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terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26483: As nossas geografias emocionais (42): A Fulacunda do meu tempo (José Claudino da Silva, "Dino", ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART /BART 6520 / 72, Fulacunda, 1972/74) - Parte I

 

Foto nº 25A > O José Claudino da Silva, 1º cabo condutor auto,  â entrada da vila de Fulacunda, ao volante de um Unimog 411





Foto nº 9 e 9A > Fulacunda > Aquartelalmento > A "brigada da limpeza"


Foto nº 8B > Fulacunda > Parte do aquartelamento


Foto nº 4 > Fulacunda > Vista parcial da parada, foto tirada do fortim ou do depósito de água.



Foto nº 4A > Fulacunda > Pau da bandeira, parte da parada e edifício do comando e secretaria



Foto nº  7 > Fulacunda > Parte do aquartelamento... Vista do alto do fortim ou 
do depósito de água.


Foto nº 7A > Fulacunda > Capela


Foto nº 7B > Fulacunda > Caserna



Foto nº 5 >  Fulacunda > Exterior do aquartelamento


Foto nº  11   > Fulacunda > Aquartelamento > Casernas


Foto nº 11A > Fulacunda > Aquartelamento > Casernas, vista do alto do fortim do depósito de água.


Foto nº 8 >Fulacunda > Aquartelamento > Parada, vista do alto do fortim ou do depósito de água.


Foto nº 2 > Fulacunda > Exterior  do aquartelamento


Foto nº 12   > Fulacunda, Fortim > O Dino, de sentinela.

 ("O meu amigo fotógrafo andou comigo a tirar 'slides'. Ainda não sei bem o que é isso mas parece que são fotos de ver projectadas num lençol", escreveu ele em carta para a namorada).


Foto nº 10 > Fulacunda > Aquartelamento > Pau da bandeira, parada e caixote do lixo. Vê-se que é um quartel de construção recente, com aspeto impecável e recolha de lixo regular.


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3ª C/BART 6520/72, 1972/74)  >  s/d >  Fotos do álbum do José Claudino da Silva. Legendagem do editor, sujeita a revisão.


Fotos: © José Claudino da Silva  (2025). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine]



José Claudino da Silva,
 "chapeiro" em Amarante,
 agora escritor; é também o criador
do Bosque dos Avós,  na serra do Marão.

1. Fotos de Fulacunda: seleção de um lote de 36 fotos extraídas de "slides", tirados pelo fotógrafo da companhia. Enviadas pelo José Claudino da Silva, em 18 de janeiro passado. Sem legendas.


O José Claudino da Silva ("Dino", para os amigos) tem cerca de 6 dezenas de referências no nosso blogue para o qual entrou em 10/10/2017

(i) natural de Penafiel, começou a trabalhar aos 11 anos de idade, na construção civil;

(ii) residente em Amarante;

(iii) bate-chapas, reformado;

(iv) ex-1.º cabo cond auto, 3.ª CART /BART 6520 / 72, Fulacunda, 1972/74; 

(v) "self made man" ou "homem que se fez a si próprio", concluiu em  2009 o 12º ano   através das programa das "Novas Oportunidades";

(vi) escritor, é autor de três livros, um de poesia (2007) e outro de ficção (2016), e mais recentemente um outro, de memórias  da infância e adolescência ("O *uto de Senradelas",  2023);

(vii) membro nº 756 da nossa Tabanca Grande;  

(viii) é autor da novável série "Ai, Dino, o que te fizeram!... Memórias de José Claudino da Silva".


(Seleção, edição e legendagem das fotos: LG)
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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26482: A Nossa Poemateca (8): José Gomes Ferreira (Porto, 1900 - Lisboa, 1985), por Mário Gaspar





José Gomes Ferreira (Porto, 1900 - Lisboa, 1985)

1. Foram-nos enviados dois poemas do José Gomes Ferreira,  pelo Mário Gaspar,  muito antes da pandemia ... Já transcrevemos o teor da mensagem  (*) em que o nosso camarada, ex-fur mil, CART 1659 (Gadamael e Ganturé, 1967/68), fala da sua intância e do meio operário em que foi criado, em Alhandra, e em que tomou o gosto pela leitura de  grandes escritores, neorrealistas, como o Soeiro Pereira Gomes e o Alves Redol... 


(...) Data: 29 de janeiro de 2017 às 04:16

Assunto: Dois Poemas de José Gomes Ferreira

(...) Que tal a figura de Soeiro Pereira Gomes, o "Gineto" ? Esse rapaz, de Alhandra e que nasceu numa bateira no rio que amo – o meu Tejo – "meninos que nunca foram meninos" e tinham de suportar o calor do tijolo e telha queimada sobre as costas. Os telhais existiram mesmo.

Estive lá. Pois o "Gineto", do livro "Esteiros", de Soeiro Pereira Gomes, tornou-se no maior atleta da época, o nadador que venceu as ondas do Canal da Mancha, Joaquim Baptista Pereira foi meu amigo. Ainda é um grande Amigo.(...)

(...) Tanto que aprendi... Conheci um senhor da nossa literatura, Alves Redol. Reunia com ele (...).

(...) Mas dá gosto termos estes poemas. Portugal é pobre, mas rico na literatura. Grandes senhores e esquecidos. Cada dia mais um. José Gomes Ferreira foi outro que conheci. (...)

Aqui vão para a nossa série "Poemateca" (**). O Mário não cita a fonte. Procurámos colmatar essa lacuna. E ficámos a saber que o poeta nasceu em Santo Ildefonso, Porto. De qualquer modo, nesta série , os poetas e os poemas selecionados são sempre uma escolha pessoal e livre dos nossos camaradas. O Mário manda-nos regularmente poesia, e mandou-nos muita, durante a pandemia de covid-19. Não mo agradeco. Faço-o agora.



Viver Sempre Também Cansa!

por José Gomes Ferreira



O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinza, negro, quase verde...
Mas nunca tem a cor inesperada.

O Mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.

As paisagens também não se transformam.
Não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.

Tudo é igual, mecânico e exacto.

Ainda por cima os homens são os homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.

E há bairros miseráveis, sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida...

E obrigam-me a viver até à Morte!

Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois, achando tudo mais novo?

Ah! se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima dum divã
com a cabeça sobre uma almofada,
confiante e sereno por saber
que tu velavas, meu amor do Norte.

Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
"Matou-se esta manhã.
Agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela."

E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo...


In: José Gomes Ferreira - "Viver Sempre também Cansa" (publicado originalmente na "Presença, folha de arte e crítica", ,julho-outubro,1931)


Devia Morrer-se de Outra Maneira

por José Gomes Ferreira



Devia morrer-se de outra maneira. 
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens. 

Quando nos sentíssemos cansados, 
fartos do mesmo sol, a fingir de novo todas as manhãs, 
convocaríamos os amigos mais íntimos com um cartão de convite 
para o ritual do Grande Desfazer: 
"Fulano de tal comunica a V. Exa. que vai transformar-se
 em nuvem hoje às 9 horas. Traje de passeio".

