quinta-feira, 24 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23108: "Alfero Cabral ca mori": Lista, por ordem numérica e cronológica, das 94 "estórias cabralianas" publicadas (2006-2017) - IV Parte: de 60 a 79


Monte Real > Palace Hotel > V Encontro Nacional da Tabanca Grande > 26 de Junho de 2010 > O heterodoxo Jorge Cabral, de punho erguido (e dedos descaídos) como nos heróico-operáticos tempos da guerra do Cuor, entre o Jorge Picado (o bravo capitão miliciano ilhavense que, além dos 4 filhos legítimos, arranjou mais uma centena e meia de adoptivos, aos 32 anos, ou seja, uma companhia) e o Hélder de Sousa (o homem da TSF no CTIG, que tinha um poster do Che Guevara no quarto em Bissau, longe do Vietname)... Não foi possível identificar a misteriosa bajuda, que está do lado direito, escondendo o rosto e com uma máquina fotográfica na mão. 

Foto (e legenda): © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Capa do livro de Jorge Cabral, "Estórias Cabralianas", vol I.
Lisboa: Ed José Almendra, 2020, 144 pp. Tinha um II volume,
 praticamente pronto para ser publicado. 
O editor adoeceu e a  morte surpreendeu o autor.


1. A propósito deste II Volume que o Jorge queria muito publicar em vida, fica aqui o pedido do  camarada Alberto Branquinho, que também fazemos nosso:

"Companheiros: Tentei contactar o filho do Jorge Cabral através do telemóvel que o meu irmão conseguiu obter. Pretendia alertá-lo para a existência de um conjunto de textos que correspondem ao 2º.vol. das "Estórias Cabralianas", que ele queria publicar. Não o conseguiu devido à pandemia e ao agravamento da sua saúde.

Acontece que esse telemóvel respondeu, durante o passado fim de semana, com uma gravação: "não está atribuído". Terá sido, talvez, um 2º. telemóvel que o Jorge teria e que foi desactivado.

Como não pude estar no velório, não contactei o filho, que não vejo há mais de 20 anos. Assim, deixo aqui a todos vós o pedido de, caso tenham meios, contactem o filho Pedro Cabral para o alertar da existência do material correspondente ao 2º. volume (que poderá estar em dossier ou, até, mal organizado, porque o Jorge era assim). É que ele terá que recolher os papéis do pai antes de entregar a casa ao senhorio. Será uma acção para manter a sua memória e satisfazer a sua vontade. Cumprimentos. Alberto Branquinho. 10 de janeiro de 2022 às 11:33 " (Comentário ao poste P22890) (*)


2. Lista das estórias cabralianas, por ordem numérica e cronológica - Parte IV: De 60 a 79 (*):


O Jorge irá continuar a "inspirar-nos" e a "provocar-nos" com as suas "estórias cabralianas"... que não envelheceram!... Continuo, ao fim deste tempo todo, a ler e a reler, divertido, estes "microcontos", um género literário em que  ele se tornou mestre. 

As desta lista são "estórias" publicadas no nosso blogue, entre maio  de 2010 e junho de 2013. A mais lida  da lista terá sido  a n.º 61 (Os poderes do professor Wanatu...): teve 711 visualizalções. A que teve mais comentários (16) foi a n.º 64 (O avô, o neto e os heróis...).

O nosso JERO (a quem chamava o "último monge de Alcobaça", e que também já lá está no Olimpo dos Combatentes, e era um avô  babado) escreveu o seguinte comentário à estória n.º 64:

"Boa noite Jorge. Que bonita história! Li a tua história em voz alta para a minha mulher que se tinha acabado de sentar e não esteve para se levantar quando lhe pedi que viesse até ao cumputador. Na parte final quase me engasguei... comovido. Meia dúzia de linhas e uma história de vida tão sentida. Era tão bom que todos os avós fossem heróis para os seus netos! Esta foi a minha mulher que disse. Um grande abraço de Alcobaça, JERO.

