segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3728: PAIGC: O acampamento (barraca) Osvaldo Vieira (Pepito)

Guiné-Bissau > Região de Bafatá > 1 de Março de 2008. Saltinho, na Estrada Bissau - Mansoa - Bambadinca-Saltinho - Quebo - Gandembel - Guileje. Paragem no Saltinho, no Clube de Caça, para tomar um segundo pequeno-almoço reforçado. Que a viagem era longa até ao Guileje (chegada prevista às 12h30), no âmbito do programa social do Simpósio Internacional Guiledje Na Rota da Independência da Guiné-Bissau. Com a ponte sobre o Rio Corubal ao fundo, o Pepito está atento à caravana que vai retomar a marcha... Por detrás da realização do Simpósio Internacional de Guileje havia uma logística impressionante, de que os participantes a pouco e pouco se foram dando conta...

Foto: © Luís Graça (2008). Direitos reservados.


Guiné-Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da Semana > 9 de Novembro de 2008 > "Cada vez maior número de pessoas, maioritariamente estrangeiros trabalhando em organizações internacionais, embaixadas e projectos, saem de Bissau aos fins de semana e demandam a Mata de Cantanhez.

"Dispondo de excelentes condições de alojamento em bungalows cobertos a palha segundo o modelo tradicional, mas com todos os requisitos de higiene e comodidade, Cantanhez propicia bonitos percursos na mata onde se podem ver árvores centenárias e com sorte chimpanzés.

"Em breve estarão igualmente disponíveis bungalows descentralizados nas tabancas de Faro Sadjuma, Canamine e Ilhéu de Melo, que dispõe de uma enorme praia de areia finíssima" [Foto tirada em 13 de Setembro de 2008; do lado esquerdo, em primeiro plano, o nosso amigo Domingos Fonseca, técnico da AD, do Programa Integrado de Cubucaré (PIC), um dos incansáveis braços direitos do Pepito, na organização da visita, ao Cantanhez, dos participantes do Seminário Interncional de Guileje ].


Foto (e legenda) : © AD - Acção para o Desenvolvimento (2008). Direitos reservados.

1. Mensagem do nosso querido amigo Pepito, director executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau, ideólogo e principal responsável da organização do Simpósio Internacional de Guileje (Bissau, 1 a 7 de Março de 2008):

Amigo Luís;

Duas precisões em relação ao poste de hoje do nosso blogue (*):

(i) Nome do velho nalú a que te referes: chamava-se Mussá Camará e acaba de falecer há cerca de dois meses atrás;

(ii) Osvaldo Vieira: não tenhas dúvidas absolutamente nenhumas que o Osvaldo foi um combatente que viveu naquela barraca (acampamento) e fez dela ponto de partida para numerosas acções de guerrilha.

As estórias dele naquele local são mais do que muitas, algumas até divertidas: quando lhe dava a sede, mandava um dos seus guerrilheiros comprar vinho no Quartel de Cacine. Uma vez o mesmo saboreado e estalada a língua de satisfação, recostava-se e dizia:
- Um dia ainda vamos chorar a partida dos portugueses, nunca mais beberemos bom vinho…

Um grande abraço
pepito

2. Comentário de L.G.:

Peço-te desculpa, a ti e aos demais guineneenses, por este lapso de lesa-história. Não sei por quê, fiquei com a ideia, por ocasião da visita que fizemos a esse local mítico da luta de guerrilha (***), em 2 de Março de 2008, em pleno coração do Cantanhez, que o título dado era meramente honorífico, e que o Osvaldo nunca tinha andado por estes dados...

Dou agora a mão à palmatória, e mais uma vez lamento a falta de resenhas biográficas dos principais comandantes do PAIGC e heróis nacionais, como é o caso do Osvaldo Vieira (1938-1974), cujos restos mortais repousam no Panteão Nacional da Amura (**).

