quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10674: (In)citações (44): Imagens da minha terra, tão bela e tão sofrida (Cherno Baldé)


Foto nº 1 > Cabaz ou cabaca, da familia das cucurbitáceas 



Foto nº 2 > Uma bolanha, _Bijogro, arredores de Bissau_Setembro de 2012.


Foto nº 3 > Por-de-sol, Bijogro, Setembro de  2012


Foto nº 4 > Dança Felupe, Bissau, Agosto 2012


Fotos (e legendas) : © Cherno Baldé  (2012). Todos os direitos reservados


1. Mensagem, de 5 de outubro último, do nosso querido amigo guineense Cherno Abdulai Baldé,

 Caro amigo Luis,

Junto envio algumas imagens que, não estando directamente ligadas ao tema do Molléh (recentemente enviado), poderão servir, eventualmente, como elementos decorativos para acompanhar a sua publicação (*).

Um abraço amigo,

Cherno 

2. Comentário de L.G.:


Obrigado, Cherno. Não temos tido notícias tuas. As que nos chegam, da tua terra, não são de molde a tranquilizar os nossos espíritos. Pelo contrário, são fonte de angústia. A situação político-militar, criada pelo golpe de Estado de 12/13 de abril último, tem levado a um clima de violação dos direitos & liberdades dos cidadãos, de perseguições, de arbitrariedades, de represálias, de violência paramilitar e parapolicial, etc., com o o todo o seu cortejo de vítimas indefesas e inocentes. Tememos pelo povo da Guiné, receamos pela segurança e pelo bem-estar dos nossos amigos que lá vivem.

Ainda recentemente, os nossos amigos da AD - Acção para o Desenvolvimento denunciaram, na sua página na Internet,  o espancamentp selvático de que foi vítima o guinense Iancuba:
"23 de outubro de 2012 > Iancuba amigo, todos nós da Ad estamos contigo

" O que te fizeram releva da barbárie. Foste espancado pelos mais medíocres guineenses da nossa terra. Sim, porque eles se afirmam como tal, mas são de uma Guiné-Bissau que não é a tua, não é a nossa, não é a daqueles que, de facto, lutaram pela libertação do nosso país".


 Aqui vai o resto da declaração de solidariedade publicada, corajosamente,  no sítio da AD:


"Para eles, o obscurantismo, a ignorância, a maldade, a violência gratuita, n fazem parte do seu dia-a-dia. É a sua própria essência. Não conseguem  viver sem eles. Tu, que aderiste cedo à Luta, que foste estudar para melhorar a nossa  terra, que com alguns de nós estiveste na Juventude do Partido, que  fundaste a [ONG]  HAIFA-PALOP, que nunca dobraste a coluna aos poderes  retrógrados, que sempre foste um exemplo de coragem e frontalidade, conta com a nossa solidariedade, nós da AD que procuramos, como tu, um futuro com que sonhámos há longos anos e que nada, mas NADA mesmo,  nos fará desistir ou baixar os braços.

"A Guiné-Bissau vive hoje um dos momentos mais negros da sua curta  História.  Todos os guineenses precisam de ti. Mantém a coragem que sempre  tiveste. Recupera depressa e regressa breve. Quando voltares, estaremos aqui à tua espera para continuar a LUTA".
Cherno, que estas tuas imagens sejam também vistas como uma incitação à paz, à liberdade, à justiça e à confiança no futuro da tua terra, que é também um pouco nosso, pela história, a língua, as memórias e os afectos que nos unem. Que Deus, Alá e os bons irãs vos protejam!

PS - O título do poste é da nossa responsabilidade.

7 comentários:

António Bernardo disse...

Subscrevo o comentário.

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

Vivemos tempos dificeis, tao dificeis que fazem pensar na descricao biblica dos tempos derradeiros quando o irmao se vira contra o irmao e o filho contra o pai.

