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1. Mensagem, com data de ontem, de Carlos Pinheiro [, ex-1.º cabo trms op msg, Centro de Mensagens do STM/QG/CTIG, 1968/70; vive em Torres Novas]
Camarigo Luís Graça
Falar de uma coisa, neste caso motorizadas, que nunca foi a minha especialidade, pode parecer um atrevimento, mas lembro-me bem de todas essas motorizadas de que fala o texto (*) mas onde ainda faltam, entre outras, as ILO e as Zundap, mas acho que devo falar das Suzuki que ajudei a vender em Bissau.
O meu parente, Costa Pinheiro, estabelecido em Bissau desde os princípios dos anos 50 (**), importava e vendia de tudo, desde o alfinete ao camião.
E a Suzuki era a menina dos olhos de ouro de Bissau, sem desprimor para a Honda que era também uma grande máquina.
Mas a Suzuki vendia-se aos montes, como aliás tudo o que meu parente representava se vendia bem porque era tudo de qualidade afiançada.
Carlos Pinheiro |
Era a Toyota, a Sony, a JVC Nivico, as louças da Prago Export, os discos da Ansónia, a BIC, a Colgate Palmolive, a Max Factor, os tapates da Issing Trading, os relógios Seiko, as máquinas fotográficas Fujica e tanta coisa mais.
Mas a Suziki era de facto uma máquina entre tantas máquinas boas.
Tenho pena mas não tenho fotos daquelas máquinas, mas lembrei-me de dar só este lamiré já que nos postes não vi ninguém falar das Suzukis e, quanto a mim, seria imperdoável esquecermo-nos daquelas pequenas bombas.
Um abraço
Carlos Pinheiro
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Notas do editor:
(*) Vd. último poste da série > 13 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14358: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (23): precisam-se imagens de motorizadas de 50 cc , made in Portugal (Alma, Pachancho, Vilar Cucciolo, Famel, Macal, Sachs e Casal), ou nas ex-colónias (como a Fabimotor e a Ulisses, ambas angolanas)... Para edição de livro dos CTT.
(**) Vd. poste de 20 de abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8138: Memória dos lugares (152): A cidade de Bissau em 1968/70: um roteiro (Carlos Pinheiro)
(...) Mas na Avenida principal [, Av da República], do porto ao Palácio do Governo, também havia o “Bento”, café e esplanada característica da cidade a que vulgarmente nós, os militares, chamávamos de “5ª Rep.” já que o Quartel-general só tinha 4 Rep’s, 4 Repartições. (...)
(...) Para a malta, ali era portanto a 5ª repartição onde quem chegava do mato se encontrava com os residentes, onde se trocavam informações e onde, se dizia, que essas informações vadiavam ali dum lado para o outro do conflito. Ao lado do “Bento” mais para o interior, era a Bolola, onde esteve o Serviço de Material, depois transferido para Brá, e onde era o Cemitério que ainda guarda os restos mortais de muitos camaradas nossos.
Nessa avenida estavam talvez as maiores casas comerciais. Por exemplo a “Casa Gouveia”, da CUF, que vendia ali de tudo e que tudo comprava o que os naturais produziam, principalmente a mancarra (...), o Banco Nacional Ultramarino, o banco emissor da Província, o Cinema UDIB e ao lado uma boa gelataria, mais acima a Pastelaria, Padaria e Gelataria Império, assim baptizada por estar já na Praça do Império onde se situava o Palácio do Governo e Associação Comercial.
Também era nessa Avenida que estava a Sé Catedral, templo de linhas tão simples quanto austeras.
(...) A caminho de Brá e da “SACOR”, havia um local chamado “Benfica” onde havia um café com o mesmo nome e onde se apanhavam os transportes para os vários quartéis daquela zona como eram o Hospital Militar 241, o Batalhão de Engenharia 447, os Comandos, os Adidos e mais à frente a BA 12 e o BCP 12.
Mas havia outros estabelecimentos dignos de recordação. A casa de fados “Nazareno”, mais tarde rebaptizada de “Chez Toi”, a “Meta” com as suas pistas de automóveis eléctricos, e como novidade também apareceu naquela altura “O Pelicano”, café-restaurante construído pelo Governo e explorado por privados, com uma belíssima vista sobre o Geba e avenida marginal.
