1. Mensagem do nosso querio amigo e camarada Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351, Os Tigres de Cumbijã, Cumbijã, 1972/74, que regressa assim ao nosso convívio, depois de uma 'sabática terapêutica' (demasiado longa, porvetura, para aqueles que apreciam a alta qualidade literária e a inteligência emocional dos seus textos, aqui no blogue)...
Camaradas Editores, Camarada Editor Carlos Vinhal: Escrevi num ápice o texto que agora envio.Voltarei em breve.Saúde para todos e um abraço amigo do Vasco
BANALIDADES DA FOZ DO MONDEGO (Vasco da Gama) (V) > A MINHA GUERRA FOI OUTRA
Remetido há já algum tempo ao silêncio, por conselho de um editor sábio e amigo, perdendo a regularidade da leitura do nosso Blogue, dadas as férias no reino dos Algarves durante o mês de Agosto, coloquei agora em Setembro toda a minha disponibilidade de tempo a ler tudo o que havia deixado para trás, como o fazia quando era estudante e tinha os exames à porta, tentando recuperar dia e noite o tempo consumido nas jogatanas de lerpa, nas intermináveis discussões políticas, no acompanhamento constante do meu Glorioso S.L.B. aquando das suas deslocações ao norte, nos tempos em que, calmamente, se vestia a camisola vermelha, sem medo de qualquer enxovalho, estivesse na Póvoa, em Guimarães, em Braga, em Matosinhos ou mesmo na maravilhosa cidade do Porto, essa cidade invicta que me marcou para sempre e que ainda hoje adoro, com as suas gentes simpáticas, solidárias, genuínas e vernáculas.
Tal como nos finais da década de sessenta, quando estudante, era invadido por um nervoso miudinho pois eram tantos os assuntos e matérias a reter, que começava a estudar determinada cadeira já com o pensamento numa outra que se avizinhava, não conseguindo por vezes a concentração necessária para levar a bom porto toda a panóplia de teorias e teses e temas que me permitissem uma época de exames descansado, também agora em finais da primeira década do século XXI, tostado pelo sol quente do sul, regressado do enxameado Algarve, onde o nosso camarada da Guiné e do Blogue, António Manuel Conceição Santos me proporcionou uma caminhada maravilhosa pela Ria Formosa, já comecei a escrevinhar tanta coisa ao mesmo tempo com o mesmo nervosismo o mesmo frenesi e a mesma “desorganização” de há quarenta anos, que me obrigou a dizer de mim para mim, BASTA, começa e termina qualquer coisa!
Assim decidi, assim o faço neste momento, começando pela análise de um poste publicado pelo nosso camarada Amílcar Ventura com o nº 4936 (*), intitulado a bomba de gasóleo do P.A.I.G.C., com uma introdução do editor M.R.
Respeitador dos princípios que norteiam o nosso Blogue, coerente com a formação recebida ao longo da vida, incapaz de, penso eu, beliscar quem quer que seja, gostaria de tecer algumas considerações baseadas única e exclusivamente no exposto pelo nosso Camarada.
Camarada Amílcar Ventura,
A tua confissão que entendeste partilhar com todos os Combatentes da Guiné e que, estou por certo, terá aliviado a tua consciência, causou em mim um sentimento de tristeza e mal estar, pois relembrou-me de uma forma mais pungente e dolorosa as agruras que a minha Companhia de Cavalaria 8351 se viu obrigada a viver nos matos profundos do sul da Guiné no Cumbijã e Nhacobá, a escassos quilómetros de Guileje e cito Guileje, pois voltarei a esse assunto quando conseguir alinhar ideias.
Não tenho, era o que mais faltava!, capacidade para julgar quem quer que seja e sei bem que a as acções ficam com quem as pratica, mas nunca opinarei contra a minha consciência.
