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados 1. 

Mensagem de Manuel Rebocho (*), ex-Sargento Pára-quedista da CCP 123/BCP 12, Guiné 1972/74, com data de 23 de Dezembro de 2008: 
 
Assunto: 
Pedido de contacto Camaradas e Amigos Estou a desenvolver um estudo sobre as áreas de Bambadinca. Com este objectivo e para este fim, gostaria de contactar com camaradas que tivessem integrado a 1.ª ou 2.ª Companhia do Batalhão de Caçadores n.º 4616/73. Batalhão este que esteve colocado no Sector de Bambadinca em 1974. Solicito assim aos camaradas que divulguem este meu pedido de contacto. O mail fica gravado e o Tlm. tem o n.º 963063635 Para toda a tertúlia desejo um Santo Natal e um bom ano de 2009. Manuel Rebocho Nota: Penso estar na Guiné durante os meses de Janeiro e Fevereiro, do próximo ano, e gostaria de levar comigo os elementos que me faltam e pretendo obter. 
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  2. No dia 25 de Dezembro foi enviado um mail à Tertúlia nestes termos: Caros Tertulianos A pedido do nosso camarada Manuel Rebocho, reenvio-vos a sua mensagem, na hipótese de se encontar alguém que o possa ajudar. 
Um abraço e continuação de Boas-Festas. 
Carlos Vinhal
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 Nota dos Editores: 

 (*) Manuel Rebocho, ex-Sargento Pára-quedista da CCP 123/BCP 12, (Guiné, Maio de 1972/74), hoje Sargento-Mor Pára-quedista, na Reserva, e doutorado pela Universidade de Évora em Sociologia da Paz e dos Conflitos. Tese de doutoramento: "A formação das elites militares portuguesas entre 1900 e 1975" 

Guiné 63/74 - P3673: Ano Novo, altura para recordar vidas passadas, guerras, Amigos desaparecidos...(António Matos)


Mensagem do António Matos
ex-Alf Mil da CCaç 2790/BCaç 2928





Solidarizando-me à vaga dos votos expressos de Natal e Ano Novo, aqui deixo a minha contribuição para o blogue
Um abraço

António Matos


Em determinadas alturas das nossas vidas, por via de um qualquer acontecimento, situação ou imponderável, somos levados a revisitar as nossas memórias, limpando-lhes o pó acumulado ao longo dos anos e refrescando as imagens que, entretanto, começam a fluir.
Se bem que nessa catadupa de recordações apareçam vivências que nos marcaram indelevelmente pelos desgostos causados pela perda de quem nos foi próximo, familiar ou amigo, pelos insucessos, pelos objectivos adiados, não é menos verdade que também desfilam as boas recordações de tudo quanto proporcionou a nossa maior ou menor realização pessoal, profissional ou familiar.
O Natal abre-nos a alma e o coração para uma reflexão cuidada e o Ano Novo consubstancia a ocasião propícia para pormos em prática novos planos. Recordamos amigos que nos foram importantes e com alguns dos quais estabelecemos metas comuns mas que as vicissitudes da vida foram alterando.
Recordamos vidas passadas...Recordamos guerras...Despertamos monstros que se encontravam adormecidos e passamos a tê-los como companheiros de viagem ...Se a saúde física e moral ajudam, desenhamos um verdadeiro "orçamento" para o novo período que se avizinha...Depois, acendemos a lareira, fitamos as achas de madeira a arder e a estalar, pegamos em 12 passas, e fazemos coro às badaladas mais cantadas em uníssono num verdadeiro hino à vida, à felicidade, à saúde, ao dinheiro e ao amor ...
Esta é a ocasião maior para daqui formularmos os desejos sinceros para todos os nossos amigos de um bom final de 2008 e que o 2009 nos consiga surpreender perante as tão pouco animadoras perspectivas!
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Nota de vb: Último artigo do António Matos em

Guiné 63/74 - P3672: Blogpoesia (28): O Menino Jesus chinês (António Graça de Abreu, ex-Alf Mil, CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74)




Fotos: © António Graça de Abreu (2008). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem, enviada em 20 de Dezembro último, por António Graça de Abreu , ex-Alf Mil, CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar (1972/74):

Luís Graça, caríssimo.

Muito obrigado pelo meu texto no blogue sobre o Natal em Cufar, 1973 (*).

Para todos os camaradas e amigos do nosso blogue, junto duas fotografias, bilhetes de identidade históricos da nossa vida de miltares no sufoco da guerra, no florir ardente dos nossos vinte anos.

Mais suave, vão os meus votos de Feliz Natal e Bom Ano 2009, para todos vós, neste poema colorido para o meu Menino Jesus chinês.

Podia ter sido escrito para o meu Menino Jesus balanta, fula, papel, manjaco, mandinga, para todos os meninos jesus do nosso mundo.

Um forte abraço,
António Graça de Abreu

2. Resposta de L.G.:

António: És um grande ser humano, um cidadão do mundo, um português dos quatros costados, um talentoso escritor... Fico muito sensibilizado com a tua belíssima prenda... Vou dar-lhe o devido destaque no nosso presépio.. Vou a caminho do Norte onde costumo passar o Natal, mas prometo publicar o teu menino Jesus chinès ainda antes do dia 25...

Coincidência ou não, andava a pensar em 'roubar-te' um dos poemas dos teus quatro livros, que fosse mais apropriado a esta quadra festiva... Nem de propósito!!!... Tem-me faltado o tempo para fazer uma pequena recensão ao teu último livro de poesia... Como deves imaginar, luto desesperadamente contra o relógio...Isto de ser prior de várias freguesias...Mas a recensão está na agenda... Não posso estragar-te a surpresa... Boas festas para ti, a tua mulher, o teu filho... Boas festas, quentes e boas como as castanhas... Um abração. Luís

PS - Desculpa ir ao teu diário roubar-te aqueles dois dias... Foi também uma pequena homenagam ao 'alfero' do CAOP1...


3. Poema de Natal > O meu Menino Jesus chinês (**)

por António Graça de Abreu


Foi num início de Outono,
ao caminhar solitário pelo Vale das Cerejeiras,
com os montes do Oeste serenando as almas,
acenando para a velha Pequim,
a cidade lá longe envolta em espirais de névoa.

Havia colinas perfumadas
e folhas do ácer enrubescendo devagar.
Havia esquilos, o coração chilreante dos pássaros,
borboletas penduradas nas asas do dia,
águas de um ribeiro saltitando sobre as pedras,
o cântico da tarde levantando-se da terra.

A brisa, leve como gaze transparente,
acariciava os corpos e as entranhas da floresta,
subia por veredas reclinadas no vazio
em busca da nascente do humilde arroio serpenteante.

De súbito, frente ao sol tépido do entardecer,
descendo num raio faiscante,
um Menino caminhava ao meu encontro.

Vestia uma túnica escarlate de seda bordada,
os olhos amendoados, os cabelos negros,
o rosto iluminado de divindade e sabedoria.

“Quem és tu?”
O menino respondeu num límpido chinês
de grande mandarim do século XVIII:

“Sou Jesus, filho de Maria e de José, o carpinteiro.
Deus Pai me deu o ser
e o sortilégio de caminhar entre os homens.”

O Menino tomou-me pela mão e disse:
“Hoje, quinto dia do nono mês,
para tua surpresa é dia de Natal.

Quando quero e é do meu agrado,
estou sempre a renascer,
Sou a palavra de Deus,
o Verbo Divino feito criança,

Vim para salvar o mundo.
Na China, em toda a parte,
sou filho do Senhor do Céu, irmão do povo.

