Foto nº 2
Foto nº 1
Cópia nº 3
Foto nº 4
Foto nº 5
Foto nº 6
Foto nº 7
Foto nº 8
Foto nº 9
Foto nº 9A
Foto nº 11
Foto nº 12
Foto nº 13
Foto nº 14
Foto nº 15
Foto nº 17
Foto nº 16
Foto nº 18
Foto nº 19
Guiné > Região de Tombali > Nhala > 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74) > Domingo, 10 de março de 1974 > A visita da Cilinha
Fotos (e legendas): © António Murta (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
A visita da Cilinha (seu nome de guerra...) era sempre motivo para grande alvoroço nos nossos aquartelamentos... Antes de mais, pela curiosidade de ser uma das raríssimas mulheres brancas que se podia ver no mato, em plena guerra, em carne e osso... E só depois por ser a histórica e carismática líder do MNF - Movimento Nacional Feminino que, para alguns nossos soldados, tinha sobretudo a função de "Pai Natal": com sorte, um pedido ao MNF, desde que não fosse exorbitante, era atendido: livros, instrumentos musicais, equipamentos de futebol, etc..
A Cilinha tinha um carinho especial pela Guiné e pelos militares que aí "defendiam a Pátria", a avaliar pelas diversas vezes que visitou o território, a última das quais já em março de 1974, a um escasso mês e meio do golpe de Estado do MFA. (**)
A melhor reportagem, documentada. por texto e fotos, que já aqui foi feita, sobre uma visita da Cilinha ao mato, é a do nosso camarada António Murta. ex-alf mil inf, MA, 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74). Fomos repescá-la, reeditámos as fotos (, melhirando a sua qualidade) e selecionámos alguns excertos do poste P15320, bem como comentários dos nossos leitores. [. Destaque para a ternura do comentário de Joana, filha do António Murta.](***)
(...) Este mês de Março ficou marcado por alguns acontecimentos empolgantes, para variar, como a ligação de Nhala à estrada nova Aldeia Formosa-Buba e a visita da Presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto.
Sobretudo esta visita, trouxe uma animação inusitada às tropas de Nhala – e do Sector -, mas não se pode dizer que tivesse, também, quebrado a monotonia e a rotina, simplesmente porque naquela época, o que tínhamos menos era monotonia e rotina, tal era a actividade operacional. Esta actividade continuava virada para a protecção às obras da estrada como até aí, mas, a partir de agora, também para a protecção exclusiva das máquinas, paradas à noite, em zonas cada vez mais afastadas dos aquartelamentos, implicando dormidas no mato junto delas. Para além disto, todo o Sector era “vasculhado” (...)
Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto [Lisboa. 1921 – Cascais, 2011], Cilinha, como gostava de ser tratada, (diminutivo que lhe vinha da infância), era descendente de aristocratas e uma Senhora do Regime.
Não precisa de grandes apresentações porque sobre ela quase tudo já foi dito. Muito antes de a ter conhecido em Nhala, já tinha por ela uma elevada consideração e um grande respeito, pela sua coragem, tenacidade e coerência.
Durante treze anos, de 1961 a 1974, foi presidente do MNF que ela fundou, tendo em vista acções de sensibilização da sociedade portuguesa para a defesa das colónias ultramarinas, o seu Ultramar. Tudo fez nesse sentido, desdobrando-se em iniciativas na Metrópole e calcorreando as colónias, tentando dar alento a tropas desmotivadas e politicamente amorfas.
Era por ser assim, e não pelos seus objectivos, que a admirava e a minha consideração elevou-se depois de a ter conhecido. Porque, sendo coerente com as suas convicções, saiu do seu confortável cantinho e dos salões solenes e elegantes, e veio para o terreno com o seu camuflado pôr na prática aquilo em que acreditava, correndo riscos e sofrendo privações.
E via-se que gostava do que fazia, exibindo uma alegria contagiante e uma disponibilidade total, atributos que passavam para quem a via e ouvia, por a reconhecerem como “um deles”. Politicamente, eu estava nos antípodas. Para mim, a Cilinha, pelas suas ideias e acções e pela sua proximidade (intimidade) com o Regime, representava o Regime.
