quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Guiné 61/74 - P19411: (Ex)citações (350): Memórias da 'rainha do Gabu', saudades dos comerciantes locais e suas famílias, com destaque para o sr. Caeiro, português, e o sr. Magid Danif, libanês (Tino Neves, ex-1º cabo escriturário, CCS / BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71; bancário reformado, Cova da Piedade, Almada)


Guiné-Bissau > Região de Gabu > Gabu > 16 de dezembro de 2009 > A rua comercial da nova Gabu, onde há banco (agência do BAO - Banco da África Ocidental) e multibanco... Em 2009, a velha "rainha do Gabu" havia já destronado a  "princesa do Geba",  do nosso tempo, Bafatá, a cidade "colonial" mais encantadora da Guiné... Mudam-se os tempos, mudam-se os lugares: aqui falava-se mais francês do que português, e correm muitos CFA, escreveu o João Graça, médico e músico, que viajou por estas paragens... Em contrapartida, Bafatá era uma "dor de alma"... Foi lá tirar fotos (e dormir uma noite) para mostrar ao pai...Os bels dois edifícios que se veem na foto, de arquitetura tradicional. fazem parte do "núcleo histórico" do Gabu e é bom que as suas fachadas, pelo menos, se preservem.


Foto (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Guiné-Bissau > Região de Gabu > Gabu > "Núcleo histórico"... Cortesia de:  Catálogo da exposição “Urbanidades – Arquitectura e Sítios Históricos da Guiné-Bissau” (Organização: Fundação Mário Soares (Alfredo Caldeira e Victor Hertizel Ramos); Curadoria: Ana Vaz Milheiro, com Filipa Fiúza,  ISCTE-IUL, DINÂMIA’CET), Lisboa, 2016)



Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Gabu > 16/2/2005 > Edifício da Estação dos CTT


 Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Gabu > 16/2/2005 > Edifício da administração do Gabu


Fotos (e legendas): © José Couto / Tino Neves (2005). Fotos gentilmente cedida por José Couto (ex-fur mil trms, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71), camarada do nosso grã-tabanqueiro Constantino Neves.


Foto nº 1 > Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > c. 1969/71 > Fonte das Bajudas

Fotos (e legendas): © Tino Neves (2009). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Excerto de um texto de Constantino Neves (Tino Neves), ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego,  1969/71 (hoje, bancário reformado, vivendo na Cova da Piedade, Almada), já publicado há 10 anos atrás no nosso blogue.

O Tino Neves conheceu muito bem Nova Lamego, e dá um contributo interessante para o esclarecimento de alguns questões com os comerciantes da "princesa do Gabu", desde o sr. Caeiro, português, até ao sr. Magid Danif, libanês (*):


Um Guia Turístico [, como por  exemplo o do Gabu] nunca está totalmente completo, daí o meu desejo, não de o completar, não tenho essa pretensão, mas sim, de dar mais uma ajuda para alcançar então esse fim, se possível. Outros o completarão.

Como já disse atrás, a descrição feita de Nova Lamego [, pelo camarada José Manuel Diniz ]  está muito bem feita, não faltando de facto um dos ex-libris, do qual achei até muita graça, da "GMC" e do "Unimog", de que me recordo perfeitamente, mas há muitos mais, assim como a Fonte das Bajudas [Foto nº 2],  que era a fonte onde as bajudas, nossas lavadeiras, iam lavar as nossas roupas, que ficava no caminho,  vindo, julgo eu, de Piche, ao entrar-se em Nova Lamego.


Foto nº 3 > O Tino Neves, vestido à civil,
no dia do 22º aniversário (8/2/1970),
junto à estação dos CTT
Passava-se junto da Administração do Gabu, de que também junto foto actual (fevereiro de 2005) [Foto nº 1], passava-se então pelo cruzamento (onde estou eu na foto à civil, no dia 8/2/1970). Sei que foi tirada nesse dia, porque foi dos poucos dias em que eu me vesti à civil, em Nova Lamego. E porquê? Porque no BCaç 2893, quem fizesse anos tinha como prenda a folga de quaisquer serviços e autorização para se vestir à civil, portanto essa foto [, nº3,] foi-me tirada no dia em que fiz 22 Invernos, no cruzamento, entre os CTT, correios civis (que junto 2 fotos, antiga e actual) [, Foto nº 4], o Cine Gabú e a loja do sr. Caeiro.

