sexta-feira, 25 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6642: A minha CCAÇ 12 (4): Contuboel, Maio/Junho de 1969... ou Capri, c'est fini (Luís Graça)


Guiné > Zona Leste > Circunscrição de Bafatá > Rio Beba > 1931 > ""Jangada no Rio Geba. Passagem entre Bafatá e Contuboel"... Imagem reproduzida em O Missionário Católico, Boletim mensal dos Colégios das Missões Religiosas Ultramarinas dos Padres Seculares Portugueses, Ano VIII, nº 81, Abril de 1931, p. 169 (Exemplar oferecido ao nosso blogue pelo camarada Mário Beja Santos). 

Imagem digitalizada e editada por L.G.


1. Contuboel,  20/6/69 (*)

Algures 
No lugar mais frio 
Da memória 
(Carlos de Oliveira: Micropaisagens). 


…Ou no lugar mais desconfortável da terra!  A paisagem barroca dos trópicos não é menos desoladora do que as ilhas caligráficas do poeta: sob a tela luxuriante da natureza, os homens recortam-se, quais sombras chinesas, numa fundo aridamente linear. Eu diria: pateticamente, de pé, no limiar da História.

Aqui a consciência humana tem a dimensão da tribo, do grupo étnico ou até da aldeia. Uma precária serenidade envolve a azáfama quotidiana destes povos ribeirinhos do Geba que, no meu eurocentrismo de viajante, recém-chegado e distraído, descreveria como felizes, gentis e hospitaleiros.

O que eu observo, sob o frondoso e secular poilão da tabanca, é uma típica cena rural: (i) as mulheres que regressam dos trabalhos agrícolas; (ii) as mulheres, sempre elas, que acendem o lume e cozem o arroz; (iii) as crianças, aparentemente saudáveis e divertidas, a chafurdar na água das fontes; (iv) os homens grandes, sempre eles, a tagarelar uns com os outros sentados no bentém, mascando nozes de cola…

Em suma, um fim de tarde calma numa tabanca fula de Contuboel que daria, em Lisboa, uma boa aguarela, para exposição no Palácio Foz, no Secretariado Nacional de Informação (SNI). E, no entanto, o seu destino, o destino destes homens, mulheres e crianças fulas, já há muito que está traçado: em breve a guerra, e com ela a morte e a desolação, chegará até estas aldeias de pastores e agricultores, caçadores e pescadores, músicos e artesãos, místicos e guerreiros…

O chão fula vai resistindo, mal, ao cerco da guerrilha. De Piche a Bambadinca ou de Galomaro a Geba, os fulas estão cercados. Mas por enquanto, Bafatá, Contuboel ou Sonaco ainda são sítios por onde os tugas podem andar, à civil, desarmados, como se fossem turistas em férias! (...).


Guiné > Zona Leste > Contuboel > Junho de 1969: Passeio de piroga junto à ponte de madeira de Contuboel, sobre o Rio Geba. Furriéis milicianos Henriques (CCAÇ 2590, mais tarde, CCAÇ 12) e Monteiro (CART 2479, mais tarde CART 11 e depois CCAÇ 11). Na Guiné nunca mais encontrei o meu amigo Monteiro. Já muito depois do 25 de Abril,  descobri que ele era co-autor de um livro que li e apreciei sobre a guerra colonial (Renato Monteiro e Luís Farinha: Guerra colonial: fotobiografia. Lisboa: D. Quixote. 1990. 307 pp). Entretanto, aparece o blogue e, entre outras, publico esta foto... Em 4 de Julho de 2005, recebi a seguinte mensagem, assinada pelo Renato Monteiro:

"Amigo Luis: Muito surpreendido por me rever numa piroga no rio Geba. Na verdade, não me lembrava desse episódio. Não menos espantado por rever a picada do Xime e outros locais que, passado tanto tempo, ainda se encontram bem presentes na minha memória...

"Lamento, ao contrário, não ter reconhecido ninguém nas fotos nem, sequer, te referenciar. Não sei a explicação. Sou, na realidade, co-autor do livro que referes. Fico ao teu dispor para o caso de quereres comunicar, e feliz pela Internet ter possibilitado este reencontro".

Foto: © Luís Graça (2005). Direitos reservados.


2. Contuboel, 15/7/69

Capri, c’est fini!... Ainda te lembras da velha canção do verão de há três anos, em Lisboa (i) ? Pois é, estão a chegar ao fim as férias de Contuboel, o dolce far niente da tropa tropical... Cheguei à Guiné há  mês e meio. E ainda não vi, não senti nem cheirei a guerra (a não ser talvez no percurso, em LDG, no Rio Geba, a caminho do Xime e depois no troço Xime-Bambadinca, no dia da nossa partida de Bissau para Contuboel: confesso que havia alguma tensão nos rotos dos periquitos...).

Acabámos os exercícios finais da instrução de especialidade, que decorreram entre 6 e 12 de Julho, a 10 km a norte de Contuboel. Recebemos a visita do homem grande de Bissau (ii). Consta que já nos deu destino, a nós e aos nossos queridos nharros (iii).

Acabaram-se os passeios tranquilos pelo Rio Geba, de piroga. As idas a Sonaco, à civil. As conversas, ao fim da tarde, debaixo do poilão, com os
djubis, as bajudas e as mulheres grandes e os homens grandes. As conversas intelectuais com o meu amigo Monteiro (iv). Os meus vizinhos aldeões com quem gostava de conversar. As pacatas idas às hortas das proximidades para comprar bananas e abacaxis...

Vou ter saudades de Contuboel, das frondosas margens do Geba, da paisagem luxuriante, das amáveis lavadeiras mandingas, de mama firme, que encontrávamos pelo caminho. Mas, como diz a canção, é muito pouco provável cá um dia voltar. Em contrapartida não penso neste momento em Lisboa nem no meu regresso. Contuboel acabou: há agora muitos milhares de quilómetros para palmilhar, numa prova que é, para mim, para todos nós, o grande teste de resistência... e de sobrevivência.

Vou ter saudades das histórias que a
velhice de Contuboel nos contava. Madina do Boé, Fiofioli… Nós, os periquitos, ouvíamos com respeito a velhice e é, com natural apreensão, que nos preparamos para montar a tenda algures no chão fula. Dizem-me que marchamos, dentro de dias, para Bambadinca. Não gostei do sítio quando por lá passei, há um mês e meio. Ainda cheirava a pólvora... Em contrapartida, o aquartelamento é novo, oferecendo boas condições de alojamento, pelo menos para os oficiais e sargentos.

Março de 1969. Durante dez dias e dez noites, de 8 a 18 de Março, o triângulo Xime-Bambadinca-Xitole é passado a pente fino: 1300 homens, entre militares e carregadores civis, além da aviação e da artilharia, estão empenhados na grande operação de limpeza a que foi posto o nome de código de Lança Afiada (não tenho ideia se a marinha esteve envolvida, e em especial o corpo de fuzileiros, cortando a possível retirada do IN pelo Rio Corubal).