PS - Deste-me força para mandar para o nosso blogue uma história da minha neta Mariana que tem quase 4 anos. 9 de novembro de 2010 às 23:12" (Comentário ao poste P7251)

O Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmdt do Pel Caç Nat 63 (Fá Mndinga e Missirá, 1969/71), advogado, especialista em direito penal, professor do ensino superior, era muito querido e popular entre a malta da Tabanca Grande: basta referir, por exemplo, que o seu poste de parabéns, do dia 6/11/2009 (P5221) teve 1531 visualizações e 30 comentários. Era igualmente uma figura muito querida entre as suas antigas alunas, as assistentes sociais,  que, antes dele morrer, fizeram-lhe uma despedida emocionante à porta da sua casa no Estoril.


19 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6428: Estórias cabralianas (60): O manifesto do nosso alfero (Jorge Cabral)

(...) Caro Luís,
nunca será demais enaltecer o teu blogue,
o qual nos tem permitido, principalmente recordar.

Como tu dizes,
fui um tropa desalinhado,
marginal
e quase sempre provocador,
características que mantive ao longo da vida. (...)


21 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6769: Estórias cabralianas (61): Os Poderes do Professor Wanatú... (Jorge Cabral)

(...) Bruxarias, espiritismos, magias sempre me atraíram. Ainda na Guiné, aconselhado a um jejum de um mês, para poder comunicar com os mortos…, quase morri de fome. Claro que não acredito em tudo, mas admiro o poder de sugestão dos profissionais, embora às vezes me desiludam, como a vidente Zinha, que quando estava a entrar na minha vida passada de monge austríaco, se lembrou do almoço do Pai e interrompendo a sessão, começou a gritar para a filha:
- Maria, vai ver o lume! Não deixes queimar a tomatada do avô! (...)


26 de Julho de 2010 > > Guiné 63/74 - P6787: Estórias cabralianas (62): À Tesão, Pelotão!... Este é o Alfero Souza, meu amigo (Jorge Cabral)

(...) Com o Pelotão [, o Pel Caç Nat 63,] em Bambadinca, preparando-me para arrancar para o Xime, eis que deparo, com um Gandhi, de camuflado, que avança para mim com os braços abertos. É o Souza, com "z", meu amigo e camarada de Vendas Novas. (...)


14 de Agosto de 2010 >Guiné 63/74 - P6851: Estórias cabralianas (63): As Sereias do Rio Geba... ou a violência doméstica subaquática (Jorge Cabral)

(...) Foi na Guiné que aprendi a contar estórias às Crianças. Comecei lá e nunca mais parei. Ainda ontem conheci uma Menina. Disse-me que tem um gato e eu falei-lhe das minhas duas moscas, uma de cama, coitada, cheia de febre… Em Missirá, na Escola, comecei com a Branca de Neve e os 7 Anões, mas logo desisti. (...)

9 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7251: Estórias cabralianas (64): O Avô, o Neto e os Heróis (Jorge Cabral)

(...) Mais um dia. Lá vou eu entalado entre os anafados peitos de uma dama e a gravata de um cavalheiro, que hoje fez greve ao chuveiro. O Metro segue cheio, mas há sempre lugar para mais um. Na Estação do Saldanha, é invadido por uma excursão de meninos, com a Mestra à frente (bem jeitosa, por sinal). São barulhentos os putos… e eis que um, apontando para mim, grita:
– Aquele ali, é da raça do meu Avô, é um Senhor Herói!. (...)


15 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7792: Estórias cabralianas (65): Os românticos... também mijam (Jorge Cabral)

(...) Estava calor e todo o quartel dormia a sesta. Em cuecas, o Alfero urinava contra a parede (bem não urinava, mijava, pois na Tropa, ninguém urina, mija). Eis que um jipe se acerca. Nele, três alferes de Bambadinca, acompanhados de duas raparigas. Ainda a sacudir “o corpo do delito”, disfarça, cora, mas que vergonha (!). Claro, ninguém lhe aperta a mão. Elas são a filha do Senhor Brandão e uma amiga de Bissau, cabo-verdiana. Vêm visitar Fá. Chama o fiel Branquinho. Que os leve a todos para o Bar, enquanto ele se veste e se penteia. Regressa impecável. À paisana, de camisinha branca, calças azul-bebé. (...)