O sr. Caeiro  (**) era  um português de raça branca. A Casa Caeiro era um aloja essencialmente de electrodomésticos, mas não só, e na ponta que falta, a do meu lado direito, um dos edifícios civis utilizados para o quartel velho.

Por falar da loja do sr. Caeiro, o telhado da referida loja era simplesmente uma placa de cimento, não sendo muito grande, talvez pudesse lá pousar um helicóptero, mas foi utilizado para outra coisa diferente. Estando lá um capitão paraquedista que estava a preparar-se para uma competição no estrangeiro, de salto em queda livre, resolveu fazer uma aposta em como iria saltar e pousar no telhado da loja do sr. Caeiro. Assim fez, saltando de um helicóptero que subiu em espiral, tão alto, até deixar de se ver.

Foto nº 5 >Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego > 1970 >
Baile de despedida as filhas do sr. Salomão,  o administrador
cabo-verdiano do Gabu. Na foto,  um grupo  de convidados,
militares, todos 1ºs cabos, entre eles o Tino Neves
O segundo dia em que fui também autorizado a trajar à civil, foi para ir a uma festa de despedida das filhas do sr. Administrador do Gabu, que era de origem cabo-verdianas. Estavam em Portugal, segundo me recordo, na região de Évora, num colégio de freiras, a estudar. Tinham passado lá,  em Nova Lamego, um mês de férias e estavam de partida. Foi então organizada uma festa com baile, julgo que
pelo próprio sr. Salomão, pai das ilustres homenageadas, que eram muito giras e simpáticas. (Também junto foto dos únicos praças, primeiros cabos, que foram convidados).[Foto nº 5]

Foto nº 6 > O Tino Neves
ao telefone
Por detrás de mim, nesse cruzamento, mais atrás do meu lado direito, fica a porta de armas do quartel, onde eu estou ao telefone [, Foto nº 6] e sensivelmente mais atrás do meu lado esquerdo ficava um pequeno Destacamento de Engenharia.

Entre os poucos elementos que o compunham, estava um furriel, nome do qual já não me recordo, mas para quem trabalhei muitas vezes a pedido do meu capitão, pois ele tinha que fazer todas as semanas a listagem de pagamentos aos civis a seu cargo e muitas das vezes não o conseguia fazer sozinho e atempadamente. Eram bastantes folhas com 4 ou 5 cópias cada lista. Com o papel e o químico em 5 cópias, tinha que se bater bem forte nas teclas da máquina de escrever e, como as letras como o "a", "o", "b" e "d" cortavam o papel, sendo a lista composta pela maioria de "Baldés" e Djalós", os duplicados passariam por vezes a serem os originais, por estes estarem tão esburacados.

Noutros trabalhos feitos em "stencil" (ou folhas de cera) com aquela máquina, tinha que se ser muito suave ou utilizar o verniz, para repor a letra cortada. Com as folhas de "stencil" eu fazia qualquer tabela criada a régua e estilete, incluído este boneco, de que, não sendo o seu autor, me foi concedido para fazer subscritos (envelopes) para cartas e serem enviadas por nós aos nossos familiares e madrinhas de guerra. [Foto nº 7][

Falei do senhor libanês que tinha uma loja muito concorrida e uma esposa muito bonita. Posso afiançar que era verdade, cheguei a vê-la, só bonita não chega, mas fiquemos por aqui, não terei adjectivos suficientes para a descrever.

Havia mais uma loja de outro libanês que não ficava atrás, talvez fosse até mais popular, que era o sr. Magid Danif. Era ele e a mãe,  do qual não me lembra o nome, mas estando eu lá na altura, suponho que no inverno de 1970, talvez em dezembro, a senhora veio cá a Portugal, porventura passar o Natal ou outro assunto, o certo é que faleceu num quarto de pensão, asfixiada com um calorífico a gás.

