quarta-feira, 6 de julho de 2011

Guiné 63/74 - P8516: As nossas melhores fotos (3): Na senda do Cap Imaginário que eu conheci em Gadamael Porto, em 1974 (Joaquim Sabido, 3ª CART / BART 6520 e CCAÇ 4641, 1973/74)


Guiné > Região de Tombali > Gamael > Maio de 1974 > A primeira visita do PAIGC à tabanca e aquartelamento de Gadamael: Em primeiro plano, ao centro, o Comandante do COP5 (Cap Ten Fuzo Patrício ); do seu lado direito está o comissário político do PAIGC, de cigarro russo na boca. O nosso camarada José Gonçalves está atrás, na segunda fila,  entre os dois. Por sua vez, o capitão Pimentel, comandante da CCAÇ 4152 (***),  está ao lado do José Gonçalves, por detrás do Comandante Patrício. 


Guiné > Região de Tombali > Gamael > 1974 > O capitão Peixoto da CCAV 8452, de T-shirt branca com o seu nome estampado. De lado estão dois capitães do COP5 e de costas o Alf Mil Lobo, da CCAÇ 4152, a minha companhia. Esta foto foi tirada na messe de oficiais da CCAV 8452, construída com troncos e chapas de lata (**).

Fotos (e legendas): © José Gonçalves (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados

1. Comentário do nosso camarada Joaquim Sabido  [, foto à direita,] com data de 5 do corrente, ao poste P7187 [ O Joaquim Sabido é hoje advogado, reside em Évora e esteve presente no último encontro em Monte Real]: 


Caros Camaradas:

Att. José Gonçalves e C. Martins, porque se encontravam em Gadamael quando as fotografias foram obtidas, gostaria que, se ainda vierem a estes comentários [ao poste P7187], me confirmassem se o capitão que aparece na 1ª foto, ao lado direito do Comandante Patrício e na 2ª foto, ao lado esquerdo do Cap 
 Peixoto, não é o Cap Imaginário ? (****)

Na 1ª foto, ao lado esquerdo do comandante Patrício, aparece o cabo fuzileiro Pedras, o de barbas e com avantajada envergadura.

No comentário do Zé Gonçalves, do dia 30 de Outubro, [ ao supracitado poste  
P7187, ] posso confirmar que as posições que bombardearam após a visita do Comissário, foram para auxiliar o pessoal que se encontrava em Jemberém [ou Iemberém, como se diz hoje], pois continuámos a embrulhar e bastante nos ajudaram, especialmente o C. Martins, com os seus 14.

Um Abraço a todos os Camaradas, do

Joaquim Sabido, Évora
ex-Alf Mil Art,
3.ª Cart/Bart 6520/73 
e CCaç 4641/73
(Jemberém, Mansoa e Bissau, 1974)
_________________

Notas do Editor:

(*) Ultimo poste da série > 27 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8476: As nossas melhores fotos (2): O Major Pereira da Silva, num zebro, no Rio Mansoa, com outros oficiais, incluindo eu (J. Pardete Ferreira)

(**) A CCAV 8452/72 foi mobilizada pelo RC 4. Partiu para a Guiné a 29/5/1973 e regressou 6/9/1974. Esteve em Gadamael, Cacine, Cumeré e Brá. Comandante: Cap Mil  Cav José Ferreira Rodrigues Peixoto.Fonte: Matos Gomes, C.; Afonso, A. - Os anos da guerra colonial: volume 14: 1973 - Perder a guerra e as ilusões.  Matosinhos: QuidNovi. 2009.

(***) CCAÇ 4152/73:  Mobilizada pelo RI 1. SWeguiu oara a a Guiné em  29/12/1973 e regressou a 12/9/1974.   Esteve em Gadamael e Cufar. Comandante: Cap Mil Inf Rodrigo Belo de Serpa Pimentel. Fonte: Matos Gomes, C.; Afonso, A. - Os anos da guerra colonial: volume 14: 1973 - Perder a guerra e as ilusões. Matosinhos: QuidNovi. 2009.

(****) A única referência (lacónica) que temos no nosso blogue é do próprio Joaquim Sabino: (...) "Sr. Capitão Imaginário, que tive o grato prazer de conhecer em Gadamael Porto, aquando da minha visita ao local [, em 1974]".
 
