Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > Chegada do avião semanal da TAP, com os tugas e outros estrangeiros que vieram ao Simpósio Internacional de Guiledje (1 a 7 de Março de 2008)... Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > O omnipresente Pepito, cérebro e coração deste Simpósio, que não precisa de se pôr em bicos de pés, sempre discreto e encantador, cultivando deliberadamente um low profile... Ele e a sua orquestra de gente magnífica, como teremos oportunidade de constatar ao longo de uma semana cheia de emoções... Do ponto de vista da organização, o simpósio esteve perfeito, considerando os mil e um constrangimentos e dificuldades existentes neste país de África que nos trata com um enorme carinho...
Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > O Pepito fazendo questão de cumprimentar todos os seus convidados, oradores e demais participantes do Simpósio: neste caso, os três Gringos de Guileje, O Zé Carioca, o Abílio Delgado e o Sérgio Sousa (aqui em primeiro plano, de costas).
Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > A Maria Alice...
Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > Um homem com três comissões na Guiné, e que nesta semana irá experiementar momentos de grande felicidade, o hoje coronel de artilharia, na situação de reserva, Coutinho e Lima, que era em 22 de Maio de 1973 o major que comandava o COP5... Descobri que era meu vizinho: eu moro em Alfragide e ele em Benfica...
Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > Sapa VIP > O major da Guarda Fiscal Sado Baldé e o seu grande amigo e membro da nossa Tabacanca Grande, o Paulo Santiago (que veio na caravana autómóvel que partir de Coimbra em 21 de Fevereiro)
Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > Alguns dos amigos e camaradas que nos foram esperar ao aeroporto: Da esquerda para a direita, o Álvaro Basto, mais um amigo do Porto (cujo nome não retive, e que não fez tropa na Guiné), o Carlos Silva e o célebre Camilo (que eu conheci pessoalmente na ocasião e que vou reencontrar, no dia seguinte, no Saltinho onde tem uma morança, de fazer inveja a qualquer um de nós, no Clube de Caça, na margem direita do Rio Corubal, junto à ponte do Saltinho)
Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > Quatro grandes amigos e camaradas da nossa Tabanca Grande: da esquerda para a direita, o Xico Allen, o Armindo Ferreira (que foi Fur Mil na CCAÇ 1565, Jumbembem e Canjambari, 1966/68), mais o Álvaro Basto e o Zé Teixeira...
Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > O Pedro Lauret, o nosso gentleman e único representante da Armada Portuguesa... É comandante de mar e guerra na situação de reforma, além de dirigente da Associação 25 de Abril (A25A) e animador do respectivo blogue, Avenida da Liberdade...
Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > Em primeiro plano, o Carlos Matos Gomes, um homem do MFA da Guiné e um celebrado autor de romances de guerra como Nó Cego, Soldadó ou Fala-me de África (sob um pseudónimo literário, Carlos Vale Ferraz).
Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > O historiador Julião Soares Sousa, natural de Bula, o primeiro guineense a doutorar-se pela Universidade de Coimbra (2008)...
Guiné-Bissau > Bissalanca > Aeroporto Osvaldo Vieira > 29 de Fevereiro de 2008 > A caminho do hotel: em primeiro plano, o Luís Moita e o Josep Cervelló; em segundo plano, a Alice e o Patrick... Durante um semana, o convívio entre nós, portugueses e estrangeiros alojados no Hotel Azalai, em Santa Luzia, foi de uma grande qualidade humana... Não gosto da palavra estrangeiro: tirando os cubanos, todos nos expressávamos em português...
Guiné-Bissau > Bissau > 29 de Fevereiro de 2008 > Mercado da Chapa... Percurso entre o aeroporto, em Bissalanca, e o Hotel Azalai, o famoso QG, a antiga messe e as instalações de oficiais superiores, durante a guerra colonial...
Guiné-Bissau > Bissau > 29 de Fevereiro de 2008 > Mercada do Chapa > Estrada que vem do aeroporto para o centro de Bissau... A missão de cada guineense é sobreviver dia-a-dia... Mais de 90% dos guineenses deverão viver na economia informal (que termo tão irónico ou cínico!)...