E então, solenemente, com passos de reter tempo, 
fatos escuros, olhos de lua de cerimónia, 
viríamos todos assistir à despedida.
Apertos de mãos quentes. 
Ternura de calafrio.
 "Adeus! Adeus!" 

E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento, 
numa lassidão de arrancar raízes... 
primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... 
depois os cabelos... a carne, em vez de apodrecer, 
começaria a transfigurar-se em fumo... 
tão leve... tão subtil... tão pólen... 
como aquela nuvem além vêem? 

Nesta tarde de Outono ainda tocada por um vento de lábios azuis… 


In: José Gomes Ferreira, "Poeta Militante I, II e III"  (
1978)

(Revisão / fixação de texto, notas: LG)


___________

Notas do editor:


(**) Último poste da série > 21 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26410: A Nossa Poemateca (7): Adília Lopes (1960-2024): "Os amores / que não tive / (e foram muitos) /moeram-me / o juizo"...

Guiné 61/74 - P26481: Notas de leitura (1771): A colonização portuguesa, um balanço de historiadores em livro editado em finais de 1975 (5) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Setembro de 2023:

Queridos amigos,
O historiador Hermann Kellenbenz faz um tipo de relatório de situação sobre aspetos histórico-económicos da expansão ultramarina portuguesa, não emite juízos quanto a um sugerido balanço. Reconheça-se o interesse pelo que escreve quanto a formas de povoamento, de presença portuguesa em fortalezas e postos de África, a natureza do comércio oriental, as etapas da colonização brasileira, o modo como os portugueses influíram no comércio mundial devido ao açúcar, às especiarias, ao ouro, às madeiras e ao comércio negreiro. O autor observa a falta de recursos humanos, e daí o abandono das praças do Norte de África, onde a beligerância era constante e os proventos baixos; como a presença portuguesa em África foi alterando as redes de negócio do ouro; as mudanças operadas após o descobrimento da rota do Cabo que trouxe uma cascata de preciosidades a Lisboa; e o bom exemplo da pimenta que era distribuída por toda a Europa, se bem que Portugal não possuísse o monopólio das especiarias e muito menos dos metais preciosos. Enfim, uma estimulante análise da vertente histórico-económica dos Descobrimentos portugueses. E assim se chegou ao fim da apreciação do livro Balanço da Colonização Portuguesa, que nos suscitou a curiosidade por ter sido editado precisamente em 1975.

Um abraço do
Mário



A colonização portuguesa, um balanço de historiadores em livro editado em finais de 1975 (5)

Mário Beja Santos

Iniciativas Editoriais foi uma editora altamente conceituada, dirigida por José Rodrigues Fafe, os temas sociopolíticos foram o seu polo atrativo. Lançou um projeto aliciante, o de juntar um conjunto de profundos conhecedores da historiografia da expansão/colonização portuguesa e pedir-lhes uma apreciação em jeito de balanço, estávamos no ano de 1975.

Responderam ao pedido vários historiadores e investigadores, já aqui se falou dos textos de Banha de Andrade, Frédéric Mauro, Charles Ralph Boxer e Joel Serrão. Vamos hoje despedirmo-nos com o contributo do historiador alemão Hermann Kellenbenz, intitulado Aspetos histórico-económicos da expansão ultramarina portuguesa.

Ele começa por várias interrogações: como foi possível a um país tão pequeno criar condições de povoamento nas suas possessões ultramarinas? Como foi financiada a expansão ultramarina? O que significou a expansão para a economia portuguesa? De que modo se enquadrou a expansão na economia europeia? Qual o seu significado para os territórios ultramarinos?

Procurando responder, conduz-nos às condições climático-geográficas do país, de terra pobre, com períodos consideráveis de seca e de chuva irregulares, o que pode explicar a concentração demográfica nas zonas costeiras; foi sempre permanente a escassez demográfica, apesar das conquistas feitas no Norte de África não foi possível penetrar no Norte de Marrocos, mas tudo sempre numa cadeia infindável de dificuldades, e a partir de 1541 perderam-se uma a uma as possessões conquistadas; os arquipélagos da Madeira e dos Açores eram áreas relativamente pequenas, suscitou poucos problemas, mas vieram colaborações do continente europeu e cedo se começou a utilizar a mão-de-obra escrava; os flamengos tiveram um papel importante no povoamento dos Açores e foram feitas concessões no povoamento de Santiago e outras ilhas de Cabo Verde; os povoadores que se apresentaram na Senegâmbia e S. Tomé eram descendentes dos judeus degredados; não havendo, pois, condições de povoamento intensivo e alargando-se o espaço da presença portuguesa em África e depois no Oriente, encontrou-se solução a criação de postos de apoio tanto militares como comerciais, caso de Arguim ou São Jorge da Mina; a partir de 1503, Cochim na zona orienta da Índia, tornou-se o principal reduto dos portugueses, o governador-geral Afonso de Albuquerque, o primeiro vice-rei da Índia, favoreceu a mistura de mulheres muçulmanas hindus em casamentos com portugueses.

Proposto escrever em que termos os portugueses estavam presentes no longínquo oriente, o historiador observa que a situação do Brasil era completamente diferente, recorreu-se aos sistemas de donatorias e sesmarias, os donatários eram principalmente mercadores, funcionários públicos, gente que se tinha distinguido na Índia, sem necessariamente descenderem de famílias aristocráticas. Passando para a questão do financiamento, o autor releva o espírito empreendedor dos portugueses, nomeadamente os da costa algarvia e o povo de Lisboa, chamo a atenção para a contribuição de burgueses como Fernão Gomes e Martim Anes Boa Viagem, no entanto, o financiamento dos Descobrimentos competia em primeiro plano à Coroa, e tece a seguinte consideração: “Os reis portugueses demonstraram um alto grau de inteligência acolhendo estrangeiros com capital e espírito empreendedor e dando-lhes a possibilidade de participar nos Descobrimentos.” – e refere nomes como o do veneziano Cada Mosto, o de genovês Antonio de Nola, e enumera também outros nomes de italianos e de alemães. A sede da organização da Coroa era a Casa da Índia que foi dissolvida em 1549, para facilitar a entrada de capital estrangeiro. Mas havia um senão: o aparelho financeiro da Coroa não se desenvolvera de acordo com as exigências crescentes das expedições ultramarinas – daí a dívida galopante e a incapacidade de lhe pôr termo dada a vida luxuosa que se praticava.