Foto nº 7 > Boneco a "stencil" alusivo
 à peluda
Do sr. Magid Danif tenho uma estória que me aconteceu cá em Portugal, a qual nunca contei a ninguém. Vai ser contada agora pela primeira vez.

Eu era caixa na Agência do Totta & Açores, na Cova da Piedade e, no iníio dos anos 90, não tenho presente de facto o ano certo, mas julgo ter sido por essa altura, estava eu na caixa a pagar cheques, quando me aparece uma jovem bonita, alta e elegante bajuda que me entrega um cheque para receber. Nos instantes em que ela procurava o B.I. para eu conferir os dados e assinatura do verso do cheque, passo com os olhos pelo nome de quem pertencia o cheque, quando dei um berro, lendo o nome do apelido lá escrito, MAGID DANIF.

Assim o disse, logo recuperei a calma e julgo que ela não se tenha apercebido da minha reacção, pois estava com os olhos metidos na mala na procura da carteira, mas eu fiquei com o coração aos saltos. Ver e ouvir ali à minha frente, uma criatura, que eu talvez tenha visto em pequenina ou simplesmente ser familiar de uma pessoa que eu conheci na Guiné, para mim, e julgo que por todos aqueles que por lá passaram, ficamos vacinados, aliás, não diria vacinados, mas sim contaminados com o vírus Guiné. Qualquer coisa que se relacione com aquele país, o vírus manifesta-se logo e como ia dizendo, depois enquanto a ía atendendo, dialoguei com ela que me confirmou ser filha do sr. Magid Danif e que estava cá em Lisboa a estudar.

Acabei de a atender, dei-lhe o dinheiro do cheque e ela foi-se embora, mas eu não fiquei bem, queria falar um pouco mais com ela, saber mais coisas lá de Nova Lamego, etc., mas não podia, porque tinha uma bicha (fila) de pessoal à espera para atender. Chamei a pessoa que se seguia e aí é que foi o problema, só à terceira tentativa é que eu consegui fazer a operação de lançamento do cheque corretamente, porque naquele momento eu não me encontrava ali, na Agência do Totta da Cova da Piedade, mas sim a milhares de quilómetros, na Guiné, mais propriamente em Nova Lamego, a percorrer as suas ruas, a visitar a loja do sr. Magid Danif.

Acabei de atender essa pessoa, fechei a caixa do dinheiro e desci aos arquivos, a fim de tentar acalmar, pois o meu coração estava aos saltos, estava eufórico, não sabia o que estava acontecer, só sabia que tinha ficado com pena de não ter ficado à fala um pouco mais com aquela encantadora criatura que tinha aparecido à minha frente. Confesso aqui, pela primeira vez, que chorei, as lágrimas corriam-me pela face abaixo, que nem torneiras, mas era um choro silencioso e de alegria, satisfação e tristeza ao mesmo tempo, por não saber mais nada de novo.

Não me conseguindo controlar, tentei lá no arquivo procurar alguma coisa que me desviasse a atenção e me acalmasse, o que aconteceu passados 15 minutos (o que naquele balcão nessa altura era possível, porque eram várias caixas a trabalhar ao mesmo tempo e eu tinha também ao meu cargo o arquivo). Peguei numa pasta e regressei à caixa para acabar o trabalho que faltava. Já mais calmo, mas já no final do fecho da caixa, procurei o cheque da menina Magid Danif e fui à base de dados procurar os contactos dela, com a intenção de mais tarde a procurar por telefone ou pessoalmente, mas quando já tinha no visor do PC o que procurava e me dispunha a tomar nota, senti uma mão no meu ombro esquerdo.

Virei-me quase de imediato e qual foi o meu espanto, não vi ninguém que o tivesse feito, porque estavam todos bastante afastados de mim e eu estava sozinho. Aquela mão invisível fez-me vir à realidade e pensar para mim, o que é que eu estava a fazer?

