quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Guiné 63/74 - P12057: "Memórias da Guiné", por Fernando Valente (Magro) (9): Os reordenamentos populacionais

1. Continuação das "Memórias da Guiné" do nosso camarada Fernando Valente (Magro) (ex-Cap Mil Art.ª do BENG 447, Bissau, 1970/72), que foram publicadas em livro de sua autoria com o mesmo título, Edições Polvo, 2005:


MEMÓRIAS DA GUINÉ

Fernando de Pinho Valente (Magro)
ex-Cap. Mil de Artilharia 

9 - Os Reordenamentos Populacionais

Fui colocado nos Serviços de Reordenamentos Populacionais.
Inicialmente, e durante cerca de dois meses, trabalhei no Planeamento, no Comando-Chefe, na Amura. E depois chefiei os Serviços no Batalhão de Engenharia 447, em Brá.

Tratava-se de um serviço dirigido por militares destinado essencialmente às populações civis. Tinha em vista proceder ao agrupamento de diversas pequenas "tabancas" com o fim de constituir médios aldeamentos onde fosse rentável dotá-los com algumas infra-estruturas, tais como: escolas, postos sanitários, fontanários, tanques de lavar, cercados para gado, mesquitas ou capelas.

Além disso tinha-se também em vista, com a execução do Reordenamento, a defesa e controlo da população.
 
Na Amura estava à frente dos Serviços o Major Matos Guerra, indivíduo muito instável e nervoso. Foi substituído, passados alguns meses, pelo Major Carlos Azeredo que mais tarde foi chefe da Casa Militar do Presidente Mário Soares, comandante da Região Militar Norte, Governador da Madeira...

No Comando-Chefe eram decididos os trabalhos a realizar e de lá chegavam ao Batalhão de Engenharia ordens da natureza desta que a seguir transcrevo:

"From: Comchefe POP
To: Batengenharia

Mande comprar materiais para construir um Pool de: 1.550 casas zn; 50 T2; 40 escolas; 10.000 m de arame farpado. Deve indicar urgentemente a este necessidade aquisição ferramentas."


No Batalhão de Engenharia 447 foi organizado um mapa de medições para os vários tipos de construção e de acordo com essas medições assim eram quantificados os volumes de materiais a adquirir bem como colecções de ferramentas necessárias para a execução dos trabalhos.

Para, por exemplo, 60 casas T2, havia necessidade de adquirir:

  • 11.700 ripas; 
  • 780 kg de pregos n.º 15; 
  • 600 kg de pregos n.º 7; 
  • 480 kg de pregos zincados; 
  • 420 anilhas de chumbo 6/8"
  • e 8.520 chapas de zinco.

As paredes das construções eram em adobe, que os beneficiários eram incumbidos de executar, o que faziam bem, amassando terra argilosa com palha e secando os adobes ao sol.

A armação das coberturas das construções era em rachas de cibe (árvore da família das palmeiras). Um tronco dessa árvore aberto em duas partes e cada uma dessas metades aberta de novo ao meio dava origem a quatro rachas de cibe.

Os cibes eram adquiridos pelo Batalhão de Engenharia. Tinham de respeitar normas específicas: terem determinados metros de comprimento, serem secos, possuírem uma certa secção e não fazerem qualquer curvatura, de modo que, quando aplicados, não apresentassem flecha.

As unidades militares em cuja área se executavam reordenamentos tinham interesse em adjudicar o fornecimento das rachas de cibe aos indí­genas da região. Dessa maneira, estando ocupados, deixavam de fazer a guerrilha, além de materialmente poderem beneficiar de modo a satisfazerem algumas das suas aspirações.

As obras eram geridas e supervisionadas pelo pessoal da Unidade Militar da área.
Geralmente era nomeado um alferes, um furriel e dois cabos (um carpiteiro e o outro pedreiro nas suas vidas civis) para fazerem um estágio de alguns dias no Batalhão de Engenharia da Guiné onde praticavam na construção de algumas casas.

Havia pelo menos uma casa no início de construção, na fase das fundações; outra com as paredes exteriores em execução; outra ainda com as paredes interiores e a armação do telhado a serem realizadas e finalmente uma outra em fase de acabamento. Essa equipa, depois de ficar devidamente elucidada sobre o modo de construção das casas, regressava às suas unidades e ficava responsável pela execução dos trabalhos na sua área.

Como já referi, os materiais eram fornecidos pelo Batalhão de Engenharia à exepção dos adobes que eram executados pelos nativos. Quanto às rachas de cibe, ou eram obtidas na própria área das construções ou fornecidas pelo Batalhão de Engenharia.