Qual o significado económico destas possessões ultramarinas? Ceuta rapidamente perdeu importância comercial que até aí detivera; as ilhas do Atlântico revelavam-se economicamente importantes, a Madeira fornecia madeira, urzela e peixe, o açúcar virá depois, será exportado para os mercados da Europa Central; os Açores tornaram-se produtores de cereais, exploravam a produção de tinta-pastel que era exportada sobretudo para os flamengos; Cabo Verde não se prestava muito à cultura da cana do açúcar, na Ilha do Fogo desenvolveu-se a cultura do algodão bem como a criação de gado bovino e cavalar e em ilhas inabitadas praticou-se a criação de gado caprino; em S. Tomé, em 1512, desenvolveu-se a cana açucareira, havia um total de 60 engenhos e 300 escravos; mas é importante relevar que Cabo Verde passou a ter um importante papel no comércio ultramarino português, devido ao ouro e aos escravos. Kellenbenz alarga-se na descrição deste fenómeno económico na costa ocidental africana, mas também no reino de Monomotapa, na África Oriental, aqui se adquiriu muito ouro que também vinha do longínquo oriente, de Sumatra e da Malásia. E dá enfâse ao tráfico africano de escravos, da maior importância a partir do último quartel do século XV, não deixando igualmente de mencionar o comércio da pimenta e a malagueta, mas não deixa de referir que a pimenta africana ficava muito aquém da pimenta vinda da Índia Oriental. Tece uma larga exposição sobre todo este comércio para depois mencionar o Brasil, primeiro pela exploração açucareira, com destaque para Pernambuco e Baía, depois o comércio do pau-brasil, muito apreciado em Lisboa, Antuérpia e Amesterdão.

Outra questão a responder à pergunta das consequências da expansão portuguesa na economia europeia. O autor afirma que é difícil estabelecer uma nítida separação entre a parte portuguesa e a espanhola, procura, no entanto, aferir o carregamento dos barcos e os portos a que se destinava tal carga, de Antuérpia a Danzig, e indiscutivelmente traziam novidade: “Os produtos que chegavam à Europa, as mercadorias africanas e asiáticas, alteraram completamente a antiga rota do Mediterrâneo. Os produtos vindos das ilhas do Atlântico e Brasil eram completamente novos. A importação de especiarias orientais é o setor mais interessante na rota do Cabo, alteravam-se as regras da concorrência e com o tempo o comércio no Mediterrâneo foi-se desvanecendo. E importa não esquecer que Portugal não possuía o monopólio das especiarias, Portugal era forçado a vendê-las para comprar os produtos apetecidos em África e na Ásia, acontecerá o mesmo com os nossos metais preciosos.” E daí a nova questão: como é que se verificou o domínio português na economia das regiões subjugadas: nas ilhas atlânticas houve povoamento, eram terra-virgem; nos pontos africanos era necessário apoio militar, e o autor recorda que os portugueses que vivam fora das fortalezas eram na sua maioria exilados, reclusos ou ventureiros, caso dos tangomaos na Guiné; e no tráfego de escravos faziam-se acordos com chefaturas africanas; recorda que o movimento comercial português no Índico devem ser observadas à luz da ligação com a viagem ao Oriente, era simultaneamente um sistema de alianças mas também podia envolver crueldade e intimidação; e tece considerações sobre a missionação fundamentalmente no Brasil e nalgumas parcelas do Oriente. Kellenbenz não formula qualquer juízo sobre qual o balanço da colonização portuguesa, a não ser estes tópicos de interações socioeconómico-culturais, tanto em África como no Oriente e Brasil.

Damos assim por findo um conjunto de sumulas em torno de uma iniciativa bem curiosa de se fazer um balanço da colonização portuguesa em pleno ano de 1975.

Para que conste.

Hermann Kellenbenz
Exploração açucareira no Brasil
Vista do Castelo de São Jorge da Mina, figura do século XVII, a fortaleza já está em poder dos holandeses
O tão apetecido pau-brasil comercializado por toda a Europa
Como se organizava uma missão jesuítica no Brasil, século XVII
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Notas do editor:

Vd. post de 3 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26455: Notas de leitura (1769): A colonização portuguesa, um balanço de historiadores em livro editado em finais de 1975 (4) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 7 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26471: Notas de leitura (1770): O Arquivo Histórico Ultramarino em contraponto ao Boletim Official, a governação de Vellez Caroço, totalmente distinta das anteriores (13) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26480: O melhor de... A. Marques Lopes (1944-2024) (167): De Bissau a Nhacra e depois Mansoa, de jipe: a última aventura no CTIG, que acabou mal, e que passou pelo Café Bento



Guiné- Bissau _ Região do Cacheu > Barro > 1998 > O A. Marques Lopes (1944-2024), atravessando de piroga o Rio Cacheu, no decurso da sua primeira viagem à Guiné, depois do regresso a casa  em 1969. Voltaria lá ainda em abril de 2006.


Foto (e legenda): © A. Marques Lopes (2005). Todo os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Da autobiografia (ficcionada)  do A. Marques Lopes, "Cabra Cega" (Lisboa, Chiado Editora, 2015,  578 pp.), reproduzimos as pp. 564/572) a partir do ficheiro em pdf que ele disponibilizou na sua página do Facebook, para os seus amigos e camaradas poderem ler e lembrar-se dele quando chegasse a sua hora de se despedir da Terra da Alegria.

É uma homenagem a um dos 111 históricos do nosso blogue, falecido ainda recentemente (em 4 de julho de 2024) e um grande operacional (que passou por duas subunidades, a CART 1690 e a CCAÇ 3, entre 1967 e 1969)... DFA, foi reintegrado no exército: faleceu, aos 80 anos,  com o posto de coronel de infantaria, na situação de reforma.  Conheci-o, pessoalmente, na vésperad e Natal de 2005, na casa dos meus cunhados, na Madalena, Vila Nova de Gaia. Tem mais de 290 referências no nosso blogue.


 De Bissau a Nhacra e depois Mansoa, de jipe: a última aventura no CTIG, que acabou mal, e que passou pelo Café Bento
 

por A. Marques Lopes (1944 - 2024)



(...) Passara dez meses ali ao pé do Senegal. Ao fim desse tempo mandaram-no ir para Bissau, era para regressar à metrópole. Estava livre, até que enfim, pensou. Mas, afinal, não esteve.

Tinha chegado há poucos dias e disseram-lhe que tinha de ir montar uma emboscada em Bissalanca, perto do aeroporto, pois suspeitavam de um ataque lá. Deram-lhe um pelotão de uma companhia que não soube se tinha acabado de chegar ou se era das que já lá estavam. Nem quis saber, porque ficou é lixado.

Antes, decidiu ir ao Bar de Oficiais do QG beber uma cerveja. Foi ao balcão, pediu uma e foi sentar-se com ela num dos sofás que lá havia. Tentava acalmar-se, pois não lhe agradara nada ter de ir para o aeroporto armar uma emboscada. Estava em Bissau para curtir antes de embarcar, não para isso, já lhe chegara no mato. No meio destas reflexões chega-se à frente dele um tenente-coronel. Já lhe tinham dito que ele era o gerente da Messe de Oficiais, chamavam-lhe “O lavrador” porque gostava muito de tratar de uma horta que havia na zona da Messe.

Não pode estar aí, nosso alferes   lança-lhe ele.

Ficou mesmo espantado. Não estava a ver porquê.

 – Não posso porquê, meu tenente-coronel? perguntou-lhe, sem se levantar.

 – Porque o seu camuflado está a sujar o sofá.