Politicamente, portanto, eu era contra a sua filosofia de manutenção das colónias, contra tudo o que dizia e fazia nesse sentido, que era, um pouco do que já fizera na sua juventude em prol da caridadezinha.
Paradoxo, incoerência da minha parte? Não. Repito que, como pessoa, tinha por ela o meu maior respeito e consideração. Aliás, soube já depois da sua morte que, nesse aspecto de respeitar o “outro” mesmo não concordando com “ele”, ela não era muito diferente de mim.
Dois exemplos: foi sempre amiga, desde a infância, da Sofia de Mello Breyner, mesmo estando em campos políticos opostos; uma vez disse, revelando nobreza de carácter: “Admiro Cunhal pela sua coerência”.
Para terminar, lamento que, após o 25 de Abril e até à sua morte, tenha sido desprezada pela esquerda e ostracizada pelos seus correligionários de direita. Tudo apanágios de gente de baixa índole. Sei que nunca foi hostilizada, ainda assim, merecera mais consideração.
À chegada a Nhala, a Cilinha foi alvo de calorosa recepção por parte da tropa e de alguma população, sobretudo crianças. Mais pelo inédito da situação e pela curiosidade por esta mulher branca que se aventurava no mato para chegar perto deles, com estímulos e uma palavra amiga.
Almoçou na messe de oficiais após uns descontraídos aperitivos, mais para pôr a conversa em dia. Vinha acompanhada pelo Comandante do Batalhão, Ten Cor Carlos Alberto Ramalheira e por um séquito de outros oficiais que foi arrastando por onde passou.
Após o almoço (ou antes?) houve tempo para falar aos soldados, cantar o fado e, até, dançar com alguns. Depois partiu rumo a Mampatá, após demoradas e sentidas despedidas. Admito que foi o acontecimento do mês, mas não poderia adivinhar que o mês seguinte traria acontecimentos muito mais importantes e marcantes do que este, efémero e superficial.
Seguem-se algumas fotografias que seleccionei dessa visita.
Legendas:
Foto nº 5 - Ajuntamento de alguns militares e nativos para ouvir a Presidente do MNF.
Foto nº 9 - Cilinha sorridente, num meio que lhe é familiar: a tropa.
A visita da Cilinha a Nhala em 3 de março de 1974
Texto e fotos: António Murta (**)
(...) Este mês de Março ficou marcado por alguns acontecimentos empolgantes, para variar, como a ligação de Nhala à estrada nova Aldeia Formosa-Buba e a visita da Presidente do Movimento Nacional Feminino, Cecília Supico Pinto.
Sobretudo esta visita, trouxe uma animação inusitada às tropas de Nhala – e do Sector -, mas não se pode dizer que tivesse, também, quebrado a monotonia e a rotina, simplesmente porque naquela época, o que tínhamos menos era monotonia e rotina, tal era a actividade operacional. Esta actividade continuava virada para a protecção às obras da estrada como até aí, mas, a partir de agora, também para a protecção exclusiva das máquinas, paradas à noite, em zonas cada vez mais afastadas dos aquartelamentos, implicando dormidas no mato junto delas. Para além disto, todo o Sector era “vasculhado” (...)
10 de Março de 1974 – (domingo) – A visita da Cilinha
Cecília Maria de Castro Pereira de Carvalho Supico Pinto [Lisboa. 1921 – Cascais, 2011], Cilinha, como gostava de ser tratada, (diminutivo que lhe vinha da infância), era descendente de aristocratas e uma Senhora do Regime.
Não precisa de grandes apresentações porque sobre ela quase tudo já foi dito. Muito antes de a ter conhecido em Nhala, já tinha por ela uma elevada consideração e um grande respeito, pela sua coragem, tenacidade e coerência.
Durante treze anos, de 1961 a 1974, foi presidente do MNF que ela fundou, tendo em vista acções de sensibilização da sociedade portuguesa para a defesa das colónias ultramarinas, o seu Ultramar. Tudo fez nesse sentido, desdobrando-se em iniciativas na Metrópole e calcorreando as colónias, tentando dar alento a tropas desmotivadas e politicamente amorfas.
