"Barrigas de meia", no discurso politico e intimidatório do PAIGC, seriam os oportunistas que, tendo tirado proveito da vigência do regime colonial, ainda queriam aproveitar-se do novo poder para satisfazer suas apetências de parasitas.
É uma metáfora politica usada como arma contra os antigos funcionários do regine colonial. Fazia parte do jogo da exclusão de tudo e todos que não eram da clique do Partido-Estado.
Como resultado dessa guerra psicológica e das rusgas, todos os antigos funcionários de valor acabaram por abandonar o país e Cabo Verde acolheu uma boa parte.
A realidade depois demonstrou que todos eram "barriga de meia", dependente das circunstâncias e dos contextos. (**)
Cherno Baldé
A realidade depois demonstrou que todos eram "barriga de meia", dependente das circunstâncias e dos contextos. (**)
Cherno Baldé
2 de maio de 2024 às 23:46
(*) Vd. poste de 1 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25465: 20.º aniversário do nosso blogue (13): Alguns dos melhores postes de sempre (IX): Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé): Spínola, o Desejado - II (e última) Parte
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Notas do editor LG:
(**) Último poste da série > 20 de abril de 2024 > Guiné 61/74 - P25414: S(C)em Comentários (34): As valentes mulheres de São Domingos, no Cacheu, que em 2006 queriam aprender a ler e a escrever
2 comentários:
Obrigado, Cherno, pela tua pronta resposta. Vai para o nosso "proverbiário"...
Ainda conntinuo a encontrar a expressão nas redes sociais, e numa aceção agora mais lata do que a que era usada pelo PAIGC, a seguir à independência, e durante o regime de partido único, ou seja, enquanto Partido-Estado (como tu lhe chamas, e muito justamente).
Penso que definistes muito bem o que era o "barriga de meia"... Mas eu gostava de saber qual a origem da expressão: se é o que o eu imagino, seria o antigo funcionário civil, da administração, colonial, "barrigudo", que trajava camisa de manga curta, calção, e meia até à barriga perna...(e, no mato, "chapéu colonial").
Caro Luis,
Sim, mais ou menos isso, a relação comparativa que é feita com a "meia" é devido a sua natureza elástica e que nunca enche tal como a barriga de uma giboia, em referência, exactamente, a barriga dos antigos funcionários que aos olhos da nomenclatura politica do partido não passavam de oportunista a procura de novas oportunidades.
Na verdade e mais uma vez as teorias improvisadas e nunca antes testadas de Amilcar Cabral, do meu ponto de vista, estariam na base desses atritos se lembrarmos da teoria de classes sociais na GBissau que se referia a necessidade imperiosa do "suicídio da pequena burguesia" como classe, após a independência, condição necessária para o desenvolvimento do pais, a GBisssau. Na sua deriva teórica, muito aplaudida na Conferencia internacional de Havana, após a independência do país, a pequena burguesia, como única classe preparada, ou se quiser, revolucionária, deveria transformar-se, ou seja, suicidar-se como classe, perdendo a sua natureza burguesa de tipo capitalista baseada na exploração do homem pelo homem, transformando-se numa classe dinâmica e revolucionaria capaz de guiar o povo na senda do desenvolvimento e do bem estar social que era considerado o objectivo prinvipal ou programa maior da luta global do Paigc consagrado nos seus principios basilares. O sucesso da luta armada seria considerado o programa menor ou mínimo.
Amilcar Cabral estava imbuido de boas intenções, mas com a cabeça cheia de utopias e ingenuidades, muito distantes da vida real do território e das populações que eles pretendiam libertar.
Cordialmente,
Cherno Baldé
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