A pequena não ficou muito satisfeita, apesar de confirmar quem era, não mostrou com sorriso o acontecido, talvez tenha ficado assustada ou qualquer outra coisa. Desliguei o computador sem tomar nota e pensei se de facto ela também ficou curiosa,  talvez torne a vir cá, apesar da conta ser de Lisboa. E assim acabei o dia e muitos mais dias, meses e anos, sem saber mais nada daquela encantadora criatura nem de Nova Lamego.

Muitos ao lerem este meu desabafo, vão comentar: este deve estar, ou esteve apanhado do clima, mas não se esqueçam que naquela altura, na Net pouco se sabia ou nada,  e o que sabíamos da Guiné e, do meu caso em especial Nova Lamego, nada. Agora sim com a Net,  sabemos tudo o que queremos, é só procurar.

Antes deste acontecimento, tinha muitos casos em que me dava à fala com guineenses, porque sempre que via um africano, que me parecesse da Guiné, tentava logo saber donde eram e se eram do Gabu ou não.

Fico por aqui, satisfeito e aliviado por ter desabafado, mas só mais uma coisa: o vírus da Guiné    é de tipo proteico / vitamínico, porque quando vemos, ouvimos ou lemos algo sobre a Guiné, de bom, nos dá força e nos rejuvenesce (mas também quando é mau, nos deita abaixo, faz-nos dor e sofremos). (***)

2. Comentário do editor LG:

Apareceu em 22/11/2010 um comentário ao poste do Tino Neves (*), que é assinado por uma neta do sr. Caeiro, a Bela... De facto, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca é... Grande.
Pena não ter deixado um contacto (telefone, email...)


"Anónimo disse...

Olá, Sr. Luís Graça! No seu artigo sobre a sua viagem em 2005, fala na loja do Sr. Caeiro. Não chegou a tirar fotos actuais? Após a morte dele, uns anos mais tarde, o meu pai manteve lá a farmácia até aos anos 80/90. 

"Teve de desistir, por mais que se preocupasse em manter o nome do seu pai, a vida não o permitiu. Falo do sr. Caeiro, meu Avô! O Padrinho, como todos o chamávamos, meu pai, mãe, irmão e eu. O Homem mais bondoso que conheci, infelizmente só até aos meus 5 anos. 

"Um abraço a quem o conheceu e um bem haja. Bela.

"22 de novembro de 2010 às 23:57".

Em conclusão, a loja do sr. Caeiro deu origem a uma farmácia, no Gabu, na nova Guiné-Bissau, e que se terá mantido  aberta até aos anos 1980/90... Alguém se lembra ? Parece confirmar-se a naturalidade, portuguesa, do sr. Caeiro.

Que idade terá hoje a Bela ?  Será diminutivo de Anabela ? E usa o apelido Caeiro ?  Se nos ler, que nos escreva para:

luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com

Bela: as fotos não são minhas, mas de um camarada e amigo do Tino Neves,  o José Couto, que lá esteve, na Guiné-Bisssau e foi ao Gabu, em fevereiro de 2005... 

O Tino Neves e outros camaradas, que aqui têm escrito, conheceram o seu avô Caeiro, por volta de 1967/68 (o Virgílio Teixeira) e 1969/71 (o Valdemar Queiroz, o Constantino Neves...), e gostariam de saber algo mais sobre o resto da sua vida... Pena que tenha morrido cedo. Ficámos com a ideia de que a família Caeiro era da Figueira da Foz. Certo ?

Sobre a família Danif, de origem libanesa, em Bafatá, ver aqui.

Vd. também fotos do Gabu, tiradas pelo nosso grã-tabanqueiro João Graça, em finais de 2009. A "rainha do Gabu" de ontem parece ter passado a perna à "princesa do Geba", Bafatá, hoje em decadência.


