Foto (e legenda): © Fernando Andrade Sousa (2016). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
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Foto nº 2 – Guiné > Bissau > Hospital Militar 241 > s/d > Entrou em funcionamento em 16 de Agosto de 1961 (4.ª feira).
Foto nº 3 – Guiné-Bissau > Bissau > Novembro de 2000 > Ruínas do Hospital Militar 241, em Bissau. Foi entregue ao PAIGC em 12 de Outubro de 1974 (sábado).
MEMÓRIAS CRUZADAS
NAS "MATAS" DA GUINÉ (1963-1974):
RELEMBRANDO OS QUE, POR MISSÃO, TINHAM DE CUIDAR DAS FERIDAS CORPOREAS PROVOCADAS PELA METRALHA DA GUERRA COLONIAL: «OS ENFERMEIROS»
OS CONTEXTOS DOS "FACTOS E FEITOS" EM CAMPANHA DOS VINTE E QUATRO CONDECORADOS DO EXÉRCITO COM "CRUZ DE GUERRA", DA ESPECIALIDADE "ENFERMAGEM"
PARTE I
1. - INTRODUÇÃO
Não sendo possível comparar o que é incomparável – a Guerra Colonial / Guerra do Ultramar / Guerra de África (1961-1974) e a Expressão Pandémica do Covid-19 (2020) – encontrei no âmbito da segunda situação, nomeadamente em quase todas as manifestações espontaneamente organizadas por grupos de cidadãos e divulgadas nos media, uma forma de homenagear os profissionais que trabalham na áreas da saúde, homens e mulheres, por estes se terem colocado na "linha da frente" do combate à actual ameaça, de natureza viral, com que a saúde pública mundial se viu/vê confrontada, desde o início do presente ano.
Por ser verdade, inspirei-me nestas últimas manifestações de carinho e gratidão que acima relevo, para recordar, também, a importância e o importante papel (insubstituível) desempenhado pelos nossos camaradas da "saúde militar" (e igualmente dos civis/população local) – médicos e enfermeiros – na missão de socorrer todos os que deles necessitassem, quer em situação de combate, quer noutras ocasiões de menor risco de vida (medicina geral), mas sempre a merecerem atenção e cuidados especiais. [Vd. foto nº 5, acima]
Neste novo trabalho de investigação (**), dividido por fragmentos, procuramos descrever cada um dos contextos em campanha, que na fita do tempo tem mais de meio século, analisando "factos" e "feitos" (os encontrados na literatura) dos seus actores directos "especialistas de enfermagem", onde cada caso acabaria por influenciar a Chefia Militar na argumentação para um "louvor" e que se transformaria, depois, em "condecoração" com «Cruz de Guerra», maioritariamente de 3.ª e 4.ª Classe.
Na construção das narrativas, a principal fonte de consulta foi a documentação oficial do Estado-Maior do Exército, elaborada pela Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974), abaixo designada pelo acrónimo "CECA".
Divisa: "Entre os braços dos serviços de saúde "
2. - SUBSÍDIO HISTÓRICO DO HOSPITAL MILITAR 241 (BISSAU)
Tendo por Divisa "Inter Arma Medicina", o Hospital Militar 241, em Bissau, iniciou a sua actividade em 16 de Agosto de 1961 (4.ª feira), sob a direcção clínica do Major Médico José Libertador Ferraz Pereira Monteiro. A missão era de dois anos.
Com início em 16 de Dezembro de 1968, entrou em vigor a figura de Subdirector do Hospital Militar, sendo este lugar ocupado, então, pelo Capitão Médico Ernesto Mendes Ferrão.
Como elemento estatístico, entre 1961 e 1974, período considerado na historiografia militar como o da Guerra Colonial, só pelo Exército foram mobilizados, para os três TO, cerca de 1.100 [mil e cem] Médicos Milicianos, permitindo uma experiência técnica adicional e ímpar.
O HMP, em particular, teve grande incremento e desenvolveu capacidades e prestígio: Cirurgia Plástica, Fisiatria e Neurocirurgia, entre outras.
[Fonte: https://www.revistamilitar.pt/artigo/113.
O Hospital Militar 241 [HM 241] foi criado a partir do Destacamento Sanitário/Equipa Cirúrgica, anteriormente mobilizada pelo 1.º GCS [Grupo de Companhias de Saúde, em Lisboa]. O seu desembarque em Bissau ocorreu por fracções, entre 08 de Junho de 1961 e 05 de Julho de 1961.