De facto, era tudo gente fina que estava ali naquele bar. Camisas de manga curta e calças limpinhas e passadinhas a ferro, impecáveis, sapatos pretos brilhantes. E ele com o seu querido camuflado, pele da sua carne em muitos dias e noites de mato, com as suas botas calcorreadoras de zonas de capim e de bolanhas. O camuflado estava já muito amarelado e debotado pelo uso, tinha até um buraco ou outro, ali destoava um bocado, é verdade, mas estava limpo, tinha sido lavado. As botas eram de lona mas estavam limpas da lama do tarrafe. Levantou-se para ver se havia de facto alguma sujidade. O grupo que estava ao balcão observava.

Olhou para as pernas, levantou os braços e mirou para cada um, deu meia volta à esquerda e à direita e observou os flancos.

–  Não vejo nada sujo.

–  Não interessa, assim fardado não pode estar aí.

Tinham-no mandado para uma emboscada e vinha agora este com estas merdas. Foi a bebida, foi a raiva, foi o desprezo?, ficou com vontade de lhe dar um murro. Todo ele estava para isso. Um major que estava ao balcão topou e chegou-se ao pé deles.

– Tenha calma, nosso alferes. Meu tenente-coronel, deixe o homem beber a cerveja. Ele vai-se já embora, não é?

Aiveca não disse nada, bebeu o resto da cerveja, pôs a garrafa em cima da mesinha com força e saiu. Alguém lhe disse mais tarde que o major se chamava Carlos Fabião.

Atrás dele veio um alferes que conhecera lá no bar, trabalhava no Gabinete de Justiça do QG. Era magro, moreno, e tinha uma barbicha à passa-piolho.

 – É pá, se quiseres fazer queixa do gajo o Spínola dá-lhe uma porrada com certeza.

 Não faço nada. Quero que o tipo se foda e o Spínola também - e foi-se embora.

Já com o pelotão em viaturas, a caminho do aeroporto, chegaram ao pé do palácio do Governador. Ao lado estava o edifício da Associação Comercial. Havia lá grande festa, janelas iluminadas, ouvia-se música de dança. Mandou parar.

  Porque é que paramos, meu alferes? –  pergunta-lhe um furriel ao pé dele.

   Estou com vontade de ir ali e dar cabo daquela merda toda. A gente aqui e eles a gozar.

O furriel abriu os olhos.

   Mas isso não pode ser. Levávamos uma porrada das grandes. Era mau. Sobretudo para o meu alferes que está prestes a ir embora.

   Está bem, tens razão. Mas daqui a uns meses vais perceber este sentimento. Vamos embora.

E foram para o aeroporto. Não houve nada e lá para as cinco da madrugada regressaram.
Foi para os anexos à Messe de Oficiais onde dormia e onde dormiam também vários alferes que estavam de passagem ou à espera do embarque de regresso. Apeteceu-lhe fazer qualquer coisa para acalmar a fúria. Viu um bidão que estava ali com garrafas de cerveja. É isto. Agarrou em várias garrafas e começou a atirá-las para cima dos telhados do anexo. Que gozo! Bum, bum! Em cima dos telhados de zinco, bum, bum! Riu-se à brava a vê-los sair das portas todos alarmados e em cuecas.

  Que merda é esta?!   gritavam.

Viram que era ele a atirar garrafas e ficaram mais descansados, mas chamaram-lhe todos os nomes antes de voltarem para as camas. Aiveca foi também. Estava mais satisfeito, tinha desopilado.

De manhã, o Almeida Campos, um alferes que andava por lá, convidou-o para ir com ele ao Bento. Era onde se sabia de tudo, porque por lá passavam quase todos os que vinham ou ainda estavam no mato e contavam coisas, tudo, operações, ataques, mortos. Era o sítio das informações, por isso lhe chamavam a 5ªREP, que era a Repartição de Informações do QG. Todos ficavam a saber coisas, todos e também os miúdos e miúdas que entre eles andavam a vender camarão, caju e mancarra ou a engraxar as botas dos mais aprumados. Muita coisa o PAIGC devia saber também através deles.

Comeram uns camarões e beberam umas canecas. O Almeida Campos tinha sido apontador de obus lá para o sul e estava também à espera de embarque para ir embora.

  É pá, e se a gente fosse dar uma volta?    perguntou a Aiveca, que estava de má cara, ainda lixado com o “Lavrador”.

  Uma volta aonde?

   Para fora de Bissau.

Não lhe desagradava.

   Mas precisamos de um jipe para isso   disse Aiveca.

   Eu requisito um jipe ao QG.

   E vão dar-to?...   Aiveca duvidou.

  Está descansado que eu conheço lá um sargento.

E o Almeida Campos conseguiu-o. Saíram de Bissau não sem antes meterem uns whiskys no bar da Messe de Oficiais. Chegaram a Nhacra eram horas de almoçar. Pararam numa tasca á beira da estrada para comer. Foi frango de chabéu regado a muito vinho fresquinho. Era o preferido de Aiveca.

–  A gente podia ir mais longe  –  opinou Aiveca.

Estavam bem aviados e ele já estava por tudo.

 
– Claro  – disse o Almeida Campos . – Metemos pela estrada sempre em frente e logo se vê.

Grande homem, era dos dele!

Foram pela estrada cerca de uma hora. Nada, não viram nada pelo caminho, só mato dum lado e doutro, até que chegaram a uma povoação. Muita gente os olhou, admirada, quando entraram.

–  Eu acho que isto é Mansoa  – pareceu a Aiveca.

Era. Um grupo de militares veio ao encontro deles. Cumprimentos, interrogações.

–  Que vieram cá fazer?

–  Nada. Só passear.

–  São doidos. De Bissau aqui só em coluna militar.

Havia um jogo de futebol e foram até lá para ver. No fim do jogo houve festa com muita cerveja e eles entraram nela.

–  Ó Almeida Campos, é melhor irmos embora que está a fazer-se tarde.

Já tinha passado muito tempo.

 
– Tá bem. Mas antes vamos pedir aqui umas cervejas para o caminho.

Eles deram-lhas, e um fuzileiro, nunca soube porque é que ele lá estava, pediu-lhes boleia. Foi com eles.

Uma viagem de regresso muito alegre. O Almeida Campos ia a conduzir e Aiveca ao pé dele, de pé, sempre a cantar. O fuzileiro ia no banco de trás. Iam bebendo as cervejas ofertadas e a cantar.

Já tinha começado a escurecer quando viram ao longe as luzes do aeroporto. Aiveca ia de pé, agarrado ao para brisas e sempre a cantar. Às tantas o Almeida Campos sai da estrada. O jipe andou uns metros e espetou-se contra uma árvore.

Foi uma sensação já vivida quando fora projectado pelo rebentamento da mina. Foram uns segundos, ou minutos?... Não deu para saber, porque é um tempo de nada. Há o choque, ou o rebentamento, e a seguir é o vazio completo, sem ah! nem oh!, só se sabe quando se bate no chão. Foi o que sucedeu. Deu por si no meio do capim. Levantou a cabeça e viu o jipe a arder, ao seu lado o fuzileiro gemia. Olhou melhor e viu o Almeida Campos estendido sem dizer nada. Chegou-se ao pé dele e pegou-lhe na cabeça. Ficou alarmado pois a mão ficou-lhe cheia de sangue.