Diluo-me pelo velho império de poetas, monges e ascetas,
entro por lagos e rios, por brumas ao alvorecer,
adoro conversar com um velho imortal chamado Lao Zi,
discutimos o Caminho e a Virtude,
encontro-me com um erudito de nome Confúcio,
tão ocupado em impor a Rectidão e a Benevolência,
passeio com o velho Buda
na quietação, nas cores do arco-íris.

Gosto de descansar entre nuvens e montanhas,
unindo terra e céu,
desço à Terra quase todos os dias,
em Dezembro, no Natal frio,
por campos aldeias e cidades,
em Agosto no Estio humedecido e quente,
por bosques, bambuais, a orla do mar,
em Março, venho respirar a canção da Primavera
quando há pétalas de flores de ameixieira
salpicando os pomares e os restos de neve.

Sei dos desvairos dos homens,
da desordem das gentes debaixo do céu,
mas em mim a Paz, a Luz e a Alegria".

O Sol escondia-se por detrás das colinas,
acendiam-se luzes pálidas no horizonte baixo de Pequim.
O Menino convidou-me para um banquetee, solitários no aroma dos montes,
na margem do lago da Fonte de Jade,

Iluminados por candelabros de estrelas,
em harmonia com o silêncio cintilante da floresta,
sentados à mesa num pavilhão vermelho,
entre crisântemos e glicínias brancas,
aguardámos manjares saídos das mão de ninfas.
para a ceia de Natal, os anjos trouxeram baixelas de névoa
com arroz perfumado, pato lacado,
legumes com especiarias dos mares do Sul,
pedacinhos de vitela em molho de ostras,
frutas de um recatado Éden,
rabanadas e suspiros, vinho do Porto
e aguardente destilada por nove virgens do Céu.

Comemos como príncipes, bebemos como deuses.
Depois o Menino adormeceu a meu lado,
deitado em folhas de lótus,
a cabeça na prata da lua.


___________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 20 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3654: O meu Natal no mato (17): Cufar, 1973, o Cantanhez a ferro e fogo (António Graça de Abreu)

(**) Vd. último poste desta série > 25 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3669: Blogpoesia (27): A velha Amura dos tugas (Luís Graça)

sábado, 27 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3671: Estórias do Zé Teixeira (34): O meu conto de Natal (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)

1. Mensagem de José Teixeira (*), ex-1.º Cabo Auxiliar Enfermeiro da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada , 1968/70, com data de 24 de Dezembro de 2008, dirigida ao nosso editor-chefe.

Obrigado, Luís.

Talvez amanhã passe por aí de tarde para o fraternal abraço.

Junto o conto de natal que acabo de escrever.

Neste Natal quer na vossa casa haja felicidade, paz e amor. Assim será mais natal.

Beijo especial para Alice





O meu conto de Natal

Naquele tempo em que eu era pequenino e o Pai Natal ainda não tinha sido inventado, havia um menino que estranhamente nascia todos os anos no mesmo dia e à mesma hora. Esse menino chamava-se Menino Jesus e nascia no dia vinte e quatro de Dezembro à meia-noite.

Segundo dizia a minha avó, que Deus tem, esse simpático Menino, que nascia todos os anos à mesma hora e no mesmo dia, mal acabava de nascer entrava em todas as casas para deixar um prendinha aos meninos e meninas que se portassem bem. Na casa dos ricos entrava pela chaminé e na casa dos pobres entrava pelo buraco da fechadura ou pelos buracos existentes nas paredes, que deixavam passar muito frio, depositando as suas prendinhas, junto à lareira nos sapatinhos ou tamanquinhos que os meninos e meninas lá deixavam na noite anterior, depois da Ceia de Natal em que estranhamente até os meus tios iam do Porto, de lá tão longe, para comer connosco e era uma festa muito grande, com bacalhau, rabanadas docinhas, formigos, sarrabulho doce e tudo mais.

Claro que eu teimosamente deitava-me no preguiceiro, junto à lareira à espera do tal Menino Jesus que me ia trazer uma prendinha, pois eu tinha-me portado bem, nos últimos dias, só que o soninho aparecia muito antes e eu só acordava no dia seguinte, na minha cama, depois da chegada da minha avó, que se levantava muito cedo para ir à missa das sete. A essa hora, já o Menino se tinha ido embora, pois tinha muito que fazer naquela noite e eu ficava triste por não conseguir conhecê-Lo.

Num ano em que eu já era crescidote, resolvi pregar uma partida à minha avó e ao Menino Jesus. Na véspera do tal dia de Natal, quis ir para a cama mais cedo, por mais que minha avó estranhasse. Até pensou que eu estaria doente. Talvez as rabanadas ou os formigos tivessem levado açúcar em demasia. Ou o sarrabulho doce, petisco que eu adorava, tenha levado um pouco mais de vinho fino.

Assim, no dia de Natal, mal a minha avó, saiu para ir à missa das sete, eu, descalço e de mansinho para não acordar os meus irmãos, abri a porta, atravessei o quinteiro, ainda húmido da geada e fui à cozinha espreitar o meu tamanquinho rapelho, que deixara junto à lareira na noite anterior. O tamanquinho estava lá, mas prenda, nem vê-la. Fiquei muito triste e aflito, afinal o Menino Jesus não viera a nossa casa, mas eu tinha-me portado bem! Lá isso é que tinha! já não fazia chichi na cama e comia o caldo todo.

Quando minha avó chegou da missa, saí-lhe ao caminho, dizendo com voz triste:
- O Vó, o Menino Jesus não veio esta noite. Não há prendas para ninguém.

Responde-me ela, com um brilho maroto nos olhos:
- Atrasou-se um bocadinho, mas cruzou-se comigo ali no caminho, ao fundo da leira da figueira. Aqui está a tua prendinha.

... Uma regueifa bem quentinha. A prenda de todos os anos da minha avó e madrinha.

Bom Natal para todos

Zé Teixeira
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Notas de CV:

Texto de José Teixeira.

Foto: © José Martins (2008). Direitos reservados.

Vd. último poste da série de poste de 20 de dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3655: Estórias do Zé Teixeira (33): Histórias de Natal (José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enf)

(*) Vd. último trabalho de 22 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3661: Blogoterapia (84): Vai-te embora, tuga dum carago! (José Teixeira)

Guiné 63/74 - P3670: As Boas-Festas da Nossa Tabanca Grande (11): Mais algumas mensagens dos nossos tertulianos (Carlos Vinhal)

Embora com atraso, deixamos mais algumas mensagens de camaradas que se nos dirigiram enviando as Boas-Festas.

1.
Com os votos de um Bom Natal e Feliz Ano Novo!

J.Belo
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2.Oferta do MNF Natal de 1970

A toda a comunidade da Tabanca Grande desejo um Bom Natal e que 2009 seja melhor do que promete.

Um abraço para todos
César Dias
Ex-Fur Mil
BCAÇ 2885
Mansoa 69/71
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3. Caros Amigos,

Muito fraternalmente a desejar a todos os amigos do Blogue que nos une votos de FESTAS FELIZES E UM ANO NOVO PRÓSPERO.

Abraços
Manuel Amante
Ex-1.º Cabo Mil 1973/74
CIM Bolama
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4.Cômo-Natal de 1964 - Isqueiro Oferta do MNF

Camarada(s) e Amigo(s)

Renovo e retribuo os Votos que agora são formulados.
Curioso, o isqueiro de 1970 até já tinha estojo, pelo que compartilho o meu convosco bem como a mensagem e as imagens que há dias enviei para o Blogue.
Continuo a não saber se têm algum interesse para a Comunidade. Mas que o espírito Natalício acaba por ser "quando um (o) homem quiser".