Era por ser assim, e não pelos seus objectivos, que a admirava e a minha consideração elevou-se depois de a ter conhecido. Porque, sendo coerente com as suas convicções, saiu do seu confortável cantinho e dos salões solenes e elegantes, e veio para o terreno com o seu camuflado pôr na prática aquilo em que acreditava, correndo riscos e sofrendo privações.
E via-se que gostava do que fazia, exibindo uma alegria contagiante e uma disponibilidade total, atributos que passavam para quem a via e ouvia, por a reconhecerem como “um deles”. Politicamente, eu estava nos antípodas. Para mim, a Cilinha, pelas suas ideias e acções e pela sua proximidade (intimidade) com o Regime, representava o Regime.
Politicamente, portanto, eu era contra a sua filosofia de manutenção das colónias, contra tudo o que dizia e fazia nesse sentido, que era, um pouco do que já fizera na sua juventude em prol da caridadezinha.
Paradoxo, incoerência da minha parte? Não. Repito que, como pessoa, tinha por ela o meu maior respeito e consideração. Aliás, soube já depois da sua morte que, nesse aspecto de respeitar o “outro” mesmo não concordando com “ele”, ela não era muito diferente de mim.
Dois exemplos: foi sempre amiga, desde a infância, da Sofia de Mello Breyner, mesmo estando em campos políticos opostos; uma vez disse, revelando nobreza de carácter: “Admiro Cunhal pela sua coerência”.
Para terminar, lamento que, após o 25 de Abril e até à sua morte, tenha sido desprezada pela esquerda e ostracizada pelos seus correligionários de direita. Tudo apanágios de gente de baixa índole. Sei que nunca foi hostilizada, ainda assim, merecera mais consideração.
À chegada a Nhala, a Cilinha foi alvo de calorosa recepção por parte da tropa e de alguma população, sobretudo crianças. Mais pelo inédito da situação e pela curiosidade por esta mulher branca que se aventurava no mato para chegar perto deles, com estímulos e uma palavra amiga.
Almoçou na messe de oficiais após uns descontraídos aperitivos, mais para pôr a conversa em dia. Vinha acompanhada pelo Comandante do Batalhão, Ten Cor Carlos Alberto Ramalheira e por um séquito de outros oficiais que foi arrastando por onde passou.
Após o almoço (ou antes?) houve tempo para falar aos soldados, cantar o fado e, até, dançar com alguns. Depois partiu rumo a Mampatá, após demoradas e sentidas despedidas. Admito que foi o acontecimento do mês, mas não poderia adivinhar que o mês seguinte traria acontecimentos muito mais importantes e marcantes do que este, efémero e superficial.
Seguem-se algumas fotografias que seleccionei dessa visita.
Legendas:
Fotos nºs 1, 2, 3, 4 - A Cilinha rodeada por alguns oficiais num momento de descontracção durante os aperitivos.
Foto nº 3 A Cilinha a dialogar com o Comandante do Batalhão, BCAÇ 4513 (Buba), tem cor Carlos Ramalheira; em primeiro plano o cap João Brás Dias, comandante da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, de Buba.
Foto nº 4 - Messe de oficiais de Nhala. O Comandante do Batalhão diz umas palavras de circunstância.
Foto nº 6 - A assistência vai-se chegando, mas alguns parecem hesitantes...
Fptos nº de 7 a 17 - Após a visita, a Cilinha é acompanhada até às viaturas para o regresso.
Foto nº 7 - À sua esquerda o Comandante da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 de Nhala, Cap Braga da Cruz. À frente, o Comandante do Batalhão em diálogo com um homem grande da tabanca.
Foto nº 8 - A Cilinha troca umas palavras com o Cap Braga da Cruz.
Foto nº 9A - A Cilinha olha directamente para a objectiva (detalhe da fotografia anterior)
Foto nº 16 - Vista geral do aparato que envolveu a visita da Cilinha.
Foto nº 11 - Finalmente o embarque: a difícil subida para a Berliet
Foto nº 12 - Cilinha e o Comandante do Batalhão acomodam-se por cima de sacos de areia.
Foto nº 13 - Beijo de despedida do cap Braga da Cruz.