17 de março de 2011 > Guiné 63/74 - P7959: Estórias cabralianas (66): O meu colega Mãozinhas (Jorge Cabral)

(...) Foi na prisão de Alcoentre que conheci o Mãozinhas, por intermédio do meu amigo e cliente, o 24, nome que ganhou há muito tempo, num bordel, sito à Rua do Mundo. E porquê, 24? Ora, é fácil adivinhar. O tamanho, melhor, o comprimento (...)


11 de outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8892: Estórias cabralianas (67): Lagarto ka ta tchora! (Jorge Cabral)

(...) Em Missirá não existiam rafeiros, até porque era muito mais uma Tabanca do que um Quartel. Lá viviam duzentas almas, pelotão Nativo e pelotão de Milícias, mais população e, no meio de toda esta gente, apenas dez europeus, o que levou muitas vezes o Alfero a interrogar-se: Afinal quem 'colonizava' quem? (...)


4 de novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8992: Estórias cabralianas (68): Zina, a bordadeira do Pilão (Jorge Cabral)

(...) Chegado na véspera e instalado no Biafra, entrei pela primeira e última vez na Messe de Oficiais em Santa Luzia. Era noite do Bingo. Procurei algum conhecido e encontrei o Gato Félix, estudante de Letras, ora Alferes, o qual também me pareceu entediado. (...)


18 de dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9223: Estórias cabralianas (69): Onde mora o Natal, alfero ? (Jorge Cabral)

(...) Também houve Natal em Missirá naquele ano de 1970. Na consoada, os onze brancos e o puto Sitafá, que vivia connosco. Todos iam lembrando outros Natais. Dizia um:
– Na minha terra…

E acrescentava outro:
– A minha Mãe fazia… (...)

3 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9304: Estórias cabralianas (70): Sambaro, o Dicionário e o Afecto (Jorge Cabral)

(...) Agora que tenho tempo, tornei-me um caminheiro. Logo pela manhã abalo pela cidade. Travessas, calçadas, pátios, becos, vilas, percorro devagar essa Lisboa escondida, quase invisível. Foi num desses passeios que encontrei Ansumane. Um negro velho e calvo, que entre a Travessa da Lua e o Beco das Estrelas, arengava em crioulo. (...)


24 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9796: Estórias cabralianas (71): Fixações etnomamárias: evocando o meu avoengo Carloto Cabral que, no séc. XVIII, crismou Quebo como a Aldeia das Mamas Formosas (Jorge Cabral)

(...) Há uns tempos recebi uma simpática mensagem de uma leitora das “estórias cabralianas”. Gabava-me o humor mas alertava-me, algumas indiciavam uma certa “fixação mamária”. Nada de grave, que não pudesse ser tratado no seu divã, de psicanalista, presumo. (...)

9 de maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9873: Estórias cabralianas (72): Ressonar... à fula (Jorge Cabral)

(...) Além de ressonar, sempre falei a dormir. Um dia em Missirá propus-me descobrir, de que falava, o que dizia. Ora, havia lá um velho gravador de fita, máquina pertencente a não sei quem, enfim nossa, pois viviamos numa espécie de “economia comum”. Resolvi pois gravar uma das minhas noites. (...)

29 de agosto de 2012 > Guiné 63/74 - P10307: Estórias cabralianas (73): O Conde de Bobadela (Jorge Cabral)

(...) Estou no Tribunal de Mafra à espera de um Julgamento, quando uma mulher me interpela:
- É o Senhor Conde, não é?

Hesito, mas para evitar mais conversa, respondo:
-Sou sim. Como vai a senhora?
-Ai, que já não se lembra da Aurora! Eu trabalhava em casa do Senhor D.Ilídio. O Senhor Conde ia lá muito, quando estava na tropa. (...)

1 de outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10463: Estórias cabralianas (74): Danado para as cúpulas... (Jorge Cabral)

(...) – Branquinho, eu era danado para as cúpulas ? – perguntei-lhe um dia destes, porque habitualmente me socorro da sua memória. Ainda há meses, logo depois do almoço da CCS do Bart 2917, em Guimarães, no qual contaram tantas estórias do meu Missirá, tive de procurar confirmação junto dele. Praticamente eram todas invenções, pois também têm direito…

A esta questão, o Branquinho nem soube responder.
–Cúpulas ? Quais cúpulas? (...)