Construção de uma casa no reordenamento de Bissássema. Na foto: 1.º Cabo José Leonardo e os Soldados João Ventura e Idalmiro Melo da CCAÇ 3327

Foto: © José Leonardo, cedida por José da Câmara

No Comando-Chefe era elaborado um plano de urbanização (se assim se podia chamar) com a planta dos arruamentos e a disposição das casas e a localização das várias infra-estruturas.

O local dos reordenamentos também era escolhido pelo pessoal do Comando-Chefe e naturalmente tinha em linha de conta a possibilidade de as terras próximas serem agricultáveis e a defesa das populações poder ser viabilizada.
 
No decurso das obras sempre que havia qualquer problema de ordem técnica o Batalhão de Engenharia dava o respectivo apoio.
 
Fiz, por isso, algumas viagens para o interior da Guiné em helicóptero ou de avião (Dornier) a que chamávamos DO's.
 
Fiquei, então, com uma visão geral da Guiné.

Desloquei-me para o sul. Estive em Cufar, Catió e Cacine. No norte estive em Binta e Farim. Para leste fui a Bafatá, Bambadinca, Nhabijões, Nova Lamego e Buruntuma.
 
Nas férias da Páscoa de 1971 passei alguns dias na Ilha de Bubaque, no Arquipélago de Bijagós.
Mais perto de Bissau desloquei-me de automóvel diversas vezes a Nhacra, Safim, João Landim e ao Cumeré.

Na minha actividade, integrado no Batalhão de Engenharia, estive sempre atento para que nunca faltasse material nem ferramentas nos locais dos reordenamentos, pois o General Spí­nola fazia muitas viagens para o interior de helicóptero e sempre que via do ar um reordenamento em execução ordenava que o piloto aterrasse para poder visitar as obras.
 
O meu receio era que alguém, alguma vez, se queixasse da demora do envio de materiais por parte do Batalhão de Engenharia para justificar um possível atraso na execução dos trabalhos. Isso, porém, que eu saiba, nunca aconteceu.
 
Por outro lado era absolutamente necessário que na proximidade da época das chuvas as casas estivessem com a cobertura executada, cobertura essa que se prolongava para além das paredes exteriores mais de um metro, formando um terraço coberto à volta das casas, pois se assim não fosse as paredes de abobe, sem qualquer protecção, eram destruí­das pelas chuvas.

Desta minha actividade houve um facto que me poderia ter trazido graves consequências se não tivesse procedido com firmeza imediatamente após ter dele conhecimento.
 
Um coronel foi um dia oferecer-se ao meu Comandante (Tenente-Coronel Lopes da Conceição, já falecido com o posto de General) para promover o corte de rachas de cibe na área do seu Batalhão e posterior fornecimento à Engenharia das mesmas.
 
O meu Comandante chamou-me ao seu gabinete. Apresentou-me o Coronel e disse-me o que ele pretendia.
 
A ideia do Coronel era pôr os nativos da região da sua Unidade militar a trabalhar na floresta, dando-lhes oportunidade de auferirem algum rendimento.

Uma vez que se tratava de um material imprescindí­vel para as obras que tinha em curso, e embora na área do Batalhão que o Coronel Comandava não houvesse qualquer reordenamento, aceitei imediatamente a proposta e indiquei as condições em que se teria de fazer o fornecimento: o custo e as normas específicas que as rachas de cibe tinham de respeitar.
 
Dei-lhe mesmo um pequeno caderno de encargos-tipo que teria de ser seguido.

Passados uns tempos o Primeiro Sargento que comigo colaborava apresentou-se no meu gabinete e, depois da continência militar, bradou:
 
- O meu Capitão já viu os cibes que estão a ser depositados à volta do campo de futebol?
 
- Não.
 
- Se o meu Capitão tivesse alguns minutos disponí­veis propunha-lhe que os visse.

Levantei-me e fui com o Primeiro Sargento até ao local onde estavam depositados os cibes. Tinham vindo da área do Batalhão do tal Coronel.
 
As rachas de cibe eram verdes, arqueadas e com secção inferior à das normas.

Fiquei furioso.
 
Encaminhei-me imediatamente para a Central Rádio e lá redigi uma mensagem que mandei emitir, que dizia mais ou menos isto:

"As rachas de cibe recebidas no Batalhão de Engenharia não respeitam as normas específicas de que lhe foi dado conhecimento. Não serão aceites nem pagas por este Batalhão pelo que deverá mandar retirá-las do local onde foram depositadas."

Esta guerra das rachas de cibe para mim tinha acabado, julgava eu. Mas não.