Há limites inultrapassáveis para qualquer cedência e colocarei sempre acima do interesse de pessoas ou de grupos a minha sinceridade, daí que gostaria de te dizer como combatente na Guine o seguinte:
Vivemos sempre no mato, sem qualquer população, sem nunca termos tido luz, vivendo em barracas de lona e construindo com as nossas mãos as casernas feitas com blocos que os meus Tigres amassavam com os pés, isto depois de regressarem das operações/patrulhamentos que DIARIAMENTE fazíamos fora do arame. Não tivemos depósito de géneros durante muitos meses, nem água nem pão quente. Fazíamos uma coluna diária a Aldeia Formosa para abastecimentos e também trazíamos bidões de gasóleo…
Tínhamos entre nós gajos de direita e de esquerda e do centro e de cima e de baixo e outros que não eram nada, mas nunca a porra da política nos separou. Os que defendiam o tal Portugal de Trás–Os-Montes a Timor, que não era o meu caso, eram irmãos dos que murmuravam contra a guerra colonial e que eram a favor da solução política para uma guerra estúpida. Sabes, tínhamos em comum as lágrimas que derramávamos pelos nossos camaradas mortos e feridos, pela impotência de não regressarmos todos juntos ao nosso e teu Portugal, estávamos irmanados nos embrulhanços que sofríamos e a nossa raiva, por que não dizê-lo?, ia toda no mesmo sentido – dirigia-se ao P.A.I.G.C.
Estranho, eventualmente por ignorância, que se fale no comentário introdutório ao teu texto em “intercâmbios” entre as N.T. e o P.A.I.G.C. de "prendinhas e cervejas colocadas na picada”. As prendinhas trocadas entre a Companhia de Cavalaria 8351 e o P.A.I.G.C., foram, que eu saiba, arraiais de fogachada, minas q.b. e manga de porrada. Talvez noutros sítios, noutras circunstâncias, com outros comandos. Nunca pertenci à psico.
Camarada, dizes e passo a citar “nunca pus em perigo de vida os meus camaradas mas que ao contrário salvei alguns por ter antecipado a informação que ia haver ataque”, fim de citação. Discordo frontalmente. Quem, como os Tigres do Cumbijã, e tantas outras Companhias apanharam na tarraqueta, sabem perfeitamente que os mísseis ou as morteiradas ou as canhoadas que nos caíam dentro do arame, não traziam olhinhos para se desviarem “da malta que estava avisada”.
Lá no meu mato profundo, interrogo-me como era possível um militar português sair do seu aquartelamento na companhia de um nativo, com uma viatura e duzentos litros de gasóleo. Que controlo era esse? Que sítio era esse? Que comando era esse? Não duvido do que dizes, mas estranho! A minha guerra, Camarada, a minha guerra teve outros contornos, a minha guerra foi outra.
Sabes, uma vez num ataque ao arame, sim num ataque ao arame, Camaradas meus dizem ter visto um cubano. Nesse dia, por motivos diferentes dos teus, também nós gostaríamos de ter conversado com ele e podes ter a certeza que não era para lhe dar gasóleo.
Quase quarenta anos volvidos ainda me emociono com a Guiné. Quem diria!!!
Tive apenas e só a vontade de dar a minha opinião relativamente a algo de totalmente novo para mim. Gostaria imenso, acredita, de contigo debater este assunto, quem sabe
se quando voltar à tua maravilhosa terra de Silves. Ouvir-te-ei mais detalhadamente e eu apresentar-te-ei outros argumentos que não cabem aqui.
Com a conversa todos aprendemos, mas, caro Camarada Amílcar Ventura, mesmo para alguém com a preparação ideológica que então terias, a tua atitude, sem qualquer espécie de julgamento, foi de uma INGENUIDADE muito grande.
Para todos os meus Camaradas um abraço amigo e sincero do,
Vasco A.R.da Gama
[Revisão / fixação de texto / bold, a vermelho: L.G.]