10 de novembnro de 2012 > Guiné 63/74 - P10647: Estórias cabralianas (75): O alfero na Casa dos Segredos (Jorge Cabral)

(...) Há mais de sessenta anos que conheço esta Leitaria. Fica na Avenida do Brasil e quando eu era miúdo havia lá uma vaca. Uma vaca em plena Lisboa…Quando conto,pensam que é estória, mas não é, a Senhora Margarida, vendia o leite produzido à vista do cliente. (...)


15 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10943: Estórias cabralianas (76): Não sei se por distracção ou por preguiça, mas esqueci-me de morrer... (Jorge Cabral)

(...) Não sei se foi por distracção ou por preguiça, mas esqueci-me de morrer. Claro que tenho pago escrupulosamente o Imposto de Sobrevivência, mas agora resolvi aceder ao apelo governamental “ todos os velhos devem comparecer na Central de Abate,o que constitui um dever patriótico”. Comuniquei a decisão à família, que ficou muito contente, principalmente a minha bisneta Carol, que foi logo requerer mais um filho nos Serviços de Programação Genética. Um rapagão que nasça já crescido para não dar trabalho (...).

18 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11586: Estórias cabralianas (77): As bagas da Dona Binta e os seus efeitos... secundários (Jorge Cabral)

(...) Não sei porque razão os Guineenses escolheram o Largo de S. Domingos, para se reunirem todos os dias. Logo de manhã, chegam, conversam, discutem, compram e vendem. É um lugar recheado de História. Foi de lá que partiram os quarenta conjurados para, em 1640, restaurarem a Independência, mas foi também ali que se iniciou a grande matança de Judeus em 1506. Deixo porém para outros a História séria, pois este velho Alfero conta é estórias (...)

12 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11707: Estórias cabralianas (78): A Justiça da Velha Mandinga (Jorge Cabral)


(...) Em Agosto de 1969, nasceu a minha sobrinha Maria João e logo fui nomeado padrinho, tendo sido marcado o baptizado para Janeiro de 1970, nas minhas férias. Numa sortida a Batatá, comprei um boneco, coisa fina, talvez de origem francesa, para levar como prenda. Parecia mesmo um bébé, de bochechas rosadas, com fralda e biberon. Guardei-o na mesa de cabeceira, mas às vezes mostrava-o às meninas da Tabanca, que frequentavam a escola. (...)



17 de junho de 2013 > Guiné 63/74 - P11720: Estórias cabralianas (79): O Capitão-Tenente dos Submarinos (Jorge Cabral)

(...) Qual Guiné? São tantas. Cada um cria a sua ou inventa... E quem diz Guiné, diz Guerra. Por mim conheço muitas... Mas como esta, que mora no Beco do Cotovelo, à beira da Mouraria, não deve haver mais nenhuma. É na tasca da Conceição, onde às vezes abanco com três ex-combatentes da Guiné. Todos eles lá estiveram, em lugares e tempos diferentes e todos davam pelo nome de Mouraria. (...)
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Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série:

Guiné 61/74 - P23107: (In)citações (201): Invasão da Ucrânia pela Federação Russa (3): Similitudes (Fernando Gouveia, ex-Alf Mil Rec Inf do CMD AGR 2957)


1. Em mensagem datada de 22 de Março de 2022, o nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf do CMD AGR 2957, Bafatá, 1968/70), a propósito da invasão da Ucrânia pela Federação Russa, fala-nos de similitudes.


“SIMILITUDES”

Como primeira e principal similitude, Putin e Hitler como não podia deixar de ser. Ambos ditadores.

Hitler pretenderia conquistar toda a Europa, senão todo o mundo. Putin como o próprio já referiu, pretende conquistar os suficientes países, senão muitos mais, para refazer o império dos czares.

Para o fim em causa, Hitler, à revelia das imposições do pós guerra de 14/18 e um tanto à custa do povo alemão, rearmou-se. Putim, também além de se rearmar, contou e conta, com a herança nuclear da União Soviética, em grande parte vinda precisamente da Ucrânia.