Volvidos alguns dias sobre este acontecimento, o meu Comandante mandou-me chamar ao seu gabinete. Muito sisudo disse-me que o Coronel (não pretendo mencionar o seu nome) se tinha queixado de mim ao General Spí­nola por causa de uma mensagem rádio que eu lhe tinha enviado.
 
Contei-lhe a história e convidei o Comandante a deslocar-se ao campo de futebol onde ainda estavam depositadas as rachas de cibe. Pegou no pinguelim, pôs a sua boina e para lá nos dirigimos.
 
Depois de ter constatado no local em que condições foram fornecidas as rachas de cibe, disse-me:
- Tem toda a razão. Não se preocupe mais com isso. Eu tratarei do assunto com o nosso General.

Na mensagem que enviou poderia ter sido menos duro, mas não tenho dúvidas que fez o que devia.
Soube mais tarde que o General Spí­nola apreciou a minha atitude e, evidentemente, não concordou com a maneira de agir do Coronel nessa sua iniciativa.

Em Julho de 1971 deslocou-se à Guiné uma delegação da ONU.
 
Como dessa visita constava a sua passagem pelo Batalhão de Engenharia 447, os Serviços de Reordenamentos Populacionais tiveram de redigir um pequeno memorando, a fim de elucidar os elementos dessa delegação sobre as suas actividades, memorando que transcrevo adiante:


Serviço de Reordenamentos Populacionais 
Actividades
Apoio técnico e de materiais às obras de reordenamentos.

Cada reordenamento é constituído por um número determinado de casas de adobe destinadas à população; uma ou duas casas de adobe também, mas com melhor acabamento destinadas aos chefes; uma ou duas escolas em blocos de cimento; um posto sanitário em blocos de cimento; um ou dois cercados para gado; fontanários; bebedouros e lavadouros.

Prevê-se futuramente uma construção destinada ao culto religioso.

O Serviço de Reordenamentos do Batalhão de Engenharia elaborou as Instruções de Reordenamentos, onde constam normas e pormenores das construções, desenhos, sequência de trabalhos, medições, orçamento e quadro resumo dos materiais necessários.

Tem o Serviço de Reordenamentos do Batalhão de Engenharia habilitado inúmeros oficiais, sargentos e cabos com o estágio de reordenamentos. Esses elementos, formando equipas constituídas por um oficial (alferes), um encarregado de obras (furriel) um pedreiro (cabo) e um carpinteiro (cabo) executaram no interior da província com a colaboração das populações, cerca de 8.000 casas cobertas a colmo e 3.880 cobertas a zinco nos últimos anos.

O Serviço de Reordenamentos do Batalhão de Engenharia 447 tem apoiado essas construções com material e, quando solicitado, tem prestado assistência ténica localmente.

A esse volume de trabalho correspondem as seguintes quantidades de materiais:

  • Rachas de cibe - 542.000
  • Chapas de zinco - 550.960
  • Ripas - 756.600 metros
  • Pregos - 120.280 kg
  • Anilhas de chumbo - 27.160 kg
  • Cimento - 19.400 sacos
____________

Nota do editor

Último poste da série de 11 DE SETEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12028: "Memórias da Guiné", por Fernando Valente (Magro) (8): O Clube de Oficiais

7 comentários:

Luís Graça disse...

Meu caro Fernando:

Devo dizer-te que li de um fôlego o teu poste sobre os reordenamentos. Vistas as coisas do lado de Bissau, da Amura e do BENG 447, temos uma perspetiva, vistas do "mato", temos outra... Não escamoteias o fato de os reordenamentos visarem dois objetivos: um estratégico, e mais imediatamente militar, o controlo da população, a segurança; e outro político, centrado na promoção socioeconómicas das populações ...

Na vida (com exceção do sorriso das crianças), na política e na guerra não há nada "inocente"... Gostaria de poder ter acesso a mais informação tua sobre os reordenamentos. Já vi que és uma autoridade nesta matéria. Sobre ela podes falar de cátedda, com autoridade técnica e moral. Tiro-te, de resto, o chapéu pela tua atitude de coragem fazendo frente a um oficial superior que, como noutros lados, quereria muito provavelmente tirar proveitos pessoais da atividade (económica) gerada pelos reordenamentos...

Acompanhei, desde o início (novembro de 1969) e até ao fim da minha comissão (março de 1971) o gigantesco reordenamento de Nhabijoes... Inclusive, em 13/1/1971, apanhei lá com uma mina anticarro. Ou melhor duas, com graves conseguências para o nosso pessoal (CCAÇ 12 e CCS/BART 2917)...