3. Imagem aérea do quartel antigo e da vila de Nova Lamego.O quartel estava situado no centro da vila, formando um rectângulo e ocupando alguns edifícios civis. A foto, cedida por Roseira Coelho (que o Tino Neves presume que fosse ten pilav), já vinha com as marcas sem a respectiva legenda. O Tino Neves completou as legendas. (****)


Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 2893 (1969/71) > 1970 > Foto aérea > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Principais edifícios civis e militares (Parte I)


Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 2893 (1969/71) > 1970 > Foto aérea > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Principais edifícios civis e militares. (Lado direito da foto de conjunto) (Parte III)


Guiné > Região do Gabu > Nova Lamego > CCS / BCAÇ 2893 (1969/71) > 1970 > Foto aérea > Povoação e quartel velho de Nova Lamego (hoje Gabu). Principais edifícios civis e militares. (Lado esquerdo da foto de conjunto) (Parte III)


Legendas:

(1) Caserna das Praças;
(2) Casas civis (para alugar);
(3) Loja dos irmãos Libaneses;
(4) Depósito de géneros;
(5) Estação dos CTT (civil);
(6) Destacamento de Engenharia;
(7) Messe de Oficiais;
(8) Messe de Sargentos;
(9) Parque e Oficinas Auto;
(10) Refeitório;
(11) Dormitório de alguns Sargentos;
(12) Sala do Soldado;
(13) Parque de Jogos.

Foto (e legendas): © Roseira Coelho / Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

___________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 9 de fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3861: Memória dos lugares (17): Nova Lamego, a raínha do Gabu (Tino Neves)

(**) Vd. poste de 16 de janeiro de 2019 > Guiné 61/74 - P19407: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LX: A Casa Caeiro e os comerciantes libaneses de Nova Lamego

15 comentários:

Valdemar Silva disse...

Volto a repetir.
A foto nº. 2, Administração do Gabú 2005, era o edifício do nosso Quartel. Na parte da frente, aqui retratada, funcionava a polícia/cipaios e nas traseiras do edifício, com escadaria, varandas, divisões da Secretaria, quartos de Oficiais e Sargentos e na restante aérea envolvente eram as instalações do Quartel da nossa CART11, o chamado Quartel de Baixo.
Antes da nossa Companhia esteve lá a 1742, à qual pertenceu o nosso camada Abel Santos. Ainda lá encontramos e lá ficaram vasos, na escadaria, feitos de fundo de barril, com inscrições da 1742.
Valdemar Queiroz

Luís Graça disse...

Repare-se na foto aérea de Nova Lamego. e nas respetivas legendas:

O 5 era o edifício dos CTT...na rua principal... Se se tirar um linha reta, em 45º graus, para a esquerda, vamos ter à Casa Caeiro, de que só se vez o terraço ou a "placa", a tal placa onde "aterrou" o capitão paraquedista... Em frente da Casa Caeiro, do outro lado da rua,do mesmo lado dos CTT. ficava a casa mais imponente da vila, que já foi muita coisa ao longo da história... LG

Luís Graça disse...

Alguém sabe a "história" deste edifício, o da foto do João Graça, tirada em em 2009 ?

À direita tem a agência do BAO - Banco da Africa Ocidental, com uma "caixa de multibanco" bas esquina... Pelo estilo arquitetónico, colonial, palpita-me que seja um antigo edifício da Casa Gouveia... Com a guerra, deve ter ficado vago e foi ocupado pela tropa...

Já na altura, em 2009, não sei o que era, as notas do João Graça sobre o Gabu eram mesmo "minimalistas"... Ele fez uma visita pelo leste, Contuboel, Bambadinca, Bafatá, Gabu... mas antes andou pela Região de Tombali, ~e depois Região, além de Bissau...

Anónimo disse...

Bons dias,
A foto da Fonte das bajudas, ou fonta de Nova Lamego, já aqui também publicada nos meus Postes, é aquilo mesmo, muitos anos depois. Para ali eu ia várias vezes, ver as bajudas, belas e bonitas, a lavar a roupa, e sempre me impressionou, pois elas batiam com a roupa nas pedras, e aquilo devia estragar tudo. Não esfregavam como as nossas mães a roupa, batiam com o sabão, e depois passavam por água.

Está correcta a foto, e novamente fico com saudades daquelas vistas.

Virgilio Teixeira

Anónimo disse...

