quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21816: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXXIV: Memórias de São Domingos, região do Cacheu


Foto nº 10 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Jan / fev 1969 >  Foto com dois miúdos na praia fluvial na maré baixa. O miúdo branco possivelmente seria o filho do único homem branco que vivia ali, o homem da serração.

 

Foto  nº 9 >  –  Guiné > Região do Cacheu > São Domingos >Jan / fev  1969 > Caminho que conduz do centro da Vila e do Comando do Batalhão, até ao Quartel de Cima, onde estava instalada a Unidade de Intervenção, a CART 1744, do nosso capitão miliciano Serrão. 
 


Foto nº 8 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Jan / feve 1969 > Vista aérea de aproximação à pista de São Domingos, podendo ver-se o rio que lhe deu o nome. A pista, no inicio é cortada por uma picada, local onde o nosso Comandante e os grupos de combate sofreram uma emboscada e ele pisou uma mina, que acabou com a sua carreira prematuramente. Ou seja, a pouco mais de mil metros do nosso quartel. 
  


Foto nº 5 –  Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Primeiros dias de abril de 1968  > O edifício do meu quarto, partilhado com mais... 10 alferes milicianos.  Antiga maternidade de São Domingos.   Pode ler-se ainda num didão, a inscrição da CCAÇ 622 [que esteve em S. Domingos em 1965]. 



Foto nº 4 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Último trimestre de 1968  > Crianças indígenas, a banhar-se no rio, lançando-se a partir das pirogas, escavadas em troncos de árvore, o seu meio, quase único, de transporte no rio. 
 

Foto nº 3 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > 25 de agosto de 1968 >  Banho no rio cheio de lodo, agarrado a uma canoa da população civil local. 



Foto nº 1 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > 11 de dezembro de 1968 >  > Aqui estamos num grupo de militares e civis, e pelo que consigo ver, trata-se do dia em que deu à costa o hipopótamo, já morto.  Ao meu lado,  o meu amigo ‘O Maneta’.
 
 


Foto nº 2 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > 15 de dezembro de 1968 >Antiga estrada, agora picada, que ia na direcção do Senegal, para Zinguinchor, antes da guerra; depois não se podia ir mais longe pois as pontes estavam destruídas, e a picada minada.  

 


Foto nº 6  > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos >  1 de setembro de 1968 > No  jipe destinado ao Oficial de Dia, estava eu de serviço, sentado na frente da viatura, ainda com a capota, pois estávamos  na época das chuvas. 



Foto nº 7 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Fim de setembro de 1968 > Foto nº 7 – Na porta do meu quarto, a escrever para a família.  

Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde; tem já perto  de  160 referências no nosso blogue. (*)

 
Mensagem do Virgílio Teixeira, com data de 21 do corrente;:

Caro Luís:

(...) Agora, e em resposta ao teu pedido, vou enviar um dos temas do meu álbum fotográfico, que já estavam prontos há mais de um ano, dos quais tenho ainda tantos.   São fotos da minha galeria, tirados ao acaso de centenas delas, não há assunto em especial, apenas 'recordações de São Domingos'.

Se achares de interesse, para intercalar em tantos temas de grande valor, podes meter lá isto, que é aquilo que tenho.

Já vi muita coisa que me passou muito à frente, mas também a maioria são mais recentes, onde já havia tecnologia e pessoas mais interessadas na fotografia, e com olho para a frente, para memória futura, que não era essa a minha perspectiva.

Um abracelo, com desejos de muita saúde para todos, e que se safem desta maldita pandemia, que não vai embora tão cedo!

Virgilio Teixeira


CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas: 
T217 – MEMÓRIAS DE SÃO DOMINGOS  > PARTE VII 


I - Introdução do tema: 

A continuação do Tema – As minhas memórias de São Domingos, uma terra esquecida no fim do mundo onde passei quase 12 meses da minha vida. 

Os Temas começam com os números e títulos de T211, em diante, até acabar. 

As fotos, imagens e considerações vão sair sem qualquer prioridade, selecção ou assunto, será conforme as for encontrando no meu tão grande Álbum Fotográfico, em especial deste período entre Abril/68  e Março/69. 

Espero que sejam apreciadas, como documentos de uma época, e comentadas com criticas, mas sem "juízos de valor" [, como, de resto, mandam as regras do nosso blogue].


II - Legendas das fotos: 


Foto nº 1 – Junto do meu grande amigo, com a mão na cabeça dele, já não me recorda o seu nome, mas que me procurava sempre quando queria alguma ajuda de mim. Chamava-lhe carinhosamente, ‘O Maneta’ porque lhe falta parte do braço. Aqui estamos num grupo de militares e civis, e pelo que consigo ver, trata-se do dia em que deu à costa o Hipopótamo, já morto. Essas cordas que se vêm, foi para arrastar o ‘bicho’ morto, com um camião para ser sepultado, algures na mata.   Captada em São Domingos, no dia 11 de Dezembro do ano de 1968. 

Foto nº 2 – Caminho, estrada ou picada, que ia na direcção do Senegal, para Zinguinchor, antes da guerra, depois não se podia ir mais longe pois as pontes estavam destruídas, e a picada minada. Uma foto tipo selfie, com a minha câmara, no tripé e era eu que a tirava.  Captada em São Domingos, no dia 15 de Dezembro do ano de 1968. 

Foto nº 3 – Banho no Rio cheio de lodo, agarrado a uma canoa da população civil da zona.  Captada em São Domingos, no dia 25 de Agosto do ano de 1968. 