Abraço solidário, do
Santos Oliveira
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5. A todos os meus Amigos

Nesta época é normal desejarmos felicidades, é normal formularmos votos de "Bom Natal", "Feliz Ano Novo", "Festas Felizes", etc., etc.,

Sei quanto isso pode ser sentido, mas também quanto pode ser "induzido" pelo hábito, pelo "clima" gerado à nossa volta, quantas vezes repetido de uma forma mecanicista, sem uma reflecção sobre o fundo sobre o qual tudo isto se movimenta.

Não tenho a pretensão de ser diferente mas gostava de vos apelar a que fôssemos capazes de fazer alguma diferença.

Essa diferença pode ser no sentido de contrariar o clima de desesperança, de pessimismo, de angústia que se tem vindo a criar com o avolumar de notícias sobre a profundidade da crise que se vive e que se diz irá agravar.

Faltam valores? Mas nós não temos valores?! Vamos aplicá-los! Vamos praticá-los!

Faltam princípios? Mas nós não temos princípios?! Vamos aplicá-los! Vamos praticá-los!

Vamos pensar nisso?

Então, um "Bom Natal" e "Feliz Ano Novo", são os meus votos para todos vós.

Um abraço
Hélder Sousa
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6. Para todos os camaradas e suas famílias um Santo Natal e um 2009 cheio de venturas

Jaime Machado
Ex-Pel Daimler 2046
Bambadinca 68/70
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7. Votos de um Bom Natal e que Ano de 2009 seja cheio de coisas boas.

Um abraço
LCamões
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8.

Feliz Natal para a nossa tabanca!

Votos de um feliz e Santo Natal para todos os camaradas da Tabanca Grande com um abraço muito especial para os Gringos de Guileje e para os Duros de Nova Sintra .


Herlander Simões
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9. Amigos Carlos Vinhal e Luis Graça
Venho desejar-vos e à vossa família um santo Natal e um Prospero Ano Novo.

Ao mesmo tempo quero desejar a todos os ex-combatentes da Guiné, de Angola e Moçambique um Santo Natal.

Eu estive na Guerra de Angola de 1967/69, mas consulto todos os dias a vossa página e felicito-vos por através de vós, se estar a contar a verdadeira história da guerra na Guiné, todos estes depoimentos que narram as vivências dos ex-combatentes da Guiné deviam ser transportas para livro e esse livro ser adoptado nas escolas de modo a que os vindouros ficassem a saber o que os seus avós e bisavós passaram e as páginas gloriosas que escreveram com o seu suor e sangue.

Bom Natal a toda a Tabanca

Um abraço deste ex-combatente de Angola da CART 1769
Júlio Pinto
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10. Olá a toda a Tertúlia.
Venho muito simplesmente, mas muito sinceramente desejar um Santo Natal a todos os Tertulianos e suas Famílias.

Estes Votos são de igual modo repartidos em partes exactamente iguais a todos os Ex-Combatentes de Todas as Guerras Ultramarinas.

Desejo ainda um Voto muito especial de Bom Natal aos meus Ex-Camaradas do Batalhão 4610/72 em especial para o pessoal que esteve no Biambe e na CCAÇ 13.

Tenho sido um leitor muito atento das nossas Tertúlias, digo no plural porque agora há a de Matosinhos, ou seja do "Milho Rei"

Bom por agora é só o que me apraz escrever.
Um dia destes escreverei uma possível estória (história) da nossa "Guerra de Estimação".

Henrique Cerqueira
Ex-Fur Mil
1972/74
Guiné
Biambe /CCAÇ13
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11.

Caros Luís Graça, Carlos Vinhal e Virgínio Briote:

O desejo de Feliz Natal, e de um Bom Ano de 2009, tanto para vocês editores do blogue, como para as vossas famílias, não esquecendo todos os ex-camaradas, que estiveram nessa longínqua e linda terra, que é a Guiné-Bissau.

Um abraço
Manuel Bastos

Ex-Furriel Miliciano das:
CArt 496
CCaç 555
CCav 678
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12. Caros Amigos,

A todos vós que contribuiram para a obtenção de informação sobre o passado militar de meu pai, António Andrade Juniór CART 1692 do BART 1914, e me ajudaram e estão a ajudar a recuperar memórias e me permitem começar a ganhar memórias perdidas, expresso os Votos de um Santo Natal e de um Próspero Ano Novo, extensível às vossas famílias.

A demanda de algo muito particular, fez nascer em mim a vontade de saber mais sobre todos quantos lá passaram (Guiné) e de tentar perceber (se é que algum dia perceberei). É meu dever deixar este legado aos meus filhos, para que a memória não se apague, em respeito e homenagem a todos os BRAVOS que lá passaram.

Se me é permitido mais este pequeno abuso, peço o favor de continuarem a enviar informação relevante (do arquivo histórico militar enviaram-me a cópia da listagem dactilografada e já mal percéptivel, com o nome de todos os incorporados na CART 1692).

A todos o meu obrigado e BOAS FESTAS!!!!

Um Abraço Amigo
gonçalo andrade
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13. Neste Natal, como no passado, quero vos transmitir a certeza da minha solidariedade para com todos os ex-combatentes, sobretudo com os que mais precisam e acreditam que é possível retomar o rumo.

Desejo-vos um Feliz Natal e o melhor para 2009.

Um abraço fraterno e amigo
Joaquim Almeida "Custóias"
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14. Para toda a equipa do Blog, todos os tertulianos e seus familiares vão os meus desejos de um Bom Natal e o Ano Novo de 2009 venha repleto de muita saúde sorte paz e amor, que todos os vossos desejos sejam concretizados, que no Natal de 2009 estajamos de novo a saudarmo-nos como hoje ou ainda melhor.

Um grande abraço do Gringo de Guileje
José Carioca
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15. Se me permitem, aproveito o espaço para, em meu nome e no dos meus dois companheiros, Luís Graça e Virgínio Briote, desejar a todos os ex-combatentes da Guiné, nossos Tertulianos e respectivos familiares, um Novo Ano cheio de venturas.

Neste sítio nos vamos contunuar a encontrar.

O vosso camarada
Carlos Vinhal

OBS:
1 - Agradecemos as mensagens personalizadas que nos enviaram, não publicáveis em Poste, porque muitas delas traziam palavras elogiosas e de incentivo a continuarmos a trabalhar convosco. A nossa modéstia não permite tal atrevimento.
2 - Pedimos desculpa pela possível não publicação de alguma vossa mensagem dirigida à Tertúlia. Se cometemos este erro, deve-se à enorme quantidade de mails recebidos quer no endereço do Blogue, quer no meu. O camarada Virgínio Briote queixar-se-á do mesmo.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 24 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3665: As Boas-Festas da Nossa Tabanca Grande (10): Mensagens de camaradas que se nos dirigiram (Carlos Vinhal)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3669: Blogpoesia (27): A velha Amura dos tugas (Luís Graça)








Guiné-Bissau > Bissau > Fortaleza da Amura > 7 de Março de 2008 > Amura, um lugar repleto de história e de histórias... Visita no âmbito do Simpósio Internacional de Guiledje, no último dia do evento. Homenagem aos heróis da Guiné Bissau...

Nas fotos, vemos o Coronel de Cavalaria do Exército Português, Carlos Matos Gomes, na situação de reforma, um homem do MFA da Guiné e um celebrado autor de romances de guerra (sob o pseudónimo literário de Carlos Vale Ferraz) como Nó Cego, de cuja 1ª edição que se celebra este ano o 25º aniversário ; a seu lado, o o catalão Josep Sánchez Cervelló, professor universitário, em Tarragona, especialista em história sobre o 25 de Abril e a descolonização portuguesa...