Em 14 de Junho de 1972, a sua designação foi alterada para Hospital Militar de Bissau, por despacho ministerial de 19Mai72, com aprovação concomitante de novos quadros orgânicos.
Desenvolveu as acções de hospitalização de todas as categorias de indisponíveis, realizando o seu tratamento definitivo ou preparando para ulterior evacuação os que dela necessitassem.
Atingiu a capacidade de 250 camas e dispôs de serviços especializados de cirurgia geral, ortopedia, oftalmologia, otorrinolaringologia, análises clínicas, radiologia, estomatologia, dermato-venerologia, reanimação e sangue, fisioterapia, psiquiatria, medicina geral e cardiologia.
Dispôs ainda de equipas itinerantes de cobertura estomatológica, orientou a profilaxia antipalúdica e ministrou instrução de formação de maqueiros e auxiliares de enfermagem, tendo colaborado também com os serviços de saúde civis na assistência à população.
Após chegada dos primeiros elementos do PAIGC, a partir de 04Set74, para recepção dos serviços, o Hospital Militar de Bissau [HMB] foi entregue em 12Out74, sendo portanto extinto. (Ceca; 7.º Vol., pp 679-680), [Vd. fotos, acima, nºs 1, 2, 3 e 4]
3. - OS CONTEXTOS DOS "FEITOS" EM CAMPANHA DOS MILITARES DO EXÉRCITO CONDECORADOS COM "CRUZ DE GUERRA", NO CTIG (1963-1974), DA ESPECIALIDADE DE "ENFERMAGEM" - (n=24)
Nota: A descrição de cada caso seguirá a ordem estruturada no quadro supra.
3.1 - FRANCISCO GONÇALVES MOREIRA, 1.º CABO MAQUEIRO DA CCAÇ 152, CONDECORADO A TÍTULO PÓSTUMO COM A MEDALHA DE PRATA DE VALOR MILITAR, COM PALMA
A primeira ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração (a título póstumo) a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército aconteceu quatro dias após o início do conflito armado, tendo por origem uma emboscada sofrida por um Gr Comb da CCAÇ 152, entre Bichalá e Budom (ver mapa abaixo).
► Histórico
◙ Fundamentos relevantes para atribuição da Condecoração
"Pelo seu acto valoroso de abnegação, camaradagem e desprezo pela vida, que me apraz registar e enaltecer, aponto-o como exemplo vivo de todo o soldado português" – Joaquim da Luz Cunha [Faro, 1914-?], Ministro do Exército [de 4 de Dezembro de 1962 a 7 de Agosto de 1968].
▬ Portaria de 26 de Novembro de 1963:
"Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar a título póstumo, com a Medalha de Prata de Valor Militar, com palma, nos termos do parágrafo 1.º do art.º 51.º, com referência ao art.º 7.º, do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, o 1.º Cabo Maqueiro, n.º 264/60, Francisco Gonçalves Moreira, da Companhia de Caçadores 152 [CCAÇ 152], Regimento de Infantaria n.º 8, porque, na Guiné Portuguesa, numa emboscada sofrida [a 27Jan63, em Bichalá] por um Pelotão na região de Budom, em que tombou ferido pelo inimigo o seu comandante de Secção [Abílio Monteiro de Brito, Fur Mil Inf], num acto valoroso de abnegação, extraordinária coragem e com risco da própria vida, progrediu debaixo de fogo intenso para o socorrer e, quando já o segurava em seus braços, veio também a morrer." (CECA; Vol. 5, Tomo I, p 210). (Os seus corpos não foram recuperados).
◙►CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA
Em 27 de Janeiro de 1963 (domingo), quatro dias após o ataque ao Aquartelamento de Tite, um Gr Comb da CCAÇ 152 efectuou uma das primeiras acções militares realizadas no território da Guiné, executando um golpe de mão sobre um acampamento temporário instalado na região de Budom (Bichalá), a norte de Chugué.
Durante a missão, o mesmo Gr Comb, do qual fazia parte o 1.º Cabo Maqueiro, Francisco Gonçalves Moreira, sofreu uma emboscada vindo a tombar quando socorria o seu comandante de Grupo, o Furriel Miliciano de Infantaria, Abílio Monteiro de Brito. Os seus corpos não foram recuperados. (CECA; 7.º Vol. Tomo II, p 308).