Esta bela foto - a primeira do João Graça - de 2009, é o epicentro daquela vila/cidade, e já o era antes. Aquele majestoso edifício colonial, agora devidamente tratado e sem as paliçadas e bidões, era o edificio do Comando, ao tempo do meu Batalhão (BCAÇ1933 - set67-fev68). O meu CA - Conselho Administrativo, ficava no 1º andar, mesmo em frente à rua e cruzamento. Em frente à varanda do outro lado ficava a Casa Caeiro, na outra esquina do mesmo lado era o edificio dos CTT e ainda é, o de frente aos CTT não sei, provavelmente como aqui já foi dito, poderá ser um antigo edificio da Casa Gouveia, e devia lá estar instalado qualquer coisa, se eu não me lembro é porque não era importante para mim. Aqui está agora o Banco Africano. Tudo isto já tinha visto e podem ver no Google, clicando Gabu Guiné Bissau, estão lá imensas imagens, e actuais, de hoje.
Tenho uma foto, preto e branco, do mesmo sitio, vou colocar no próximo Tema a enviar para Postar, e mais alguns ângulos.
Parabens por esta bela foto. Quando lá estive neste mesmo local em Janeiro de 1985, não havia nada disto, estava ainda muito atrasado, tal como em Bafatá, que foi uma grande desilusão também.
Virgilio Teixeira

Anónimo disse...

Sobre a foto nº 2, o Valdemar, que esteve lá quase 2 anos, deve conhecer aquilo melhor que ninguém, e se ele descreve da forma pragmática como o faz, deve ter uma grande certeza. Eu não me lembro deste edifício, passei por lá naturalmente mas não devo ter ligado, mas tanto pode ser a casa do administrador, como realmente a entrada das instalações da sua antiga companhia - CART11 - , e que foi também instalação da CAR1742 do meu tempo, 67. Vamos dar-lhe o beneficio da dúvida, eu não acrescento mais, até porque se tivesse fotos, era fácil, assim não dá para ver melhor.
Virgilio Teixeira

Anónimo disse...

Os textos e fotos do Tino Neves são uma agradável surpresa, pois retratam tanta coisa que eu presenciei. O problema de fazer as Ordens de Serviço, a História da Unidade e tanta coisa, que passava por escrever-se com papel químico, em 5 folhas, aquelas letras que furavam o papel, tudo isso foi uma realidade, mas depois cá fora, na vida civil, ainda durou algum tempo.
O Stencil, era uma forma de 'fazer fotocopias' arcaica, mas eficaz, a minha HU é uma dessas cópias a stencil, feitas pela rapaziada da Secretaria geral, que não tinham horas para terminar o trabalho.
As fotos que serão de um tal Ten Pil Av, feitas a baixa altitude, dão uma imagem clara daquilo que eu não conheci totalmente. Apesar de ter tantas fotos aéreas, quer de NL ou SD, eram sempre mais altas e pela janela do avião, agora o piloto podia fazer isto dando várias voltas aos aquartelamentos, são uma relíquia histórica.
Consigo ainda encaixar alguns pormenores, mas a maioria não vou lá, vejo as minhas instalações do comando e CA, a messe de Oficiais, os quartos de dormir, atrás do CA, algumas ruas e edifícios, mas não nesse pormenor.
Falta aqui indicar onde ficava a Tabanca do Morteiros, as instalações do Pelotão de Canhões S/R, as instalações do Pelotão de AML Daimler, que ficavam em locais distintos, quer da sede do batalhão, a CCS, a Companhia de intervenção, e ainda as instalações da CCAÇ5, estava tudo muito separado, porque aquilo era grande. Faltou também uma foto aérea da Pista de NL, do Heli Porto, da Base dos T6 e tudo isso e muito mais.
De qualquer modo o melhor retrato de NL que vi até hoje.


Parabéns,

Virgilio Teixeira

Valdemar Silva disse...