Guiné-Bissau > Bissau > Bairro de Santa Luzia > Hotel Azalai > O Alfredo Caldeira, ladeado pela Diana Andringa, sua esposa, e dois jovens colaboradores da Fundação Mário Soares, a Catarina Santos e o Vitor Ramos, que já estavam em Bissau quando chegámos e que lá continuaram depois do nosso regresso a casa... A sua missão principal foi montar a exposição Memória da Luta de Libertação Nacional, em Bissau, e que também pode ser vista na página da Fundação Mário Soares... Um belíssimo trabalho que mereceu a unamidade dos aplausos... A Fundação Mário Soares não só participou como apoiou o Simpósio Internacional de Guiledje, tendo preparado nomeadamente um conjunto de documentos e fotografias relacionadas com Guiledje, com recurso tanto ao Arquivo Amílcar Cabral como ao nosso próprio blogue.
Guiné-Bissau > Bissau > Hotel Azalai > 29 de Fevereiro de 2008 > Os nossos companheiros Alfredo Caldeira e Diana Andringa...
Guiné-Bissau <> Hotel Azalai > 29 de Fevereiro de 2008 > A Diana Andringa com o nosso globetrotter Xico Allen que se desloca à Guiné pela enésima vez... O Xico passou pelo nosso hotel só para perguntar se estava tudo bem... Ele, o Armindo Ferreira e mais um camarada, natural do Algarve, cujho nome não retive... Nem uma cerveja o Xico quis aceitar... É um menino de coração de ouro, mas que me pareceu cansado das duas viagens, terrestres, que fez à Guiné só durante o mês de Fevereiro...
1. Amigos e camaradas:
Cá estamos de novo para retomar o convívio do nosso blogue. Acabamos de chegar de Bissau, ontem, por volta das 21h. Todos os participantes do Simpósio, guineenses, caboverdianos, cubanos, portugueses e outros europeus, reconheceram que se tratou de uma iniciativa histórica, que teve muito impacto a nível local.
Durante uma semana, Guiledje esteve nas bocas de todo mundo, na pátria de Amílcar Cabral. Houve cobertura mediática do acontecimento que suscitou inclusivamente o interesse dos representantes máximos do Estado guineense: o Presidente da República, o Presidente da Assembleia Nacional e o o 1º Ministro...
Na quinta feira, dia 6, uma delegação de ex-combatentes portugueses (cerca de duas dezenas) foi recebida em audiência pelo 1º primeiro Martinho N'Dafa Cabi, e depois pelo Presidente da República da Guiné-Bissau, general João Nino Vieira... Ao fim da tarde, o chefe de estado guineense fez questão de se deslocar ao hotel onde decorreu o Simpósio Internacional Guiledje na Rota da Independência da Guiné-Bissau, não só para esclarecer, com o seu testemunho pessoal, alguns aspectos menos conhecidos da batalha de Guiledje, mas também para assistir à exibição do documentário, de 100 minutos, As Duas Faces da Guerra, de Diana Andringa e Flora Gomes.
O tempo foi escasso para vos mandar estas simples notas de apontamentos, e algumas das fotos e vídeos que fiz (e que foram muitas, para aí uns cinco ou seis gigas)... Espero, de algum modo, com estas notas de reportagem compensar a minha ausência no blogue e sobretudo a pena que muitos de vocês terão tido de não poderem acompanhar-nos nesta visita memorável, que nunca mais se irá repetir... Para todos nós, e não apenas para mim, é daquelas coisas que iremos recordar com saudade e gratidão... L. G.