3.1.1 - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAÇADORES 152
= BUBA - CACINE - ALDEIA FORMOSA - GADAMAEL - SALTINHO - BISSAU (1961-1963)
Mobilizada pelo Regimento de Infantaria 8 [RI8], de Braga, a Companhia de Caçadores 152 [CCAÇ 152], embarcou em Lisboa, em 28 de Julho de 1961, 6.ª feira, por via aérea, sob o comando do Capitão de Infantaria Carlos Alberto Blasco Gonçalves, rumo à Guiné (Bissau), onde chegou no mesmo dia.
3.1.2 - SÍNTESES DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAÇ 152
Em 30Abr63, foi substituída em Buba pela CCAÇ 411 [09Abr63-29Abr65; do Cap Inf João Gomes do Amaral], sendo colocada em Bissau a fim de integrar o dispositivo do BCAÇ 236 [25Jul61-19Out63; do TCor Inf José Alves Moreira], com vista a garantir a segurança e protecção das instalações e das populações da área, colmatando a saída anterior da CCAÇ 84 [09Abr61-12Abr63, do Cap Inf Manuel da Cunha Sardinha e Cap Mil Inf Jorge Saraiva Parracho].
Em 18Out63, foi rendida em Bissau pela CART 565 [18Out63-27Out65; do Cap Art Luís Manuel Soares dos Reis Gonçalves], a fim de efectuar o embarque de regresso, ocorrido em 19 de Outubro de 1963, a bordo do N/M «Ana Mafalda» (CECA; op. cit., p. 308).
3.2 - ADOZINDO CARVALHO DE BRITO, 1.º CABO AUXILIAR DE ENFERMEIRO DA CCAV 489, CONDECORADO A TÍTULO PÓSTUMO COM A CRUZ DE GUERRA DE 1.ª CLASSE
A segunda ocorrência a merecer a atribuição de uma condecoração (a segunda a título póstumo) a um elemento dos «Serviços de Saúde» do Exército aconteceu durante a «Operação Adónis B-3», realizada na região do Morés (ver mapa abaixo).
► Histórico
◙ Fundamentos relevantes para a atribuição da Condecoração
▬ Portaria de 05 de Maio de 1964:
"Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, condecorar com a Cruz de Guerra de 1.ª Classe, ao abrigo dos artigos 9.º e 10.º do Regulamento da Medalha Militar, de 28 de Maio de 1946, por serviços prestados em acções de combate na Província da Guiné Portuguesa: A título póstumo, Primeiro-Cabo auxiliar de enfermeiro, Adozindo Carvalho de Brito, n.º 1826/62, da Companhia de Cavalaria 489 [CCAV 489] – Batalhão de Cavalaria 490, Regimento de Cavalaria n.º 3."
● Transcrição do louvor que originou a condecoração:
"Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro do Exército, adoptar para todos os efeitos legais, o seguinte louvor, conferido a título póstumo, em Ordem de Serviço n.º 24, de 29 de Dezembro de 1963, do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné Portuguesa, ao Primeiro-Cabo, auxiliar de enfermeiro, Adozindo Carvalho de Brito, n.º 1826/62, da Companhia de Cavalaria 489 [CCAV 489] – Batalhão de Cavalaria 490, Regimento de Cavalaria n.º 3:
Porque numa acção de fogo na região de Morés [«Operação Adónis B-3», em 02/03Nov63], na qual tomou parte o Grupo de Combate a que pertencia, abnegadamente se dirigiu à frente, debaixo de intenso fogo inimigo, a fim de fazer curativos a um seu camarada ferido, o que executou com prontidão, desprezo pelo perigo e risco da sua própria vida, após o que foi por sua vez gravemente atingido por ferimentos que lhe vieram a causar a morte.
A par da sua grande coragem, manteve até ao fim elevado moral e espírito de sacrifício, tendo desta forma honrado da melhor maneira a Companhia de Cavalaria a que pertenceu [CCAV 489], cujo pessoal, oficiais, sargentos e praças, jamais poderão esquecer o dignificante exemplo dado por este Primeiro-Cabo auxiliar de enfermeiro, em circunstâncias tão difíceis." (CECA; Vol. 5. Tomo II, p 331).
◙► CONTEXTUALIZAÇÃO DA OCORRÊNCIA
Após o desembarque em Bissau, verificado em 22Jul63, o comando do BCAV 490 e as suas três unidades de quadrícula (CCAV's 487, 488 e 489), ficaram inicialmente instaladas na Capital, como forças de intervenção. A partir de 02Ago63, duas dessas subunidades passaram a actuar intensivamente na região de Óio-Morés e Mansoa, como reforço do BCAÇ 512 [22Jul63-12Ago65, do TCor Inf António Emílio Pereira de Figueiredo Cardoso].