Estava-se então em plena época seca: o capinzal já não resiste às granadas incendiárias e as clareiras, abertas pelas queimadas na savana arbustiva, deixam entrever a imensa mole de vegetação tropical para além da qual fica
tabanca di bandido, em florestas sombrias onde coabitam dginé e najoré, e que na algaraviada dos meus nharros quer dizer irãs, diabos, diabretes, duendes e toda a espécie de espíritos (bons e maus)…

O objectivo da operação é, como sempre, aniquilar, capturar ou, no mínimo, expulsar o IN, destruir todos os seus meios de vida e recuperar a população sob o seu controlo... (À força, se a dita população não quiser voltar a viver sob a nossa bandeira e a nossa soberania).

A ideia de manobra é simples: da Ponta do Inglês (antigo aquartelamento das nossas tropas, abandonado em finais de 1968, se não me engano) à mata do Fiofioli, da estrada Mansambo-Xitole à Ponta Luís Dias (outrora um florescente entreposto comercial à beira rio) um enorme cilindro compressor irá empurrando tudo o que for balanta, beafada e bicho do mato para o Rio Corubal onde os esperam os pássaros de fogo dos tugas, os hipopótamos, os jacarés, as formigas carnívoras, os jagudis...

Oficialmente o dispositivo do IN na área compreendida entre a linha geral Xime-Xitole e a margem direita do Rio Gorubal foi desarticulado — um eufemismo, de resto, muito utilizado nos nossos relatórios militares para justificar resultados mais morais e psicológicos do que materiais em operações desta envergadura, e que quando muito só se realizam de dois em dois anos (Na verdade, não é todos os dias que nos podemos dar ao luxo de mobilizar o equivalente a um agrupamento, ou seja, dois batalhões).

Na prática, os roncos não foram espectaculares: para além de algumas toneladas de arroz destruídas, de muitas cabeças de gado mortas, de muita criação pilhada,  e de umas tantas casas de mato ou cubatas queimadas, enfim, para além de alguns contactos com o IN, sempre à distância, “o que contou sobretudo foi termos penetrado em santuários do IN tão míticos como a mata do Fiofioli” (diz-me um furriel da
velhice com quem gosto de conversar do passado recente). Fico a saber que o Fiofioli é um sítio tão temível para os tugas da Zona Leste como, noutros sectores, o Boé, o Cantanhez, o Morès, o Choquemone, o Caresse ou a ilha do Como.
- Afinal, nem hospital nem enfermeiras cubanas nem sequer o fantasma do Nino vestido à cowboy - comentava, entre irónico e desapontado, à mesa da lerpa, um outro furriel da
velhice de Contuboel - Foi só por dizer que estivemos na mata do Fiofioli… Nem sequer fiz o gosto ao dedo!

O que eu posso concluir destas conversas entre
periquitos e velhinhos, no meio de rodadas de cerveja e de uísque, é que depois do inferno de Madina do Boé, a Lança Afiada teve um certo sabor a vitória para as NT.

0 que se passara, entretanto, é que, na impossibilidade de resistir abertamente à contra-penetração das NT, a guerrilha ensaiara algumas manobras de diversão pelo fogo, enquanto as populações sob o seu controlo, previamente alertadas, se metiam na arca de Noé (quiçá com toda a bicharada do mato, os porcos, as galinhas), cambando o Rio Corubal e pondo-se a salvo na outra margem... Em suma a velha táctica dum conhecido mestre escola chinês: “dispersar quando o inimigo ataca, reagrupar quando o inimigo retira”…

Um mês depois, e quando os
tugas voltavam a dormir de cu para o ar, preparando-se para hibernar nos seus campos fortificados durante a estação das chuvas, os diabos negros da floresta desencadeavam uma série de acções que culminariam no ataque em força, inesperado e espectacular, a Bambadinca, a sede do comando do sector L1 até então inviolável...

Foi a 28 de Maio de 1969, à noite, estávamos nós a chegar a Bissau. Quando passámos por Bambadinca, oito dias depois, a caminho de Contuboel, não se falava de outra coisa… "Podíamos ter sido todos mortos ou apanhados à unha, tal era a bandalheira em que estava o quartel" - confidenciou-me o meu conterrâneo e amigo, o Agnelo, 1º cabo de transmissões da CCS... De facto, faziam-se quartos de sentinela... sem armas!

Ao que soube mais tarde, o comandante e o seu adjunto (v) apanharam uma porrada do Spínola /("levaram com os patins", na gíria de caserna)  e seguiram com guia de marcha para Bissau...

[ Excertos do
Diário de um Tuga. publicados na I Série do Blogue, e agora revistos



Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Ponte sobre o Rio Geba na estrada Bafatá-Contuboel > 16 de Dezembro de 2008, 13h41... > Nunca mais voltei a Contuboel nem passei sobre esta ponte (que, entretanto, deve ser sido reconstruída)... Mas o meu filho, João Graça, fê-lo por mim, sem eu sequer lhe ter pedido... Provavelmente por sugestão do Pepito, que trabalhou como engenheiro agrónomo em Contuboel depois da independência e por cujo círculo eleitoral foi inclusivemente deputado à Assembleia Nacional... 

Gostava que o Renato Monteiro, que é hoje um grande fotógrafo (com direito a entrada na Wikipédia...) comentasse esta foto... Debaixo desta ponte, num mergulho refrescante mas temerário para as águas do Geba, num dos nossos passeios de piroga, em Junho/Julho de 1969, ele poderia ter aqui encontrado a morte... Relembrei-lhe essa cena, para mim dramática (e que ele varreu completamente da memória, como todos nós fazemos com pesadelos e os acontecimentos de vida traumáticos),  quando nos reencontrámos, pela primeira vez em 2005, graças a este blogue... (LG)

Foto: © João Graça (2009). Direitos reservados


Guiné > Zona Leste > Xime > CART 2520 (1969/70) >  "Cais do Xime, a cores já esbatidas" (RM)…Atracagem de uma LDG - Lancha de Desembarque Grande... Em primeiro plano, o Fur Mil Renato Monteiro, meu amigo de Contuboel, que foi parar ao Xime (e depois ao Enxalé, destacamento do Xime, no outro lado do Rio Geba) por não morrer de amores pelo comandante da sua unidade de origem, a CART 2479 (1968/70)... Conheci-o em Contuboel, em Junho/Julho de 1969. Nunca mais o vi... Só há poucos anos nos reencontrámos... Graças ao blogue... É a história de um feliz acaso, já aqui contada . Ele era(é) o misterioso homem da piroga (**), fotografado comigo no Rio Geba, em Contuboel, uma das poucas fotos que tenho da Guiné.

 Contuboel que daria, em Lisboa, uma boa aguarela, para exposição no Palácio Foz, no Secretariado Nacional de Informação (SNI).

E, no entanto, o seu destino, o destino destes homens, mulheres e crianças fulas, já há muito que está traçado: em breve a guerra, e com ela a morte e a desolação, chegará até estas aldeias de pastores e agricultores, caçadores e pescadores, músicos e artesãos, místicos e guerreiros…

O chão fula vai resistindo, mal, ao cerco da guerrilha. De Pitche a Bambadinca ou de Galomaro a Geba, os fulas estão cercados. Mas por enquanto, Bafatá, Contuboel ou Sonaco ainda são sítios por onde os tugas podem andar, à civil, desarmados, como se fossem turistas em férias! (...)

Foto: © Renato Monteiro (2007). Direitos reservados.