Hitler elejeu os judeus como bodes expiatórios, ao que o povo alemão aderiu. Putin colocou na mesma plataforma os americanos, pois sob muitos aspetos não são “flores que se cheirem”.

Hitler, para “experimentar” os outros países, começou por anexar a Renânia e mais tarde a Áustria e a Checoslováquia. Cobardemente, ou não, o resto da Europa aceitou e não cortou o mal na origem. Putim anexou a Crimeia e mais tarde, de forma perfeitamente despótica, implementa a independência dos territórios de Donetsk e Lugansk.

Na sequência da anexação da Áustria, Hitler, sentindo que a Europa continuaria estática e até porque tinha estabelecido um acordo mais ou menos secreto com a União Soviética, invade a Polónia na chamada “blitzkrieg”. Os soviéticos invadem também pelo leste e tomam a sua cota parte no “repasto”. Putin invade a Ucrânia, no que ele também achava ser uma “blitzkrieg”. Não o está a ser, mas ainda resta saber que quota parte levam os chineses, pois parece haver uma similitude com o caso Hitler-Stalin.

Pobres ucranianos, com uma nova similitude. Em 1931/33, Stalin, antevendo uma próxima supremacia da Alemanha pois Hitler se estava a rearmar, também tenta fazer o mesmo. Com a mesma finalidade e com a desculpa da formação dos Kolkozes, manda as tropas para a Ucrânia e saqueia toda a produção agrícola para vender à Europa. Morreram nessa altura, à fome, cerca de 15 milhões de ucranianos, HOLODOMOR, como ficou conhecida esta mortandade. O cheiro a cadáver era em todo o lado insuportável. Agora, a tentativa de Putin fechar a Ucrânia ao mar Negro, impossibilitando as exportações de cereais, parece ter os mesmos propósitos.

Se a última guerra foi uma guerra de Hitler agora, ainda mais, será e só, uma guerra de Putin.

A última guerra foi considerada mundial. Neste momento também está a começar a ser considerada uma guerra mundial por força da economia, sim, porque presentemente, mais do que as armas, a fraca economia fará tantas ou mais vítimas. Não esqueçamos ainda outra arma que é a cibernética.

Para já, a última similitude possível. Hitler sofreu vários atentados a que sobreviveu, mas por último deu um tiro na cabeça…

E para terminar tenho a dizer que já não tenho idade para ir combater, mas sabendo que Portugal mandou para lá, via Roménia, armamento incluindo espingardas G3, só espero que nessa remessa esteja incluida a G3 que me estava distribuida na Guerra da Guiné.

Porto, 18 de Março de 2022
Fernando Gouveia

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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Março de 2022 > Guiné 61/74 - P23104: (In)citações (200): Invasão da Ucrânia pela Federação Russa (2): Glória à Ucrânia! Glória à sua Infantaria!... (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil da CCAV 703)

Guiné 61/74 - P23106: (De) Caras (187): Ainda a cantora Isabel Amora, no espectáculo no Cine Gabu, em março ou abril de 1970 (Tino Neves, ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)


Foto nº 1


Foto nº 2
  

Foto nº 1A > Isabel Amora (pormenor)

Guiné > Região de Gabu > Nova Lamego >  CCS BCAÇ 2893 (1969/71) > Março ou abril de 1970 > Espectáculo no Cine Gabu com a cantiora Isabel Amora.

Fotos (e legendas): © Tino Neves (2022). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Tino Neves, foto atual

 

O Constantimno Neves, à direita, nesse dia do espectáculo 
no Cine Gabu esteve de serviço como 1.º cabo PU - Polícia de Unidade.


1. Mensagem de Constantino Neves, mais conhecido por "Tino" Neves, ex-1.º cabo escriturário, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71 (hoje, bancário reformado, vivendo na Cova da Piedade, Almada; tem mais de sessenta referências no nosso blogue):

Data - 21/03/2022, 16:06

Assunto - Espectáculo no Cine Gabu, com a Isabel Amora


Luís Graça, tudo bem?