Por detrás, o edifício, em ruína, da antiga 2ª Rep do Comando-Chefe, a famosa Rep Apsico, onde trabalhou Otelo Saraiva de Carvalho e Ramalho Eanes. Matos Gomes, na altura capitão dos comandos, foi um dos protagonistas do 25 de Abril neste palco da história... Recorde-se que a velha fortaleza da Amura é hoje o panteão nacional da Guiné-Bissau, onde repousam os restos mortais de Amílcar Cabral e de outros heróis da pátria guineense, como Osvaldo Vieira, Domingos Ramos, Tina Silá, Pansau Na Isna, Rui Djassi, etc.

Noutra das fotos, vemos o Matos Gomes a servir de cicerone ao Paulo Santiago e a mim próprio. Entre os edifícios históricos, há o do antigo Com-Chefe. Foi aí que um grupo de conspiradores deu voz de prisão a General Bettencourt Rodrigues, no 25 de Aril de 1974. Desse grupo de oficiais revoltosos faziam parte Ten Cor Mateus da Silva (Eng Trms), Ten Cor Maia e Costa (Eng), Maj Folques (Cmd), Maj Mensurado (Pára), Cap Simões da Silva (Art),Cap Sales Golias (Eng Trms), Cap Matos Gomes (Cmd), Cap Batista da Silva (Cmd), Cap Saiegh (Cmd Africanos), Cap Ten Pessoa Brandão (Armada ) e Cap Mil José Manuel Barroso.

Nas duas últimas fotos, vemos a Maria Alice Carneiro com: (i) o Pepito, junto a um dos grandes poilões que cobrem a Amura; (ii) a Carmen Pereira, um das militantes e dirigentes históricas do PAIGC.

Fotos e legendas: © Luís Graça (2008). Todosos direitos reservados.


A velha Amura dos tugas
agora cercada de guinéus
por todos os lados.
Ilha de areias movediças
num mar de belugas,
foi rampa de lançamento de lançados.
Dizem que aqui nasceu Bissau.
De linhas tortas,
as ruas direitas da capital.

Saúdo os ilhéus,
figuras de museu de cera,
de faces mortiças:
à frente, o capitão-diabo,
o bigode farfalhudo,
espadeirando a torto e a eito,
de peito feito
ao fogo do canhangulo.
Mais os seus soldadinhos de chumbo,
que eram uma ternura:
em linha,
em formatura,
nas suas fardas multicolores,
coloniais,
do tempo dos Cabrais.
Davam vivas à Pátria
e à Rainha.
Aqui como em toda a parte,
onde o Império tinha engenho e arte.

Ah! A velha Amura,
inútil baluarte,
com os seus canhões
de bronze,
incandescente...
Casamata,
prisão,
dormitório,
agora panteão,
nacional,
coberto de poilões.

Eram onze
os soldadinhos,
como no jogo de matraquilhos.
E combatentes da liberdade da Pátria,
contei-os pelos dedos da mão.

Que fazes aqui, Amílcar,
que já te mataram, Cabral ?
E de que traições podias falar,
se fosses vivo,
tu, Osvaldo ? E tu, Vieira ?

E quanto a ti, Titina,
que incendiavas paixões
pelo Oio ?
Que fazes também aqui,
jazida entre os poilões,
debruados de branco,
da triste Amura ?
Cuidado, Silá,
que os tugas montaram-te a cilada
na cambança do Rio Farim.

Vejo mais à frente o Domingos,
O valente Ramos,
herói de banda desenhada,
que irá morrer de morte matada
em Madina do Boé.

E tu, Rui Demba Djassi,
de quem eu não sei nada,
a não ser que morreste em 1964,
depois do mítico Congreso de Cassacá ?
Sei ainda que tens nome de rua,
suja e esburacada,
na capital da tua terra...

E o camponês balanta,
Pansau Na Isna,
herói do Como,
guerrilheiro-cowboy,
enfrentando as naves loucas dos tugas
com a sua Kalash de contrafacção ?

Na Amura fez-se história,
diz-me o guia.
Ou a história dos vencedores
que contam a história
de como venceram
os vencidos.

Luís Graça
Bissau, 7 de Março de 2008

________

Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 26 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3243: Blogpoesia (26): 35 anos de Guiné-Bissau: A minha contribuição para a tua festa, meu irmão, minha irmã (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P3668: (Ex)citações (9): Obrigado, Cristina, por esta doce e terna prenda de Natal (Torcato Mendonça / Hélder Sousa)

Lourinhã > 20 de Dezembro de 2008 > Pôr do sol visto do alto da falésia, na estrada do Vale Bravo, Atalaia, entre as praias de Porto das Barcas e da Peralta.

Foto: © Luís Graça (2008). Direitos reservados


1. Comentários ao poste de 24 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3667: Blogoterapia (86): De Bissau a Lisboa, com amor (Cristina Allen)

[Fixação de texto: L.G.](*)

(i) Torcato Mendonça:

Queria parar um pouco.
Queria só ler o que neste Blogue é escrito.
Mas não consegui.
Que maravilhoso começo de Dia de Natal.
Fui lendo, deslizando,
sentindo-me embalar nas palavras,
as recordações a virem...
a sentir, na maravilhosa discrição do texto, o estar lá.

Os Comentários a darem ainda mais força
- os do Luís ou do Vírginio -
e a última frase:
Afinal,a nossa geração viu muitas coisas...
Efectivamente, digo eu, e, se me permitem,
vive hoje aqui neste Grupo,
ali noutro ou além...
em Amizade,
em troca de Afectos,
ou só em palavras trocadas,
mas propiciadoras de tornarem o início ou o Dia de Natal
em Hino de Amor.

Amoleci em espírito
ou a vida inflectiu, um pouco, o sentido?
Ofereceram-me uma Canção com um Poema lindo
em antevéspera de Natal
e, hoje, que melhor começo de Natal?
Por mim,
certamente por tantos,
que estas Vossas palavras todas vão ler.
Obrigado à Cristina Allen,
à sua Filha,
aos meus queridos Editores deste espaço de encanto...
a todas as Mulheres,
a todos os Homens que por aqui vão passando

um abraço
e um beijo com todo o meu afecto.

TM

(ii) Hélder Sousa:

Li com muita atenção todos os textos
que estão neste poste
e não consegui evitar
que rolassem pela face algumas gotas quentes.
Mas sinto que fazem bem!
Dão mais força,
mais sentido,
à determinação de que é necessário estar possuído
para enfrentar o futuro próximo.

É bom ir buscar essa força
às raízes das nossas vidas pessoais
mas também às achegas
que nos vêm dos testemunhos de outros.

Obrigado.

Hélder Sousa

_______

Nota de L.G.:

(*) Vd. último poste desta série > 20 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3657: (Ex)citações (8): As lágrimas e os amigos (Ana Mendonça)

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3667: As Nossas Mulheres (5): De Bissau a Lisboa, com amor (Cristina Allen)

Guiné > Bissau > Abril de 1970 > Sobre a férias de casamento da Maria Cristina Allen, escreveu o Mário Beja Santos seguinte:

"A Cristina chegou a 18 de Abril e praticamente nunca saiu de Bissau a não ser umas curtas visitas a Safim, Nhacra e Quinhamel. Não podíamos, evidentemente, ir passear a quaisquer teatros de operações. Durante os praticamente 20 dias que ela aqui viveu, visitámos as amizades feitas em Bambadinca e Bissau e fomos recebidos regularmente pelo David Payne, Emílio Rosa e mulheres. Não resistíamos à curiosidade de andar pelos mercados, ver artesanato e pequenas festas locais. Muitas vezes, o Cherno acompanhou-nos, insistia que não havia pausas no seu papel de guarda-costas".

Foto: © Beja Santos (2007). Todos os direitos reservados



1. Mensagem de Joana Santos, com data de 20 de Dezembro:

Ao cuidado de Luís Graça

A pedido da minha Mãe, Maria Cristina Allen, remeto o texto "De Bissau com Amor", destinado à Tabanca Grande.