Foto nº 14 - Cilinha despede-se de um Alferes que não consigo identificar.
Foto nº 15 - Últimas recomendações? A mim pareceu-me mal que a Cilinha e o Comandante tivessem seguido à cabeça da coluna numa Berliet rebenta-minas; ao lado direito, os fuzileiros do destacamento de Cacine.
Foto nº 17 - Último adeus da Cilinha ao pessoal de Nhala. Em segundo plano, de frente com a mão na cintura, vê-se o fur mil Manuel Casaca.
Foto nº 18 e 19 - Partida
Foto nº 18 - A coluna embica pela velha picada rumo a Mampatá. Mas em frente já é possível ver-se o troço que, ao cimo, entronca na estrada nova: à direita para Buba, e à esquerda pata Mampatá e Aldeia Formosa.
Foto nº 19 - O pó foi sempre uma constante, mas agora agravado pelo revolver dos terrenos pelas máquinas da Engenharia. Não o apanhar de frente, é uma vantagem de quem segue na viatura rebenta-minas. Ou talvez por isso...
[Revisão / fixação de texto para efeitos de edição neste blogue: LG]
2. Comentários (*):
Caro Murta, obrigado por partilhares estas imagens connosco, dá-nos a ideia que estamos no terreno.
(iv) JD [José Manuel Dinis]
Caro Murta: não posso deixar de me associar à tua homenagem a essa figura mítica, que foi a Cilinha. Nunca a vi, mas foi uma patriota consequente, que fez o que muitos militares e políticos não fizeram, talvez porque ela acreditasse, e eles, incompetentes, só tivessem em consideração o "prestígio" das funções que exerciam.
Mais ou menos como acontece persistentemente, pois os responsáveis desta "segunda república" não têm mostrado sentido cívico nem orgulho em servir Portugal, e têm sido responsáveis por inúmeras traições que nos conduziram à perda da soberania, e à corruptela dos valores de solidariedade e de orgulho nacional, que precipitou o país numa profundíssima crise económica, financeira, e de identidade.
(v) Carvalho de Mampatá [António Carvalho]
Na senda que nos tem habituado, o Murta continua a revelar-nos cenas e ângulos de visão singulares da nossa guerra. O MNF liderado por Cecília Supico Pinto teve um papel nesta guerra, como nós todos, antigos combatentes. Pelo seu esforço, em proveito nosso, a minha gratidão.
(vi) Valdemar Queiroz
Parabéns, caro Murta.
Extraordinária reportagem fotográfica.
Mais uma vez, grande reportagem fotográfica. A foto final com a poeirada até
parece ensaiada.
(vii) Carlos Milheirão
É, sem sombra de dúvidas, um excelente documentário e, por isso mesmo, agradeço ao Grã-tabanqueiro Murta, a sua partilha.
Mais uma vez te peço que continues! Posso não ter tempo agora para ler todas as tuas publicações, mas garanto-te que um dia, talvez naquela ainda longínqua fase da vida em que as minhas filhas vão querer dar mais que fazer a outros do que a mim, eu então vou querer ler tudinho, sem falhar nenhum capítulo!
Beijinho bom!
6 de novembro de 2015 às 11:55
(ix) C. Martins (*)
A Srª Supico Pinto...
Ao desembarcar imitou uma "rajada" ...perante o espanto do Zé Pagode,pediu um copo de tinto do bidão, que apenas provou, bebendo isso sim um "Old Parr".
Ofereceu-me um disco e um maço de tabaco, mas recusei a oferta, porque não estava interessado no conteúdo do disco e não fumava. A bem da verdade detestava a Senhora, não por ela, mas pelo que representava.
Começou a correr o boato que iria regressar a Bissau de "hélio" e, perante a revolta geral, visto que as evacuações só se faziam de "hélio"a partir de Cacine, regressou da mesma forma como veio.
Foi assim que a conheci pessoalmente.
13 de setembro de 2020 às 01:10
______________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de12 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21349: Pequenas histórias dos Mais de Nova Sintra (Carlos Barros, ex-fur mil at art, 2ª C/BART 6520/72, 1972/74) (5): A visita da Cilinha ao destacamento de Nova Sintra, em 1973...