Virgílio.
Não tenhas dúvidas e acredita que é verdade.
Nas traseiras daquele edifício, e que ocupava metade do mesmo, eram as instalações do Quartel de Baixo, da CART11 e anteriormente da CART1742.
Na parte da frente, vista na foto, e até metade, eram as instalações da polícia/cipaios e o chefe de posto estava instalado numa casa à esq. nessa rua.
Podes consultar postes meus e do Abílio Duarte em que aparecem fotos com imagens das instalações do nosso Quartel.
Admira-me não te recordares deste edifício que ficava ao fim da rua, com os Correios de um lado e do outro lado o Club.
Ab.
Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Resta dizer que a Porta d'Armas do Quartel era no lado direito do edifício e não aparece na foto.

Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

Virgílio, visiona o poste P11130 em que aparece uma excelente fotografia, do Abílio Duarte, do hastear da Bandeira dentro do nosso Quartel.

Valdemar Queiroz
(que grande chato)

Anónimo disse...

Valdemar, nada de chato, eu também gosto de partilhar e lembrar estas passagens.
Já vi os postes, já vi que também tens fotografias com bajudas nuas, só me criticaram a mim, mas nós sabemos que isso era normal.
Tenho fotos destas de outros ângulos, estão em preparação para mandar, são a preto e branco, e fracas, mas vale a pena confrontar. Tenho uma junto ao mastro com outro camarada, e o hastear da bandeira do lado oposto, em cima de bagabaga, e tudo isso.
Agora já é tarde para mim, estou com sono, mas amanhã vamos continuar.
Há pouca gente a partilhar estes cenários de NL. Também estive em Paunca, de passagem.

Boa noite,
Outro chato e amigo de NL.

Virgilio Teixeira

Valdemar Silva disse...

As fotos que aparecem do poste P11130 são com o Abílio Duarte, não sou eu.

Eu já há alguns anos só adormeço a partir das 3 da manhã.
Valdemar Queiroz

meusdvdsfilmes disse...

Aquele edifício de frente era da Administração do Concelho do Gabu do qual era o Administrador o Sr. Salomão (Cabo Verdiano), que no ano de 1970 ou já no ano de 71, ele o Administrador organizou um colóquio com os Homens Grandes do Gabu, e ele pediu ao Batalhão Caçadores 2893, ou simplesmente ao Comandante da CCS, o Sr. Capitão Mil. Herlânder Loureiro Rodrigues, do qual eu era o seu Escriturário, para que eu fosse emprestado assim como a minha máquina de escrever e resmas de papel A4 e stencils (ceras) para que eu passasse todo o seu Relatório, a distribuir pelos elementos presentes no colóquio, o que foi um pouco complicado no sentido eu ter dificuldade em perceber a caligrafia do Sr. Salomão, mas quando eu me empenho a fundo a algo, e não queria ficar mal visto com erros de gramática, não tive alternativa em pedir ajuda do Sr. Salomão, o que não foi 2 nem 3 vezes foram imensas.
Mas no fim do Colóquio o Sr. Salomão agradeceu ao meu capitão a ajuda valiosa que lhe foi dada incluindo a minha pessoa, pelo trabalho impecável.
Pois falta dizer, que foi precisamente nesse edifício que eu me instalei numa sala com o Sr. Salomão Administrador do Concelho do GABU.

Alpha Bravo
Tino Neves

Valdemar Silva disse...

Tenho uma vaga ideia desse Sr. Salomão e não ateimo que ele não tivesse o gabinete no próprio edifício, o que eu me lembro é da casa dele na mesma rua ao lado dos Correios.
Das janelas interiores das nossas instalações, que davam para um pátio, via-se perfeitamente a movimentação/actividade do lado da Administração e polícia. Viam-se as mulheres que estavam presas e até uns abusos dos cipaios. Os homens presos ficavam fora do edifício num calabouço frente à nossa Porta d'Armas.
A minha CART11 'Os Lacraus' estive lá sediada até Julho/Agosto de 1970.

Valdemar Queiroz

meusdvdsfilmes disse...

Não disse que seria o gabinete do Sr. Salomão, mas sim uma sala que era bem ampla e que por várias vezes recebeu lá várias pessoas para falar com ele, e mesmo assim eu o interpelava nas minhas duvidas ortográficas, pois não deu para conhecer mais nada daquele edificio.
Um Alpha Bravo
Tino Neves