Desculpa, só agora responder ao teu pedido.(*)

O fotógrafo que tirou estas fotos, as do poste P23080 (*), chamava-se Joaquim Rodrigues, era soldado maqueiro. Viria a falecer uns meses mais tarde, no ataque a Nova Lamego, na noite de 15/11/1970.(**)

Consegui mais uma foto doutro camarada, mas diz não saber a data exata em que foi o espectáculo: deve ter sido logo no início da nossa comissão, talvez em março ou abril de 1970, pelo que se encaixa nas datas por ti sugeridas.
 
Nesta foto mostra muito bem a face da cantora e o modo que se veste (minissaia) (Fotos nºs 1 e 2).

E também mostra, de costas, o Capitão Gaspar Borges, que ainda era o Comandante da CCS, e que depois de alguns meses foi transferido para Canjadude (CCaç 5) (Foto nº 2).

Como já informei, não era usual haver PU na Vila, mas como havia esse espetáculo, o Capitão resolveu criar a PU para sair do quartel. Como o Furriel que estava de  Sargento de Dia se baldou,  eu como Cabo de Dia fui destacado para fazer esse serviço. Mais informo, que eu era o Cabo Escriturário ao seu serviço.

Abraços.
Tino Neves

2. Comentário do editor LG:

A minissaia foi criada em Londres, em 1966, pela estilista Mary Quant. Tornou-se um elemento icónico da emergente cultura pop.  Foi uma revolução na moda, no vestuário e nos costumes, tal como o biquíni. 

Eram 30 cm de saia, em comprimento, que se usavam com bota alta e t-shirts ou camisetas apertadas. Teve um grande impacto, a par da recusa do sutiã, no desenvolvimento da revolução sexual e feminista, depois da aparecimento da pílula anticoncecional, surgida nos EUA logo início da década de 1960. 

Numa sociedade conservadora como a portuguesa  do Estado Novo, a introdução da minissaia causou algum furor, mas acabou por ser aceite. Ou melhor: foi rapidamente adotada pelas nossas jovens, em meio urbano e a música ié-ié ajudou a levar a minissaia à província, ao "Portugal profundo", juntamente com as festas de verão, as visitas dos emigrantes e o regresso dos soldados da "guerra do ultramar"... 

Na Guiné, em 1970, já não era novidade. Algumas esposas, sobretudo mais novas, de  camaradas nossos vestiam minissaia, nomeadamente em Bissau. De resto, estava-se em África, e o clima pedia roupas leves. Até a tropa usava camisa curta e calções...

Mas no meio militar, no mato, uma mulher branca, de minissaia, ainda não  era muito habitual ver-se. Era uma raridade... Daí talvez a ideia peregrina  do capitão de infantaria Gaspar Borges (que não era SGE, e tinha a esposa consigo em Nova Lamego), nessa noite improvisar uma PU - Polícia de Unidade... Mais valia prevenir do que remediar, deve ter pensado o capitão... 

Na realidade, também não me lembro de ver PU em lado nenhum, no mato, no interior da Guiné, nomeadamente em Bambadinca e em Bafatá, no meu tempo (1969/71).
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Notas do editor:

quarta-feira, 23 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23105: Ser solidário (242): Consignação do IRS à ONG Afectos com Letras - uma ajuda que não custa nada, e que vai ajudar a levar máquinas descadoras de arroz às tabancas, libertando as meninas da escravidão do pilão e deixando-lhes tempo para a escola



1. Mensagem da ONGD Afectos comLetras, com data de hoje, às 16h37:


Caras e Caros Amigos️

Já podem indicar ao Fisco, até ao final deste mês, a Associação Afectos com Letras como a entidade à qual querem consignar parte do vosso IRS.

Depois desta data, ainda podem fazê-lo aquando na entrega da declaração anual.

COMO FAZER?

Selecionar o botão “Pesquisa” junto ao campo do NIF, escolher a Afectos com Letras e submeter a informação.

O QUE IMPLICA NA VOSSA CARTEIRA?

A consignação de 0,5% do IRS não implica a perda de qualquer parte do reembolso, uma vez que a verba “doada” é retirada do imposto devido ao Estado.


O QUE REPRESENTA A CONSIGNAÇÃO PARA NÓS?