Com os melhores cumprimentos,

Joana Beja Santos



2. As Nossas Mulheres (2) > Bissau em Lisboa, com amor

por Maria Cristina Allen

[Revisão de texto e negritos: L.G.]

Caro Luís Graça,

Há mais de duas semanas, o António Gonçalves, meu conterrâneo e amigo de sempre, ex-alferes miliciano combatente na Guiné, telefonou-me dizendo que tinha visto o meu retrato no Blogue, que vem seguindo atentamente.

Foi com surpresa que lá me encontrei e sinto-me honrada por me ter feito membro da vossa Tabanca Grande (*). 

Do coração lhe agradeço a gentileza das palavras que escreveu a meu respeito. Eu não fiz nada, limitei-me a disponibilizar os aerogramas e cartas que me enviou, durante quase dois anos, o ex-alferes miliciano Mário Beja Santos, meu noivo e marido, com o intuito de o ajudar, agudizando a memória e a perspectiva cronológica de factos que, em Lisboa, muitas vezes me deixavam, então (e, porque não dizê-lo?) estarrecida.


Penso que muitas mulheres da nossa geração guardarão espólios idênticos, testemunhos da guerra que, da Guiné, como de outras terras do mundo africano, vinham perpassadas do quotidiano da luta pela impossível conservação de um Império que se desmoronava.

Meritória obra sua, a da criação de um blogue que faz o exorcismo libertador dos fantasmas da memória de homens, que, agora, põem por escrito as suas experiências.

Os americanos foram muito mais lestos no salutar tratamento das marcas do seu Vietname, mas eles não tinham estudado, nos bancos da escola, a geografia de “províncias ultramarinas”, nem tinham ouvido propalar que a “Pátria era una e indissolúvel” e que “a Pátria não se discute”, nem que não valia a pena chorar os mortos se os vivos não o merecessem.

Quanto à Guiné, direito secular português o do comércio de ouro e escravos e da ocupação territorial, mas também secular o desleixo, que, em pleno século XX, revelava o subdesenvolvimento. Suponho que todos nós vimos os meninos de Bissau estudando à luz dos candeeiros de rua e afugentando mosquitos (não foi por acaso que Amílcar Cabral sonhou o seu sonho, ao qual os seus continuadores ainda não souberam concretizar o rumo).

Porém, para além das diferenças ideológicas e da controvérsia, que ainda hoje subsiste, quanto à justeza daquela guerra, ela foi nossa, atravessando as nossas vidas em plena juventude. Penso que ninguém que lá tivesse estado, voltaria o mesmo que fora.



Apesar das cartas do Mário, das visitas aos seus soldados mutilados em Lisboa, e do bom humor ácido do Major Cunha Ribeiro, gravemente acidentado, eu não estava preparada.

Na cidade, a vida aparentemente almofadada e facilitada por amigos do Mário e também meus, nada podia ocultar os abafados ruídos de combate a quinze quilómetros de distância, nem a visão dos feridos e emocionalmente perturbados no Hospital Militar.

Na companhia do Mário ou sem ele (internado ou já em Bambadinca), andava em bolandas, com as malas, de casa de amigos para o hotel; do hotel para a casa de amigos. 

Repito que não foi fácil ter vivido em Bissau. A noiva radiante, que o Mário descreve no segundo volume do seu Diário da Guiné, depressa murcharia. Permitiu a sorte que se formasse, como reduto de consolo, uma tabancazinha de gente amiga, em passagem ou residente, militar e civil. 

Relembro esses amigos:

(i) Rdo. Pe Afonso Lopes (falecido): Franciscano, Prior de Bissau“:

A minha guerra”, disse-me, “é complicada: tenho clientes dos dois lados".

(ii) Capelão Militar Manuel Gonçalves:

Franciscano, meu colega de curso,  passava, por vezes, em Bissau. Tirou a fotografia que está no Blogue e muitas outras. Roubava, para mim, mangos doces ao Prefeito Apostólico!

(iii) Dr. David Payne Pereira (falecido) e sua mulher, Isabel:

Médico em Bambadinca e, posteriormente, em Bissau. Ele e a Isabel foram meus padrinhos e cederam-nos, por uns dias, a sua casa.

(iv) Eng.º Emílio Rosa e sua mulher, Elzira:

Padrinhos do Mário, também nos albergaram.

(v) Dr. Alexandre Carvalho Neto e a então sua mulher, Inês Santa Clara Gomes:

Foi o mestre de cerimónia do nosso casamento. Secretário de Spínola, teria hoje muito para contar. A sua boinazinha xadrez foi uma constante presença auxiliadora nas minhas andanças.

(vi) Dr. Pedro Jordão e a sua então companheira, Milú:

Conhecia-o da Faculdade e, em Bissau, ele trabalhava com Otelo. Conseguiram a façanha de transportar para ali um piano de cauda!

(vii) Dr. Carlos Brancamp Freire d’Orey (falecido):

Meu companheiro de estudos, que partiu para Genève para estudar Ciências Políticas. Regressado, foi para a Guiné. Todos os meses vinha a Bissau para levantar o dinheiro do seu batalhão. Sempre esperando transporte, andava às voltas com o grande e precioso saco, chegando a dormir com ele debaixo da cabeça, no dormitório improvisado numa sala do hotel. Cheguei a guardar esse saco no armário do nosso quarto.

(viii) S.A. Xisto de Bourbon de Bourbon-Parma Deux Siciles:

Fotojornalista. Teve a gentileza de nos ceder o seu próprio quarto. Por estranho acaso, ao tratar com o Alexandre do meu bilhete de regresso, no gabinete que antecedia o gabinete do então Brigadeiro Spínola, ouvi-o ser despedido numa gritaria bilingue, entremeada de palavrões em português. Uma história de napalm.

(ix) Senhor Quito Fogaça e sua mulher, Fernanda:

Ele, natural de Bissau, fora companheiro de escola do Nino,  e ela, minha conterrânea. Tiveram a imensa bondade de me ceder toda a sua casa como se fosse minha. Estranhamente, após a prisão de Pintozinho (e de mais dois homens de negócios de Bissau) também o Quito foi preso e, passados dias, guardado em casa. Jamais esquecerei este generoso casal.

(x) Senhor Benjamim Lopes da Costa (falecido):

Enfermeiro Militar e, já liberto da tropa, empregado numa farmácia, trazia-me mimos e visitava-me em casa dos Fogaça. Trouxe-me, uma vez, uma galinha-do-mato que me fugiu, quando a pensava já morta, de pescoço pendente pela porta aberta do pátio. Perseguia-a, correndo. Com dinheiro na mão, nem sempre encontrava géneros.

(xi) Joana, a minha querida "bajuda”:

Era manjaca, media quase dois metros, e inventámos, juntas, uma linguagem gestual misturada do crioulo dela. Viu-me, um dia, chorar, e embalou-me como se eu fosse uma criancinha. Quando lhe disse que ia partir, atirou-se para o chão, num choro convulso. Queria que a trouxesse. O seu nome soava-me tão bem que chamaria Joana à minha primeira filha.

Se alguém se lembrar de pessoas que citei nesta minha lista, que as recorde como, então, foram. Por elitista que, em parte, pareça, grandes e pequenos estiveram no mesmo barco que os senhores da guerra balançavam.

Caro Luís Graça, as histórias de amor a que alude morrem, por vezes, mas de nada me arrependo. Ainda hoje voltaria a subir as escadas da pequena Catedral de Bissau, mesmo que fosse, apenas, para viver o primeiro dia da “estação das chuvas”. Um trovão enorme e seco, torrentes de água lavando tudo e, à noite, a visão transcendental e única de um céu riscado de relâmpagos, na luz azul-turquesa, feérica e metálica, como se um deus antigo revelasse a sua ira e escrevesse “basta!” na caligrafia da natureza, solta em fúria.