Quanto ao velho e simpático Mussá Camará, valente combatente da liberdade da Pátria, aqui fica, para a posteridade, o seu nome. Lamento que a morte o já tenha levado. Fica, pelo menos aqui, o pequeno vídeo com o seu testemunho, e em que tu, Pepito, foste o expedito, paciente e competetente intérprete de circunstância. A morte destes homens que estiveram no início da luta armada, é também uma perda para todos nós, guineenses e amigos da Guiné.... Em muitos casos, estes homens (e mulheres) morrem sem terem contado, em primeira mão, a sua história... Ou pelo menos sem ter ficado registo dessa memória... A AD tem feito procurado registar, em suporte digital, a história de vida destes velhos combatentes, no âmbito do projecto Guileje (ou Guiledje), já aqui tão falado.

_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 12 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3726: Em busca de... (61): O Capitão Curto, que esteve no cerco de Darsalame, em 1963 (Luís Graça)

(**) Vd. poste de 9 de Abril de 2008 >Guiné 63/74 - P2737: Dando a mão à palmatória (8): Erros factuais nas notas biográficas sobre Osvaldo Vieira (1938/74) e Pansau Na Isna (1938/70)

(***) Vd. postes de:

5 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2721: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral (29/2 a 7/3/2008) (Luís Graça) (13): Visita ao Acampamento Osvaldo Vieira (I)

12 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2752: Uma semana inolvidável na pátria de Cabral (29/2 a 7/3/2008) (Luís Graça) (14): Acampamento Osvaldo Vieira (II)

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro Pepito,
Há quanto tempo!? Meu amigo.
Desculpa, mas a vida é assim.
Como homem aí do Sul, pois a nossa vida foi sempre em Cufar, adoro e fico louco por saber coisas dessa linda Terra.
Para mim também foi novidade o acampamento do Osvaldo, mas por vezes é melhor não dizer nada, não vamos por a dita na poça.
Em 65/66, as informações que tinhamos e eram muitas, não era referido o Osvaldo, como havia agentes duplos, assim como no PAIGC sabiam tudo sobre nós, "C.CAÇ. 763" "LASSAS" "Companhia dos Cães", deve haver por aí quem se lembre.
É claro que não vais entrar nestes promenores com o Sr. Presidente que quando saía para Conakry era substituido pelo "Guade".
Que foi feito do Guade? Pregou-nos e o Nino também algumas partidas, mas era bom rapaz e muito compreensivo com o pessoal do Como, não sei se pela a amizade com o Pansau Na Isna.
Conta-me se é que por aí alguem ainda se recorda do Guade, já lá vão quarenta e tal anos.
Desculpa ser assim, mas quero ver se escrevo alguma coisa sobre a fauna que ia beber á lagoa de Cufar, que desapareceu segundo me consta, quando a pista foi asfaltada.

Um abraço do tamanho do Cumbijã,

Mário Fitas

Luís Graça disse...

Luís

Eis a resposta do Pepito, que nos chegou pela ciaxa de correio do blogue:

Pelo Mário Fitas, que tão bem me recebeu e me ofereceu uma boa quantidade de exemplares do seu livro que distribuí aqui a amigos, claro que vou tentar saber junto dos velhos (muito velhos mesmo) combatentes quem era e queé feito do Guade (penso que o nome será em crioulo: Quadé).
abraço
pepito
adbissau.ad@gmail.com

Anónimo disse...

Caro Pepito
Volto à carga!Mas primeiramente os votos de daúde teus como de tua família.
Provavelmente isto ainda sairá em histórias de Cufar! No entanto ainda há recordações, é claro que tudo é evolutivo, mas aí vão mais umas dicas:
O Guade _Quade em criolo_ tinha um primeiro nome, João mas cujo nome de guerra era Joãozinho Guade, que embora responsável de Cansalá, era substituto do "Nino". Foram também seus companheiros: Sadjá Bamba Sambiche na Ledé e outros. O Bia Chefe de Impungueda, e que um dia desapareceu (nós soubemos como)levava e trazia, mas julgo que levava mais do que trazia.
A Pami Na Dondo, existiu com outro nome é claro. mas o Malam Cassamá, esse é nome verdadeiro. Foi-se entre Flaque Injã e Caboxanque, tudo isto faz parte da história de um Povo. Pode ser que alguém pegue em tudo isto, e refaça a História.
Vai procurando as lendas destes velhos guerrilheiros, eu darei o que poder.
Votos para o progresso da tua magnifica obra.

Olha! um abraço para ti e essa boa gente toda, do tamanho do Cumbijã!

Mário Fitas