–  O fuzileiro ainda mexe mas este não.

Viu umas casas não muito longe. Levantou-se e foi bater às portas mas ninguém lhe respondeu. Estava preocupado com o Almeida Campos. Umas luzes aproximavam-se vindo do lado do aeroporto.

Era uma patrulha que vira as chamas do jipe e queria saber o que se passava. Foram eles que os levaram para o hospital.

O Almeida Campos e o fuzileiro ficaram lá. Este tinha uma costela partida, vinha atrás e batera no banco da frente. O alferes tinha um lanho na cabeça e uma ferida profunda na perna direita. Aiveca não tinha nada, só a farda chamuscada, e regressou ao anexo da Messe de Oficiais.

No dia seguinte foi ao hospital. O fuzileiro tinha sido transferido para a enfermaria da Marinha. O Almeida Campos estava na cama com uma perna engessada, a cabeça ligada e uma cerveja na boca. Riu-se para Aiveca e perguntou-lhe:

–  Estás bom, pá?

–  Eu estou, mas tu não pareces.

 – Estou, sim senhor. Cervejas não faltam.

Dois dias depois, um major, encarregado da peritagem chamou Aiveca para ir com ele reconstituir o acidente.

–  Ó meu major, nós íamos devagar. Houve qualquer problema com a direcção do jipe.

Ele riu-se e mostrou-lhe o sulco dos pneus fora da estrada. Eram uns vinte metros na berma capinada, antes da árvore em que tinham batido.

Aiveca foi apenas testemunha. O Almeida Campos, que requisitou o jipe e o ia a conduzir, e era mais antigo, levou uma porrada de prisão disciplinar, teve de pagar o jipe e ficou mais uns tempos na Guiné.

Foi curta a estadia em Bissau, porque de alguns dias apenas lá passados antes de embarcar para o puto, mas foi intensa, porque aproveitada como oportunidade para dar largas à loucura que se apossara dele durante todo o tempo em que estivera no mato. Ali não necessitou de cautelas e precauções para garantir a sobrevivência, dele e dos outros. E aquelas do “lavrador” e do aeroporto até o incentivaram para isso.

Muito boas recordações dos restaurantes, onde fez grandes tainadas e apanhou grandes bebedeiras com outros camaradas tão necessitados disso como ele. Óptimas lembranças da Fátima, uma fula do Pilão, em cuja casa, um quarto apenas, dormiu algumas noites, numa cama onde dormia também o bebé de um ano. Boa rapariga, que fazia pela vida e que, por isso, numa das noites lhe fez a proposta de ele trazer umas quantas cervejas do QG para ela vender aos seus visitantes.

 – Estou doido, filha, mas não tanto. Nem penses nisso.

Boas noites lá passou. Uma ou outra com emoção, quando os comandos ou os fuzos batiam à porta e ela respondia:

–  Está ocupado.

E ele a ajudá-la dizendo:

–  Estou eu, vão pra outra.

Houve uma noite, não nenhuma destas nem a da proposta dela, que teve de sair a meio. É que o bebé borrou-se todo. Enquanto ela tirava água do pote para lavar o filho e os lençóis, teve de lhe dizer:

 – Fatinha, já não dá. Assim não. Vou-me embora.

Nesta ordem de lembranças, havia também, junto ao estádio do UDIB, um branco que tinha umas filhas mulatas. A sua casa era um local aberto à frequência dos militares, com muitas bebidas, e as filhas lá estavam para o que desse e viesse. Foi lá uma ou outra vez, só para beber porque, perante aquela situação, sentia que o raio da consciência ainda lhe zurzia e não quis mais nada..

Quanto ao QG, poucas coisas agradáveis. Mas houve uma que até lhe deu muito gozo. Tinham-no encarregado da elaboração do processo a um cabo que fora apanhado a tomar banho na piscina da messe de oficiais do QG, onde só estes e as suas respeitáveis e limpas senhoras é que podiam tomar banho. Fora escandaloso, inadmissível porque pegajoso. Na véspera do seu embarque de regresso olhou para o processo e achou que não lhe devia dar futuro. Rasgou-o aos bocadinhos e meteu-o num caixote de lixo. Ninguém lhe perguntou por ele. (...)

(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos, título : LG)

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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de novembro de 2024 > Guiné 61/74 - P26106: O melhor de... A. Marques Lopes (1944-2024) (15): Uma ida, algo dramático-burlesca, da CCAÇ 3, ao Senegal

Guiné 61/74 - P26479: As nossas geografias emocionais (41): Café Bento / 5ª Rep: excertos de postes e comentários - Parte I: E tudo o vento levou.... [ Luís Graça / Jaime Machado / Patrício Ribeiro / Oliveira Miranda / Hélder Sousa / Virgínio Briote / Manuel Luís Lomba / Virgílio Ferreira / José Pardete Ferreira (1941 - 2021) ]



Guiné > Bissau > s/d (c. fev / abril de 1970) > Início da Av da República... O polícia sinaleiro que regulava o "trânsito" de Bissau, e, do lado direito , vê-se a bomba de gasolina que na época era da Shell (no letreiro falta-lhe uma letra, um "l"). Tapada pelo arvoredo, a esplanada do Café Bento. É a melhor foto que temos, até agora, no blogue sobre a localização da 5ª Rep.

Foto do belíssimo álbum do Jaime Machado, ex-alf mil cav, cmdt do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, maio de 1968 / fevereiro de 1970, ao tempo dos BART 1904 e BCAÇ 2852)

Foto (e legenda): © Jaime Machado (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]






Mapa de parte da Bissau Velha, entre a Avenida da República (hoje, Av Amílcar Cabral) e a fortaleza da Amura. A escuro, dois prédios que pertenciam a Nha Bijagó. Com uma estrela a vermelho, a localização do edifício do antigo Café Bento, que foi demolido. Fonte: António Estácio, em "Nha Bijagó: respeitada personalidade da sociedade guineense (1871-1959)" (edição de autor, 2011, 159 pp., il.).



1. Alguns excertos de postes e comentários sobre o Café Bento / 5ª Rep:

O Café tinha o nome do seu proprietário. Há camaradas (Victor Tavares) e amigos (Lucinda Aranha) que chegaram a conhecer o senhor Bento. Vivia para os lados de Coimbra e teria uma filha médica. Mas não sabemos quando deixou a Guiné, nem em que circunstàncias, muito provavelmente por altura da independência.

O edifício, de um só piso, com uma ampla esplanada coberta de árvores, no início da antiga Avenidade da República, foi demolido. Do seu lado direito, tinha o edifício, de arquitetura colonial, dos anos 50, que era a sede da administração civil (e, depois da independència, passou a ser tribunal e tesouraria das finanças).

