Caríssimos amigos,
No Facebook vi esta mensagem do nosso amigo Luís Carvalhido da Ponte, que regressou de mais uma visita à Guiné, mais precisamente da região do Cacheu, que me deixou apreensivo, a quem peço desde já alguma referência para poder ajudar. Para além disso gostaria que fosse publicado no nosso blogue.
Convém lembrar que o Carvalhido da Ponte foi Furriel Enfermeiro na CART 3494 e também professor das crianças do Xime em 1972/74, é presidente da geminação de Viana do Castelo com a Vila de Cacheu, tendo aqui desenvolvido a criação da maternidade existente e apoio à mulher Guineense.
Assim, para quem puder participar na ajuda à Mary, pode fazê-lo da seguinte forma:
1º - Transferir o que muito bem entender para a conta da ACGB NIB: 0036 0056 9910 0155 9387 9
2º - Logo-logo enviar para o endereço eletrónico acgb.geral@gmail.com uma mensagem identificando a transferência.
Melhores cumprimentos,
A. Castro
Carvalhido da Ponte com a Mary
2. Mensagem do camarada Luís Carvalhido da Ponte:
CACHEU
Cheguei ontem de Cacheu.
Estava abafado o tempo. Eu vim também de semblante pesado.
Em 2000 conheci a Mary. Tinha 33 anos e 7 filhos. Publiquei alguns poemas sobre esta jovem felupe, no meu penúltimo livro (Ora di djunta mon tchiga).
Cinco anos depois tinha 38 anos e 11 filhos. E continuava bonita ainda que um pouco desfolhada por tanta florescência.
Dançava como eu nunca vira ninguém dançar. A batida ritmada dos pés descalços sobra a terra poeirenta, as contorções do corpo em rituais de sedução e a alegria dos movimentos eram tais que até as árvores pareciam ternurar-se para além das nuvens, nos ares de Fernão Capelo Gaivota, onde os sonhos se constroem.
Mais tarde, uma associação de mulheres nomeou-a sua Presidente e o seu país enviou-a até Espanha para aprender coisas necessárias ao seu mister. Via-a, em março deste ano, alegre e já um pouco europeizada.
Entristeci-me um pouquito pois preferia que estivesse um pouco mais culta mas sempre africana. E talvez estivesse. Eu é que não contava com uma Mary diferente.
Agora estava doente há uns dias. Doía-lhe o corpo. Doía-lhe a barriga. Levei-a a Canchungo, ao meu amigo médico Dr Koumba Iala Bispo. Que a atendeu de imediato. Que a assustou. Tem cancro do ovário e necessita de intervenção urgente. Os 9 filhos vivos e os netos também.
Zé Luis! Como? Não tenho 200.000 Francos CFa (cerca de 300 €) para a operação, o internamento e os medicamentos.
E mudou a conversa e perguntou-me pela Lai. E partiu e uma lágrima caiu, solitária, no chão contrito do alpendre do Centro de Recursos.
E prometi-me contar a história.
Quem sabe?
Cinco euros daqui, 10 dali...
Quem sabe?!
Um abraço
José Carvalhido da Ponte
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Nota do editor
Último poste da série de 26 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11317: Ser solidário (146): Almoço solidário e Assembleia Geral Ordinária da Tabanca Pequena (ONGD), dia 13 de Abril na cidade da Maia (Álvaro Basto)
1 comentário:
Caro Sousa Castro
Fizeste bem em divulgar este caso.
A solidariedade e o humanismo constróiem-se com gestos concretos e neste caso há oportunidade de o fazermos.
Que assim seja!
Hélder S.
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