Bem-haja, Luís Graça, por ter-me ajudado a libertar de uma memória que trazia dispersa e reprimida.

A todos os Camaradas do Blogue e a todos os que o seguem, um Feliz Natal e um 2009 menos carregado do que aquilo que esperamos. Afinal, a nossa geração viu muitas coisas.

Maria Cristina Allen

2. Mensagem enviado por editor L.G. à Joana Santos, filha de Mário Beja Santos e de Maria Cristina Allen, logo na volta do correio,

Joana:

Transmita, por favor, à sua querida mãe o meu profundo agradecimento pelo magnífico texto que ela me acaba de enviar, e que me emocionou. É um privilégio que muito nos honra e sensibiliza...

Há tempos tomei a liberdade de lhe reservar um lugar especial na nossa Tabanca Grande (figura na nossa lista, na letra C, como Cristina Allen, como pode comprovar ao ler os elementos estáticos do blogue que constam na coluna do lado esquerdo): afinal de contas, temos 'convivido' com ela, através das cartas e dos textos do seu pai (agora em livro) ao longo destes últimos dois anos... Não podia imaginar como ela receberia esta proposta, um pouco abusiva... Fico feliz por ela se sentir bem, entre 'velhos amigos'...e não como simples figurante ou adereço de um grande drama humano que foi aquela guerra...

O seu depoimento, sobre a sua passagem por Bissau, é valiosíssimo: poucas mulheres têm dado a cara, a inteligência e o coração, para vir dizer, em público, que também estiveram, nesses anos de brasa, no Vietname português... Seguramente que lhe fez bem rearrumar as peças desse puzzle... Para mim, e para os meus camaradas que fazem todos os dias, desde Abril de 2004, esta estranha blogoterapia - estranha para as suas mulheres e companheiros, os seus filhos, os seus netos, os seus concidadãos... - é um formidável estímulo, um tremendo desafio, uma belíssima recompensa...

Vou a caminho do Norte (onde passo o Natal) mas faço questão de, o mais rapidamente possível, ser eu, Luís Graça, a editar, a comentar e a publicar o texto da sua querida mãe, texto esse que é revelador de uma grande elegância, sensibilidade, maturidade e talento...

Bem haja, Joana, por ter trazido até nós a sua mãe. Ela dá voz a muitas mulheres, de um lado e do outro do conflito, cuja papel tem sido escamoteado ou ignorado na história desta guerra, que foi um negócio sobretudo dos homens (como continua a ser a própria literatura e historiografia da guerra)... 

Um bj para si e para a sua mãe. Espero que um dia destes nos possamos conhecer pessoalmente. Um terno e doce Natal para a Joana e para a Cristina.

PS - Dou conhecimento, directo, da nossa troca de mensagens aos meus co-editores, CV e VB. Esta é, de resto, a caixa de correio electrónico da nossa Tabanca Grande, administrada pelos três, tal como o blogue.


3. Comentário de L.G.:

A escassas horas da consoada de 2008, aqui na Madalena, Vila Nova de Gaia, ao pé das minhas mulheres (e dos meus homens), não posso deixar, a pretexto do texto da Cristina que me tocou - nos tocou, a todos nós, camaradas da Guiné - de fazer um simples referência a outro momento alto que aconteceu aqui, no nosso blogue, no dia 22 de Dezembro: refiro-me ao poste do Virgínio Brite, justamente sobre as "nossas mulheres" (***).

As palavras que ele põe na boca do seu alter ego, o Alf Mil Comando Gil Duarte, todos nós gostaríamos de as ter escrito... O VB sabe dar um toque muito especial, intimista, delicado, sedutor, à sua escrita quando fala das mulheres... É um homem, contido, mas de grande sensibilidade e inteligência emocional, que de vez em quando nos surpreende com belíssimos textos... Este não pode deixar de ser evocado no dia da apresentação, à nossa Tabanca Grande, da Cristina Allen, uma das "nossas mulheres" que também esteve casada com a Guiné (com a particularidade, seguramente rara, de se ter casado, em tempo de guerra, em Bissau, com um camarada nosso, com quem partilhou a breve lua de mel que as circunstâncias então permitiram).

Tomo a liberdade de transcrever aqui dois ou três páragrafos, em homenagem a ele, o nosso querido amigo e co-editor VB, e a elas, as nossas mulheres...

"As nossas Mulheres. As que nos acompanharam desde os bancos das escolas. Que viveram, com a Cruz na parede das salas, com o olhar severo e crítico dos Pais, sempre presentes ao jantar, e o olhar benevolente e compreensivo das Mães, presentes o dia todo.As nossas Mulheres. Amantes, de beijos roubados às portas das casas, de um sôfrego respiro de ânsias e desejos difíceis de esconder.As nossas Mulheres. Que nos acompanharam com linhas escritas com lágrimas, em aerogramas de saudade e esperança numa vida que diziam estar, mesmo aqui, ao lado da esquina, amanhã, o mais tardar. De tão jovens, algumas não aguentaram tanta separação. Quem lhes leva a mal, que a vida é curta e a Guiné estava tão longe.

"As nossas Mulheres. Que nos recolheram, exaustos de uma vida tão mal vivida, e nos ensinaram de novo a vivê-la.

"As nossas Mulheres. Que foram dando à luz e criando, quantas vezes sós, os filhos de uma geração desperdiçada, tantas vezes com os companheiros ausentes e desinteressados.Às nossas Mulheres, às que estiveram nos Terreiros do Paço a receberem medalhas e a todas as Mulheres da nossa geração, que de uma ou outra forma, compartilharam a nossa vida" (...).


_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 8 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3422: O Tigre Vadio, o novo livro do Beja Santos (2): O exemplar nº 1, autografado, dedicado à malta do blogue

(...) "Penso que é chegada a altura de homenagear aqui a Cristina Allen, a ex-esposa do nosso camarada Beja Santos, e mãe das suas duas filhas. Foi graças à preservação e à posterior cedência das cerca de 500 cartas e areogramas que ele lhe mandou, que o nosso amigo e camarada Mário Beja Santos pôde escrever este e o anterior livro sobre a sua experiência humana e militar na Guiné (1968/70). Ao longo de dois anos, a Cristina esteve de tal maneira presente no nosso blogue, que vamos agora ter saudades dela, e sentir o vazio que será a sua ausência no futuro. Para compensar ou prevenir essa perda, tomo a liberdade de anunciar que é uma honra, para nós, tê-la como membro da nossa Tabanca Grande. Seja bem vinda, Cristina!" (...)

(**) Boa parte do livro do Beja Santos, Diário da Guiné: 1969-11970: O Tigre Vadio (Lisboa: Cícrculo de Leitores; Temas & Debates, 2008), gira à volta da Cristina Allen e as peripécias do seu casamento, em Bissau, com o Beja Santos...

Vd. postes de:

21 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2123: Operação Macaréu à Vista - Parte II (Beja Santos) (2): Não te esqueças de me avisar que já sou teu marido

29 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2595: Operação Macaréu à Vista - II PARTE (Beja Santos) (22): Meu amor, vai acabar entre nós este Oceano!

28 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2693: Operação Macaréu à Vista - II Parte (Beja Santos (25): A festa do meu casamento, 7 de Fevereiro de 1970

4 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2720: Operação Macaréu à Vista - II Parte (Beja Santos) (26): Cartas de amor e de amizade

27 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2797: Operação Macaréu à Vista - II Parte (Beja Santos) (29): Lá estarei em Bissalanca à tua espera!