Interessa-nos falar do tempo em que o Café Bento era uma referência para os militares que viviam em Bissau ou passavam por lá, incluindo os "desenfiados". A famosa 5ª Rep (designação bem humorada que era aceite, inclusive, pelo gen Spínola e seus colaboradores mais próximos, do QG/CCFAG).

O Patrício Ribeiro, empresário, que vive em Bissau desde 1984, diz que já não o comheceu a funcionar. Assistiu às obras para ser um novo restaurante, de arquitetura moderna, propriedade do conhecido empresário hoteleiro, Fernando Barata que tinha negócios na Guiné Bissau (Cacheu, Bijagós...) e que foi cônsul honorário da Guiné-Bisau em Albufeira, ao tempo do 'Nino' Vieira.

" Depois foi entregue a um antigo presidente, foi alugado à RTP África, até há pouco mais de um ano. De onde retirei parte dos equipamentos, para o novo edifício da Delegação da RTP no Chão de Papel." (*)

(i) O nosso editor, Luís Graça, escreveu:

No meu tempo (1969/71) o Café (e cervejaria) Bento , era provavelmente a mais famosa esplanada de Bissau, até pela sua localização, na zona portuária.(Tem já 19 referências no nosso blogue) ...

Também era conhecido com a 5ª Rep, o maior "mentidero" da cidade: era um dos nossos locais de convívio, dos gajos do mato, dos desenfiados e sobretudo dos heróis da guerra do ar condicionado. (**)

Rcorde-se que havia 4 grandes repartições militares em Bissau, no QG/CCFAG, na Amura, mas a 5ª Rep, o Café Bento, era a mais famosa, porque era lá que paravam todos os "tugas" que estavam em (ou iam a) Bissau, gozar as "delícias do sistema"; era lá que se fazia "contra-informação", de um lado e do outro; era lá que se contavam as bravatas, os boatos e as mentiras da guerra... (Sabe-se que o QG/CFAG utilizou o Café Bento para lançar a atoarda de que iria haver uma grande operação em Buruntuma em dezembro de 1972; o PAIGC seria depois surpreendido com a Op Grande Empresa, a invasão do Cantanhez).

O Café Bento ficava na esquina da Av da República (hoje Av Amílcar Cabral) (do lado esquerdo, de quem descia), com a Rua Tomás Ribeiro (hoje António Nbana) (localização assinalada a vermelho no croquis acima publicado), no início da única avenida de Bissau, digna desse nome (a que ia da marginal e cais do Pidjiguiti até à Praça do Império e Palácio do Governador).

Do outro lado dessa artéria, ficava a Casa Gouveia, que pertencia ao Grupo CUF.

No lugar do antigo edifício do Café Bento irá constuir-se um outro, de maior volumetria, e que passou a ser, mais tarda, a sede da delegação da RTP África (hoje, com novas instalações, inauguradas em 2021, na Rua Angola, 78, Chão de Papel, já fora portanto da "Bissau Vellha", a cidadezinha colonial, a do asfalto, que conhecemos e calcorreámos.

De qualquer modo, aceitemos a "bocarra": Quem nunca lá foi, ao Café Bento, não pode dizer que esteve na Guiné, ou pelo menos em Bissau (***)

Depois, tudo o vento (da História) levou...

A Casa Gouveia passou a Armazém do Povo e o Café Bento fechou por falta de cerveja, de "apanhados do clima" (que eram os clientes e bebedores de cerveja) e, claro, da matéria-prima (que era a guerra) com que se faziam combatentes, da frente e da retaguarda, heróis, cobardes, coirões, espiões, pides,"turras", bufos, etc. (Logo ali ao lado, era a Amura, a sede do QG/CCFAG, com os seus centenários poilões.)

A 5ª Rep era a "fábrica de boatos" da guerra... Também tinha como em Saigão, "djubis" que engraxavam as botas das tropa...Nunca lá puseram, felizmente, nenhum engenho explosivo...

No final da guerra, sim, haverá um atentado terrorista contra o Café Ronda (café e pensáo, uma espelunca), em 26 de fevereiro de 1974. E foi da responsabilidade do PAIGC, que quis mostrar, no 1º aniversário da morte de Amílcar Cabral, que podia atingir alvos urbanos e civis no coração da capital...

Felizmente que a incursão pela "guerrilha urbana" ficou por ali...mas foi o suficiente para causar algum alarme entre os militares e suas famílias, que viviam em Bissau... Provocou um princípio de debandada... (Resta saber se Amílcar Cabral, se fosse vivo, aprovaria este tipo de escalada da guerra, com recurso a atentados cegos, causando vítimas inocentes entre a população civil.)

O Cafe Ronda situava-se também na Av da República, um pouco mais abaixo do cinema UDIB e do lado contrário ao deste,

Quem disse que a Guiné foi o nosso Vietname ?... Era uma das bocas com que se "emprenhavam os ouvidos aos piriquitos" quando chegavam esbaforidos e sequiosos a Bissau...


(ii) Oliveira Miranda (**)

Parabéns ao editor deste comentário que me deixou emocionado, pois o café Bento era o local onde tomava a minha cerveja, chegado do hospital militar onde estava em consulta após ser ferido em combate.

Ainda revejo passados 55 anos as piruetas que os meninos faziam com a escova de de engraxar, embora ao lado via a miséria de leprosos a pedir uns pesos (moeda local).

Passado é passado, mas não esqueço a fome, peste e guerra que alguns de nós vivemos no mato. Saudações a todos os vivos e paz àqueles que já partiram.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025 às 14:45:00 WET" (....)


(iii) Hélder Sousa (***)

(...) Assim, de repente não me faz lembrar nada o "Café do Bento".

Isto porque, tanto quanto me lembro (eu frequentei alguma vezes esse café/esplanada mas não era muito assíduo, tinha a ideia que haviam por lá "muitos ouvidos") a esplanada não seria assim tão comprida mas muito mais larga. As árvores seriam de maior porte (...)

Além disso, o espaço da esplanada, entre a estrada e a edificação do "Café" era muito maior do que se vê. (...)

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025 às 14:36:00 WET


(iv) Virgínio Briote (***)

Eu tive quarto em Brá, entre maio65 e 10kan67, e quando estava em Brá, ia quase todos os dias a Bissau e era frequente passar pelo Café Bento. Quando lá estava, o Solar dos 10 era mais conhecido pelo Restaurante Fonseca, onde se comia frango assado, ostras e vinhos verdes e maduros.

Entre 65/66 e a altura em que estas fotos foram tiradas não tenho dúvidas que as feições da cidade iam mudando.

A foto em questão (do Jorge Pinto, de agosto de 1974) leva-me mais para o Império (na rotunda do Palácio) e não coincide com a imagem que tenho do café Bento, cá mais para baixo, à esquerda de quem descia a Avenida.

Ainda se descia um pouco até uma pequena rotunda onde estava um polícia sinaleiro a regular o trânsito. E a seguir era a marginal e o cais do Pidjiguiti. Não posso garantir a pés juntos mas é o que retenho na memória.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025 às 19:53:00 WET


(v) Manuel Luís Lomba (***)

O nosso Batalhão de Cavalaria esteve uma ano de intervenção no no Forte da Amura , juntamente com a Companhia de Polícia Militar, a que pertencia o então alferes Mário Tomé.

