sábado, 27 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5899: Agenda Cultural (61): Exposição Portugal nas Trincheiras - A I Guerra da República, de 23/2 a 23/4/2010, em Lisboa


Do Museu da Presidência da República , dirigido ao nosso blogue, chegou-nos   este expressivo cartaz com o anúncio da Exposição Portugal nas Trincheiras - a I Guerra da República, a decorrer de 23 de Fevereiro a 23 de Abril,  nos Museus da Politécnica, em Lisboa.


Mais informações estão disponíveis no Museu da Presidência:
 
(i) Trata-se de uma iniciativa no âmbito das comemorações do I Centenário da República;
 
(ii) Reune mais de 200 peças e documentos relativos à participação do contingente português na I Grande Guerra, desde a sua partida para a Flandres em Fevereiro de 1917 até ao Trataddo de Versalhes, em 1919;
 
(iii) O espólio exposto foi recolhido graças ao apoio do Exército, da Liga dos Combatentes e de dezenas de particulares;
 
(iv)  Destaque para o diário de um soldado, oriundo da  Beira Alta, que relata o quotidiano da guerra, na 1ª pessoa, em português.
 
Recorde-se que o grosso das nossas tropas era composto por uma massa de jovens camponeses, mal preparados e pior equipados, e além disso analfabetos, que não sabiam a razão por iam lutar e morrer, e muito menos conheciam o inimigo, a Alemanha e os alemães. O inferno das trincheiras, documentado na exposição, em fotogrfia e filmes, ficou associado, no imaginário dos portugueses, à terrível Batalha de La Lys, em que no curtíssímo espaço de 4 horas, em 9 de Abril de 1918, na sequência de uma contra-ofensiva das tropas alemães,  o nosso exército perderá cerca de 7500 homens, entre mortos, feridos, prisioneiros e desaparecidos.
 
Um das razões por que os dirigentes políticos da I República apoiaram a nossa entrada na  I Grande Guerra, terá sido a defesa das colónias portuguesas de África, mas também a necessidade, para o novo regime político saído da revolução do 5 de Outubro de 1910, de criar (e reforçar) o culto de  novos símbolos identitários, como a bandeira verde-rubra. Se Portugal não estivesse entre os vencedores, na altura da assinatura do Tratado deVersalhes, nenhum de nós teria muito provavelmente ido parar à bolanhas da Guiné, na altura da guerra colonial (1963/74)... A Guiné teria caído nas mãos dos franceses ou dos ingleses. Amílcar Cabral não teria existido ou muito provavelmente escreveria em francês e seria amigo de Senghor...
 
O sacrifício em vidas humanas não ficou por aqui. Estima-se em cerca de 5000 o número de soldados do Corpo Expedicionário Português que regressaram, do teatro de guerra na Flandres francesa, com tuberculose... Em 1930,  a  mortalidade por tuberculose, no nosso país, atingiria  o valor máximo de 200 por cada 100 mil habitantes, correspondente a 10% de todos casos de morte, quando já estava em regressão nos países desenvolvidos... Sem falar a terrível peste da pneumónica (1918/19) que teve, em Portugal, consequências devastadores para os jovens adultos...

Por tudo isto, recordar é preciso... Há famílias portuguesas com três gerações de expedicionários (Flandres na I Grande Guerra, Colónias de África na I Grande Guerra - houve combates no sul da Angola, e no norte de Moçambique contra os alemães e seus aliados -, colónias de África e da Ásia na II Guerra Mundial, e depois Guerra Colonial, 1961/74)...  Já aqui falámos do caso de camaradas como o David Guimarães, cujo pai foi herói da Flandres... Mas haverá mais casos...que poderão chegar ao conhecimento do nosso blogue...

3 comentários:

José Marcelino Martins disse...

As duas gerações de militares, anteriores à minha, estiveram nas geurras que foram mantidas por Portugal.

No final do Secula XIX, o meu avô materno José Marcelino, esteve em Moçambique.

Mais tarde, em 1917, em barcou para França esse meu av^e um tio paterno, Julio Martins.

O meu avó foi evacuado por ferimentos em combate (gás mostarda), tendo o meu tio regressado já em 1919, com a Medalha da Vitória.

Ambos tinham o posto de 2º Sargento e pertenciam ao Regimento de Infantaria 7 de Leiria que, ainda sob a designação de Regimento de Caçadores 6, é mencionado no Crima do Padre Amaro, de Eça de Queiroz.

Esse regimento, extinto am 1974, esteve presente nas Campanhas de Ocupação, na I Grande Guerra, na Expedição a Cabo Verde durante a II Guerra Mundial e nas Campanhas de África (1961/1974).

José Martins

Anónimo disse...

Houve batalhas no sul de Angola e norte de Moçambique, contra alemães e africanos armados por alemães, com armas melhores dos que as nossas.

Há muita literatura sobre essas batalhas. Sendo que as de Angola, conheci os campos de batalha, em que as figuras mais sonantes foram Generais Roçadas e Pereira D'Eça.

Luis, se os alemães saissem por cima, estes já tinham planos para Angola e Moçambique, bem definidos.

Talvez não tivessem para Guiné e Caboverde e São Tomé.

Uma batalha célebre foi a batalha de Naulila, em que os alemães retiraram e os nossos tambem, só que os alemães armaram os Cuanhamas, que passaram a dar muito trabalho à presença portuguesa.

Antº Rosinha

Juvenal Amado disse...

Se Portugal não tem entrado na 1ª G.Guerra as nossas colónias teriam sido divididas entre Alemães, Franceses, Italianos ou Belgas.
A própria Inglaterra e Alemanha terão negociado as nossas possessões além mar em segredo.
A Inglaterra esteve sempre a fazer jogo duplo e teriam visto com boa cara, a nossa anexação pela monarquia Espanhola.
A Inglaterra terá mesmo afirmado que a nossa aliança não seria accionada no caso de conflito com a nossa vizinha Espanha.

(Crónicas de Guerra de José Rodrigues dos Santos)por sua vez cita Silva Graça «A Lição da Guerra»O Século, 8 de Agosto de 1915.
Finda a G. Guerra Portugal seria presa fácil de qualquer que fosse o vencedor.

Um Abraço

Juvenal Amado