(**) Último poste da série > 16 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20861: (De)Caras (126): O comerciante Mário Soares, de Pirada, quem foi, afinal? Um "agente duplo"? - Parte II (Depoimento do nosso saudoso camarada Carlos Geraldes)
(i) Luís Graça
São palavras de grande autenticidade, hombridade e nobreza, as que escreves sobre esta mulher, a Cilinha, que podíamos descrever como a Pasionaria do regime... Podemos discordar, política e ideologicamente, das pessoas com quem fizemos a guerra, ou contra quem fizemos a guerra, mas o respeito pelo "adversário" é das coisas que eu mais admiro...
São palavras de grande autenticidade, hombridade e nobreza, as que escreves sobre esta mulher, a Cilinha, que podíamos descrever como a Pasionaria do regime... Podemos discordar, política e ideologicamente, das pessoas com quem fizemos a guerra, ou contra quem fizemos a guerra, mas o respeito pelo "adversário" é das coisas que eu mais admiro...
Alpoim Calvão manifestou, publicamente, antes de morrer, numa entrevistas que deu, a sua admiração pelos guerrilheiros do PAIGC que tão duramente combateu...
Valiosíssimo, o teu álbum fotográfico!... Continua a ser uma caixinha de surpresas!... E fazes bem em editar as fotos, desde que tenham boa resolução... Podes fazer "grandes planos", valorizando certos detalhes... Foi o que fizeste (ou foi o Carlos Vinhal por ti?) com o "grande plano da Cilinha" mais o comandante de batalhão [e o cap Braga da Cruz, foto nº 9A]... Parabéns!
3 de novembro de 2015 às 12:34 e 12.51
(ii) Virginio Briote
Documento de grande valor, caro Murta.
3 de novembro de 2015 às 13:39
Valiosíssimo, o teu álbum fotográfico!... Continua a ser uma caixinha de surpresas!... E fazes bem em editar as fotos, desde que tenham boa resolução... Podes fazer "grandes planos", valorizando certos detalhes... Foi o que fizeste (ou foi o Carlos Vinhal por ti?) com o "grande plano da Cilinha" mais o comandante de batalhão [e o cap Braga da Cruz, foto nº 9A]... Parabéns!
3 de novembro de 2015 às 12:34 e 12.51
(ii) Virginio Briote
Documento de grande valor, caro Murta.
3 de novembro de 2015 às 13:39
(iii) César Dias
Que grande reportagem,finalmente vejo uma senhora que nos acompanhou, não me recordo que tenha passado por Mansoa (69/71), ouvi falar dela , bem e mal como era normal.
Que grande reportagem,finalmente vejo uma senhora que nos acompanhou, não me recordo que tenha passado por Mansoa (69/71), ouvi falar dela , bem e mal como era normal.
Caro Murta, obrigado por partilhares estas imagens connosco, dá-nos a ideia que estamos no terreno.
(iv) JD [José Manuel Dinis]
Caro Murta: não posso deixar de me associar à tua homenagem a essa figura mítica, que foi a Cilinha. Nunca a vi, mas foi uma patriota consequente, que fez o que muitos militares e políticos não fizeram, talvez porque ela acreditasse, e eles, incompetentes, só tivessem em consideração o "prestígio" das funções que exerciam.
Mais ou menos como acontece persistentemente, pois os responsáveis desta "segunda república" não têm mostrado sentido cívico nem orgulho em servir Portugal, e têm sido responsáveis por inúmeras traições que nos conduziram à perda da soberania, e à corruptela dos valores de solidariedade e de orgulho nacional, que precipitou o país numa profundíssima crise económica, financeira, e de identidade.
(v) Carvalho de Mampatá [António Carvalho]
Na senda que nos tem habituado, o Murta continua a revelar-nos cenas e ângulos de visão singulares da nossa guerra. O MNF liderado por Cecília Supico Pinto teve um papel nesta guerra, como nós todos, antigos combatentes. Pelo seu esforço, em proveito nosso, a minha gratidão.
(vi) Valdemar Queiroz
Parabéns, caro Murta.
Extraordinária reportagem fotográfica.
