sábado, 29 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P15052: In Memoriam (237): Manuel Umaru Djaló, régulo de Medjo: mais um soldado que parte para o eterno aquartelamento. Foi 1º cabo do exército português, em Guileje e dava-me a honra de ser meu amigo (José Teixeira)



Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Medjo > Abril de 2015 > Manuel Umaru Djaló


Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Medjo > 2 de maio de 2013 > O nosso camarada Zé Teixeira, "régulo" da Tabanca Pequena de Matosinhos, com o régulo de Medjo, numa das suas viagens ao sul da Guiné-Bissau.



Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Medjo > Abril de 2015 >  O Zé Teixeira, o Eduardo Moutinho Santos (advogado, também "régulo" da Tabanca de Matosinhos) , e o Manuel Umaru Djaló e uma das suas mulheres.


Foto nº 4  > Guiné-Bissau > Região de Tombali > Medjo > Abril de 2015 > Manuel Umaru Djaló,  o Eduardo Moutinho Santos  e o Zé Teixeira



Fotos: © José Teixeira (2015). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem dno nosso muito querido amigo e camrada José Teixeira (ex-1.º cabo aux enf CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá eEmpada, 1968/70)


Data: 28 de agosto de 2015 às 22:22

Assunto: Faleceu o Régulo de Medjo - Manuel Umaru Djaló


Mais um soldado português que parte para o eterno aquartelamento.

O Régulo de Medjo, Manuel Umaru Djaló, serviu o exército português como primeiro cabo em Guiledje na Guiné.

Acabada a Guerra, entregou a G3 e dedicou-se à sua família e à sua terra – a Tabanca de Medjo, que com o fim da guerra iniciou a sua reconstrução, depois de ter sido abandonada pelo exército português em 1968 e consequentemente pela população autóctone. [Nela vive lá hoje grande parte da população que veio de Guileje]

Homem calmo e sensato, foi reconhecido pela população de Medjo que o escolheu para seu Régulo.

Conheci-o em Guiledge em 2008. Tinha o cuidado em se identificar como Manuel Umaru Djaló, para se definir como um soldado português, combatente em Guiledge no período mais quente da guerra.

Sabia acolher com um sorriso, um abraço de carinho. Era como um irmão, igual a tantos outros camaradas de guerra com quem tenho o grato prazer de conviver.

Gostava de conversar. Voltar ao passado. Contava as suas aventuras, de guerra desapaixonadamente, tal como nós quando nos encontramos nas tertúlias das Tabancas que em boa hora começaram a proliferar por este País.

Foi para mim um privilégio conhecer o Manuel e partilhar bons momentos de convívio com ele e sua família.

Foi gratificante para mim conversar com o Manuel sobre a guerra que nos marcou a todos. Possibilitou-me uma visão diferente dessa maldita guerra – a visão de um guineense que se afirmava soldado português, passados tantos anos, e se orgulhava de ter vestido a farda e lutado ao lado dos soldados da "Metrópole".

Tinha sempre uma palavra de afeto e um sorriso para dar.

Portugal e os seus camaradas de armas estavam no seu coração.

Tive oportunidade de o visitar em abril passado e notei-o muito cansado, mas nada fazia prever o triste desenlace.

Um amigo, um irmão que parte. Portugal ficou mais pobre.  A Guiné-Bissau ficou mais pobre.

Paz à sua alma.

José Teixeira

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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P15029: In Memoriam (236): Luís Casanova Ferreira (1931-2015), cor inf ref, com duas comissões no CTIG (1964/66 e 1970/74) foi ontem a sepultar no cemitério do Alto de São João, em Lisboa

1 comentário:

Hélder Valério disse...

Tal como é dito, é mais um que 'parte'.
É sempre assim e agora há tendência para que o número aumente. Mas depois vai 'descer'...
Que se pode fazer?
Recordar! Recordar é impedir, ou limitar, o esquecimento.
Que descanse em paz.

Hélder S.