30 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2902: Operação Macaréu à Vista - Parte II (Beja Santos) (33): A correspondência epistolar na véspera do meu casamento

27 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2990: Operação Macaréu à Vista - II Parte (Beja Santos) (36): Um memorável batuque, em Bissau, na Mãe de Água, em honra da Cristina

6 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3027: Operação Macaréu à Vista - II Parte (Beja Santos) (37): Com baixa psiquiátrica, no Hospital Militar de Bissau

11 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3048: Operação Macaréu à Vista - II Parte (Beja Santos) (38): No HM241, em Bissau, voando sobre um ninho de jagudis

21 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3078: Operação Macaréu à Vista - II Parte (Beja Santos) (39): Adeus, até ao meu regresso

(***) Vd. poste de 22 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3662: As Nossas Mulheres (1): As que casaram com...a Guiné (Virgínio Briote)

Guiné 63/74 - P3666: O meu Natal no mato (19): Spínola, as meninas do MNF, o bispo de Madarsuma e um jornalista, em Gandembel, 1968 (Idálio Reis)

Guiné > Região de Tombali > Gandembel > Natal de 1968 > Missa de Natal capelão-mor dad Forças Armada. A este respeito escreveu o jornalista , Césa da Silva, em reportagem publicada no Diário Popular, de 17 de Março de 1969 (*):

"Gandembel foi a última posição avançada da Guiné que visitei durante a minha estadia nesta Província. Cheguei ali de helicóptero com o bispo de Madarsuma, Vigário Castrense das Forças Armadas, no dia de Natal. Recebeu-nos o comandante da sub-unidade, e, pouco depois comparecia também o governador e comandante chefe das Forças Armadas da Guiné. Assistimos à missa campal em ambiente de fervorosa fé. O prelado e o Governador partiram. Eu quis ficar. Era o meu adeus à guerra e queria portar-me com dignidade perante aqueles jovens soldados que me olhavam risonhamente, talvez comentando o facto de à nossa chegada (a do bispo de Madarsuma e a minha) ter sido festejada pelos 'turras' com algumas descargas de morteiro e de metralhadoras pesadas. Julgo até, que eles comentavam entre si o facto de os normais habitantes de certo abrigo me terem ali, quando estes entraram (…) ao explodirem as primeiras granadas. Eu pensava que 'gato escaldado de água fria tem medo ...' e tentava adivinhar a sensação do bispo de Madarsuma, que subitamente se sentiu agarrado por um braço no meio da parada e levado para o mesmo abrigo, onde eu já me encontrava"


Foto: ©
Idálio Reis (2007). Direitos reservados

1. Mensagem do Idálio Reis (*), ex-Alf Mil da CCAÇ 2317 / BCAÇ 2835, Gandembel e Ponte Balana 1968/69), engenheiro agrónoma reformado, residente em Cantanhede:


ASSUNTO: Em Gandembel/Ponte Balana, apenas se celebrou um único Natal, precisamente há 40 anos (**).


Naquele plaino, qual clareira decorrente do derrube de uma pequena parte de uma verdejante e luxuriante floresta, para aí se sitiar um acampamento militar, pairava por aqueles dias uma certa acalmia. E esta morna tranquilidade, de todo não era usual.

E os silêncios circundantes, de tão esquisitos na sua serenidade, contribuíam paradoxalmente para uma ambiência de desconfiança, mais tensa e pesada, onde transparecia um agastamento que se tornava difícil intentar esbater.

O PAIGC vinha diminuindo gradativamente o seu fulgor belicista, no que provocava uma situação bonançosa inesperada. E esta alteração de comportamento não nos agradava sobremaneira.

Quem ousaria predizer as suas razões? Talvez nos quisesse brindar com um período de tréguas mais ou menos dilatado, ou então estivesse a urdir alguma estratégia ardilosa de forma a aproveitar uma melhor ocasião para desencadear um dos seus terríveis ataques.

Tínhamos porém, uma forçada e prolongada tarimba, para encarar cuidadamente tais situações, para o que bastava que o estado de alerta se mantivesse prudente e vigilante.

No início da semana de Natal, foi-nos dado a conhecer que o capelão-mor das Forças Armadas viria celebrar uma missa campal.

Os preparativos para esse dia não poderiam ser de grande monta, mercê das circunstâncias que nos eram impostas, mas houve a alegria bastante para se proceder a uma limpeza mais esmerada da pequena parada, que serviria de lugar de culto. Assim, numa quarta-feira, dia 25 de Dezembro, como habitualmente fomo-nos levantando aos primeiros raios do alvor. Era dia de Natal, e muito certamente o único que a Companhia passaria em Gandembel/Ponte Balana, e talvez mesmo em terras da Guiné, já que do tempo de comissão decorrido, tudo indiciava que a próxima Natividade seria passada no tão desejado aconchego familiar.

Bastante cedo, fomos procedendo às tarefas de rotina, e com um efectivo redobrado, seguimos até ao rio Balana buscar água; tudo haveria de correr de feição. O almoço, haveria de ser mais avantajado e suculento, já que tínhamos recebido determinados víveres que deram azo a que a ementa fosse das melhores que durante esta longa estada nos fora proporcionado.

E ao princípio da tarde, vestidos a preceito (onde a camisa era indumentária de gala), esperámos o séquito que haveria de vir ao nosso encontro. E pouco tempo passado, irrompiam nos ares do horizonte, um conjunto de helicópteros, que aterravam celeremente no centro de Gandembel, donde iam saindo diversas personalidades. E logo, aquelas singulares máquinas alares - as únicas que nos puderam tantas e tantas vezes socorrer-, levantavam.

Recordo os que pisaram este chão térreo: uma comitiva do Movimento Nacional Feminino, onde pontificava a sua Presidente, D. Ana Supico Pinto; presbíteros liderados pelo Bispo de Madarsuma; o Comandante-Chefe António de Spínola com alguns militares do seu Estado Maior; um jornalista do Diário Popular.

A Companhia postou-se junto a uma das casernas-abrigo e aprestou-se a dar as boas-vindas. Em silêncio (não em sentido), Spínola aproximou-se de nós e durante alguns momentos fitou-nos de frente [apresentava um fácies de olhar lânguido] e profere uma alocução muito breve em que abordando o tema do Natal, deu particular ênfase aos conceitos de Deus, Pátria e Família. Muito seguramente já havia tomado a decisão pela evacuação daquele aquartelamento, mas nada exteriorizou. De todo o modo, julgo que ao findar as suas palavras, parece ter-lhe perpassado um frémito de emoção, e repentinamente manda descer o seu helicóptero e segue um outro caminho, porventura menos ínvio e liberto que este.

As senhoras do MNF, em atitude bastante contida, simpaticamente fizeram uma pequena oferta a cada um de nós. O Natal de 1968 também nos obsequiara com o maior número de mulheres que Gandembel jamais tivera oportunidade de agregar, e ”nas conversas de caserna” referia-se que talvez fosse a maior prenda que o Pai Natal nos aportara.

Também se retiraram rapidamente.

Ficavam os membros do Clero, para a concelebração da missa. Um altar improvisado e uma Companhia em que a maioria dos seus homens eram católicos praticantes, sentida e contemplativamente ouvem e rezam em murmúrio dolente e fervoroso.

Mas, mal a missa acabou, começam a detonar uma série de granadas de morteiro 82, lançadas junto à fronteira. O bispo e seus acólitos ficam atónitos ante tal quadro e num relance meia dúzia de soldados vão em seu socorro, pegam-lhes nos braços e conduzem-nos para uma das casernas-abrigo. Passaram-se cerca de 10 minutos, terminam as deflagrações, e o helicóptero que devia estar em Aldeia Formosa é chamado, e os membros da Cúria também seguirão outros destinos.

