

Luís Faria, ex-Fur Mil Inf MA da CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72
1. Mensagem de Luís Faria com data de 6 de Dezembro de 2008:
Caro Vinhal e Luis
Antes de mais, obrigado por terem publicado as duas imagens que pedi. Agradeço no entanto que a do emblema seja sempre publicada, mas trocada pela que enviei e é original (as cores são diferentes). Peço isto na esperança de que ela chame a atenção de mais algum camarada da CCaç 2791, de alguém relacionado ou que lá se
tivesse cruzado connosco e que possa vir também a contribuir com os seus dizeres.
Segue o capítulo 5.º das Viagens à volta das minhas memorias
Um Alfa Bravo a todos
Luis S Faria
Bula – Gratidão
Novembro foi o mês de adaptação à nova realidade, sobreposição com a velhice do BCav 2628 que nos mostrou parte da zona e passou o testemunho.
É altura de apresentar os Quadros iniciais da CCaç 2791, que muito contribuíram para a sua coesão e muito bom desempenho:
Comandante:
Cap Mil Art Mamede de Sousa (Arqt.º - casado)
Operacionais:
1.º GCOMB
Alf Mil Op Esp J. Manuel Quintas (casado)
Fur Mil Joaquim Mesquita
Fur Mil Luís Madaleno
2.º GCOMB
Alf Mil Caetano de Barros (Guineense)
Fur Mil Op Esp Carlos Castro
Fur Mil Santos Marques
3.º GCOMB
Alf Mil Ornelas Gomes
Fur Mil Amaral Almeida
Fur Mil Francisco Ferreira
4.º GCOMB
Fur Mil Luís Faria
Fur Mil Jorge Fontinha
Fur Mil Moura Chaves
Não operacionais
2.º Sarg Francisco Guerreiro
2.º Sarg Simão Bastos
Fur Mil Enf Urbano Silva
Fur Mil Trms Luís Lourenço
Fur Mil Vag A. Belchiorinho
Fur Mec Joaquim Mealha
Nota :
Aos Praças da 2791 (Força) , de quem no geral muito me orgulho e a quem, como disse o Urbano em comentário, ficou gravado parte do mapa da Guiné debaixo da pele, não os menciono aqui por a lista ser muito extensa. Alguns serão evocados / retratados ao longo dos capítulos que se irão seguir.
Aos furiéis não operacionais devo, para além da amizade, o meu agradecimento por todo o apoio de retaguarda que nos foi indispensável nas nossas deambulações pela Guiné:
Ao Mealha, algarvio de Estói que ao que sei, recebeu algumas viaturas em peças, não se chateou muito. Quantas mais, mais trabalho vão dar!! Partindo deste pressuposto deitou mãos à obra com os seus muchachos e de duas GMC conseguiu montar uma. Jipe Willys, isso era um luxo desnecessário e como tal só houve um para o Capitão. Unimogues… isso sim, eram muito necessários e como tal andavam sempre um brinquinho.
Era uma jóia e toda a gente gostava dele inclusive as Bajudas! (... Onde pára o Mealha?... se calhar foi à tabanca esvaziar óleo !!!?) Gostava de se embrenhar sozinho, a pé ou de GMC, pela povoação e uma noite que foi à fonte onde nos abastecíamos de água e pelos vistos o IN também, teve que se pirar à pressa para não ser apanhado à mão, disse!
Passou a ter mais cuidado, mas não parou.
Para além destes gostos, também era ferrinho nas Cerimónias, e julgava-se exímio a tocar na minha viola, que só arranhava com um dedo !!
E era este, numa pincelada geral, o Joaquim dos Santos Mealha daqueles tempos.
Desde o regresso, nunca mais soube nada dele, procurei-o via telefone, pessoalmente em Estói, mas nada consegui. Se algum Tertuliano souber algo, agradeço.
Ao Lourenço (Metralhinha), que com aquele seu ar ensimesmado por detrás dos grandes óculos que lhe davam um aspecto de Irmão Metralha intelectual, lhe conferiam o estatuto do eu é que sei…(?!) e que por vezes sabia ser chato, corrosivo e exasperante com’o caraças, que não só gostava de olhar de ladegos para as Bajudas (…o Metralhinha? …acho que foi à cagadeira…! !?), mas também apreciava uma boa Cerimónia.