2. Uma semana inolvidável na Pátria de Cabral: 29/2 a 7/3 de 2008 (1): 6ª feira, dia 29 de Fevereiro, regresso a Bissau, quatro décadas depois… Texto e fotos: © Luís Graça (2008). Direitos reservados
Regresso à Guiné. 37 anos depois. É duro, é uma provação. Tenho sentimentos ambivalentes. Quero e não quero ir. Há o Graça que quer ir, o fundador e o editor deste blogue; e o Henriques que não quer, o velho tuga, o furriel miliciano, apontador de armas pesadas de infantaria que esteve na CCAÇ 12, em Bambadinca, em 1969/71, e a quem deram uma G3 de atirador de infantaria…
Durante muito tempo, todos nós quisemos esquecer a Guiné, ao mesmo que alimentámos o desejo secreto, voyeurista, de lá voltar… Eu decididamente não teria lá voltado se não tivesse surgido a oportunidade que representou, para mim e outros camaradas, a realização do Simpósio Internacional Guiledje na Rota da Independência da Guiné-Bissau, que vai começar amanhã e prolongar-se até 7 de Março de 2008.
Mas já houve mais resistências ou defesas, há uns tempos atrás, quando recebi o convite dos organizadores do Simpósio. Agora os dados estão lançados, é tarde demais para hesitações. Vou à Guiné, não em romagem de saudade (acho piroso o termo…), mas pura e simplesmente em trabalho. Quero convencer-me disso. É mais fácil assim. Racionalizo, logo passo o teste. Chego ao aeroporto da Portela às 8h da manhã. Por sorte o avião é só às 10.30h…. É que, com as pressas, a excitação da partida, o stresse dos preparativos da última hora, esquecemo-nos dos bilhetes em casa…
Eu e a Alice, que é uma mulher habitualmente super-organizada, e que fez questão de me acompanhar (Acho que, da parte dela, que não conheceu o Henriques, este gesto é uma belíssima prova de amor para com o Luís Graça…). Lá se telefona ao João, que vai a caminho de casa, depois de nos deixar no aeroporto… para ir recuperar os bilhetes. Felizmente temos tempo…
Entretanto o primeiro camarada que encontro no aeroporto o Carlos Silva, que é do meu tempo de Guiné, mas que eu não conhecia pessoalmente, tendo estado lá para os lados de Farim… Fur Mil da CCAÇ 2548 / BCAÇ 2879 (Jumbembem, 1969/71)... Disse-me que mora em Massamá. Tem ao lado a esposa que, ao ver a Alice, mostrou pena em não poder vir… De facto, haverá mais senhoras inscritas no Simpósio… Fazemos horas. Pergunto pelo representante do Instituto Valle Flor, o Gonçalo Marques, que ficou de nos trazer uma série de volumes (livros, DVD…), com destino à AD. Podemos levar 30 quilos de bagagem... A pouco e pouco chega o resto da maralha (um termo que ainda é do meu tempo de tropa, o que significa que há sempre uma certa regressão nestas viagens de retorno ao passado):
(i) junta-se a nós o Carlos Matos Gomes, o coronel na situação de reserva que nos Comandos passou pelas três frentes de guerra, incluindo a Guiné (em 1972/74), autor de romances de Nó Cego, Soldado e Fala-me de África ( e cujo nome, para orador no Simpósio, fui eu próprio a sugerir à organização, na impossibilidade - ou recusa, não sei ao certo – de vir o Aniceto Afonso);
(ii) o capitão de mar e guerra Pedro Lauret, membro da nossa tertúlia, dirigente da Associação 25 de Abril, e que era imediato do NRP Orion em Maio/Junho de 1973, por ocasão da ofensiva do PAIGC, contra os três G: Guidaje, a norte; Guileje e Gadamel, a sul;
(iii) o coronel Coutinho e Lima (o homem do COP 5 que entrou em rota de colisão com Spínola, ao decidir abandonar Guileje, em 22 de Maio de 1973);
(iv) o Luís Moita, professor catedrático e vice-reitor da UAL – Universidade Autónoma de Lisboa), fundador do CIDAC (uma organização não governamental portuguesa de cooperação para o desenvolvimento que dirigiu durante 15 anos, entre 1974 e 1989; é um grande amigo da Guiné-Bissau, que conhece bem);
(v) o Eduardo Costa Dias (professor de Sociologia e de Estudos Africanos, coordenador científico dos Programas de Mestrado e de Doutoramento em Estudos Africanos do ISCTE, que eu conheço dos meus tempos de estudante, e que já veio dezenas de vezes à Guiné, sendo especialista em dinâmicas sócio-religiosas e políticas na África Ocidental)…
Há ainda o Alfredo Caldeira (Administrador do Arquivo & Biblioteca da Fundação Mário Soares, e membro do Conselho Geral da mesma Fundação), e a esposa, Diana Andringa, membro da nossa tertúlia, jornalista e cineasta, co-autora com o guineense Flora Gomes do documentário As Duas Faces da Guerra (Portugal, 2007), para além do José Marques, jornalista do Correio da Manhã, e de dois recém-doutorados em história contemporânea, os guineenses, a viver em Portugal, Leopoldo Amado (natural do sul da Guiné, vive em Lisboa) e o Julião Soares Sousa (natural de Bula, vive em Coimbra)….