__________
Notas de L.G.:
(*) Vd. último poste desta série:
15 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4532: Banalidades da Foz do Mondego (Vasco da Gama) (IV): Desertores
(**) Vd. poste de 11 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4936: O segredo de... (6): Amílcar Ventura: a bomba de gasóleo do PAIGC em Bajocunda...
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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19 comentários:
Pois é, o Vasco da Gama veio fazer a análise correcta, assino por baixo as palavras do Vasco.
Eu também era, e sou, contra aquela estúpida guerra mas daí até fornecer ao IN (por mais simpático que ele nos possa parecer), meios para nos virem atacar e matar os nossos homens, vai uma grande distância.
Será que o Ventura esteve na guerra do Solnado, ou numa Guiné em sangue, 1972-74?
Um abraço,
Antonio Graça de Abreu
Pois é Vasco e Amilcar, pelos vistos os grandes estrategas militares mundiais ainda vão aprender muito com o nosso blog, algumas táticas bem originais.
A ver vamos!
Antº Rosinha
Meu caro Vasco da Gama:
Deixa-me vir a terreiro defender o nosso camarada e co-editor Eduardo MR que, felizmente para ele, já só apanhou o "final da guerra", numa altura em que o PAIGC e as NT, na sequência do 25 de Abril, tiveram de criar, ensaiar testar e aplicar um novo "modus vivendi"... (E aqui, sim, houve 'troca de prendinhas, cigarros, bebidas', e se calhar até gasóleo e outros géneros...).
Se reparares bem, eu fiz questão de mostrar o "making of" do trabalho do editor... A mensagem do Amílcar Ventura estava a aer editada pelo Eduardo MR que, apercebendo-se da 'delicadeza' do assunto, pede a nossa opinião / conselho... Fez muito bem... Fomos trocando emails, mesmo estando de férias...
O que o Eduardo MR nos sugeria (e que eu acabei por publicar, 'sem cortes', para mostrar aos nossos leitores como trabalhamos, em casos como estes) era o seguinte:
(...) "O nosso Camarada Amílcar Ventura enviou-me o seguinte material [ Vd. texto anterior]. Controverso q.b.
"Se acharem por bem, eu [EMR] publico o mesmo, mas como é óbvio terá que se anteceder a publicação com uma nota de introdução, visto que já se prevê a habitual contestação.
"Qualquer coisa do género: Nota de introdução: Quem é que ainda não ouviu dizer que o soldado condutor 'xis' deixava uma caixa de cervejas na picada, ou qualquer outro alimento e que, os mesmos, passadas umas horas desapareciam como por milagre?" (...)
Vasco: Como eu disse, a experiência do nosso "pira de Mansoa" (sic) é limitada aos escassos meses em que ele lá esteve na Guiné, numa altura em que se estava já a fazer a "transferência de soberania" (quartéis e seus equipamentos, etc., quiçá viaturas e armamento).
O Eduardo MR ficou célebre por ter sido ele o último militar português a arrear a bandeira verde-rubra, nu quartel do Oio, em Mansoa, em 9 de Setembro de 1974, ao lado do "camarada do PAIGC" que, a seguir hasteou a sua... Isto, no meio das "altas individualidades", de um lado e do outro... Imagino que também não deve ter sido fácil para ele, EMR, bem como a muitos dos nossos camaradas que lá estavam, gerir as emoções desse(s) dia(s)...
Claro que não era capitulação, claro que não era rendição, claro que não era derrota (militar)... mas a verdade é que eram as NT que se iam embora...
Obrigado pelas tuas sempre oportunas, inteligentes, pertinentes, incómodas, quentes mas sempre elegantes e afáveis questões... É tudo uma questão de estilo, e isso tu tens de sobra... Estavas cá a fazer falta...
Um Alfa Bravo, Luís
Caro camarada
Vasco da Gama
Peço a sua autorização para fazer das suas palavras as minhas palavras.
È duma total compreenção a sua indignação ao desplante do nosso camarada Amílcar Ventura.
Que eu saiba contra aquela guerra eramos todos os obrigados pelo sistema a participar na mesma.