Contado, se calhar, ninguém acredita ou, só acreditam os que lá estiveram.
Eu, também, conheci a Cilinha. 'Quem é que do Benfica'? perguntou ela e, depois, ofereceu uma bola de futebol.
Cilinha, 1921-2011, como é que viveu 90 anos a mandar a baixo uns bioxenes e umas grandes cigarradas?
Mais uma vez, grande reportagem fotográfica. A foto final com a poeirada até
parece ensaiada.
(vii) Carlos Milheirão
É, sem sombra de dúvidas, um excelente documentário e, por isso mesmo, agradeço ao Grã-tabanqueiro Murta, a sua partilha.
No mesmo mês de Março de 1974 (não sei em que dia), a Cilinha, juntamente com outra senhora, visitaram Gadamael Porto, tendo aí pernoitado. Era, sim senhora, uma mulher de coragem.
No dia em que lá chegou, estávamos no bar de oficiais e já noite fechada, entrou um soldado com uma granada descavilhada na mão e a gritar "f...-vos todos". Escusado será dizer que esse soldado já estava "apanhado" (já tinha lá ultrapassado o tempo normal da comissão devido a sanções disciplinares.
O certo é que a Cilinha não arredou pé do sítio onde se encontrava. O soldado foi mais ou menos facilmente manietado e foi-lhe retirada a granada em segurança. No dia seguinte, por volta das 5:30 da manhã, uma flagelação e, a Cilinha, uma vez mais, deu provas da sua coragem.
De facto, enquanto nós recorremos às valas e abrigos, a Cilinha já se encontrava no bar e dali não arredou. Questionada pelo Capitão Patrocínio sobre o facto de não se ter abrigado, ela respondeu: 'Só se morre uma vez'. Grande lição.
4de novembro de 2015 às 17:59
(viii) Joana [, filha do António Murta]
4de novembro de 2015 às 17:59
(viii) Joana [, filha do António Murta]
Papá: Mais uma vez me comovo por saber que guardas tantas histórias impressionantes, cheias de emoção! Garanto-te que muito poucos foram os livros que li, que me fizessem sentir entrar tão profundamente na acção da história, e arrepiar, e ficar com um nó no estômago ao passar naqueles momentos de ansiedade e perigo!... Gosto muito de te ler!... Gosto muito da forma como escreves!
Mais uma vez te peço que continues! Posso não ter tempo agora para ler todas as tuas publicações, mas garanto-te que um dia, talvez naquela ainda longínqua fase da vida em que as minhas filhas vão querer dar mais que fazer a outros do que a mim, eu então vou querer ler tudinho, sem falhar nenhum capítulo!
Beijinho bom!
6 de novembro de 2015 às 11:55
A Srª Supico Pinto...
Visitou Gadamael em março de 1974. Fez-se acompanhar por um pelotão do destacamento de Fuzileiros de Cacine.
Ao desembarcar imitou uma "rajada" ...perante o espanto do Zé Pagode,pediu um copo de tinto do bidão, que apenas provou, bebendo isso sim um "Old Parr".
Ofereceu-me um disco e um maço de tabaco, mas recusei a oferta, porque não estava interessado no conteúdo do disco e não fumava. A bem da verdade detestava a Senhora, não por ela, mas pelo que representava.
Pernoitou no abrigo de transmissões, e na manhã do dia seguinte aguentou estoicamente a primeira flagelação do dia.
Começou a correr o boato que iria regressar a Bissau de "hélio" e, perante a revolta geral, visto que as evacuações só se faziam de "hélio"a partir de Cacine, regressou da mesma forma como veio.
Foi assim que a conheci pessoalmente.
13 de setembro de 2020 às 01:10
______________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de12 de setembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21349: Pequenas histórias dos Mais de Nova Sintra (Carlos Barros, ex-fur mil at art, 2ª C/BART 6520/72, 1972/74) (5): A visita da Cilinha ao destacamento de Nova Sintra, em 1973...