Pergunta-se: Seria um oficial ligado ao COP5 ? Ou comandante de alguma companhia operacional ?

17 comentários:

Torcato Mendonca disse...

Não é comentário.
Só duas notas:
1º Fico feliz, por não estar lá á época retratada.
Cumprimentava militarmente os militares IN e a mais não era obrigado

2ºo que chamou a atenção, certamente a razão destas breves notas, é ver um Oficial do meu País com um emblema do Paigc.

Fico-me.
Torcato

Anónimo disse...

Muito bem observado Camarigo Torcato, não tinha reparado nesse pormenor do crachá do paigc, que o Comandante Patrício usava ao peito.
Mas olha que era um grande Homem e militar -nada de confundir com militarista -, e à custa e às costas de quem, ao que julgo saber, alguns treparam na hierarquia no pós 25 de Abril.
Um Abraço Camarigo, do
Joaquim Sabido
Évora

Anónimo disse...

Sem militantices bacocas, preocupações de correcção seguidista ou sentimentos de bondadestas de pexisbeque, quero lembrar que estas imagens mostram o inexplicável agachamento colectivo de oficiais de um exército formal (sem, aqui, desprimor individual de nenhum deles); fica em evidência o lado perverso da estrutura de um poder aceite... afinal, qual seria a provável dimensão intelectual e social daquele rapazito de cigarro da boca?
A ilustrar, lembro-me de uma pergunta que fiz, cá em Portugal e há uns anos, a um camarada responsável pelo estágio frequentado por dois capitães e um major das tropa angolana cujo semblante este rapazito do cigarro me fez lembrar:
-Estes gajos estão a que nível?, indaguei;
-(pausa) ...de um bom sargento nosso, foi a resposta; e tratava-se de oficiais de um exército regular; não de 'papagaios falantes' a fazer recados por conta d'outrem.
Não sendo falsidade, não são edificantes, estas imagens...

SNogueira

Torcato Mendonca disse...

Caro J. Sabido, Eborense

Nunca iria pôr em causa o Homem ou o Militar. Nem conheço, nem li bem a legenda á foto já repetida.Não é falta de respeito. Nunca. Eram tempos ou teriam sido tempos de tremenda barafunda. Só isso leva a um descuido,para mim claro, daqueles e a um pavãoseco, pelo que li com as costas guardadas por muitos IN's, a andar por ali, qual virgem de branco vestida, como se fosse um vencedor de qualquer coisa.
Depois "a vitória " levou ao fuzilamento de milhares de camaradas nossos.
Não me passa Joaquim. Pode parecer ou chocar muitos mas eu só cumprimentava militarmente e sempre armado.Eu e quem eu comandasse. Quando embarquei no Xime em regresso a Bissau e a Portugal, pediram para as armas...arma fazia parte do corpo e era na LDG...
Abraço Amigo T

Anónimo disse...

Caro camarada
Joaquim Sabido
Vamos lá por ordem nas coisas.
O Capitão que aparece ao lado do Comandante Heitor Patrício julgo ser o oficial de operações do COP 5 que substitutuiu o Capitão comando Patrocínio, não tenho a certeza e não me recordo do nome.
Após a primeira visita dos elementos do paigc nunca mais tivemos ataques.
Quando referes o ataque a jemberem este foi efectuado do lado oposto aos obuses 10,5 e tendo esgotado as granadas de morteiro pediram-nos ajuda, foi então feito por nós um "batimento" de todo o perimetro do aquartelamento inclusivé junto ao arame.É evidente que só foi feito porque tinhamos um observador avançado que era o próprio comandante do pelart de jemberem.Isto foi em abril mas antes do dia 25.
A foto supra onde aparece o Comandante Patricío com um emblema do paigc,um oficial de marinha fuzileiro excepcional e considerado o "pai" dos fuzos é bom que não se façam juizos de valor precipitados.Aquilo foi apenas circunstancial...resultou apenas e só da troca de "galhardetes" entre as partes.. é que se o meu amigo e conterrâneo "Pedras" fuzo e guarda costas do Comandante Patrício na altura, com três comissões seguidas na Guiné, sabe que estão a por em causa a honaribilidade do Comandante Patrício ainda dá uma "latada"...ah.ah..ah. em alguém.
Caro camarada Torcato com o respeito que me merecem todas as opiniões, é muito fácil falar sobre acontecimentos que não se viveram.
Oh..camarada S.Nogueira.. é obra avaliar o nível intelectual de uma pessoa só pela fotografia.. a mim não me pareceu, que falei com ele,apesar de ser jovem e é certo pouco à vontade (quem não estaria)nas mesmas circunstâncias)era licenciado, claro numa universidade russa, em ciência "política" provavelmente marxista,poliglota.. falava correctamente português, culto..enfim era comissário político..não seria figura de top da hierarquia do paigc ,nem poderia ser..