Esqueci-me de dizer que, em Lisboa, há mais gente que se junta a nós, e noemadamente de língua espahola: os cubanos Óscar Oramas (antigo embaixador de Cuba na Guiné-Conacri e autor de uma biografia sobre Amílcar Cabral), bem como Ulisses Estrada (que foi um dos combatentes da 1ª leva, em 1966, e que lutou ao lado do Domingos Ramos, tendo-o visto morrer em 1966, num ataque a Madina do Boé)…
Há ainda o catalão Josep Sánchez Cervelló, professor universitário, em Tarragona, especialista em história sobre o 25 de Abril e a descolonização portuguesa, e o francês Patrick Chabal, profundo conhecedor da vida e obra de Amílcar Cabral… Bom, o avião vai a abarrotar… Há uma elite guineense que viaja e que é cosmopolita. Mas a maioria é gente que vive e trabalha em Portugal e noutros países, utilisando a placa giratória que é Lisboa… Sem os guineeneses da diáspora e as suas remessas em dinheiro, o povo da Guiné-Bissau morreria de fome, diz-me o Lepoldo…
Mas a pátria de Amílcar Cabarl não tem sequer uma companhia de bandeira. Para Bissau voam apenas a TAP, à sexta, e a TACV, ao domingo… A viagem Lisboa-Bissau não é barata (eu paguei quase 1100 euros pelo bilhete de ida e volta da Alice), nomeadamente para o Francisco Mendes que vai aqui a meu lado, e volta a Cachungo (leia-se Catchungo), ao seu chão manjaco, para matar saudades, visitar os parentes, beber o seu vinho de palma… Talvez dê um salto à Gâmbia onde tem irmão… Está em Portugal há vinte e tal anos… Mora em Cacém. Tem um negócio próprio, segundo percebi pelos contactos de telemóvel que fez a meu lado, antes da partida. Deve ter trabalho uns anos na construção civil, até montar o seu próprio negócio. Gente empreendedora, os manjacos da diáspora guineense… Em suma, vou encontrando a malta que vai ao Simpósio: por exemplo, a malta dos Gringos de Guileje, a CCAÇ 3477, que emocionados com a perspectiva de voltar à Guiné: Abílio Delgado, ex-capitão da companhia (mora hoje na Ericeira); José António Carioca, ex-Fur Mil Trms (vive em Cascais); Sérgio Sousa ...