Mas daí a colaborarmos com o IN. vai uma grande distancia.
A nossa maior força e resistencia foi a unidade e a confiança que tinhamos uns nos outros, sabiamos que eramos uma irmandade um por todos todos por um. E foi com esse espírito que quaze todos nós regressámos daquele inferno.
No meu conceito e da maior parte de nós, não havia pactos nem dialogo com o PAIGC. Até porque já tinhamos sofrido mossas, feridos e mortos que mais não fazia senão odiar o IN.
Toda a acção como a efectuada pelo Amilcar Ventura no caso de ser veridica eu só tenho uma palavra.
TRAIÇÃO.
Um abraço
Mário Pinto
Caro Vasco Gama
"Periquito" no blog do nosso Luís Graça nunca tinha lido nada teu. Agora que li já não vou deixar escapar nada que tenha a tua chancela. Subsbrevo tudo o que dizes sobre este "esquisito" tema. Confesso que numa primeira leitura achei os argumentos tão fantasmagóricos e ingénuos que adormeci a sorrir e a pensar na guerra do Solnado. Na manhã do dia seguinte a história do camarada Amilcar Ventura continuava a mexer comigo. Imprimi o texto e reli as razões dos nossos Editores Luis Graça e Eduardo José , a quem cumprimento pela coragem que tiveram em publicar a "confissão" do nosso camarada Ventura. Não sou Juiz nem julgo ninguém mas ao reler aquela história a cheiar a gasóleo pensava em "tropa fandanga"...
Com um comando a sério, exigente...era impensávelter acontecido. É verdade que eu estive na Guine em 1964 -66 e os tempos da "guerra do gasóleo" passam-se muito anos depois.Mas ...é muito complicado para mim perceber.Moro em Alcobaça na Rua Afonso de Albuquerque. Graças ao Vasco da Gama (de Coimbra)vou dormir esta noite melhor. A minha guerra afinal foi outra!
Um abraço,José Eduardo Oliveira (JERO
Vasco,
Tinha saudades!
Fazes falta!
Um abraço do tamanho do nosso Cumbijã, também já me disseram que a sua nascente é mesmo nas bolanhas de Cumbijã.
Mário Fitas
caro Vasco da Gama
assino por baixo e deixo aqui o comentário que coloquei no post "original"
Meus caros camarigos
Dei voltas e mais voltas, li e reli, tentei interpretar de várias maneiras e chego sempre à mesma conclusão:
Isto não tem nada a ver com o arroz e a cerveja da “psicola”, mas sim com fornecer ao inimigo meios para nos combater.
Isto não tem nada a ver com tentar terminar a guerra, mas dar meios ao inimigo para terminar connosco.
Isto não tem nada a ver, com tentar descobrir os passos do inimigo, mas sim fornecer meios para o inimigo se deslocar e deslocar armas para atacar as tropas portuguesas.
Se foi feito ingenuamente?
Acredito que sim.
Mais não digo.
Abraço camarigo para todos
nem sei explicar o que vai dentro de mim há medida que o tempo passa e esta história me martela a cabeça.
Depois de cuidada visita ao dicionário,pergunto-me:-Quantas "tonalidades" se pode dar á palavra.......traidor? Jose Belo.
Caro Camarada José Belo
Aqui só uma tonalidade. A da lei militar.
Que diz: TRAIÇÃO é o crime de deslealdade de um cidadão, em tempo de Guerra, uma pessoa que colabora e coopera com o inimigo é considerada Traidora.
Um abraço
Mário Pinto
Antes de mais um grande abraço ao Vasco.
Regressaste em grande forma não há dúvida nenhuma.
Como muitos milhares de jovens também fui para a Guiné embora contra a guerra e contra o regime.
Contar-se-ão pelos dedos das mãos, os que se pudessem negar-se a ir o não fariam.
Uma vez lá lá cumprimos o melhor possivel, tentando não perder as nossas raizes e forma de estar, que até aí nos nortearam.