um alfa bravo

C.MARTINS

Anónimo disse...

PS.
Em todos os contactos com elementos do paigc,estes nunca demonstraram qualquer sobranceria ou altivez para conosco,pessoalmente não o permitiria.Pelo contrário quando nos visitavam entregavam as armas voluntariamente, coisa que nós não fizemos quando os fomos visitar a uma base na Guiné-conakry, que não era em kandiafara...aliás aí não tinham nenhuma base..esta era algures em pleno mato.

C.Martins

Torcato Mendonca disse...

Caro C.Martins
Não faço parte da desordem…Mas:
A resposta já a dê ao Joaq.Sabido e serve-te dela.
É o que penso.Não fiz nem faço juízo de valor sobre ninguém.
Era o que faltava.Lê com atenção o que escrevi. Não analiso aqueles tempos difíceis de viver lá ou cá. Ainda bem que lá não estava.
Conheci um dos primeiros Fuzileiros, curso na “estranja”,várias comissões, muitas condecorações. O nome Ludgero. Mais conhecido por Piçarra pois cantava bem (havia um cantor Luís Piçarra nesse tempo).Estivemos juntos na Guiné e não só. Saudades…
Não esqueço os meus Camaradas e não sei perdoar…foi assim que há anos, cinco?,aqui me apresentei…Abraço e não te precipites…disse tudo no outro escrito.
Ab T

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... que, quanto a factos, um pequeno pormenor: onde está «A CCAV 8452/72 foi mobilizada pelo RAL 5», deverá estar «A CCAV 8452/72 foi mobilizada pelo RC4» (Santa Margarida da Coutada).
FYI: em todo o tempo da contra-guerrilha no Ultramar Português, nenhuma unidade/subunidade de Cavalaria foi mobilizada por regimento que não da respectiva Arma.

Luís Graça disse...

Agradeço ao nosso leitor (e camarada de armas) JCAS o seu pronto e oportuno reparo sobre a unidade de mobilização da CCAV 8452/72. Foi de facto o RC 4 e não o RI 5. Oscar Bravo. LG

Anónimo disse...

Caro CMartins,
repare que interrogo -qual seria a dimensão...?- embora interrogue intencionadamente, embora sem prejuízo das condições que revela no seu comentário mas generalizando e uma vez que não posso construir uma amostra, recaio na atitude íntima, referida ao contexto e interrogo de novo - quem seriam os rapazitos promovidos a polícia dos costumes políticos da tropa do PAIGC?.

SNogueira

Anónimo disse...

Caro camarada
SNogueira
A estrutura militar do paigc tinha o seguinte organograma:
forças militares "corpos de exército" constituídos por grupos ou bigrupos para uma determinada região e milicias (forças de auto-defesa) e respectivos comandantes,estes estavam subordinados a um comissário político, era este que tinha sempre a última decisão sobre qualquer acção militar.
Os comissários políticos eram normalmente pessoas com formação superior.. "ciência política" "feita em países do bloco comunista".
Como já disse em comentário anterior o "rapazito" tinha 25 anos e não era tonto nenhum.. era um quadro intermédio da hierarquia do paigc..a sua função foi apenas de "apalpar terreno".Posteriormente as conversações foram feitas com dirigentes do paigc.
Todo o processo de retracção das NT decorreu sempre com a maior lisura tanto da nossa parte como da deles e cumprindo sempre as regras militares.
No dia da entrega formal e passagem do poder militar para o paigc,este foi feito como mandam as regras militares; arrear e içar respectivas bandeiras com o pessoal formado e em continência, que nesse dia a esmagadora maioria do pessoal não era do paigc mas sim do exército da Guiné-conakry.. isso já é outra história.
Isto foi o que se passou em Gadamael e do qual eu fui parte activa..