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Notas  de L.G.:

(i) Canção, romântica, então em voga, nos idos anos de 1965/66, do francês Hervé Villard (n. 1946). A letra era típica da época, delicodoce, inócua, pacífica, para consumo de adolescentes apaixonados, quando ainda se ouviam canções francesas românticas na nossa rádio e os

 "Nous n'irons plus jamais,/ Où tu m'as dit je t'aime,/ Nous n'irons plus jamais, /Comme les autres années, /Nous n'irons plus jamais, /Ce soir c'est plus la peine, /Nous n'irons plus jamais, /Comme les autres années; Capri, c'est fini, /Et dire que c'était la ville / De mon premier amour, /Capri, c'est fini, /Je ne crois pas /Que j'y retournerai un jour" ...

Vd. vídeo no You Tube.

(ii) Forma carinhosa ou reverente como era tratado o general Spínola pela NT e pela população local que convivia connosco.

(iii) Termo algo depreciativo (tal como
tugas, sinónimo de brancos, portugueses) com que tratávamos os africanos da Guiné. Não se pode dizer que o termo fosse explicitamente racista. Era uma expressão de caserna.

(iv) Furriel miliciano Monteiro, da CART 2479 / CART 11, que seguiu para Piche, a nordeste de Nova Lamego (ou Gabu), com os seus africanos, na mesma atura em que nós (CCAÇ 12) seguimos para Bambadinca. Estes africanos fizeram a recruta e a instrução de especialidade juntamente com os nossos. Na altura Contuboel funcionava como um centro de instrução militar, tal como Bolama. Nunca mais o tornaria a ver, ao Renato Monteiro. Graças a este blogue,  ele localizou-me em 2005 e acabámos por nos (re)encontrar.

(v) BCAÇ 2852 (1968/70)
copains e as copines da França do acordeão e do Charlles de Gaulle preparavam para incendiar Paris:
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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6641: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (22): José Corceiro, um bom filho, um melhor pai, um avô babado


Foto 1 > 24/6/1948: O José Corceiro "ao colo de sua querida mãe"... Faz precisamente 62 anos que esta foto foi tirada... Era(é) dia de S. João na terra [, Sabugal,] do nosso camarada... E hoje também avô pela segunda vez...

1. Mensagem de José Corceiro (ex-1.º Cabo Trms, CCaç 5 - Gatos Pretos , Canjadude, 1969/71):


Data: 24 de Junho de 2010 15:05

Assunto: MOMENTOS DE REFLEXÃO

Caros amigos, Luís Graça, Carlos Vinhal, J. Magalhães.

Envio estas linhas despretensiosas que caso achem que tem lugar, podem publicar.

Um Abraço
José Corceiro


2. Momentos de reflexão
por José Corceiro


Amigos tertulianos, permitam-me que partilhe convosco uma alegoria nostálgica, ou direi antes, um misto de tristeza e saudade envolvida por alegria e esperança.

Há momentos singelos na vida de cada um de nós, que merecem ser divulgados. Circunstâncias que nos impulsionam a agir num determinado sentido, sem razão aparente, que à luz do raciocínio puro são de difícil explicação, mas,  segundo a lei das probabilidades, o que é susceptível de acontecer mais tarde ou mais cedo acontece.

Estava descontraído a ouvir música e a ler um livro, comportamento habitual, com a mente concentrada na leitura sem outras inquietações. Nisto, num instante de descontracção impôs-se um desejo, sem que nada o justificasse, direccionando-me no sentido de uma determinada gaveta, das várias possíveis. Gaveta com diversos objectos, entre os quais uma caixa de madeira, não muito grande, que eu próprio tinha ali acomodado. 

Antes de abrir a caixa, veio-me à memória tudo o que ela continha no seu interior, pois eu mesmo religiosamente ali o tinha acondicionado. Abro o meu humilde relicário e deparo com o que deve ter sido a minha primeira fotogenia, eu ainda bebé nos braços da minha ditosa e saudosa Mãe, tinha eu dez meses de idade. Como que afago a foto, que já tive na mão centenas de vezes, eis que descubro nela algo que nunca me tinha apercebido antes. No verso da foto, num dos cantos, está escrito a lápis, já esbatido, mas ainda perceptível, a data 24-06-1948. Coincidência, faz hoje precisamente 62 anos que foi tirada a foto.

Analisando à luz da razão, o que agora sei tem toda a lógica: eu sabia que tinha dez meses de idade quando a foto foi tirada, isto está em conformidade com a data da foto e lembro-me que antigamente, na minha terra [, Sabugal,], era dia de S. João, festa de tradição, que vinha um fotógrafo ambulante que tirava fotos, a quem o pretendia, eu enquanto criança tirei outras neste dia.

Estava eu imbuído neste pensamento, quando recebo a notícia, dada pelo meu filho, Leandro Jorge, a comunicar-me que sou avô pela 2ª vez, pois nasceu a minha querida netinha Laura, que já era expectável que nascesse por estes dias.

A nostalgia foi invadida pela esperança.

Queridos amigos, são as leis da ordem natural da Natureza…

Aproveito para homenagear, singelamente, a mulher que foi a minha Mãe na minha vida e dizer-lhe que,  embora nos tenha deixado, continuo a sentir-me ao seu colo adorado e protector. Saúdo a minha netinha Laura, desejando-lhe uma vida graciosa e risonha, assim como não esqueço as outras mulheres da minha vida, às quais desejo tudo de bom.

A todos os avós, muita esperança e saúde para todos.

Um abraço

José Corceiro




Foto 2 - Tirada em Paris com os meus filhos, em 1982.. O peso da responsabilidade nos ombros, já é grande. 




Foto 3 - Junto do Museu do Louvre que,  por mais que visite, descubro sempre novidades. Como sempre, carregado de equipamento fotográfico, além da máquina de filmar, mais que uma de fotografia. Com os filhos, foto tirada em 1982.


Foto - 4 Algures na Europa, com o meu filho Gonçalo Afonso, em 1982.


Foto 5 - Continuação do canteiro do Jardim do Luxemburgo, em Paris, em 1982.




Foto 6 - O meu filho, Leandro Jorge, em 1978, no Parque Eduardo VII, Lisboa, a gritar que... é Pai!

Fotos: José Corceiro (2010). Direitos reservados 

2. Comentário de L.G.:

Vão me dar porrada, Zé, os mais ortodoxos,  que acham que nem a Torre Eifel nem o Parque Eduardo VII têm nada a ver com Canjadude, os Gatos Pretos, a porra da Guiné...  (Eu acho que tem, desde que os portugas do Vasco da Gama abriram os caminhos da globalização)...  Mas eu podia lá recusar a satisfação de um pedido como o teu, que nasce de um irresistível impulso de ir ao gavetão das fotografias, e fazer uma viagem de 62 anos ao passado ?!...

Poder... podia (quem tem a faca e o queixo na não, pode sempre...), mas não era a mesma coisa... No nosso blogue também há lugar para as crianças, os seus olhos espantados, abertos para a realidade das coisas grandes, a sua inigualável fotogenia... Esta série (Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres) (*) é também, ela, heterodoxa... Mais: é ostensivamente voyeurista, faz questão de entrar pela morança dentro dos nossos tabanqueiros... E, depois, logo hoje que acabas de ser avô pela segunda vez... Este é também um blogue de afectos... Um gesto de ternura é sempre algo de irrecusável. E como nós estamos necessitados de ternura, nestes tempos difíceis por que estamos a passar, nós, todos,  individuos, famílias, comunidades, povo!...