O facto das minhas simpatias pela libertação e autonomia dos povos em luta, nunca me toldaram a vista em relacção ao sítio para onde virar a arma.
Ansiava pelo fim da guerra, mas a forma que o camarada Ventura escolheu de ajudar a acabar com ela, não é de forma alguma correcta.
O fim da guerra não estava dependente das relações mais ao menos duvidosas com um ou outro militar do PAIGC, mas sim no derrube da ditadura que em nome de uma soberania que só existiu no papel, nos enviou para lá.
Outras formas de luta contra o regime no no teatro de operações, só punha a risco a vida dos camaradas.
Um abraço
Juvenal Amado
Vasco da Gama
Até que enfim ... reapareceste !
Fico contente com o teu regresso às escritas neste "lugar" que se pretende de união plural aglutinador e despoletador de estórias vividas naquela Guiné que nos marcou profundamente na nossa juventude,levando-nos ainda hoje,com as nossas brancas,a "esgrimir" os nossos pontos de vista ,mais ou menos acaloradamente, o que é saudável e demonstrativo de que ainda não estamos "trôpegos" da cabeça!!
Esse "esgrimir" é bom,muito bom,faz-nos muitas vezes perspectivar de modo diverso,ginastica-nos a mente e tambem nos ajuda a sentir vivos e com voz!!
Tu,caro Vasco,e muitos outros sábem-no fazer,como demonstra este teu Poste e por isso
Os meus parabens
Luis Faria
Camaradas,
O assunto em apreço exorbita paixões. Por isso peço-vos alguma frieza na apreciação dos textos.
Da comunicação do Amilcar, até aos comentários do Mário Pinto, parece que estamos entre radicais.
O Amilcar deixa entender que (ele ou a família)teria sofrido alguma penalização por parte do regime.
O Mário perece que tinha acabado de cantar o hino da Mocidade e embarcou para a Guiné impulsionado pela velha máxima "tudo o que mexe é para abater".
Aqui procuro identificar duas percepções distintas na vivência da guerra.
Um sentir-se-ia instrumentalizado e a correr riscos. O outro transmite a ideia do combatente inveterado. um identifica comportamentos reprováveis no seio da NT, como era costume entre os "gestores" das companhias. Outro age pelo induzido do regime.
Pode não ser assim. Mas nem tudo o que parece, é.
Nem o Amilcar deve ser sumariamente julgado de traidor, nem eu quero que imaginem o Mário como um assassino louco.
O que nos falta, muitas vezes, é a calma necessária, para identificarmos as razões que nos levam a procedimentos diferentes a partir de situações idênticas.
Por isso aguardo, como dizia o outro, por melhores dias.
Para o Amilcar, para o Mário, para o Vasco, e para a Tabanca, vai umabraço fraterno
José Dinis
Caro camarada J.Dinis
Não posso deixar passar em branco a teu conceito a meu respeito.
Nunca fui assassino nem membro da Mocidade Portuguesa.
Mas sofri na guerra o sufeciente para não aceitar Traidores que venham expor a sua arrogancia de feitos gloriosos em prol dum opositor que acho que todos combatemos.
Disse e repito no meu tempo á 40 anos não tinha remorços de abater um Traidor que cooperace com o IN.
Um abraço
Mário Pinto
Vasco
Já estava a ficar preocupado, até que enfim apareces! E espero que de boa saúde.
Se me permites, faço minhas as tuas palavras. Sem querer ser injusto para ninguém, para todos nós militares das forças armadas, críticos do regime ou não, o IN tinha que estar fora das Forças Armadas e não dentro delas. Nas nossas guerras, para os lados de Mampatá, Colibuia, Cumbijã ou Nhacobá, tais comportamentos eram impensáveis. Como é que uma viatura se desloca fora do arame durante cinco quilómetros e sem escolta? Pensei que na Guiné não havia lugares assim!