Tenho estado a tentar levar a minha vida normal, apesar dos sobressaltos a volta com o seu rasto de medo e d'angustia.

Tenho acompanhado diariamente o nosso blogue inserindo de quando em vez um pequeno comentario a fim de marcar presenca.

Mas a minha atencao estava concentrada na leitura do livro com que (voces) nos premiaram, do Idalio Reis, um testemunho pungente e de altos brados que nos incomoda pela sua franqueza, lealdade e sofrimento.

Também, no ar, sopra um ar insano e maquiavelico que nos quer empurrar para a arena do odio e da incompreensao, de Guineenses contra Guineenses ou Guineenses contra portugueses, caboverdianos, etc.

Mas, quem acredita em Deus também pode e deve acreditar em milagres e pode ser que, depois da tempestade venha a bonanca pois a esperanca é sempre a ultima a morrer. Eu acredito.

Também estou solidario com a sociedade civil e com a plataforma das ONG's da Guiné-Bissau, embora pense que deviam assumir uma postura mais neutral e apolitica.

Um grande abraco,

Cherno Baldé

JD disse...

Caro Cherno,
Fico feliz por dares notícias. De facto, não conseguimos imaginar o terror com que a mediocridade e a violência exercem o poder absurdo.
Faço votos pela sorte dos guineenses, pela lucidez, e pelo desenvolvimento do melhor espírito colectivo.
Um abraço
JD

Anónimo disse...

Boa tarde amigo JD,

Obrigado pelo abraço de solidariedade, neste momento de angustia, de facto, a Guiné precisa de sorte e de muita lucidez.

Há dias descobri no mercado central de Bissau um jovem de nome Muntaga Baldé, filho de um antigo comandante de milicias e ex-Régulo, na área de Bajocunda e dei comigo a pensar se não seria o teu Muntaga. Confirme.

Quanto a situação do país, nós já não temos muitas ilusões, mas quem viveu e sobreviveu a guerra colonial e mais tarde a guerra de Bissau, sofre pensando na sorte reservada aos mais novos mas não há nada de novo.

Aquele abraço,

Cherno Baldé

Henrique Cerqueira disse...

Amigo Cherno Baldé
Gostaria de te dar esperanças a ti e a todos os guineences quanto ao futuro do teu País no qual uma época eu fui obrigado a combater.Tive e deixei bons amigos Guineences em especial um que me ficou gravado no coração . O seu nome é Inhatna Biofa e era natural da zona de Bissorã.Era um orfão e vivia no seio dos militares,enquanto lá estive entre 1972/1974 este jovem conviveu intimamente comigo e mais tarde com o meu filho e mulher.Tenho ainda gravado na memória os seus olhos grandes cheios de tristeza,quando saí de Bissorã para regreçar a Portugal.E ainda a sua cara de espanto quando ele acompanhava a viatura em que eu partia e num ápice eu retirei o meu relógio do pulso e lho entreguei.Fico ainda hoje feliz ao lembrar esse seu espanto,pois que eu sabia que ele admirava o meu relógio.
Peço a Deus por ele e por todos os guineences,pois que já vai sendo tempo de serem verdadeiramente felizes.
Um grande abraço Cherno Baldé extencivo a todo o teu POVO.
Henrique Cerqueira e NI

Anónimo disse...

Caro Cherno,
Nunca nada será sempre igual quando se acredita que os melhores dias estão para a nossa frente. Luta e não deixes morrer a esperança dentro de ti.
Abraço,
José Câmara

Anónimo disse...

Caro Cherno:
Que dizer? Ninguém pode dizer mais do que o que sabes.Dizer menos é inútil. Ficar calado?
Não estamos calados...na verdade, o nosso silêncio é sonoro, é mesmo grito, do fundo do coração.Até quando os inocentes suportarão o poder do gatilho? Até quando a brutalidade acéfala desafiará um povo inteiro?

Um abração
Carvalho de Mampatá