De uma penada acabamos de conhecer melhor o nosso camarada José Corceiro, junto daqueles que ele mais quer, a sua família, os seus filhos, os seus netos...

Tenho pena de não te poder dar um Alfa Bravo, no próximo sábado, em Monte Real. Vejo que não estás inscrito. Ficará para uma próxima... Curte agora as alegrias de ser filho, pai e avô, a par da fotografia, das viagens, da leitura, os teus lazeres... LG.

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Guiné 63/74 - P6640: Convívios (257): Encontro/Convívio do BCAÇ 2856, 19 de Junho de 2010, em Amarante (Jorge Tavares)


1. O nosso Camarada Jorge Tavares, ex-Furriel Miliciano Radiomontador, da CCS do Batalhão de Caçadores 2856 - Bafatá -, 1968/1970, enviou-nos as seguintes notícias da festa da sua CCS, em 23 de Junho de 2010.

Almoço/Convívio da CCS do BCAÇ 2856


Amigos e camaradas,

Mais uma vez estou a enviar duas fotos do nosso encontro anual realizado no dia 19 de Junho, em Amarante.


Neste encontro foram comemorados também os 40 anos do regresso a casa.
O próximo encontro ficou marcado para 18/06/2011, em Góis.

P.S. – Por vezes tenho recebido e-mails de Camaradas na procura de qualquer informação sobre outros camaradas do batalhão (CCAÇ 2435, 2436 e 2437). Como não sou eu o elo de ligação deste pessoal, aqui fica o endereço de e-mail de quem trata dos contactos da malta da CCS para os arquivos: manuelrosario@mail.telepac.pt

Fiquem bem,
Jorge Tavares
Fur Mil Radiomontador da CCS do BCAÇ 2856
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Notas de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
20 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6619: Convívios (171): Encontro/Convívio do BCAÇ 3863 e CCAÇ 16, 1 de Maio de 2010, em Espinho (José Quintino Travassos Romão)

Guiné 63/74 – P6639: Ainda o desastre de Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (7): Sobre o poste P4533-15Jun2009, desastre no Cheche (Abreu dos Santos)

Jangada para travessia do Rio Corubal, no Che-che. © Foto de José Azevedo Oliveira, com a devida vénia.
1. O nosso Camarada-de-Armas Abreu dos Santos, enviou-nos uma mensagem contendo mais informação preciosa sobre o desastre do Checche, ainda referente ao dramático e mortífero desastre do Cheche, que, pela sua importância, passamos a publicar.
A mensagem foi previamente posta a circular entre vários Camaradas nossos, solicitando eventuais comentários, ou a prestação de qualquer outra achega, ou esclarecimento sobre este infeliz acontecimento.


2. Assim em 16 de Junho de 2010, o Abreu dos Santos, com o título: “20Fev69 - fuzos no Cheche”, enviou-me o seguinte e-mail:
MR,

Cf n/conversa de ontem, remeto à consideração breve extracto da minha "Outra História", na parte respeitante à operação de resgate dos malogrados militares afogados no Corubal, solicitando reenvio aos infra mencionados camaradas-de-armas, por forma que se pronunciem em vista a que seja editada e emitida informação – consolidada e sucinta –, a qual permita a qualquer visitante do v/weblog ficar a saber algo mais correlacionado ao "Desastre do Cheche"; e, indirectamente, aqueles (e outros veteranos) se questionem quanto a motivos que teriam levado a actual direcção-central da Liga dos Combatentes, ao desperdício de verbas na derradeira "missão de resgate" que, no final do pretérito Fevereiro, executou infrutiferamente (vd *.pdf anexo, que se encontra disponível no portal UTW).

3. No mesmo dia, 16 de Junho de 2010, procedi ao reenvio do e-mail para vários Camaradas nossos, de que possuo os seus endereços de e-mail, que tem acompanhado esta matéria:
Boa noite Amigos e Camaradas,

Reenvio-vos o e-mail infra do nosso Camarada Abreu dos Santos, para que analisem e digam, se assim o entenderem e quiserem colaborar, se têm algo a acrescentar.

As respostas podem ser enviadas para o meu e-mail, que depois reenviarei ao Abreu dos Santos:

magalhaesribeiro04@gmail.com

Um abraço Amigo do Magalhães Ribeiro

MR,

4. Passaram-se 7 dias e como não houve qualquer resposta, o Abreu dos Santos cedeu a mencionada informação:

MR,
Face ao tempo decorrido entre a t/msg e o dia de hoje, ficas com inteira liberdade para usar a m/info cf melhor te aprouver, mas sempre em vista do bem comum.

Abraço,

5. A informação divulgada é a seguinte:
Quanto ao poste > P4533, de 15Jun2009:

1969 - Fevereiro.20 (5ªfeira)
No centro-sudeste na Guiné, aterram no Cheche três Alouette-III de onde desembarcam 13 fuzileiros¹ sob comando do capitão-tenente fuzileiro especial Carlos Saraiva da Costa Pecorelli, acompanhados por 2 grupos com material da 2ªSecção de Mergulhadores-Sapadores da Armada, a fim de tentar recuperar corpos dos 47 militares² que há 14 dias foram vítimas de afogamento durante a travessia do Corubal.
Após várias operações de busca, a cerca de 400mts jusante do local do acidente, resgatam restos mortais (inidentificáveis) de 11 militares, seguidamente helitransportados para Bissau e sepultados no cemitério municipal.
¹ (2 oficiais, 1 sargento e 3 praças mergulhadores, mais 2 sargentos, 4 praças e 1 clarim)
² (26 da CCac1790, 19 da CCac2405, 2 do PelMil149)
_________
Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

2 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5920: Ainda o desastre de Cheche, em 6 de Fevereiro de 1969 (6): Missão da Liga dos Combatentes resgata corpos (Beja Santos)

Guiné 63/74 - P6638: Lista alfabética dos 24 capitães que morreram em campanha no CTIG, dos quais 10 em combate, todos comandantes de companhias operacionais (9 Cap QP, 1 Cap Mil) (Carlos Cordeiro)




Guiné > Zona Leste > Geba > CART 1690 > 1967 > O Cap Art Manuel Carlos Conceição Guimarães, morto aos 29 anos. Terão morrido 24 capitães no TO da Guiné durante a guerra colonial (1963/74). Excluindo um capitão de 2ª linha e um outro, de quem faltam elementos de identificação, sabemos que desses 22, dezassete eram comandantes de companhias operacionais - 11 do quadro e 6 milicianos.  Dez, todos comandantes de companhias operacionais, morreram em combate,  sendo 9 do quadro e 1 miliciano. (LG)

Foto: © A. Marques Lopes (2007). Direitos reservados.




1. Mensagem do nosso amigo e camarada Carlos Cordeiro (*):


Data: 24 de Junho de 2010 04:09

Assunto: Capitães que morreram em campanha na Guiné


Caros Luís e Carlos,

Junto uma lista dos capitães mortos em campanha na Guiné, entre 1963 e 1974. Tinha dois erros no comentário que inseri no P 6621 (**): em combate faleceram nove capitães do quadro, um miliciano e um de 2.ª linha e não como lá dizia (10 do quadro).