É neste âmbito que tem lugar a «Operação Adónis B-3», cuja missão seria a entrada no acampamento IN (base) de Morés.
Assim, em 02 de Novembro de 1963, sábado, a CCAV 489 iniciou esta acção militar sob o comando do Cap Cav António Ferreira Cabral Pais do Amaral, que contou ainda com a participação do Cmdt do BCAÇ 490, TCor Cav Fernando José Pereira Marques Cavaleiro (1917-2012).
Eram 23h00, de 02Nov63, quando se deu início à «Operação Adónis B-3», com a saída de Mansabá. Durante a progressão, as forças mobilizadas foram sendo repartidas, enquanto umas emboscavam, as outras marchavam em busca do acampamento (base) de Morés. Até Cai, as NT não encontraram obstáculos. Ultrapassada esta tabanca, e quando eram cerca de 04h30, os dois elementos da frente da força abriram fogo de G-3. Progredindo encontraram um elemento IN, gravemente ferido na anca, armado com uma PM [pistola-metralhadora], que se prontificou a colaborar para o cumprimento da missão de chegar ao Morés. O outro guerrilheiro ferido em fuga foi avistado, mas a uma distância que não foi possível tentar a sua perseguição.
Na progressão foram encontradas várias munições e carregadores. Debaixo de fogo intermitente, eram 08h30 quando as tropas penetraram na "Tabanca de Morés". Aí foi encontrado um casal idoso, ele acamado e a mulher ao lado. As informações obtidas naquele momento confirmaram as anteriormente recolhidas. O acampamento situava-se junto ao caminho que de Morés conduzia a Talicó [ver infografia acima], a meio de duas bolanhas. Eram 10h00 quando um "heli" recolheu o guerrilheiro ferido. Uma hora depois chegou, também de "heli", o Comandante-Chefe, Brigadeiro Fernando Louro de Sousa. Na presença do Cmdt-Chefe, e pelas mãos de elementos da CCAV 489, foi hasteada a Bandeira Portuguesa no Morés (Imagem - CECA; 6.º Vol., Tomo II, p 122).
Depois, com a prisioneira (Mala Seidi) como guia, as tropas continuaram a progredir em direcção à "casa de mato" que se pensava ser o "Quartel-General" dos grupos que, desde Julho'63, vinham desencadeando acções contra a tropa e a população. Os guerrilheiros aguardavam-nas pacientemente. Atacadas pelos flancos, as NT reagiram com tiros de bazuca trazendo acalmia momentânea. A cada passo reacendia-se a refrega. Momentos houve, que o relatório da operação minuciosamente descreve, em que quase se combateu tiro a tiro, individualmente.
As nossas tropas tinham feridos e corpos de guerrilheiros espalhavam-se pela mata. O 1.º Cabo enfermeiro, Adozindo Carvalho de Brito, foi atingido quando estava a socorrer um soldado ferido. Os alf mil Rui Noronha Ferreira e fur mil António Covas transportaram para a rectaguarda um dos feridos mais graves. Foram 45 minutos de "inferno de fogo e sangue", até que chegaram os «T-6», de acordo com o pedido feito de intervenção sobre as zonas das casas de mato, que metralharam.
Às 16h00, o Morés é atingido, ao mesmo tempo que começaram a chegar os "hélis" para procederem à evacuação dos feridos mais graves, um dos quais o 1.º Cabo enfermeiro, Carvalho de Brito, e que, lamentavelmente, foi o único que não resistiu aos ferimentos recebidos.
O TCor Fernando Cavaleiro decidiu que se devia permanecer em Morés até ao dia seguinte. Escolheram-se os locais para as sentinelas, limparam-se alguns arbustos e improvisaram-se abrigos. Às 19h00 recomeçou o tiroteio, interrompido pela reacção das NT e recomeçando às 22h00. Elementos IN, ao abrigo da escuridão, aproximaram-se do improvisado aquartelamento e arremessaram granadas de mão. Às 01h, 02h e 03h00 os ataques foram feitos com mais força e as flagelações vinham de vários lados… numa longa noite de muitas "memórias". (…)
● Fonte: P3329 (adap.): "Breve resumo da História do BCAV 490" (Virgínio Briote).