Um abraço
C. Farinha
Caros camaradas
Durante 3 dias estive a arrumar o nosso Blogue que bem precisava. Não li postes, não abri a correspondência e hoje tinha quase 40 mensagens para ler.
Entre elas muitas intervenções sobre a triste confissão do Amílcar, confissão esta que eu já conhecia antes da publicação.
Não queria fazer comentários, mas acho que a história não é verdadeira, não aceito que o seja. É impossível que um ex-combatente por muito evoluído politicamente, por muito de esquerda que fosse, não pensasse que estava, com a sua
acção a pôr em perigo a vida de outros camaradas. Se com aquilo ele afugentava a guerra do seu lado, empurrava para outro. Alguém tinha que levar com as ameixas, com os fornilhos regados com o gasóleo fornecido graciosamente, furtado à Fazenda Nacional, em detrimento, quem sabe, de muitas colunas que não se fizeram e se deviam ter feito, para haver tanta sobra de combustível destinada ao IN.
Acho que o Amílcar nos quis brindar com uma história de mau gosto.
Se assim não foi... não tenho palavras para classificar tal acção.
Se eu tivesse agido como ele diz que agiu, teria vergonha de o confessar perante os meus camaradas, os meus filhos (se os tivesse), os meus pais que tanto choraram por mim, e muito mais perante a minha própria consciência.
Parafraseando o camarada Vasco da Gama, a minha guerra foi outra.
Camarada, nem de todos.
Vinhal
Obrigado Carlos,
Eu sabia, que seria assim!
Ao vasco já felecitei pelo seu regresso.
Aos outros co-editores, também agradeço a postura porque tem de ser essa mesmo.
Mas esta desgraçada estória talvez venha unir mais a Tabanca.
Luís desculpa, mas deixa sair de quando em vez a G3. Dá mais força ao Blog.
No 25 de Abril as G3 tinham cravos!
É uma reacção lógica e racional a este disparate do AV.
Para toda a Tabanca o abraço do tamanho do Cumbijã!
Mário Fitas
Caro Vasco
Ergueste a tua voz, respondendo, com certeza, pela maioria dos combatentes que deixaram nas terras da Guiné o seu suor, o seu sangue e infelizmente muitos deles a própria vida.
Na altura que o Ventura refere encontrava-me com o meu Gr. de Combate (2º GC da CCAÇ 3491) e um outro de uma CCAÇ madeirense de reforço ao Batalhão de Pirada e Copa já era uma grande preocupação pelo ataque que sofrera, a falta de munições que tinham e a necessidade de reforço com tropas frescas.
Sendo Bajocunda uma das companhias desse batalhão e com a guerra tão "assanhada" no local, parece-me pouco provável que a situação descrita por ele tenha acontecido. Quem beneficiou com o gasóleo? A ser verdade, o IN, que, segundo camaradas de Copá, ouviam as viaturas do PAIGC a passar para trazer material para nos atacar.
A ter acontecido, foi um acto ou actos que não dignificam quem os praticou.
Felizmente, a maioria, como tu dizes esteve lá para não ter com o inimigo estas tais "amizades".
Um abraço do tamanho do Rio Corubalo.
Luís Dias
CARO VASCO,
FELIZMENTE,CÁ ESTÁS DE NOVO,E COM A QUALIDADE DE SEMPRE.
RELATIVAMENTE AO TEXTO DO VENTURA,CHEGO A PENSAR SE QUEM TEM RAZÃO NÃO É O VINHAL...