A totalidade é de 24 e não 23, pois não tinha incluído o Cap 2ª linha Abna na Onça, que, aliás, é por diversas vezes referido no blogue.

Não consegui obter qualquer elemento relativamente ao Cap Joaquim Simão e é provável que ele não conste do Monumento aos Mortos do Ultramar.

Temos, então, que faleceram 16 capitães do quadro e 6 milicianos (não incluídos o Abna nem o Simão). Destes 22, 17 eram comandantes de companhias operacionais - 11 do quadro e 6 milicianos. Todos os que morreram em combate eram, naturalmente, comandantes de companhias operacionais.

O nosso blogue tem referências a 12 destes camaradas mortos em defesa da Pátria.

Gostaria de deixar claro que esta listagem pode conter muitas falhas. Segui, exclusivamente, os recursos da Internet. Baseei-me na lista da Liga dos Combatentes e, a seguir, procurei os restantes dados (miliciano, comandante de companhia operacional...) que encontrei, geralmente, no site http://ultramar.terraweb.bis/, nas listagens elaboradas pelo camarada José Martins. Como é evidente, este sistema não é absolutamente seguro e o José Martins tem alertado para o número significativo de militares mortos que não constam da lista da LC [, Liga dos Combatentes].

A formatação da listagem fica ao vosso critério. Optei pela ordem alfabética, mas talvez até fosse melhor ter optado pela data da morte.

Um grande abraço,
Carlos

2. Lista alfabética dos capitães que morreram no TO da Guiné (Nome / Posto e arma / Subunidade / Causa / Data / Observações) [Entre parênteses rectos, informação adicional introduzida pelo editor]

por Carlos Cordeiro (*)


ABNA NA ONÇA:  Cap 2.ª linha / Polícia  Admninistrativa, natural de Porto Gole / Cart 1661 / Combate  (v., entre outros, os postes P CCCXXV – I Série, de 30/11/2005, 5122, de 17/10/2009 e P4820, de 14/8/2009).

- ANTÓNIO ALBERTO JOYCE FONS: Cap Grad Cav / Cmdt CCav 3365 / Doença /  26 de Maio de 1972.

- ANTÓNIO LOPO MACHADO DO CARMO: Cap Cav  / Cmdt ECav 252 / Combate (CG 2.ª)  / 14 de Março de 1963.

- ARMANDO ALMEIDA TAVARES : Cap SGE / CCS BCaç 512 / Doença / 2 de Maio de 1965. [Natural de Portalegre].

- ARTUR CARNEIRO GERALDES NUNES:   Cap Inf / Cmdt CCaç 1788 / Combate / 16 de Fevereiro de 1968 (v. poste P3813, de 29/1/2009).

- CARLOS BORGES DE FIGUEIREDO : Cap Mil  Art / Cmdt CArt 2742  /   Acidente com arma de fogo / 2 de Abril de 1972 (v. P5938, de 6 de Março de 2010).

- DINIS ALBERTO DE ALMEIDA CORTE REAL: Cap Mil  Inf / Cmdt CCaç 1422 /  Combate / 12 de Junho de 1966.

- FAUSTO MANTEIGAS DA FONSECA FERRAZ : Cap Mil Grad Art / Cmdt CArt 1613 /  Acidente com arma de fogo / 24 de Dezembro de 1966 (v. poste P4968, de 17/9/2009).

- FERNANDO ASSUNÇÃO SILVA : Cap Inf  / Cmdt CCaç 2796 / Combate  / 24 de Janeiro de 1971 (vd. poste  P3451, de 13/11/2008).

- FRANCISCO VASCO GONÇALVES DE MOURA BORGES : Cap Cav / Cmdt CCav 2721 / Combate / 2 de Julho de 1970.

- FRANCISCO XAVIER PINHEIRO TORRES DE MEIRELES : Cap Inf / CCAÇ 508 / Combate / 3 de Junho de 1965). [Natural de Paredes]

- HELDER PEREIRA DOS SANTOS GARCIA: Cap Mil  Inf / Cmdt CCaç 3548 7 Doença / 27 de Dezembro de 1972.

- ILÍDIO FERNANDO RODRIGUES DA CRUZ CALHEIROS : Cap SM /QG / Doença / 25 de Março de 1970.

- JOÃO BACAR DJALÓ : Cap Comando  / Cmdt 1ª CCmds / Combate / 16 de Abril de 1971 (v. poste  P2569, de 21/2/2008).

- JOÃO CARDOSO DE CARVALHO REBELO VALENTE : Cap Pil Av / BA 12, Bissalanca / Doença 14 de Outubro de 1963.

- JOÃO MANUEL DA COSTA CORDEIRO : Cap Pára-quedista  / Cmdt CCP 123 / BCP 12 / Acidente / 22 de Maio de 1974 (v. poste P4216, de 19/4/2009).

- JOAQUIM MANUEL BARATA MENDES CORREIA : Cap Mil  Inf / Cmdt 1ª Companhia do BCaç 4610 / Acidente de viação / 18 de Março de 1974.

- JOAQUIM SIMÃO – Cap  / (?) / Doença / (?)  (Não descobri qualquer informação. Pela pesquisa que fiz, não me parece mesmo que o nome apareça no Monumento aos Mortos do Ultramar. O José Martins vai resolver o problema).

- JOSÉ CARVALHO DE ANDRADE: Cap Cav  / QG  / Afogamento [no Rio Mansoa] / 25 de Julho de 1970. [v. poste P 3335, de 20/10/2008].

- JOSÉ JERÓNIMO DA SILVA CRAVIDÃO : Cap Inf  / Cmdt CCaç 1585 / Combate / 4 de Junho de 1967.

- LUÍS FILIPE REI VILLAR: Cap Cav / Cmdt CCav 2538 / Combate / 18 de Fevereiro de 1970 (v., entre outros, poste P1908, de 1/7/2007).

- MANUEL CARLOS DA CONCEIÇÃO GUIMARÃES: Cap Art / Cmdt CArt 1690 / Combate / 21 de Agosto de 1967  (v. poste P1745, de 9/5/2007).

- RUI ANTÓNIO NUNO ROMERO : Cap Mil  Inf  / Cmdt CCac 1565  /  Acidente com arma de fogo / 10 de Julho de 1966 (v. poste P2335, de 8/12/2007).

- VICTOR MANUEL MENDES FERREIRA: Cap Eng SM / DSM / Acidente / 28 de Setembro de 19/74. [v. poste P2192, de 18/10/2007]

_________________

Notas de L.G.:

(*) Carlos Cordeiro: Membro da nossa Tabanca Grande; combatente em Angola, onde fez a sua comissão de serviço como Fur Mil At Inf no Centro de Instrução de Comandos, nos anos de 1969/71; vive em Ponta Delgada, Ilha de S. Miguel, onde é professor de História Contemporânea na Universidade dos Açores.

É irmão do infortunado Cap Pára-quedista João Manuel Costa Cordeiro, Cmdt CCP 123 / BCP (Guiné, 1972/74), morto em 22/5/1974, por acidente, em salto com pára-quedas.

Guiné 63/74 - P6637: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (12): E as crianças, Senhor, por que lhes dais tanta dor?