Restou ente nós, o jornalista do extinto Diário Popular, que haveria de escrever um belo artigo sobre a guerra de Gandembel/Ponte Balana, e que o Blogue já o divulgou na sua quase generalidade.

O Sol, entretanto começa a empalidecer, e como havia conhecimento que no dia seguinte viria um helicóptero, cada um reconheceu que era o momento ideal para se escreverem algumas letras de saudade.

E a vida, felizmente para a maioria de nós, foi continuando. Em Gandembel/Ponte Balana, um Natal único, muito provavelmente o aquartelamento com um efectivo de Companhia, de todas as Províncias, em que se celebrou uma só vez.

E o tempo de hoje, vai-nos devorando, quando procuramos tactear as sensibilidades daquele dia ou de um qualquer outro similar.

Há recordações imorredouras…!

A toda a Tertúlia e seus familiares, veementes desejos de Boas-Festas.

Um forte abraço do Idálio Reis (***).

____________

Notas de L.G.:

(*) Vd.poste de 4 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3404: Recortes de imprensa (9): Em Gandembel - O adeus à Guerra (José Teixeira/César da Silva)

(**) Vd. últimpo poste da série O Meu Natal no Mato > 21 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3660: O meu Natal no mato (18): Olossato, 1966 (Rui Silva)

Vd.postes anteriores:

20 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3654: O meu Natal no mato (17): Cufar, 1973, o Cantanhez a ferro e fogo (António Graça de Abreu)

18 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3550: O meu Natal no Mato (16): Os meus Natais na Guiné (Luís Dias)

16 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3636: O meu Natal no mato (15): Salsichas com arroz na messe de Sargentos, na Consoada de 1968... (Jorge Teixeira)

12 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3609: O meu Natal no mato (14): Numa tabanca fula em autodefesa (Torcato Mendonça)

11 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3597: O meu Natal no mato (13): De Cutia (1970) ao CAOP1, em Teixeira Pinto (1971) (Jorge Picado, ex-Cap Mil)

24 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2379: O meu Natal no mato (12): Mansoa, 1971: Uma de caixão à cova... para esquecer o horror (Germano Santos)

24 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2378: O meu Natal no mato (11): Saltinho, 1972: O melhor bolo rei que comi até hoje, o da avó Clementina (Paulo Santiago)

22 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2374: O meu Natal no mato (10): Bissau, 1968: Nosso Cabo, não, meu alferes, sou o Marco Paulo (Hugo Guerra)

22 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2373: O meu Natal no mato (9): Embarquei no N/M Niassa a 21 de Dezembro de 1971... Que maldade! (João Lima Rodrigues)

21 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - 2372: O meu Natal no mato (8): Bissorã, 1964 (João Parreira, CART 730)

21 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2370: O meu Natal no mato (7): Destacamento do Rio Udunduma, 1969, Pel Caç Nat 52 (Beja Santos)

19 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2366: O meu Natal no Mato (6): Peluda, 1969: a Fátria, Manel (Torcato Mendonça)

19 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2364: O meu Natal no mato (5): Mato Cão, 1972: Com calor, muito calor, e longe, muito longe do meu clã (Joaquim Mexia Alves)

18 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2361: O meu Natal no mato (4): Cachil, 1966: A morte do Condeço e do Boneca, CCAÇ 1423 (Hugo Moura Ferreira / Guimarães do Carmo )

17 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2357: O meu Natal no mato (3): Banjara, 1965 e 1966: um sítio aonde não chegavam as senhoras da Cruz Vermelha (Fernando Chapouto)

17 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2356: O meu Natal no mato (2): Bissorã, 1973: O Milagre (Henrique Cerqueira, CCAÇ 13)

16 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2355: O meu Natal no mato (1): Jumbembem, 1965: Os homens às vezes também choram... (Artur Conceição)



(***) Vd. poste de 19 de Julho de 2007 Guiné 63/74 - P1971: Fotobiografia da CCAÇ 2317 (1968/70) (Idálio Reis) (9): Janeiro de 1969, o abandono de Gandembel/Balana ao fim de 372 ataques

Guiné 63/74 - P3665: As Boas-Festas da Nossa Tabanca Grande (10): Mensagens de camaradas que se nos dirigiram (Carlos Vinhal)

Mais mensagens de camaradas que se nos dirigiram com votos de Boas-Festas dirigidas a todos os tertulianos


1. Retribui e agradece em dobro com paz amor e saúde acima de tudo
Assim como para todos os Guineenses

Um grande abraço para todos
F Chapouto
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2. Feliz Natal. Bom Ano Novo

José Pedrosa
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3. Amigo Carlos:
Para ti, e por teu intermédio para todos os restantes camaradas da Tertúlia, os meus profundos desejos de umas Festas Felizes em família, com paz, saúde e em harmonia.

Um abraço do
J. Armando Almeida
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4.

Para todos um
BOM NATAL E UM 2009 CHEIO DE SUCESSOS

Benito Neves
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5.

A todos os Tertulianos e camaradas da Guiné desejo um Natal muito feliz
e um novo Ano com muita saúde, paz e amor.
Como é fácil perceber nem todos estarão na sua melhor forma.
Para esses, desejo que recuperem o mais rápido possível, e que nunca percam a esperança.
Deus vos acompanhará.

Um grande abraço para todos
Artur Conceição
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6.

Desejo a todos um Natal Feliz, cheio de paz, amor, amizade, sorte, felicidade, e tudo, tudo de bom. Próspero Ano de 2009.

Artur Soares
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7.

Para:
Luís Graça, Carlos Vinhal, Virginio Briote e
restante pessoal camarada da Tabanca Grande, com os votos de Feliz Natal e um próspero Ano Novo

Tino Neves
Almada
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8.

Amigos
Boa Festas e Bom ano
Jorge Teixeira
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9. A todos os amigos e camaradas da Tabanca Grande e suas famílias desejo um BOM NATAL e um PRÓSPERO 2009.

Luís R. C. Moreira
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10. Neste Natal e por teu intermédio quero desejar a todos camaradas da Tertúlia e suas famílias... Festas Felizes, super 2009.

Abraço
FIRMINO
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11.

Todos os anos nesta época, somos convidados a fazer Natal - criar ambientes de paz. amor. fraternidade, solidariedade . . .
Como é Natal, quando o homem quer, e, porque o Menino Deus nos desafia, tentemos fazer Natal todos os dias.


Para ti, e para tdos quantos te são queridos, os melhores votos de um Santo Natal
José Teixeira
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12. Manuel Vieira Moreira,
ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, BISSORÃ 67 e XIME 68-69, envia a toda a Tertulia, através do nosso amigo e companheiro Carlos Esteves Vinhal, votos de um SANTO NATAL e o 2009 cheio de SAÚDE
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13.

Pessoal da "Tabanca Grande":

Para todos vós, e vossos familiares e amigos, sinceros desejos de um Natal cheio de paz e saúde, e que o ano de 2009 seja de esperança e concretização dos vossos sonhos.

Festas felizes
Jorge Santos
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14.

Manuel Lema Santos
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15.

SINCEROS VOTOS DE BOAS FESTAS

Francisco Palma
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16. Feliz Natal para todos vós amigos tertulianos, junto daqueles que vos são são mais queridos!!!

Anexo uma mensagem diferente... (*)

do Pira de Mansoa
Eduardo M.R.
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Notas de CV:

(*) Qualquer trabalho enviado em Power Point, não pode, como é lógico, ser editado para publicação no Blogue. Dá uma trabalheira, copiar os slides e convertá-los em formato jpeg... Façam isso por nós, pobres editores, atarefadíssimos com o movimento natalício...

Vd. último poste da série de 18 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3653: As Boas Festas da Nossa Tabanca Grande (11) : Pepito e Isabel, do Quelélé com muito amor... e muita esperança