Uma enorme ajuda que se tem traduzido, nos últimos anos, na doação de máquinas descascadoras de arroz a várias comunidades na Guiné-Bissau, retirando as meninas da penosa descasca manual do arroz e colocando-as onde devem estar - na escola!

Juntem-se a nós e sejam parte na mudança da vida de muitas meninas na Guiné-Bissau.

2. Facebook da Afectos com Letras  ONGD, 3 de março de 2022

Vd. aqui Reportagem RTP África sobre "a entrega da nossa 11ª descascadora de arroz na Guiné-Bissau.

Desta vez, a máquina que cria tempo chegou à Tabanca de Dencasse, na Ilha de Pecixe, com o apoio do Programa de Ajuda Direta da Embaixada da Austrália em Portugal."

3. Missão da ONGD Afectos com Letras:

"A Associação Afectos com Letras nasceu da vontade de fazer um pouco mais pelos outros. Trata-se de uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD), reconhecida como Instituição de Utilidade Pública pelo Governo Português, que tem como objecto social a concepção, promoção, execução e apoio a programas, projectos e acções em Portugal e, em especial, nos países em vias de desenvolvimento, nas áreas da formação, saúde pública e educação. 

Desde 2009 que a nossa intervenção se tem concentrado na Guiné-Bissau, nomeadamente em Bissau, Orango, Barambe, Blequisse, Pecixe, Bubaque, Djoló, Ingoré, Cambajú, Quinhamel, Quilum, Elalab, Jeta, Caio, Tepil, Cassical, Dencasse, Varela e Quelelé onde temos desenvolvido diversos projectos na área da educação, das bibliotecas, da saúde, do empoderamento das mulheres e da formação."
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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de setembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22582: Ser solidário (241): O nosso camarada e amigo Torcato Mendonça encontra-se hospitalizado há já algum tempo. Notícia de ontem da sua esposa Ana Mendonça

Guiné 61/74 - P23104: (In)citações (200): Invasão da Ucrânia pela Federação Russa (2): Glória à Ucrânia! Glória à sua Infantaria!... (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil da CCAV 703)

Com a devida vénia a Plataforma


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil Cav da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66), datada de 22 de Março de 2022 com um texto de sua autoria alusivo à invasão da Ucrânia pela Federação Russa de Putin.


Glória à Ucrânia! Glória à sua Infantaria!...

Nós, os combatentes na Guerra da Guiné e da generalidade da guerra ultramarina, fomos maioritariamente “infantes”, as conexões às armas da Cavalaria e da Artilharia referem-se às nossas unidades mobilizadoras.

A Infantaria é a arma mais antiga e mais viril dos exércitos (a igualdade do género não a expurgou desse orgulho), combate em todos os tipos de terreno, sem horários e sob todas as condições meteorológicas, ganha as guerras e é a bota dos infantes no terreno que é o garante da paz. A Marinha e a Força Aérea são ramos muito mais poderosos, mas não ganham guerras, são seus auxiliares decisivos, os fuzileiros na Marinha e os pára-quedistas na Força Aérea são tropas especiais – mas são infantaria.

O Papa acaba de lembrar a Guerra como a mais repugnante das invenções humanas, pela sua iniquidade, os momentos de sentimento são apanágio da Arma da Infantaria, o serviço nacional da guerra é tão antigo como o homem, o serviço nacional da paz (a ONU), e o serviço nacional de saúde são muito recentes, são nossos contemporâneos.

Não venho descascar a minha cebola, mas as gavetas da minha memória continuam povoadas das lembranças das “operações de intervenção” no Sul da Guiné, sempre debilitantes e sempre dolorosas, dirigidas e desenvolvidas nas matas do Cantanhez, esse santuário da natureza guineense, agora património da Humanidade. As LDM´s da Marinha largavam-nos no seu litoral ou nas margens interiores dos seus rios e canais, os aviões F84 e T6 precediam-nos a largar bombas e apoiavam-nos a disparar roquetes, chegamos a ter o apoio das peças da Fragata Nuno Tristão, as árvores eram as suas maiores vítimas, toda aquela metralha estragava muito a natureza e apenas incomodava o inimigo, para este a moléstia éramos nós, a montar-lhe cercos, a fazer-lhe assaltos, a incendiar-lhe e a destruir-lhe as tabancas à bazucada; na exploração do sucesso e nas suas pesquizas ainda tínhamos pachorra para revistar os mortos, fazer curativos e dar medicamento a velho, mulher ou criança e também para dar o tiro da misericórdia na nuca dos feridos sem salvação.