Guiné > Zona Leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > O Alf Mil Torcato Mendonça e as crianças (Mansambo, Candamã e outros locais)

Fotos: © Torcato Mendonça (2007). Direitos reservados


Continuação da publicação do álbum de fotografias do Torcato Mendonça que ele teve a gentileza de me fazer chegar, pelo correio, através de um CD-ROM. Chamou-lhe Fotos falantes (I, II, III), o que é uma expressão curiosa que vamos manter, e que faz jus à ideia de senso comum de que vale mais uma imagem do que mil palavras... Eu concordo, em parte, porque acho que uma boa fotografia exige sempre uma boa legenda...


FOTOS FALANTES >  As Crianças
por Torcato Mendonça

[Fotos falantes  III – 1.1, 2, 4, 19, 21, 38 e outras]

Dizer que a criança é a grande vítima dos conflitos… é um lugar comum…Todos o  sabem, apesar de muitos disso não quererem saber.

Crianças a merecerem atenção hoje, por todos nós, talvez pouco ontem. Outros tempos. Referimo-nos só á Guiné.

A criança guineense vivia, na quase totalidade do seu território,  uma realidade, nada consentânea com a sua condição de criança. Não havia escolas, não aprendiam a falar português, a alimentação era deficiente, não tinham quaisquer cuidados de saúde ou higiene.

Nas cidades a vida seria ligeiramente diferente. Pouco melhor, excepto na Capital. Pelo que, naquela altura pude constatar. Eu era homem do mato. Por isso, focalizo mais a criança das tabancas, no mato ou nos bairros periféricos dos maiores centros populacionais. Havia outras, nas pequenas cidades ou na capital. A sua condição sócio-económica permitia-lhes uma vida diferente.

A Administração Colonial não fazia nada. Aliás, nunca fez nada pelo desenvolvimento das populações do território, em séculos.

Não curiosamente mas, propositadamente, nas ditas zonas libertadas, mesmo só em zonas de supremacia do PAIGC, procurava-se ensinar, em escolas rudimentares e em português. A higiene e a saúde eram também preocupações, para com crianças e adultos. A prová-lo o material que apreendemos nalgumas dessas zonas. (É assunto a ser tratado fora deste tema da criança).

Nas auto defesas, aldeias (tabancas) onde se juntavam outras tabancas de menor população e que tinham defesas próprias, auxiliadas pelas nossas tropas, sempre que era possível a criança era tratada com alguma atenção.

Em Candamã, havia uma mais que rudimentar escola, ensino de certas regras de higiene e alguns cuidados de saúde. Na zona de Galomaro, na auto defesa de Nova Cansamba, creio ser esse o nome, um homem grande, velho e sabedor, ensinava numa simples madrassa versículos do Corão. Certamente os ensinamentos iam além do Corão. Parece que era o imã da pequena mesquita lá existente. Falei com ele… só que o tempo e a memória, por vezes, falham.

Em Bambadinca sabia haver uma escola. Havia certamente em pequenas cidades e noutros centros populacionais.

Ver foto 19 o pé da criança. Elefantíase? Nem médico nem a família estavam interessados em resolver o problema. Vivia na zona de Fá, este miúdo.

Abordamos, por agora, o mais ligeiramente possível este tema da CRIANÇA. Continuaremos depois, tentando aprofundar com algumas “estórias”.

[ Revisão / fixação de texto / edição das imagens : L.G.]
____________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores desta série:

24 de Abril de 2007  > Guiné 63/74 - P1694: Fotos Falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (11): Paisagens: a árvore dos dezassete passarinhos

26 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1626: Fotos Falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (10): O Moicano e os milícias

24 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1459: Fotos Falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (9): Operação Cabeças Rapadas (Estrada Bambadinca-Xitole, Março / Maio de 1969)

16 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1372: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (8): Mansambo: Rescaldo da batalha de 28 de Junho de 1968

19 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1295: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (7): Mariema, a minha bajuda...

8 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1257: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (6): Julho de 1969, já velhinho, destacado em Galomaro

28 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1219: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (5): Um médico e um amigo, o Dr. David Payne Pereira

11 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1167: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (4): Candamã, uma tabanca em autodefesa

5 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - P1152: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (3): Braimadicô, o prisioneiro que veio do céu

28 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1124: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (2): A vida boa de Bambadinca, no tempo do Pimentel Bastos

26 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1116: Fotos falantes (Torcato Mendonça, CART 2339) (1): A guerra acabou?

Guiné 63/74 - P6636: Parabéns a você (124): Vasco Joaquim, ex-1.º Cabo Escriturário da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1972 (Os Editores)


Neste dia de S. João do ano de 2010, completa 62 anos de idade o nosso camarada Vasco Joaquim (ex-1.º Cabo Escriturário da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72), a quem vimos desejar uma vida cheia de qualidade por mais 38 anos, para a então grande festa do Centenário. Não fazemos por menos, porque estaremos por aqui, se não todos, pelo menos a grande maioria.

Recebe, caro Joaquim, um abraço da tertúlia, que assim partilha a tua alegria por acrescentares mais um ano à tua vida. Goza o prazer da companhia da família e dos amigos que tens por perto, não esquecendo os da Tabanca Grande.


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Nota de CV:

Vd.último poste da série de 23 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6631: Parabéns a você (123): Carlos Geraldes, ex-Alf Mil da CART 676, Pirada, Bajocunda e Paunca, 1964/66 (Os Editores)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6635: Banco do Afecto contra a Solidão (14): O caso do Baptista: já está a receber a sua pensão de prisioneiro de guerra, agradece o carinho dos camaradas mas está triste por perder o "grande ronco" de Monte Real, no próximo sábado (Álvaro Basto / Eduardo Campos)


 

Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria > III Encontro Nacional do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné >  17 de Maio de 2008 > Depoimento do António da Silva Baptista sobre o seu tempo de cativeiro, em Conacri (1972/74).

Vídeo (5' 44''): Luís Graça (2008). Alojado em You Tube > Nhabijões


1. Têm sido muitas as manifestações de carinho e de solidariedade para com o nosso camarada Antóni, o Baptista, internado no Hospital de Matosinhos, que fica muito sensibilizadado, que agradece (através dos camaradas que o foram visitar, bem como da sua filha Sandra, e que não esconde a sua tristeza por, este ano, ir falhar o "grande ronco" do dia 26, em Monte Real)

(i) Mail do Álvaro Basto,

Data: 22 de Junho de 2010 09:59

Assunto: O Caso do Baptista

Caros amigos:

O Batista agradece reconhecido todas as manifestações de amizade que tem recebido. Ele está com melhor aspecto, graças a uma semana de dieta forçada mas tem ainda os lhos muito amarelos da icterícia. Esta a fazer antibióticos em força, para poder ser operado a uma litíase biliar de alguma dimensão (pedras na vesícula).

Graças ao nosso apelo já começou a receber visitas em profusão e esta muito mais animado.

[Em resposta a uma pergunta do António Costa:] Contou-me ontem que já recebeu os retroactivos da pensão de prisioneiro de guerra, cerca de 500,00 €, e a Caixa Nacional de Pensões já lhe está a pagar a pensão direitinha, cerca de 100 € mensais.

Foi um longo e desgastante processo que chega assim ao fim, mais de 35 anos volvidos sobre os acontecimentos.

Em nome dele um grande obrigado por tudo que foi feito para aqui chegarmos e também pelo vosso cuidado.