Também era, diga-se, um fotógrafo de truz e a sua máquina - creio que Pentax - era uma companheira pronta a entrar em acção.
No que tocava a equipamento de transmissões o Lourenço não deixava os créditos em mãos alheias e que me lembre, nunca tive um problema de recepção / emissão com os banana, o que foi muitas vezes importantíssimo. Como ele dizia… são os cristais,…são os cristais… ! .
Actualmente pertence aos quadros da PT e por vezes encontramo-nos em almoços da Companhia.
Ao Belchiorinho, alentejano de Évora, que com a sua educação, honestidade, benevolência, pacatez e simplicidade era querido de toda a Jericada (rapaziada -Castro). Não gostava que o pessoal passasse fome, e como tal fazia vista grossa aos assaltos ao Depósito de géneros, para que pudessem alimentar o corpo e o espírito! Quem não achava muita piada a isto, era o Sarg Guerreiro que estava sempre a por o desgraçado do Belchiorinho à pega. E este por sua vez mandava-o p’ro caraças em pensamento e refugiava-se numa bazucada!
Nas Cerimónias era presença assídua e alegre e ainda hoje não falha, com a Esposa, a um almoço da Companhia ou do Batalhão. Eng Téc Agrónomo é Funcionário Público em Alcácer do Sal.
Ao Urbano, nortenho de Salreu, com o seu olhar perspicaz, observador atento de fisionomias e de estados de espírito, era o nosso Doutor carismático e amigo. De forte carácter e personalidade vincada não se deixava enrolar pelo pessoal, mas zelava diligentemente pela nossa saúde e pelas condições higiénico - sanitárias do pessoal, que defendia numa base de Justiça, fosse contra quem fosse! Desde obrigar a tomar o quinino às vistorias ao pessoal e ao abastecimento medicamentoso dos enfermeiros dos GComb, nunca nada faltou.
De andar gingão à cowboy cirandava pela povoação, em contacto directo com a população, observando e conhecendo. Muitas estórias pode contar…! Com a sua faca de caça submarina, treinava o lançamento comigo e era difícil falhar o alvo a 10/11 passos. E poker de cartas? Vá lá vai… os Capitães que o digam!! Para além do mais, também era ferrinho nas Cerimónias em que sobre assuntos da Companhia era fácil ouvir-lhe o vai -te f… não sabes nada…eu é que sei..!! e desbobinava o acontecimento.
Assim era o Urbano, grande amigo com quem volta e meia me encontro, juntamente com mais meia dúzia de Ex-2791 em almoçaradas bem animadas.
A todos eles mais uma vez o meu muito obrigado
Entretanto, os operacionais, coadjuvados pelos eteranos, foram fazendo segurança às colunas, umas patrulhas e emboscadas ao longo da estrada Bula –S. Vicente e um verdadeiro tirocínio aos ataques cerradíssimos de milhares de esquadrilhas de mosquitos que, quais kamicazes, atazanavam a paciência dos mais serenos. Dita a sabedoria que se gostarmos muito de uma comida e a tivermos em demasia, enjoamos e não queremos mais (origem L.F.).Seguindo esta douta máxima, o que comecei a fazer para enjoar os kamicazes e ao mesmo tempo dar exemplo de auto - domínio ao pessoal, foi desabotoar o camuflado e oferecer-me de peito aberto à voragem voadora! E não é que resultou?! Ao fim duas ou três noites já nem os sentia!! Até fazíamos apostas!!!
Nota:
Cerimónia - Reunião do pessoal à volta de uma ou mais garrafas com conteúdo alcoólico, se possível (não obrigatório) com alguns elementos sólidos a acompanhar e em que a motivação principal era dar asas ao nosso stressado Eu. Seguem-se exemplos…!



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Um abraço à Tertúlia
Luís S Faria
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 6 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3574: Viagem à volta das minhas memórias (Luís Faria ) (4): Conhecer a realidade de Bula