segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7740: Blogpoesia (110): No dia em que fiz 65 anos (José Teixeira)

1. Mensagem de José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 6 de Fevereiro de 2011:

Ao ler tantas mensagens de carinho, deixei falar o coração.
Tenho de ter algum cuidado por como está perto da boca, por vezes atraiçoa.
Desta vez passei ao papel o que o coração me queria dizer.

Aqui vai como profundo agradecimento a todos quantos se lembraram de mim neste dia, muito em especial ao Miguel Pessoa e ao Peixoto.

José Teixeira


O Tempo que passou pela minha vida

O tempo devora-nos em cada dia que passa.
Vai comendo pouco a pouca a vida.
Quantas vezes tão suavemente, qual traça,
Que a madeira corrói.
Tão suavemente,
Que quase não se sente…
Não dói.
Sente-se sim.
Quando paramos e para trás olhamos.
Há tempos em que a ânsia de viver nos inebria.
Cega nossos olhos,
Abafa a ação do tempo, do dia-a-dia.
Há momentos no tempo que me apetece gritar.
Oh tempo pára. És tão belo!
Esse é o tempo o sonho e da criação,
Do amor e da beleza. DoaçãoTempo da liberdade.
Tempo.
Fugaz momento que nos transporta à eternidade,
Alegremente.
É, nesse instante do tempo, que o tempo ganha sentido
E merece ser vivido. Plenamente.
Até a angústia da morte, que com o tempo caminha.
Se ajoelha perante a vida,
Lhe canta um hino, uma ladainha..
Outros tempos há,
Em que o tempo atua com tal dureza.
Rapa, da vida toda a beleza.
Tempo do futuro, que vai passando.
Tempo que me consome, caminhando.
Tempo dum presente que não existe.
Já passou.
Tempo de um passado que me vai matando
Tempo do tempo que meus sonhos levou,
E me deixou penando.
Tantos anos que o tempo me açambarcou…
Quero conjugar o tempo.
No passado,
No presente e no futuro.
No passado, que deixa saudades.
Passado sem saudosismo.
“Antigamente é que era bom”
Um passado que se ausentou,
Mas… lições de vida me deixou.
Passado, onde assenta o tempo construtor,
De um futuro promissor.
Com o que ficou,
Quero construir o presente.
Presente a que se segue sempre,
Outro presente.
Quero vivê-lo intensamente.
Fazer com ele um pacto de amor,
Combater a sua ânsia de me devorar,
Que provoca sofrimento, dor.
Presente que já passou.
Presente que um pouco da vida me levou.
Quero no presente aprender com o passado.
Projetar o meu futuro,
Com a vida que sobrou.
Esperemos, não seja tão duro,
Como o tentam espelhar,
Quero acreditar que é só para assustar.
Tempo que se espalha no horizonte,
Como a água fresca e pura que brota da fonte.
Se “perde” na seca e árida terra,
Transformando-a em vida.
Ato de Amor.
Beleza.
Aprazível lugar.
Espelho.
Que o futuro projeta sem temor.
Ah quanto eu quero parar no tempo!
Absorver do tempo o seu eterno sabor…

No dia em que fiz 65 anos.
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7730: Parabéns a você (214): José Teixeira, ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381 (Tertúlia e Editores)

Vd. último poste da série de 17 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7627: Blogpoesia (109): Saudades daquele tempo, ou Quisera eu... (10) (Manuel Maia)

2 comentários:

Jorge Narciso disse...

Caro Jose

Só demonstra esta bela ansia de vida quem com ela está de bem e reciprocamente recebe muitos, sinceros e merecidos afectos.
Bem hajas
Abração
Jorge narciso

manuelmaia disse...

Caro Zé Teixeira,

O tempo,que retrataste tão bem, é essa,coisa estranha que nos envolve e absorve mas que quando olhamos para trás,nos faz reviver a recordar episódios bons e maus e nos diz que afinal ainda estamos vivos,"faz tempo"...
Parabéns e obrigado pelo escrito,caro poeta escondido.

manuelmaia