Álvaro Basto

(ii) Comentário, de 22 do corrente,  do Eduardo Campos ao poste P6623 (*):

Caros Amigos

Tenho noticias frescas sobre o estado de saúde do Baptista, acabei de chegar do hospital onde o fui visitar e encontrei o mesmo com muita boa disposição.

Depois dos exames efectuados felizmente a gravidade não se confirma, já que é um problema de vesícula e terá de remover umas pedras e em principio será operado na próxima segunda feira.

A esposa e uma das filhas com quem tive o prazer de cavaquear um pouco, confirmaram o diagnóstico que acabo de mencionar. A familia agradece a preocupação dos camaradas, mas felizmente não é nada de grave.

Quanto ao Baptista está triste é porque não poder ir até Monte Real, mas ficará para o ano.

Um Abraço

Eduardo Campos

Guiné 63/74 - P6634: (Ex)citações (82): Meu pai, meu herói (Sofia Carvalho, filha do nosso camarada J. Casimiro Carvalho, Ex-Fur Mil Op Esp., CCAV 8350, Piratas de Guileje, 1972/74)

Lamego (?) > s/d > Na foto, o nosso ranger, à esquerda, posa com a Kika, o General Mário  Lemos Pires (1930-2009), a Sofia e o General José Alberto Cardeira Rino (Op Especiais)... J. Casimiro Carvalho  mora em Vermoim, na Maia, e é casado há 35anos. Tem duas filhas, a Kika, de 33 anos (secretária administrativa) e a Sofia, de 28 (economista).  E já tem netos (a primeira neta, Beatriz, nasceu em 2008).




Guiné > Região de Tombali > Gadamel > Maio ou Junho de 1973 > O Fur Mil Op Esp, J. Casimiro Carvalho, da CCAV 8350 (Piratas de Guileje, 1972/74), numa das famosas valas de Gadamael...

"(...) Em Gadamael não havia casamatas como em Guileje, só valas. Os bombardeamentos eram tão intensos que nem dava para acreditar, quando ouvíamos as saídas, tínhamos 22 ou 23 segundos até as granadas 120 caírem em cima de nós ou , muito raramente, caírem mais além. O pessoal começou a fugir para o rio, e as granadas caíam no rio, o pessoal corria para o parque Auto e as granadas caíam no parque Auto, o pessoal saltava para as valas e as granadas iam cair nas valas.



Numa dessas quedas (voos) para a vala - e já lá ! -, senti as nádegas húmidas e, ao pôr lá a mão, esta veio encharcada em sangue... Berrei que estava ferido e fui evacuado num patrulha da Marinha para Cacine (entretanto no barco fui tratado e apaparicado pelos marujos). (...)

Fotos:  © J. Casimiro Carvalho (2009). Direitos reservados


1. Comentário de Sofia Carvalho, filha do Pirata de Guileje (ninguém escolhe o pai...) J. Casimiro Carvalho, inserido no poste P6554 (*):

Olá,  a todos! Sou a Sofia Carvalho, filha do ex-furriel José Casimiro Carvalho. Desde sempre, ouço o meu pai falar sobre a Guiné. E as emoções são muito diversas: ora de mágoa, de dor, por todo o sofrimento que passou e viu os amigos passarem, ora de grande carinho e saudade pois, apesar de tudo, houve companheirismo entre os colegas e muito convívio com as gentes africanas. 

O que o meu pai me conta (**), não parece real; só vi imagens parecidas em filmes e, talvez por isso, por vezes, não lhe dê o valor e a atenção que ele merece. Para mim, todos vocês são heróis, dignos de louvores e,  quem sabe, dignos até de serem imortalizados numa estátua. 

O orgulho que sinto do meu pai é imensurável. É o meu Herói e fico muito feliz por ver todo o esforço e dedicação que ele coloca em tudo o que está relacionado com este acontecimento. 

Ao Sr. Luís Graça, muitos parabéns pelo blogue e também a todos os que o ajudam na sua construção diariamente.

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Notas de L.G.:

(*) Último poste desta série, (Ex)citações:

16 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6602: (Ex)citações (64): Chafurdar na lama da guerra... e querer lá voltar... voltar a pisar aquela terra vermelha, antes da Grande Viagem (Hélder Sousa /Luís Borrega)
(**) Vd. poste de 25 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1625: José Casimiro Carvalho, dos Piratas de Guileje (CCAV 8350) aos Lacraus de Paunca (CCAÇ 11)

Guiné 63/74 - P6633: Patronos e Padroeiros (José Martins) (11): Marinha Portuguesa - Infante D. Henrique

Patronos e Padroeiros - XI

Patrono da Marinha Portuguesa


Infante D. Henrique

"Talent de Bien Faire"


Henrique, o Navegador, foi o quinto filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, nascendo, no Porto a 4 de Março de 1394, uma Quarta-feira de Cinzas, dia pouco propício ao nascimento de uma criança. O seu baptizado ocorreu poucos dias após o seu nascimento, sendo seu padrinho o Bispo de Viseu, D. João Homem. O seu nome, Henrique, provavelmente ficou a dever-se ao seu tio-avô materno, o Duque Henrique de Lencastre, que, a 30 de Setembro de 1399, foi coroado Rei de Inglaterra com o nome de Henrique IV.

Dos primeiros anos da vida do Infante, assim como a dos restantes infantes de Ínclita Geração, pouco se sabe, mas há a indicação que tinha como aio um cavaleiro da Ordem de Avis, da qual o pai tinha sido Mestre.

Por volta dos 20 anos, cerca de 1414, D. Henrique convence o rei, seu pai, a organizar uma expedição a Ceuta, o que vem a acontecer em 22 de Agosto de 1415. É a primeira incursão de Portugal em África. A partir desta data o destino de Portugal era a África e, daqui, para o mundo.

Foi em Ceuta que D. Henrique e os irmãos foram armados cavaleiros, tendo recebido os títulos de Duque de Viseu e Senhor da Covilhã, sendo ainda nomeado encarregado do governo de Ceuta, em 18 de Fevereiro de 1416.

A 25 de Maio de 1420, D. Henrique é nomeado dirigente da Ordem de Cristo, criada em 14 de Março de 1319, pela Bula Papal “Ad e a ex-quibus”, de João XXII, originalmente com o nome de Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, herdando os bens do Ordem dos Templários. Possuidora de vastos recursos, foi a financiadora dos descobrimentos marítimos, cujo símbolo, a Cruz de Cristo, figuraria nas velas das naus portuguesas

João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira já tinham aportado, em 1418, à Ilha de Porto Santo e, no ano seguinte, acompanhados de Bartolomeu Perestrelo, chegam à Ilha da Madeira. As primeiras ilhas, do arquipélago dos Açores, são descobertas, em 1427, por Gonçalo Velho. Em 1434, após quinze tentativas e utilizando um novo modelo de embarcação denominado Caravela, Gil Eanes dobra o Cabo Bojador, “abrindo” caminho para sul. Nesse mesmo ano é encontrado ouro na região da Guiné.

Contra a vontade do Rei D. Duarte e as Cortes, D. Henrique comanda, em Setembro de 1437 uma expedição a Tanger, que se revela um fracasso, tendo ficado prisioneiro o infante D. Fernando, que ficou conhecido na história pelo Infante Santo, vindo a falecer em 1441, no cativeiro. Nesse ano, em 1441, os navegadores portugueses, tendo ao comando da expedição Nuno Tristão e Antão Gonçalves, descobrem o Cabo Branco.