A esplanada com guarda-sóis e o seu edifício não são o Café Bento: o seu edifício era apenas de um piso, muito envidraçado, as mesas e cadeiras eram pintados de verde, as suas árvores eram mais corpulentas, troco e copas.

Voltei à Guiné nos princípios da década de oitenta e a esplanada eram bombas de gasolina da Galp.

A Cervejaria Somar não existia. A restauração mais importante eram o Asdrúbal, dos frangos, e o Restaurante Tropical, do bife, ostras e verde branco de Amarante, da marca Vinhos Borges.

Lembro-me de ter na mesa ao lado o tenente-coronel Fernando Cavaleiro e outros oficiais. Dizia-se que quando descia de Farim a Bissau, a malta do ar condicionado do QG entrava em polvorosa: "Vem aí a guerra!"

Também lembro de o alferes Mário Tomé, em patrulhamento, ter expulsado da esplanada do Café Bento um primeiro-sargento que se refastelara numa cadeira, os seus calções eram largos, e os seus "pendentes", por acaso bem pretos, saíam-lhe por uma perneira.


sexta-feira, 31 de janeiro de 2025 às 19:55:00 WET


(vi) Virgílio Teixeira (**)

(...) Conheci muitíssimo bem o Bento. Mas até julho 69.

Depois disso nada sei. (...) Alguns estabelecimentos aqui referidos já não são do meu tempo.

Só em 1984 e 1985, voltei lá e já não conheci nada. Pois nada existia.

Tempos do caranho. Nunca mais vi um tasco aberto e o Grande Hotel estava em ruínas
Ficámos numa pensão perto da estátua do Honório, na rua Mondlane, de alguém que era amigo da dona de uma pensão aqui em Vila do Conde. (Esta pensão chama-se Manco da Areia.)

Tudo mudou muito depois do meu regresso em 1969 e depois em 1985.

sábado, 1 de fevereiro de 2025 às 01:44:00 WET

(vii) José Pardete Ferreira (1941-2021) (****)

Este livro, "O paparratos : novas crónicas da Guiné : 1969-1971", publicada sob a chancela editorial da Prefácio, surge numa coleção , "História Militar" (...) que se reclama de um "conceito inovador": pretende conciliar a investigação historiográfica com a produção literária e memorialística, como é o caso deste livro do nosso saudoso camarada José Pardete Ferreira (1941-2021), que foi alf médico, no CAOP1, Teixeira Pinto (1969) e no HM 241 (1969/71).

O alferes miliciano médico João Pekoff (heterónimo criado pelo José Pardete Ferreira, ou se não mesmo o seu "alter ego") chega a Teixeira Pinto, ao CAOP, em meados de fevereiro de 1969 (pág. 30). Em Bissau, onde o seu batalhão de origem (que apostamos ter sido o BCAÇ 2861) desembarcou em 11/2/1969, deve ter estado alguns escassos dias, em trânsito, antes de apanhar uma DO-27 que o levou até à capital do chão manjaco , de qualquer modo o tempo suficiente para começar a conhecer alguns dos pontos obrigatórios do roteiro dos cafés e restaurantes da tropa...

Alguns eram obrigatórios como o café Bento, mais conhecido por 5ª Rep, junto à fortaleza da Amura onde estava instalado o QG/CCFAG [Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné], com as suas 4 Rep[artições].

Era o grande "mentidero" de Bissau, onde os "apanhados do clima", vindos do mato, "desenfiados" ou em trânsito, partilhavam notícias e histórias com a malta do "ar condicionado"...

Chegados a Bissau, os "periquitos" apanhavam logo ali os "primeiros cagaços", histórias tenebrosas de Madina do Boé, de Gandembel, de Guileje, etc., aquartelamentos no mato, felizmente, longe, muito longe de Bissau e do seu "bem-bom"...

Pardete Ferreira, de cultura francófona, descreve assim a 5ª Rep, com inegável bom humor, para não dizer sarcasmo, comparanda-a com a situação de um aquartelamento do mato, Tite, na região de Quínara, perto de Bissau em linha recta, pelo que, quando era atacado ou flagelado, toda a gente ficava a saber e até a ver (pp. 54/55):

"(...) Toda a Guiné Portuguesa tinha esta classificação de zona cem por cento de risco. Naquele território, era indiferente passar calmamente uma soirée [sic] na 5ª Rep ou no aquartelamento de Tite.

"Na 5a. Rep, a arma era um copo de uma beberagem qualquer, que ia aquecendo na mão e que ia sendo municiada periodicamente. O único risco era constituído pelos perdigotos, por vezes sólidos estilhaços de mancarra, que o companheiro de conversa lançava, aproveitando o estar longe do interface do corpo a corpo.

"Em Tite, que se situa mesmo em frente da 5ª Rep, do outro lado do Geba [, na margem esquerda], apenas a alguns quilómetros à vol d'oiseau [sic], a arma que se tinha na mão era das verdadeiras, daquelas que matam.

"Aquela cómoda sala do QG [Quartel General], no teatro operacional, dava lugar a um abrigo onde o combate mordia. No QG, pelo barulho podia adivinhar-se que Tite estava seguramente a embrulhar, podendo ver-se as cores das balas tracejantes e ter uma ideia da intensidade do assalto,pela quantidade e duração do fogo de artifício.

"Na 5ª Rep, assistindo-se ao espetáculo, beberricando um whisky ou despejando rapidamente uma mulher grande [ basuca ?], quase sem tempo para descascar a mancarra acompanhante, estava-se exactamente dentro dos limites do mesmo Teatro Operacional da Guerra. Todo o pedaço daquela terra era território de guerra. O risco tinha uma graduação muito relativa, embora fosse sempre uma probabilidade.

"Não se fizeram operações de black out [sic] como treino para a remotíssima hipótese de um ataque dos MiGs da Guiné-Conacry ? Houve quem dissesse que afirmar isto era um verdadeiro disparate, na medida em que os MiGs de Conacry eram de um modelo tão antigo que. se atacassem Bissau, teriam que pedir o favor de ser reabastecidos em combustível no aeroporto de Bissalanca, a fim de poderem regressar à sua base de partida" (...).



Estes excertos vão inseridos na série "As nossas georgrafias emocionais" (**).

(Seleção, revisão / fixação de texto, negritos e itálicos: LG)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26459: Bom dia desde Bissau (Patrício Ribeiro) (53): O antigo Café Bento já não é do meu tempo, e foi vítima do "bota-abaixo"...Foi remodelado e até 2023 estave lá instalada a delegação da RTP África

(**) Vd, poste de 5 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26461: As nossas geografias emocionais (40): A Casa Gouveia e o Café Bento num conhecido postal da época, da coleção do Agostinho Gaspar (ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74)

(***) Vd. poste de 31 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26443: Fotos à procura de... uma legenda (192): Bissau, agosto de 1974: qual a mais famosa esplanada da cidade ? Café Bento ou cervejaria Solmar ? E esta foto é da 5ª Rep ou da Solmar ?