MAS A ACREDITAR COMO VERÍDICA A HISTÓRIA QUE O AMÍLCAR DESCREVEU, QUE SE ENQUADRA NUMA QUE OUVI CONTAR QUE TERIA SIDO PROTAGONIZADA POR UM COMANDANTE DE BATALHÃO DOS ANOS 70/72 E QUE TERIA APANHADO UMA PORRADA GRANDE DO HOMEM DO MONÓCULO,JÁ QUE MANDAVA COLOCAR SACOS DE ARROZ E CAMUFLADOS(NÃO SERIA A CHAMADA "PSÍCOLA" MAS SIM O CORROMPER DO ANTAGONISTA PARA NÃO VER O SEU QUARTEL DE CCS ATACADO...)NÃO DEIXA DE SE ENQUADRAR NUM ACTO MISERÁVEL SÓ COMPARÁVEL AO DO POETA ALEGRE, QUE VERIA SER-LHE CONFERIDO O ESTATUTO DE AUTÊNTICO HERÓI PASSADO PELO REGIME PORTUGUÊS INSTALADO EM 74.
ASSIM SENDO,SUGIRO A IMEDIATA PROMOÇÃO A GENERAL DO AMÍLCAR VENTURA(ÓBVIAMENTE COM DIREITO AOS RECTROACTIVOS E ÀS BENESSES QUE TAL POSTO NECESSARIAMENTE APORTA ...)E PORQUE NÃO UM LUGARZINHO NUMA SECRETARIA DE ESTADO OU MESMO MINISTÉRIO(TALVEZ O DOS ASSUNTOS SOCIAIS...) QUE CERTAMENTE SABERIA OCUPAR COM A QUALIDADE FUNCIONAL REQUERIDA,TENDO
EM CONTA O "TRABALHO DE DISTRIBUIÇÃO" FEITO EM ÁFRICA...
Com o devido respeito pelo post do AV acho que acima de tudo é uma grande aldrabice. Eu não conheci o aquartelamento, destacamento ou lá o que era Bajocunda. Mas não acredito que uma viatura saísse de uma unidade sem ser notada. Já nao falo em autorização, visto que saía na "clandestinidade". Mas então os militares que deveriam estar por perto e saberiam do roubo? Ou também alinhavam ? Parece que ninguem dava fé. 200 litros de gasóleo, partindo do princípio da correspondencia L/KG, seriam 200 kg. Quantos homens seriam precisos para colocar em cima da viatura tal peso? Será que havia lá guindastes ? E depois a descarga lá na picada ? Quem ajudava ? Havia IN à espera ? atirava-se de cima da viatura o bidão e para ali ficava ? (e nem arrebentava nem nada ? ) Sendo assim, para que ir tão longe ? Ora todos sabemos que 5 km de picada era coisa para pelo menos 0,5 hora. A pé seriam umas 2. Logo ninguem do aquartelamento iria passear para tão longe.A não ser que aquilo fosse um resort... o que parece não ter sido, segundo desenrolares posteriores duma outra estória.
Que foi a estória do ataque ao arame. A unidade era assim tão grande que era preciso percorrer os postos de viatura ? E no meio da volta até deu para ver o IN a apontar a basooka e já com dedo e tudo no gatilho ? Mas o ataque chegou tão rápido que nem deu para avisar a malta toda ? E estando o IN a apontar tão visivelmente a arma, nenhum defensor de dos postos ou abrigos, já para não dizer de outro local, não o viu? Porque logicamente se o vissem teriam feito fogo sobre ele. Mas o AV foi salvo in-extremis por outro IN, que por sinal até era camarada.
Deu para tudo esta novela. Nem o Niclau Breiner teria conseguido melhor enredo.
Por isso estranho que tenham dado tanto crédito, feito insinuações e até condenações a um pobre diabo que contou as suas aventuras passadas na Selva de Monchique ou do Caldeirão.
Para salvar a "honra" gostava que o Amilcar Ventura - será que este heroi também existe ? - explicasse ao pessoal tim-tim por tim-tim como decorriam as suas operações a que chamarei "Por um Barril de Gasóleo". Se ele ainda se lembrar de mais pormenores e não se importar.
Bom regresso Vasco.Esperamos coisas a "sério" tuas. E podes vir apoiar o teu Benfica, mas traz o camuflado, sim ? Eu nao me responsabilizo se vieres de peito feito.
Um abraço para a Tabanca
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