Queridos amigos,
Preciso de fazer de quanto em vez uma pequena pausa sobre as memórias da viagem que efectuei no mês passado à Guiné.
Estes copépodes são mesmo um pretexto para mostrar o que já não existe, o Canal Impernal. Com a morte da ponta de Ensalmá, este ecossistema desapareceu. Paz à sua alma.
Um abraço do
Mário
O pretexto foram os copépodes da Guiné…
Beja Santos
A Dr.ª Emerita Marques estudou a sério os copépodes da Guiné, conforme se pode ler na sua conferência feita em 27 de Janeiro de 1950 e publicada nesse ano pela Junta de Investigações Coloniais. Comprei o documento na Feira da Ladra, uns sábados atrás. Sinceramente que o tema não me diz nada, o fundamental para mim são as duas ilustrações que se dão à estampa, nomeadamente a primeira dedicada ao Canal Imperial, hoje inexistente. Quanto aos copépodes, diz a distinta zoóloga:
“O mar é povoado por um número incalculável de seres vivos, tanto animais como vegetais, se encontram espalhados por toda a sua enorme massa de água. Uns limitam-se normalmente ao fundo ou às suas proximidades; outros habitam todo o mar, deslocam-se em todos os sentidos, nadando mesmo contra as correntes. Mas existem muitos outros que, já adultos ou ainda sob a forma larvar, e difundidos desde o fundo até à superfície, se deixam arrastar pelas águas, flutuando passivamente através delas. Estes seres constituem o plâncton, são animais de grandeza microscópica, sobretudo”.
Continuando, a Dr.ª Emerita Marques fala sobre o estudo do plâncton e de colheitas efectuadas pela Missão Zoológica da Guiné, e particularmente chama a atenção para um dos elementos constituintes do plâncton, os copépodes. São pequeníssimos crustáceos que desempenham um papel extraordinariamente importante na cadeia alimentar do mar. São eles que, na companhia de muitas larvas de outros animais, em que predominam crustáceos, constituem parte fundamental do alimento de inúmeros peixes, músculos e até cetáceos. Estes copépodes servem de alimento a sardinhas, arenques e até o bacalhau. Há copépodes marítimos e os de águas doces e salobras.
Os copépodes podem transmitir parasitas pelo que é importante estudá-los em profundidade. A dita Missão Zoológica da Guiné andou a colher exemplares nas águas continentais, identificou-as e toda a conferência decorre sobre a exaltação desta singularidade do mundo microscópico. Não foi esta maravilha da zoologia que me levou a comprar a brochura, foram duas imagens, tal como seguem:
Canal Impernal, entre o canal do Geba e o rio Mansoa. A bordo do vaporinho Pelundo, ao serviço da Missão Zoológica
Nativos a banharem-se no rio de Catió
São fotografias da década de 40, a Guiné Portuguesa vive uma fase dinâmica decorrente do impulso dado pela governação de Sarmento Rodrigues. O campo científico foi revolucionado e convém não esquecer que ao lado desta Missão Zoológica esteve outra não menos importante, a Missão Geo-hidrográfica. Os sinais desta missão aparecem no álbum fotográfico em publicação, alusivo à minha recente viagem à Guiné: ainda existem em Ponta Varela e Mato de Cão os leitores das marés, marco fundamental para a boa navegação destes rios.
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 16 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7445: Operação Tangomau (Álbum fotográfico de Mário Beja Santos) (4): Dia 22 de Novembro de 2010
Vd. último poste da série de 27 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7347: Notas de leitura (177): Marcelino Marques de Barros, um sábio guineense (Mário Beja Santos)
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