Ø Outras consultas sugeridas: P19993 e P20013.
3.2.1 - SUBSÍDIO HISTÓRICO DA COMPANHIA DE CAVALARIA 489
= MANSABÁ - ILHA DO COMO - CUNTIMA - BULA - BISSAU (1963-1965)
Mobilizada pelo Regimento de Cavalaria 3 [RC3], de Estremoz, a Companhia de Cavalaria 489 [CCAV 489] embarcou em Lisboa, a 17 de Julho de 1963, 4.ª feira, a bordo do N/M «Niassa», sob o comando do Capitão de Cavalaria António Ferreira Cabral Pais do Amaral, rumo à Guiné (Bissau), onde chegou a 22 de Julho.
3.2.2 - SÍNTESES DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DA CCAV 489
Após a sua chegada a Bissau, a CCAV 489 e o restante contingente do seu BCAV 490, ficaram provisoriamente instaladas na capital como forças de intervenção. Durante cinco meses, de 02Ago63 a 27Dez63, esteve instalada em Mansabá, onde na função de força de intervenção reforçou o BCAÇ 512, tendo participado em diversas operações na região do Óio, nomeadamente nas zonas de Mansabá, Bissorã e Morés. Neste intervalo de tempo, ainda cumpriu outra missão, tendo sido atribuída temporariamente ao BCAÇ 236 [23Jul61-19Out63, do TCor Inf José Alves Moreira], e depois ao BCAÇ 600 [18Out63-20Ago65, do TCor Inf Manuel Maria Castel Branco Vieira], para colaborar na segurança e protecção das instalações da área de Bissau, de 03Set63 a 21Out63, a fim de colmatar a saída da CCAÇ 154 [21Jun61-03Set63, do Cap Inf Fernando Barroso de Moura].
Integrada nas forças do seu Batalhão envolvidas na «Operação Tridente», que decorreu nas Ilhas de Como, Caiar e Catungo, durante o primeiro trimestre de 1964, contabilizou um novo deslocamento até Sitató, desta vez em conjunto com a "irmã" CCAV 488 [do Cap Cav Fernando Manuel Lopes Ferreira (1.º); Cap Cav Manuel Correia Arrabaça (2.º) e Ten Cav Lourenço de Carvalho Fernandes Tomás (3.º)], instalando-se em Cuntima em 31Mai64, onde substituiu forças da CCAÇ 461 [20Jul63-07Ago65; do Cap Mil Inf Joaquim Lourenço da Rocha e Santos (1.º) e Cap Inf Joaquim de Jesus das Neves (2.º)] e da 1.ª CCAÇ, assumindo a responsabilidade do respectivo subsector, então criado e ficando integrada no dispositivo e manobra do seu Batalhão.
Em 06Jun65, foi rendida pela CART 732 [14Out64-07Ago66; do Cap Art Guy Stélio Pereira de Magalhães], tendo recolhido seguidamente a Bissau com o seu Batalhão e onde se manteve até ao seu embarque de regresso, verificado em 12 de Agosto de 1965. Entretanto, a partir de 13Jun65, dois dos seus Grs Comb estiveram temporariamente deslocados em Bula, em reforço do BCAV 790 [28Abr65-08Fev67; do TCor Cav Henrique Alves Calado], por períodos de 10 a 15 dias, com vista à realização de patrulhamentos e contactos com as populações da região de S. Vicente.
Foto nº 6 – Elementos da CCAÇ 489 (1963-1965), na curva da picada para Jumbembem - P14827, com a devida vénia.
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► Fontes consultadas:
Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 5.º Volume; Condecorações Militares Atribuídas; Tomo II; Cruz de Guerra, 1962-1965; Lisboa (1991).
Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 7.º Volume; Fichas das Unidades; Tomo II; Guiné; 1.ª edição, Lisboa (2002).
Ø Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 8.º Volume; Mortos em Campanha; Tomo II; Guiné; Livro 1; 1.ª edição, Lisboa (2001).
Ø Outras: as referidas em cada caso.
Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
28Set2020
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Nota do editor:
(*) Vd. poste de 25 de abril de 2016 > Guiné 63/74 - P16011: Álbum fotográfico do Fernando Andrade Sousa, ex-1º cabo aux enf, CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71) - Parte I: Uma ida ao Mato Cão
5 comentários:
Jorge, louvável iniciativa... Temos esquecido os nossos enfermeiros... Em todas as guerras o pessoal de saúde militar (médicos, enferneiros/as, maqueiros, condutores de ambulância, etc. também paga a sua fatura de sangue.