As bagagens vão marcadas com uma fila vermelha, para facilitar as operações de desembarque… O avião descola por volta das 10.30h da manhã. O ambiente é de alguma excitação, própria de um grupo em formação, e que irá passar uma semana inolvidável na Guiné-Bissau. Amanhã de manhã, partiremos de jipe a caminho do coração do Parque Nacional do Cantanhez, em Iemberém (ou Jemberém, na antiga carta de Cacine) o onde a AD tem projectos e instalações de apoio. Os tugas (termo outrora depreciativo, usado pelos guineenses como sinónimo de colonialistas portugueses) voltam à Guiné, agora em missão de paz e de amizade…
No aeroporto temos uma recepção VIP, com a própria senhora ministra dos Antigos Combatentes da Pátria a saudar-nos, para além dos nossos amigos da AD – nomeadamente o omnipresente Pepito – e, surpresa das surpresas, os nossos camaradas da Tabanca Grande que fizeram a viagem de jipe, pela rota Porto-Coimbra-Bissau… A ocasão para dar um grande abraço de reencontro e saudação ao Xico Allen, ao Álvaro Basto, ao António Pimentel, ao Zé Teixeira, ao Paulo Santiago e demais tugas que integraram a caravana… Dizem-que a malta de Coimbra vai ficar, em Bissau, para desalfandegar o contentor de vinte e tal toneladas que traz ajuda humanitária… É gente solidária e generosa, que eu, infelizmente, não irei conhecer pessoalmente.
Também conheci pessoalmente o major Sado Baldé, da Guarda Fiscal, que é um grande amigo do Paulo Santiago, do Carlos Santos e do Julião. Levei-lhe medicamentos, a pedido do Paulo Satiago e do Carlos Santos, e que lhe foram entregues em mão. O Sado Baldé merece, há muito, figurar na lista dos membros da nossa Tabanca Grande. Foi através dele que chegámos ao conhecimento do paradeiro do Paulo Malú, que comandou, em 17 de Abril de 1972, a terrível emboscada do Quirafo… O filho do antigo régulo Suleimane, do Saltinho, é uma de gentileza e afabilidade inexcedíveis, que me fez logo lembrar os soldados fulas da minha companhia de caçadores, a CCAÇ 12, e os tempos de instrução que passei em Contuboel.
O dia de chegada do avião da TAP é de festa, em Bissalanca… Centenas de pessoas, não sei mesmo se alguns milhares, concentram-se aqui, só para ver a chegada do avião e dos seus felizes passageiros… As mesmíssimas cenas de há 39 anos quando cheguei do Niassa em Bissau (1): os meninos e as meninas que vendem mancarra, a banana, ou que te pedem o jornal e a revista que trazes do avião… Mas o país e a gente não são mais os mesmos: a Guiné-Bissau hoje faz parte do seio das Nações e quer manter vivos os sonhos que levaram Amílcar Cabral e os seus camaradas do PAIGC a lutar contra um regime político, e não contra os portugueses… Irei ouvir isto todos os dias, até 7 de Março de 2008, quando terminar o Simpósio e eu regressar a casa…
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Nota de L.G.:
(1) Eu próprio já aqui evoquei, na 1ª série do nosso blogue, a minha viagem no T/T Niassa, em finais de Maio de 1969: vd post de 23 de Junho de 2005 > Guiné 63/74 - LXXVI: (i) A bordo do Niassa; (ii) Chegada a Bissau (...) Desembarcamos numa cidadezinha térrea, de casas de adobe, rachas de cibe e chapas de zinco, com quintais cheios de mangueiras, e onde em dois ou três quarteirões, feitos a régua e esquadro, se concentram a administração e o comércio. Nas ruas, sujas das primeiras enxurradas de Maio, meninos e meninas vendem mancarra (começo a aprender as minhas primeiras palavras de crioulo). Gilas, de balandrau branco, óculos de sol e transistor a tiracolo, mercadejam bugigangas de contrabando. Os sons, os sabores e as cores de África baralham-me os sentidos e as emoções. A esta hora da manhã, já as esplanadas estão cheias de tropa à civil, beberricando cerveja, enquanto no mastro da fortaleza oitocentista da Amura flutua uma descolorida bandeira verde-rubra. Indiferente aos velhos canhões de bronze, uma mulher passa com o filho às costas e um balaio à cabeça. Canoas talhadas em grossos troncos de poilão partem do mítico cais do Pijiguiti, sulcando as águas lamacentas da Ria, em busca de mafé. Ronceiros aviões levantam voo de Bissalanca e, no meio da praça do Império, em cima de um Unimog, de pé e de braços abertos, alguém de nós, exclama: - Camaradas, cinco séculos de história vos contemplam!" (...).