(**) Último poste da série > 16 de abril de 2020 > Guiné 61/74 - P20861: (De)Caras (126): O comerciante Mário Soares, de Pirada, quem foi, afinal? Um "agente duplo"? - Parte II (Depoimento do nosso saudoso camarada Carlos Geraldes)
(***) Vd. poste de 3 de novembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15320: Caderno de Memórias de A. Murta, ex-Alf Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (27): De 01 a 31 de Março de 1974
17 comentários:
Vd. também:
11 DE MARÇO DE 2013
Guiné 63/74 - P11235: Memória dos lugares (224): Visita da Cilinha ao Olossato, ao tempo da CCAÇ 2402, em Maio de 1969, com "graduação" em Capitão do Exército Português (Raul Abino / Vargas Cardoso)
(...) Embora com algum atraso, consegui obter do Cor. Inf. na Reforma Mário José Vargas Cardoso, o artigo que ele me tinha prometido sobre como nasceu a "promoção" a Capitão da Cilinha Supico Pinto, no Olossato*, cuja origem da graça tanta curiosidade causou.
Isto se é que ela também não foi promovida em mais algum lugar. (...)
__________
(..) Na primeira quinzena de Maio 69, tive de me deslocar a Bissau, em serviço. A 10/Maio, fui informado pelo QG, de que a Presidente do MNF, presente na Guiné, ia visitar a minha Companhia, pelo que poderia aproveitar a viagem no heli.
Como os assuntos a tratar em BISSAU estavam resolvidos, prontifiquei-me a acompanhar a “CILINHA” (como era conhecida pelas nossas tropas), nessa sua deslocação ao norte da Guiné.
Tive oportunidade de passar pelas guarnições de CUNTIMA – FARIM – K3 e finalmente OLOSSATO onde estavam os meus “Lynces de Có”.
Conforme as fotos juntas o testemunham, a nossa visitante, foi calorosamente recebida pelos militares da CCAÇ 2402 e pela população nativa que vivia junto à guarnição local.
No regresso a BISSAU, a “CILINHA” mandou o helicóptero descer junto ao destacamento da ponte MAQUÉ, que era ocupado pelos militares do OLOSSATO, que a receberam com natural surpresa. (...)
Vd. também recensão do livro de Sílvia Espírito Santo, "Cecília Supico Pinto: O Rosto do Movimento Nacional Feminino" (Editora: A Esfera dos Livros, Lisboa, 2008. Preço: c. 20 euros).
11 DE FEVEREIRO DE 2008
Guiné 63/74 - P2524: Notas de leitura (7): Não se pode estudar a Guerra Colonial ignorando o MNF e a sua líder carismática (Beja Santos)
Ver ainda:
23 DE JANEIRO DE 2013
Guiné 63/74 - P10993: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (8): Há festa no quartel: visita da Cilinha e do conjunto musical das Forças Armadas, em abril ou maio de 1969
Vd. também:
1 DE FEVEREIRO DE 2013
Guiné 63/74 - P11040: A Cilinha em Gadamael, em fevereiro de 1974... Ia havendo levantamento militar, por causa do heli da senhora... (C. Martins, o último artilheiro de Gadamael, 1973/74)
É verdade. era difícil dissociar a Cecilinha do Movimento que ela criara...e portanto do seu "papel político" enquanto apoiante entusíástica da "guerra do Ultramar"...
Dizia-se era "íntima" do Salazar (, o que se calhar nem correspondia à verdade...), mas também era "pública e notória" a sua ligação aos interesses da economia colonial através do seu casamento com Luiz Supico Pinto (1909-1986), ex-.ministro da econmomia (1944-47), de Salazar, e administrador de empresas africanas. Enfim, era uma destacada figura da nomenclatura do Estado Novo.
Creio que a primeira má impressão que tínhamos do MNF era criada logo na partida das tropas para África... As senhoras do MNF eram associadas à "pelintrice do macito de cigarros" que era oferecido á malta na hora da partida... Poucos associavam o aerograma a uma iniciativa (louvável) do MNF...
Adorável a foto n 2, a solidao do poder...Um mulher do poder, que sabe ter a seus pés generais e oficiais superiores, mas só, lá no Cu de Judas, sentado num tosco cadeirao de madeira, com o seu cigarrinho na mão direitá.