Mas na tua lista conto 23 enfermeiros e 1 médico... Confere. Abraço, bom início do ano letivo. Luis
Jorge, já não me lembraba desta foto, a nº 5 do álbum do Fernando Andrade Sousa... Merece destaque à cabeça do poste, não por mim, pelo Fernando e pelos nossos bravos soldados guineenses...
Vou ver o que na altura escrevi, em comentário:
"Fernando, que emoção ao rever estas velhas fotos!.. Não sei quem foi o autor. Talvez o furriel Tony Levezinho. Tenho pelo menos uma foto deste lote tirada nessa altura, em Finete, antes de partimos para o Mato Cão... Eu, com uma criança de tenra idade que andava por ali a brincar. Prometo repescar essa foto. Isto ainda é em 1969, no 2º semestre, ainda éramos "piras", mas já com batismo de fogo, 1 morto e vários feridos graves.
"O [alf mil] Carlão ainda não tenha ido para a equipa do reordenamento de Nhabijões. A 1ª secção do 2º Gr Comb não tinha furriel e eu na altura andei uns tempos neste Grupo de Combate. Aliás, passei por todos, a "tapar buracos" (feridos, desenfiados, em férias...), o que me deu uma boa experiência (vivida) da intensiva atividade operacional da companhia...
"Não tínhamos sossego, idas ao Mato Cão eram frequentes, já que era intensa a navegação no Rio Geba Estreito, nessa altura... Só muito mais tarde, dois anos e tal depois, é que se construiu um destacamento (permanente) no Mato Cão. Seria interessante recolhermos mais testemunhos desse tempo (1972). O Joaquim Mexia Alves esteve lá, com o Pel Caç Nat 52." (...)
O Fernando alinhava em todas!... E merecia o peito coberto de cruzes de guerra!... Acho que lhe deram um louvorzito!... Vou pedir-lhe que me mande uma fotocópia!...
Escreveu o Jorge Araújo:
"Como elemento estatístico, entre 1961 e 1974, período considerado na historiografia militar como o da Guerra Colonial, só pelo Exército foram mobilizados, para os três TO, cerca de 1.100 [mil e cem] Médicos Milicianos, permitindo uma experiência técnica adicional e ímpar."
Pergunto: Jorge, onde foste buscar este número ? Afinal, quantos médicos (. milicianos e do QP)foram mobilizados para o Ultramar, entre 1961 e 1975 ?
Pelas minhas contas, têm que ser mais do que mil e cem médicos milicianos... LG
Caro Luís,
Preparava-me para encerrar o meu PC, porque amanhã a jornada vai ser dura, e dei conta de que me fizeste uma pergunta sobre o número de médicos milicianos que foram mobilizados para o Ultramar, entre 1961 e 1974.
Pois aqui vai a resposta (sic) e a respectiva fonte:
1961-1974
• Guerra Colonial – só pelo Exército são mobilizados cerca de 1100 Médicos Milicianos, permitindo, malgrado os inconvenientes e riscos, uma experiência técnica adicional e ímpar (exemplo do Prof Doutor Moisão, entre outros). O HMP, em particular, tem grande incremento e desenvolve capacidades e prestígio (Cirurgia Plástica, Fisiatria[5], Neurocirurgia, entre outras).
In; Revista Militar n.º 2544, Janeiro de 2014, p12 (pdf) do Artigo do TCor Rui Pires de Carvalho “Factos relevantes da Saúde Militar nos últimos 200 anos”], a mesma referência indicada na foto 1
Ou:
https://www.revistamilitar.pt/artigo/897
São poucos médicos milicianos? Talvez... e os do QP? Não sei.
Uma santa noite.
Ab. Jorge Araújo.
Olá Camaradas
Poria em relevo a "evolução" do edifício do HM 241, Hospital Militar de Bissau.
Não sei qual seria o melhor destino a dar-lhe, mas não me parece que o governo da Guiné se possa dar ao luxo de deixar cair uma infraestrutura daquelas.
Se fosse um país rico, o ex-HM seria aproveitado pelo estado ou até por um particular.
Nos países pobres, mas que "tomaram os seus destinos nas próprias mãos" é mais complicado...
Mais uma vez deixo dito que "quem não tem competência não se estabelece". Digo eu...
Um Ab.
António J. P. Costa
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