As expedições chegam à Baía de Arguim e, no ano seguinte, Dinis Branco chega ao rio Senegal e dobra o Cabo Verde. Em 1946, Álvaro Fernandes chega às terras onde hoje se situa a Guiné-Bissau.

Dez anos mais tarde, em 1456, são encontradas as primeiras ilhas do arquipélago de Cabo Verde por Diogo Gomes e Alvise Cadamosto. As restantes seriam descobertas por Diogo Gomes e António Noli, ao serviço da coroa portuguesa, em 1461.

No ano de 1460, a costa de África já estava explorada até onde se situa hoje a Serra Leoa, quando, a 13 de Novembro morre, em Sagres, o Infante D. Henrique que durante a vida foi Grão-Mestre da Ordem de Cristo, Duque de Viseu, Fronteiro-mor de Leiria, Cavaleiro da Ordem da Jarreteira (Inglaterra), Senhor da Covilhã, de Lagos e de Sagres, do Algarve, de cujo reino foi governador perpétuo.

José Marcelino Martins
15 de Junho de 2010
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Nota de CV:

Vd. último poste da série 18 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6613: Patronos e Padroeiros (José Martins) (10): Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra - Nossa Senhora do Sameiro

Guiné 63/74 - P6632: Memória dos lugares (85): Bissau, cidadezinha colonial (Parte IV) (Agostinho Gaspar / Luís Graça)


Guiné > Bissau > s/d > Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Bissau. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 144". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal).





Guiné > Bissau > s/d > Monumento a Diogo Gomes e Edifício das Alfândegas > Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 136". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal).



Guiné > Bissau > s/d > Monumento a Teixeira Pinto <  Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 112". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal,  Imprimarte, SARL).




Guiné > Bissau > s/d > Av da República.  Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 138". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal).






Guiné > Bissau > s/d > Desfile na Praça do Império >  Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 104". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal).


Colecção de postais ilustrados: Agostinho Gaspar
Selecção dos postais, digitalização, edição de imagem, legendas, texto de ligação, título do poste e links: L.G.
 1. Continuação da publicação de alguns postais da Guiné (*), da colecção do nosso camarada Agostinho Gaspar (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), natural do concelho de Leiria.

Pede-se aos nossos leitores (nomeadamente os que nasceram ou viveram em Bissau, ou que conheceram bem a Bissau do nosso tempo) para completarem, reverem ou melhorarem as legendas, identificando monumentos, ruas, lugares ou contando pequenas histórias associadas a Bissau... Voltamos a repetir o pedido: Alguém tem um mapa da cidade de Bissau anterior à Independência ? Se sim, agradecíamos que nos mandassem uma cópia digitalizada...

Por outro lado, seria interessante fazer a equivalência das topinímicas, a de Bissau colonial de ontem, e da capital da Guiné-Bissau de hoje. Quem quer abalançar-se a esse tarefa, que não me parece muito difícil, para quem tenha conhecido a cidade, antes e depois da independência ?
(LG)


2. Sobre Bissau, escreveu recentemente Arménio Estorninho (**):


(...) Bissau, como a conheci, era uma cidade pequena, em que a parte urbana (casario de alvenaria) seria idêntica à da minha Lagoa (hoje tembém cidade). Era suficientemente perceptível que a grande maioria dos que se apresentavam como civis eram militares “camuflados à paisana” e/ou seus familiares e parecendo uma cidade cheia de movimento.

Aquando do aproximar do regresso à Metrópole dos militares em fim de comissão de serviço, era ver um movimento inusitado nos estabelecimentos comerciais. Pela minha parte e bem informado, fui comprando muito antes da chegada do navio para o embarque, regateando aqui e além, o que me favorecia obter preços mais acessíveis.

Na baixa de Bissau, tanto de noite como de dia, era ver em grupos os “camuflados à paisana” nos diversos estabelecimentos similares e de restauração, de uma forma geral tudo se movimentava com os militares. Lembrando entre outros: O Noé (dos pombos verdes e ostras), O Solar dos 10 (Restaurante), O Pelicano (na cave, as francesinhas e as inglesinhas), a Cervejaria Império, a Cervejaria Sol Mar e a Esplanada do Bento (locais onde não faltavam as cervejas e os mariscos) (...). (***)


______________

Notas de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores da série:

4 de Março de 2010 > 
Guiné 63/74 - P5928: Memória dos lugares (73): Bissau, cidadezinha colonial (Parte I) (Agostinho Gaspar / Luís Graça)
 
22 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6625: Memória dos lugares (78): Bissau, cidadezinha colonial (Parte III) (Agostinho Gaspar / Luís Graça)

(**) Vd. postes de


16 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6405: Do meu álbum fotográfico (Arménio Estorninho) (1): Bissau - Um olhar de turista

18 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6421: Do meu álbum fotográfico (Arménio Estorninho) (2): Bissau - Um olhar de turista

(***) Vd. também a série Estórias de Bissau (com 19 postes até agora publicados, entre Novembro de 2006 e Dezembro de 2008):

11 de Novembro de 2006 >
Guiné 63/74 - P1266: Estórias de Bissau (1): Cabrito pé de rocha, manga di sabe (Vitor Junqueira)
11 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1267: Estórias de Bissau (2): A minha primeira máquina fotográfica (Humberto Reis); as minhas tainadas (A. Marques Lopes)

14 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1278: Estórias de Bissau (3): éramos todos bons rapazes (A.Marques Lopes / Torcato Mendonça)

17 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1286: Estórias de Bissau (4): A economia de guerra (Carlos Vinhal)

18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1288: Estórias de Bissau (5): saudosismos (Sousa de Castro)

18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1289: Estórias de Bissau (6): os prazeres... da memória (Torcato Mendonça)

18 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1290: Estórias de Bissau (7): Pilão, os dez quartos (Jorge Cabral)

24 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1314: Estórias de Bissau (8): Roteiro da noite: Orion, Chez Toi, Pilão (Paulo Santiago)

22 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1391: Estórias de Bissau (9): Uma noite no Grande Hotel (José Casimiro Carvalho / Luís Graça)

2 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1484: Estórias de Bissau (10): do Pilão a Guidaje... ou as (des)venturas de um periquito (Albano Costa)

10 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1512: Estórias de Bissau (11): Paras, Fuzos e...Parafuzos (Tino Neves)

31 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1639: Estórias de Bissau (12): uma cidade militarizada (Rui Alexandrino Ferreira)

19 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2281: Estórias de Bissau (13) : O Pilão, a Nônô e o chulo da Nônô (Torcato Mendonça)

21 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2290: Estórias de Bissau (14) : O Pilão, a menina, o Jesus e os pesos que tinha esquecido (Virgínio Briote)
 
6 de Fevereiro de 2008 >
Guiné 63/74 - P2509: Estórias de Bissau (15): Na esplanada do Pelicano, a ouvir embrulhar lá longe (Hélder Sousa) 19 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2556: Estórias de Bissau (16) : O Furriel Pechincha: apanhado ma non troppo (Hélder Sousa)

1 de Dezembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3550: Estórias de Bissau (17): Um espectáculo de streep-trease, nos Nazarenos, em Bissau, em Março de 1970 (Jorge Teixeira)