sábado, 30 de março de 2019

Guiné 61/74 - P19634: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XIX: cap pqt Luís António Sampaio Tinoco Faria (Braga, 1927 - Mejo, Guiné, 1966)







1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975, na guerra do ultramar ou guerra colonial (em África e na Ásia).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva [, foto atual à esquerda], instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972. Foi cadete-aluno nº 45/63, do corpo de alunos da Academia Militar. É membro da nossa Tabanca Grande, com o nº 784, desde 7 do corrente.

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Nota do editor:

1 comentário:

Gil disse...

Conheci uma das irmãs do cap Tinoco de Fasria, foi ele que preparou a minha admissão ao liceu Sá de Miranda em Braga. Na Guiné mantive contacto com o capitão em Bissau e uns dias antes da sua morte tomámos café na base aérea.
Soube da sua morte no dia a seguir ao acontecimento por um médico que nos tratava da saúde em Brá e contou alguns pormenores que agora, tantios anos decorridos, não tenho vontade de falar
Mas posso transcrever um resumo de um doc. então em poder da 3ª Rep.:

"Guileje, capitão pára-quedista Tinoco de Faria. 28 de Abril, operação “Grifo”, “corredor” de Guileje. Às 00H30 saíu do aquartelamento do Mejo o pelotão de pára-quedistas comandado pelo alferes Ferreira da Silva, seguindo nele o capitão Tinoco de Faria. A corta-mato progrediram até um local onde montaram uma emboscada. Às 05H00 o dispositivo ficou armado num terreno ligeiramente inclinado e que oferecia boas possibilidades de defesa. Às 10H00 ouviram-se disparos de armas automáticas, a uma distância considerável. Como os disparos se repetiram e pareciam mais próximos os páras calcularam que o IN estava a fazer fogo de reconhecimento e que vinham no trilho onde o pelotão estava emboscado. Uma dezena de guerrilheiros armados e fardados de calção e camisa amarela começou a entrar na “zona de morte”, enquanto mais atrás foi avistado um grupo mais numeroso. Aconteceu tudo em poucos segundos. Um cão ladrou, os guerrilheiros da frente recuaram, os páras abriram fogo de imediato sobre o IN e destes, os que puderam não perderam tempo a reagir. O capitão foi atingido gravemente. Todos os guerrilheiros que abriam a coluna acabaram por ser mortos. Estabelecido contacto rádio com um avião DO-27, o pelotão de páras ficou a aguardar indicações com vista à recuperação e transporte para Bissau do comandante de companhia.
Entretanto, o grupo IN aproximou-se da mata ocupada pelos páras e abriu fogo sobre estes com metralhadoras pesadas, armas ligeiras e morteiros. Durante cerca de 30 a 40 minutos o pelotão respondeu, obrigando o IN a mudar de posições, aproveitando os páras para levar o ferido para um local mais adequado à evacuação.
O inimigo perseguiu-os flagelando-os à distância enquanto os páras iam ripostando enquanto progrediam na direcção do rio Tenhege. A ideia dos páras era passar o rio, depois o risco seria menor e mais facilmente evacuariam o seu capitão, cuja situação se agravava a todo o momento.
Às 12H00, atingida a orla da mata do rio Tenhege, novo ataque do IN. Cerca de 20 elementos emboscados numa mata próxima abriram fogo e, de novo, os páras responderam com fogo da MG-42 e do lança-roquetes. Apesar de todos os esforços, por volta das 12h00, a hemorragia interna acabou por matar o capitão Tinoco de Faria. Às 12h10 os páras retomaram a marcha. O contacto rádio com o aquartelamento de Mejo nunca se conseguiu estabelecer, talvez devido à distância e à densa arborização. O corpo do capitão Tinoco de Faria foi evacuado para Mejo de helicóptero, apenas por volta das 18h00, junto a uma das margens do rio Lijol. O pelotão dos páras, completamente esgotado, entrou em Mejo às 19h30".
Honra ao Capitão Tinoco de Faria e à CCP.

V. Briote, Guiné 1965/1967