Foto nº 4 – Crianças indígenas, a banhar-se no rio, lançando-se a partir das pirogas, escavadas em troncos de árvore, o seu meio, quase único, de transporte no rio. Captada em São Domingos, possivelmente no 3º Trimestre do ano de 1968. 

Foto nº 5 – O edifício do meu quarto, partilhado com mais 10 alferes milicianos.  Antiga maternidade de São Domingos, depois transformada ou adaptada a dormitório de oficiais onde chegamos a estar no máximo 10 a 12 companheiros. No início era um antro de baratas nojentas, mas eu depois consegui que fossem feitas desinfestações fortes, e quase acabamos com elas. Tinha camas de ferro e colchões de espuma, bem como dois lençóis e uma fronha, depois fomos melhorando aquilo, porque era previsto para muitos meses. 

A titulo de curiosidade, no outro extremo deste edifício, paredes meias com o nosso quarto, ficavam as instalações do agente residente da PIDE.

Por outro lado, pode ler-se ainda num bidão, à direita, a inscrição da CCAÇ 622 [, Binar, São Domingos, Bula, 1964/66].   Foto captada em São Domingos, no dia em que lá cheguei, nos primeiros dias de Abril de 1968. 

Foto nº 6 – No jipe destinado ao Oficial de Dia, estava eu de serviço, sentado na frente, ainda com a capota, pois estava-se na época das chuvas.  Captada em São Domingos, no dia 1 de Setembro do ano de 1968. 

Foto nº 7 – Na porta do meu quarto, a escrever para a família.  O local era um abrigo contíguo ao quarto, tinha os bidões de areia e lama para protecção, havia também outros bidões que forneciam água para a casa de banho.  Tinha uma mesa para escrever, e cabides para a roupa, não faltava nada.  Captada em São Domingos, no fim de Setembro de 1968. 

Foto nº 8 – Uma vista aérea de aproximação à pista de São Domingos, podendo ver-se o rio que lhe deu o nome. A pista, no inicio é cortada por uma picada, local onde o nosso Comandante e os grupos de combate sofreram uma emboscada e ele pisou uma mina, que acabou com a sua carreira prematuramente. Ou seja a pouco mais de 1000 metros do nosso quartel. Captada em São Domingos, possivelmente nos meses de Janeiro ou Fevereiro de 1969 

Foto nº 9 – Caminho que conduz do centro da vila e do comando do Batalhão, até ao Quartel de Cima, onde estava instalada a Unidade de Intervenção, a CART 1744, do nosso capitão miliciano Serrão. Captada em São Domingos, possivelmente nos meses de Janeiro ou Fevereiro de 1969 

Foto nº 10 –  Foto com dois  miúdos na praia fluvial na maré baixa. Um branco, que possivelmente será filho do único homem branco que vivia ali, o homem da serração. O outro, um menino, um  ‘djubi’, amigo do rapaz branco.  Captada em São Domingos, num dia qualquer dos meses de Janeiro a Fevereiro de 1969. 


Direitos de Autor:  «Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM, Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933 / RI15, Tomar, 
CTIG/Guiné de 21 Set 67 a 04Ago69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos,». 


Acabadas de legendar, em, 2019-03-25  | Texto revisto e modificado, em 2021-01-23 .

Virgílio Teixeira

2. Ficha de unidade > CCAÇ 622

Companhia de Caçadores nº 622
Identificação: CCaç 622
Unidade Mob: RI 16 - Évora
Crndt: Cap Inf José Bento Guimarães Figueiral
Divisa: -
Partida: Embarque em 25Fev64; desembarque em 03Mar64 | Regresso: Embarque em 27Jan66

Síntese da Actividade Operacional

A partir de 8Mar64, substituindo dois pelotões da CCav 567, assumiu a
responsabilidade do subsector de Binar, então criado na zona de acção do
BCaç 507, e depois do BCav 790, com vista a impedir o alastramento da luta de
guerrilha para a região de Bula-Teixeira Pinto.

Em 7Dez64, iniciou a rendição, por troca, com a CCaç 618, no mesmo
sector, começando pelos destacamentos de Varela e Susana e assumindo a
responsabilidade total do subsector de S. Domingos, a partir de 30Jan65,
orientando o seu esforço para o patrulhamento e interdição da zona de fronteira
naquele subsector. 

De 5Dez65 a 15Abr66, por agravamento da situação, a zona de acção do destacamento de Susana passou a subsector temporário, com a instalação da CCav 1485.

Em 18Jan66, foi completada a rendição, por troca, no subsector de S. Domingos pela CCav 1483 e seguiu para Bula, onde assumiu transitoriamente a função de subunidade de reserva do BCav 790.

Em 26Jan66, foi substituída pela CArt 1526 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações: Não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág. 330.

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Camaradas, "todas" as fotos dos nossos álbuns da Guiné têm "interesse documental""... Mesmo aquelas que são mais "pessoais", que mandávamos à família para a tranquilizar, mostrando que estávamos vivos, de boa saúde e com boa aparência...

Eu valorizo muito as fotografias de época... Adoro as fotos antigas... Deformação profissional, sou "sociólogo", aprendi a valorizar tudo o que é humano, tudo o que tem a ver com o "homo socius" (, que é mais que o "homo economicus" e o "homo militaris")...

Por isso, tenho feito apelo para a malta nunca destrua as suas fotos da Guiné (e outras, da infância, adolescência, tropa, idade aduklta...).

Essas já não são "nossas", são dos nossos filhos e netos e bisnetos...

Obrigado, Virgílio, pela tua partilha... E o carinho que pões na organização meticulosa do teu álbum, com tratamento temático, datas, locais, legendas!...

Tenho "inveja" de ti, porque o meu álbum fotográfico da Guiné é mesmo pobrezinho...