Adorável a foto n 2, a solidao do poder...Um mulher do poder, que sabe ter a seus pés generais e oficiais superiores, mas só, lá no Cu de Judas, sentado num tosco cadeirao de madeira, com o seu cigarrinho na mão direitá.
Adorável a foto n. 11: bolas, ninguém ajuda a senhora a subir para o primeiro andar da Berliét... Repare se no ângulo que fazem as pernas da senhora, que 60 graus!... Estava em excelente forma, a Cilinha!
Francamente.....Senhor Editor!
Essa de estar a reparar que as pernas da “nossa”Cilinha fazem um ângulo de sessenta graus!
Já terá esquecido a frase que deveria ter estado devidamente colocada em todas as salas da escola?
“Deus-Patria-Familia”
Tudo pela Nação!
J.Belo
Indecente foi terem posto a senhora à frente na Berliét rebenta-minas. Dou razão ao Murta.
Terá sido conscientemente?
J.Belo
Veja-se o poste, já antigo do António Martins de Matos, hoje ten gen pilav na reforma, autor de "Voando sobre um ninho de Strelas" (que já vai em 2ª edição):
17 DE FEVEREIRO DE 2011
Guiné 63/74 – P7807: FAP (60): O destacamento de Nova Lamego ou Recordando o Tcor José Fernando de Almeida Brito (António Martins de Matos)
Zé Belo, são sítios que tu conheceste... Mas já não a estrada nova, Buba-Nhala-Mampatá-Aldeia Formosa...
Diz o MUrta: "O pó foi sempre uma constante, mas agora agravado pelo revolver dos terrenos pelas máquinas da Engenharia. Não o apanhar de frente, é uma vantagem de quem segue na viatura rebenta-minas. Ou talvez por isso..."
Na Guiné tinha de escolher entre o pó e a mina A/C...
Quanto à "espargata"... Temos que admitir que a Cilinha fazia a "espargata" quando era mais nova... A foto nº 11 mostra que ela, em véspera de fazer 53 anos (e de ver o seu mundo desabar...), estava em boa forma... Subir para uma Berliet sem ajuda, não era para todos/as...
Zé, bebe um daiquiri por mim em Key West, no "Sloppy Joe's Bar", à nossa saúde (que bem precisamos dela, eu preciso!).
A propósito de visitas de senhoras aos quarteis do mato, que eram muito raras, todos sabemos que a esposa do General Spínola poucas vezes terá saído de Bissau e na minha opinião fazia ela muito bem. No entanto numa das visitas que a Cilinha fez e Jolmete no inicio de 69 pouco tempo antes do C.A.O.P. chegar a Teixeira Pinto ela acompanhou-a de botas de lona. saia branca e casaco camuflado.Foram também os Majores Passos Ramos e Pereira da Silva.Há fotos no nosso blogue no poste 10999.
Manuel Carvalho
Estive 22 meses no sector de Mansoa e nunca vi ninguém do MNF nem da RTP que faziam reportagens de Natal, recebi no natal de 70, um isqueiro do MNF que me foi entregue na secretaria da companhia. Mas ouvíamos falar dessa senhora, era muito famosa.
César Dias
Será verdade que a Sra. Maria Helena de Spinola não era visita habitual junto das tropas no mato.
Era no entanto visitante assídua do Hospital Militar de Bissau procurando não só confortar os ali internados como também encontrar modos de apoiar e auxiliar as famílias dos militares necessitados.
Como se não fazia acompanhar da “caravana” de jornalistas,fotógrafos e oficiais de estimação,estas regulares visitas ao Hospital não tinham o “glamour” mediático que rodeava a Sra. de Supico Pinto.
(A Cilinha da propaganda de então)
Teria certamente muito a ver com a maneira de ser de cada uma destas Senhoras e,não menos,com a maneira de “estar”.
Um abraço do J.Belo
O poste citado pelo Manuel Carvalho... com fotos em que aparece a esposa do Spínola, a dona Helena, além da dona Cecília e outras senhoras do MNF.
24 DE JANEIRO DE 2013
63/74 - P10999: Ainda as visitas da Cilinha pelas Unidades Militares estacionadas no mato (Manuel Carvalho)
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