(****) Vd. poste de 23 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21939: Notas de leitura (1343): Paparratos e João Pekoff: as criaturas e o criador, J. Pardete Ferreira - Parte II: os "mentideros' de Bissau (Biafra, 5ª Rep) e ainda e sempre a retirada de Madina do Boé (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P26478: Parabéns a você (2349):José Brás, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 1622 (Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68)

_____________

Nota do editor

Último post da série de 6 de fevereiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26464: Parabéns a você (2348): José Teixeira, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 2381 (Os Maiorais) (Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70)

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Guiné 61/74 - P26477: S(C)em Comentários (58): A "Primavera Marcelista" ?...é um mito: eu estava em Coimbra e e apanhei em pleno a crise académica de 1969 (Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alf mil at inf, CCAÇ 3535 / BCAÇ 3880, Zemba e Ponte do Zádi, Angola, 1972/74)




Fernando de Sousa Ribeiro, ex-alf mil at inf, CCAÇ 3535 /
BCAÇ 3880 ( Zemba e Ponte do Zádi, Angola, 1972/74);
membro da Tabanca Grande desde 11 de novembro de 2018,
com o nº 780, tem 34 referências no nosso blogue.
Engenheiro, natural do Porto, é o administror
que mantém ativo desde janeiro de 2006 até hoje.
Um caso notável de longevidade.


1. Comentário ao poste P26467 (*):

Lembro-me muito bem desta edição do Diário de Lisboa. Eu estava em Coimbra, a frequentar a Universidade, e o Diário de Lisboa tinha-se tornado o meu jornal diário. 

A notícia impressionou-me muito. Eu ainda não tinha idade para ser chamado para o cumprimento do serviço militar obrigatório, mas estava quase. Naquele tempo, o Diário de Lisboa era sem dúvida o melhor jornal diário português, apesar da censura e da péssima qualidade da sua edição, feita com caracteres de chumbo, alinhados penosamente letra a letra pelos tipógrafos, e impressa com uma tinta que nos borrava as mãos todas. 

Dizes tu, Luis, que o Diário de Lisboa era "do reviralho". Se havia algum jornal que fosse do reviralho, esse jornal era o República, muito mais do que o Diário de Lisboa. Em 1969, o Diário de Lisboa era um jornal aberto e plural, que tinha colaboradores de grande nível, como Eduardo Lourenço (que enviava crónicas a partir de França), e que publicava traduções de reportagens saídas nos jornais Le Monde e Washington Post. 

Além do República e do Diário de Lisboa, havia mais jornais diários que se assumiam como republicanos e defensores de um regime democrático. Exemplos: O Primeiro de Janeiro, O Comércio do Porto, O Século, A Capital, Diário de Coimbra e até A Província de Angola, de Luanda.

A chamada "Primavera Marcelista" é um mito. O Marcelo Caetano apenas abria uma fresta , para fechá-la logo a seguir. Não houve "primavera" nenhuma. 

Eu mesmo, que estava em Coimbra, vivi por dentro (mais "por dentro" do que imaginas) a chamada Crise Académica de 1969, que deve ter sido uma das maiores ondas de repressão de toda a história do Estado Novo. A cidade de Coimbra ficou em estado de sítio, ocupada e controlada por centenas de militares da GNR, com as suas armas, os seus cavalos, os seus jipes, o seu arame farpado, as suas botifarras e os seus capacetes iguais aos do Exército. Até a Polícia Judiciária foi mobilizada para Coimbra, para ajudar a PIDE a fazer o seu "trabalhinho". 

Mas que raio de "primavera"!!! (**)

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025 às 21:38:00 WET 

________________

Notas do editor:

(*) Vd,. poste de 6 de fevereiro de 2025  > Guiné 61/74 - P26467: Efemérides (450): 6 de fevereiro de 1969, o desastre do Cheche: quando os relatos de futebol eram dados em direto, e efusivamente, e a guerra em diferido, resumida a telegráficas notas oficiosas

(**) Último poste da série > 25 de janeiro de 2025 > Guiné 61/74 - P26422: S(C)em Comentários (57): os fulas e o gado bovino como extensão da própria família e da comunidade (Cherno Baldé, Bissau)

Guiné 61/74 - P26476: Por onde andam os nossos fotógrafos (37) ?: Zeca Romão, de Vila Real de Santo António, ex-fur mil at inf, CCAÇ 3461 / BCAÇ 3963 e CCAÇ 16, Teixeira Pinto e Bachile, 1971/73) - Parte II

 



Vídeo (4' 20'') > You Tube / Romão José (2014) | "Eecordando o meu percurso pelo exército português de 6 de abril de 1970 a 24 de outubro de 1973" | Video de Zeca Romão | C. 35 mil visualizações desde 18/11/2014.

Ligar o som... Música: Canção "Vou levar-te comigo", do Duo Ouro Negro, numa interpretação de um grupo que não identificámos  (Reprodução do vídeo, com a devida autorização do autor....)

Vídeo: © José Romão (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]




1. O nosso camarada José Romão é natural de Vila Real de Santo António, onde é uma figura muito popular e um cidadão interveniente... Sobre ele escreveu o seu e nosso camarada Eduardo Estrela (que é de Faro mas vive em Cacela) (*):

"O camarada Zeca Romão, amigo e companheiro do blogue, é um cidadão pelo qual tenho uma grande estima. Faz-me o favor de ser meu amigo há muitos anos, temos amigos em comum e um igual amor pelo teatro amador. O Zeca foi amador de teatro no grupo de teatro António Aleixo de Vila Real de Santo António, grupo pelo qual o GT Lethes de Faro tem um especial carinho. Daqui lhe mango um fraterno abraço Eduardo Estrela."

O Zeca Romão como é carinhosamemnte tratado pelos seus amigos e conterrâneos, tem um especial apego à sua terra, um grande amor pelas s suas gentes, as suas tradições, o seu património... E tem uma segunda terra, a Guiné-Bissau, com destaque para o  "chão manjaco", do qual guarda "recordações inesquecíveis" do tempo em que foi fur mil at inf, CCAÇ 3461 / BCAÇ 3863, Teixeira Pinto, e CCAÇ 16, Bachile, 1971/73.

Tem c. 20 referências no nosso blogue. É membro da Tabanca Grande desde 20/6/2010. Tem página no Facebook. Foi atleta na sua juventude. É um fotógrafo compulsivo. Disponibiliza centenas de fotos no seu Facebook. 

Estamos a recuperar as da Guiné, todas dispersas. Serão reeditadas e publicadas no blogue, com a devida vénia.  O seu tempo de tropa na metrópole (Tavira, Amadora, viagem para a Guiné, etc,) pode ser melhor acompanhado por este "vídeo" que ele postou na página do Facebook da Tabanca Grande, com fotos do seu álbum.

Obrigado, Zeca, também passei pelo CISMI, Tavira, e também fui no T/T Niassa para o CTIG. E também me calhou uma "africana" (CCAÇ 12) como tu (CCAÇ 16).