Se puderes e quiseres, conta-nos algo mais sobre o teu papel à frente do serviço de reordenamentos,,, Estou deveras interessado. Fizemos a guerra e a paz. A mobilização de recursos e de esforços feita pelas NT merece o nosso respeito e admiração. Muitos camaradas nossos deram o seu melhor nesta missão, que fazia parte do projeto spinolista de construir um "Guiné Melhor"... Pena ter sido tão tarde, na minha opinião... De qualquer modo, era bom ouvir o teu balanço, como engenheiro, como militar e como português. Não tenho a tua visão de conjunto, vi a árvore (Nhabijões, Bambadinca...) mas não a floresta (a Guiné)...

Um Alfa Bravo. Luís Graça

Luís Graça disse...

Sobre o reordenamento de Nhabijões (,. setor L1, Bambadinca), iniciado em novembro de 1969, já aqui escrevemos bastante... Recordo algunbs factos:

(i) O aglomerado populacional de Nhabijões era considerado um centro de reabastecimento do IN ou pelo menos da população sob seu controle;

(ii) As afinidades de etnia e parentesco, além da dispersão das tabancas, situadas junto à bolanha que confina com a margem sul do Rio Geba, tornava-se impraticável o controle populacional por parte das NT;

(iii) Era imperativo o reagrupamento e reordenamento dos 5 núcleos populacionais, dos quais 4 balantas (Cau, Bulobate, Dedinca e Imbumbe) e 1 mandinga;

(iv) Não menos importante, pretendia-se criar "polos de atracção" com vista a quebrar a muralha de hostilidade passiva para com as NT, por parte da população que colaborava com o IN (balantasm, beafadas, mandingas...);

(iv) A CCAÇ 12 participou diretamente neste projecto de recuperação psicológica e promoção social da população dos Nhabijões, fornecendo uma equipa de reordenamentos e autodefesa;

(v) Era equipa era constituída pelo Alf Mil At Inf António Manuel Carlão, Fur Mil At Inf Joaquim Augusto Matos Fernande, 1º Cabo At Inf Virgilio S. A. Encarnação e Sold Arv Alfa Baldé, que foram tirar o respectivo estágio a Bissau, de 6 a 12 de Outubro de 1969) e ainda 2 carpinteiros (1º Cabo At Sousa [?] e 1º Cabo Aux Enf Carlos Alberto Rentes dos Santos);

(vi) A CCAÇ 12 também guarneceu, muitas vezes, o destacamento militar criado para garantir a segurança dos trabalhos...

Fonte: 22 DE JANEIRO DE 2011
Guiné 63/74 - P7655: A minha CCAÇ 12 (11): Início do reordenamento de Nhabijões, em Novembro de 1969 (Luís Graça)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2011/01/guine-6374-p7655-minha-ccac-12-11.html

Luís Graça disse...

Há uma brochura relevante, "Os reordenamentos no desenvolvimento sócio-económico das populações. Província da Guiné", Bissau: Comando-Chefe das Forças Armadas da Guine. Quartel General. Repartição AC/AP. s/d... Já aqui foi reproduzida, no todo em parte, embora a qualidade da fotocópia fosse má... O Fernando deve conhecer e ter um exemplar em melhores condições.


vd.

12 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2100: A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (1) (A. Marques Lopes / António Pimentel)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2007/09/poltica-da-guin-melhor-os.html


16 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2108: A Política da Guiné Melhor: os reordenamentos das populações (2) (A. Marques Lopes / António Pimentel)

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2007/09/guin-6374-p2108-poltica-da-guin-melhor.html

Unknown disse...

Caro Valente Magro
Folgo em saber que esta bem e que ainda lhe toca os tempos passados em Brá . Fui seu camarada embora alferes no mesmo batalhão e na mesma época e era o chefe dos pontoneiros . Ferreira da Silva nome de guerra
Um abraço . Apareça nas festas do batalhão

Abílio Magro disse...

Caros camaradas:
Eu sou o irmão caçula do ex-Cap. Milº Fernando Valente (Magro) e quem digita e envia para o blogue estes textos do "mano-velho". Este vive em Viseu, não se entende com "complicadores" e suponho até que não tem PC.
Assim sendo, eu copio os comentários para o mail e envio para outro irmão que vive no Porto e que contacta mais frequente o "nosso" capitão que, tendo deixado de conduzir, vem menos frequentemente ao Porto.
Nestas condições, é muito provável alguma demora nas respostas.
Alfas Bravos para todos,
Abílio Magro
ex-Fur. Milº
CSJD/QG/CTIG
1973/74

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