Na Avenida Arnaldo Shulz, que ligava a Estrada de Santa Luzia à tal SACOR, a caminho de Brá, sempre ao lado do Cupelão [ou Pilão], estava o Comando Chefe das Forças Armadas à esquerda de quem subia, um pouco mais abaixo, os Bombeiros Voluntários de Bissau num grande quartel nessa altura muito bem equipado, a Cruz Vermelha, estes do lado direito e até a Sede local da PIDE, que nessa altura já se chamava DGS, também do lado direito mas já junto ao Largo do Colégio Militar.
Era uma avenida nova, como se fosse uma circular urbana onde as boas vivendas também começaram a aparecer.
No princípio da Avenida que ia para Santa Luzia, antes de se chegar ao Hospital Civil, estava o Grande Hotel, nome pomposo do melhor estabelecimento hoteleiro da cidade. O resto era pensões, algumas de quinta escolha.
Mas o comércio de Bissau não era constituído só por cafés, restaurantes e tascas. Havia de tudo. E há nomes que não se esquecem. Para além da Casa Gouveia, o maior empório daquele então Província Ultramarina, como então se dizia, a Casa Pintosinho, a Taufik Saad, a Costa Pinheiro, e muitas outras vendiam de tudo, são nomes que ficaram para sempre na memória. (...)
No princípio da Avenida que ia para Santa Luzia, antes de se chegar ao Hospital Civil, estava o Grande Hotel, nome pomposo do melhor estabelecimento hoteleiro da cidade. O resto era pensões, algumas de quinta escolha.
Mas o comércio de Bissau não era constituído só por cafés, restaurantes e tascas. Havia de tudo. E há nomes que não se esquecem. Para além da Casa Gouveia, o maior empório daquele então Província Ultramarina, como então se dizia, a Casa Pintosinho, a Taufik Saad, a Costa Pinheiro, e muitas outras vendiam de tudo, são nomes que ficaram para sempre na memória. (...)
3 comentários:
Carlos, obrigado por esta preciosa informação...
Claro que a Bissau, colonial, do nosso tempo, e que tu tão bem conheceste, em 1968/70, já não existe...
Alguns dirão que é um exercício quase masoquista alimentar estas inúteis recordações... Talvez seja, quando os problemas do nosso futuro imediato, individual e coletivo, são bem mais prementes e dramáticos...
... Mas, deixemos isso, por agora... Se tiveres pachorra (que é algo que me começa a faltar), diz-me onde ficava a loja do teu parente Costa Pinheiro, uma das principais casas comerciais de Bissau...
Um grande xicoração para ti... Luis
Caro Carlos Pinheiro
Fizeste bem em (re)lembrar essas duas 'máquinas'. De facto a "Suzuki" aparecia nessa altura como uma coisa que dava distinção ao seu possuidor, era uma coisa que vinha suplantar a "Honda" e a "Yamaha" mas também a "Zundapp" era muito utilizada, pelo menos cá em Portugal.
Aproveitei para reler o teu post com uma espécie de roteiro de Bissau.
Acho que quase todos nós, os que estiveram ou passaram mais algum tempo em Bissau que não o das breves horas antes da partida final, reconhecem o que descreveste.
Também é claro que tudo isso, hoje, será diferente. Algumas dessas coisa perderam-se, infelizmente. E não digo 'infelizmente' só por saudosismo, é porque os guineenses, principalmente Bissau, com essas perdas perdeu também algumas das suas características, de que um caso emblemático será, talvez, o "Pelicano".
Mas também não deixa de ser verdade que algumas outras coisas foram criadas e também revelam-se interessantes.
Não faz muito tempo que vi fotos e vídeos que o nosso 'tabanqueiro' Xico Allen colocou no "Face" e que me surpreenderam pela positiva.
Abraço.
Hélder S.
Ao Luis Graça
Com um pedifo de desculpa pelo grande atraso na resposta.
A Casa Costa Pinheiro era perto da Amura, no inicio da Avenida de Santa Luzia, junto a uma casa de fotografoia, a AGFA se a memória não me atraiçoa.
Mas o armazém e a linha de montagem dos camiões Toyota, que eu também ajudei a montar visto que os mesmos vinham em kits, era no Largo do Colégio Militar, um pouco acima da Pide na Av. Arnaldo Shultz onde era o Comando Chefe, em frente a uma das entradas para o Pilão como nós diziamos.
Era um mundo aquela casa. Tinha começado anos antes a importar o SKoda da Checoslováquia e depois passou a importador directo da Toyota do Japão, tanto em automómóveis ligeiros como o Corolla e o Crown mas também as carrinhas Hilux e as Stout, para além dos camiões já falados.
Era a maior cada em nome individual de Bissau e em termos de negócio não estaria muito onge da Casa Gouveia que era um potentado da CUF como sabemos.
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