C.Martins

Anónimo disse...

PS
todos os militares (supostamente do paigc) envergavam a farda do paigc; verde azeitona com umas pequenas riscas amarelas,capacete botas,kalash..etc.As viaturas onde se deslocaram estavam impecavelmente limpas notando-se apenas o pó acumulado na respectiva deslocação e até as rodas estavam pintadas de branco.
Como é que eu sei que não eram do paigc ,mas do exército da guiné-conakry.. ora bem porque só falavam francês..discretamente furtavam-se ao contacto pessoal e por último .."eureka"..confirmação pelo próprios elementos do paigc.

C.Martins

Anónimo disse...

Por razoes historicas objectivas,varios eram os guerrilheiros e responsaveis politicos e militares do PAIGC,que sempre se expressaram melhor em frances do que em portugues!!!

Particularidade que entretanto nunca fizera deles menos guineenses...porque "retornados" dos paises limitrofes!!!

Casamance no Senegal e Boke na Guine Conacri, na rota do exilio forcado de milhares de familias guineenses, foram centros de recrutamento da guerrilha !!!

Curioso o facto do exercito guineense hoje, contar nos seus efectivos com jovens recrutas com raizes em ambos os lados das fronteiras do pais !!

Nelson Herbert
USA

Anónimo disse...

Quero perguntar ao Martins se ele era o Alferes do pelotão de obuses. Sabes eu tenho uma idéia viva das caras mas não dos nomes. Se és a pessoa que eu julgo, seria interessante que relatasses a tua viagem ao outro lado da fronteira e também as historias que eram contadas quando das reuniões com o PAIGC em Gadamael. Eu lembro-me de algumas mas como entrei de férias nessa altura não assisti a tudo e até lá não estava quando foi feita a entrega. Tu estavas lá podes ilucidar a história com os milicias onde o PAIGC teve que nos proteger. Pelo menos foi o que me contaram quando cheguei a Cufar vindo de férias. Lembro-me muito bem das viaturas deles com que eles se deslocavam a Gadamael e que tu relatas e eram novinhas em folha.

Martins, eu duvido muito que os guerrilheiros que se nos apresentaram pela primeira vez pós 25 de Abril fossem soldados da Guiné Conakry pois duvido que os mesmos teriam entregue as armas tão facilmente. Mas naquele tempo nada era impossível como sabes e havia surpresas todos os dias.

Lembro-me muito bem quando deste apoio a Jemberem pois os obuses estavam virados para a messe de oficiais e as telhas mais soltas começaram a cair como diz o ªfernando Mendesª ªFoi um espetáculoª

Um Abraço

José Gonçalves

Anónimo disse...

Para responder ao Sabido, eu não tenho a certeza absoluta do nome dele mas tenho quase 90% que de facto se tratava do capitão imaginário que era o oficial de informação do COP 5.

Sei que vivia em Lisboa e que até fui à casa dele para receber uma encomenda da mulher quando vim de férias.

Um abraço

José Gonçalves

Anónimo disse...

É o Capitão Antunes que se encontra nas fotos. Conheci-o no RI 12 como comandante da Companhia de Instrução. Mais tarde, logo após o 25 de Abril, foi para a Guiné com o fim de disciplinar (dissipar) uma companhia que se estava a insurgir por ter sido(ainda) mobilizada.
(Carlos Milheirão)

Anónimo disse...

O nome Antunes diz'me qualquer coisa portanto é muito provável que se chamasse Antunes e não Imaginário, mas Imaginário também me diz qualquer coisa portanto até podia ser o outro capitão que se chamava imaginário. mas ele era o oficial de informação do COP 5 no 25 de Abril isso tenho eu quase a certeza. Se não estava lá no 25 de Abril chegou pouco depois.

Talvez o C. Martins se lembre exactamente dos nomes.

José Gonçalves