Não obstante a intervenção da parafernália bélica dos três Ramos das nossas FAs, raramente o inimigo se eximia ao derramamento de sangue, nunca nos dispensou nem das suas flagelações aos nossos altos para descanso nem de montar emboscadas às nossas progressões. Era a infantaria orgânica contra a infantaria errática e volátil.

Voltávamos semanas depois, as populações já tinham recuperado as suas moranças, a sua construção era a mais acelerada e veloz do mundo, agrupavam-se e ao fim de um dia tinha uma habitação erguida, a cobertura de colmo incluída, a sua estrutura era um hino à engenharia – a tradicional resiliência dos balantas e nós investidos nos sofrimentos do costume.

A ciência e a alta tecnologia militares atingiram tais estádios de desenvolvimento e de perfeição, o armamento instalado tem capacidade para arrasar o planeta não sei quantas vezes, mas, além do seu poder de dissuasão, tem também o poder de conferir equidade às guerras, de retirar ao seu autor o poder das matanças massivas de gente, aos milhares e aos milhões, e das destruições planetárias, eliminando-o e ao seu núcleo duro – a coragem de uma eliminação pode salvar a Humanidade da 3.ª Guerra Mundial!

Nesse contexto, a guerra da invasão ou a “operação militar especial” movida há um mês pela Federação Russa contra a Ucrânia é uma iniquidade, nem tem cabimento, nem é aceitável. A Humanidade estar a visionar a matança, a deslocalização de um povo e destruição de um país, quase em directo e tempo real, reconhecido pela comunidade das nações, pela ONU e subscritor de todos os tratados e leis de Direito internacional, isto apenas alguns anos após a sua outorga de um tratado internacional, de que o seu agora agressor foi um dos seus principais subscritores e garantes, tratado que é o único penhor da garantia da sua segurança, a paga da Comunidade internacional em deixar de ser a terceira potência mundial nuclear…

O povo ucraniano rejeitou o armamentismo e a guerra, mas perdeu a sua segurança vital ante a Rússia!

Livre dessa ameaça, a Federação Rússia renegou tratados e fez-se estado pária, o seu líder mancomunou-se com o vizinho seu títere, nem a Declaração de guerra se dignou fazer, a propósito, lembro aos meus camaradas que o PAIGC era uma organização pária, a sua sede era uma caixa postal, na Guiné-Conacri, mas o seu líder era português e civilizado, dignou-se escrever a Salazar e à ONU o aviso da sua passagem à “acção activa” e o seu prazo, metáfora e declaração de guerra da Guiné. Aquele agressor russo montou e tem manobrado um cerco quase medieval à Ucrânia, em batalhas de pessoas contra pessoas, a pouca força do seu povo tem superiorizado a grande força dos invasores, nós também experienciamos isso na Guerra da Guiné, a superioridade do nosso inimigo pela motivação, nunca o superiorizamos pela superioridade militar.

Na sua “operação militar especial” relâmpago, os invasores terrestres russos têm-se limitado a calcar as linhas fronteiriças ucranianas, o seu líder está a fazer o contrabalanço iníquo do seu falhanço táctico e dos seus desaires terrestres com o seu armamento mandado pelo céu, com os seus aviões de ataque ao solo da última geração, com os seus mísseis termobáricos e hipersónicos, estes são veículos de ogivas nucleares, as mais pequenas com a potência destruidora da bomba de Hiroshima, pela destruição sistemática dos equipamentos sociais e produtivos, no seu afã de matar e desgraçar aquele povo e de arrasar aquele país, à revelia da ética, dos tratados, do Direito internacional e à vista de todo o mundo!

Glória à Infantaria da Ucrânia!

Considerando as realidades da morte de milhares de soldados ucranianos e russos, inclusive a quatro dos generais de campo inclusive, a desgraça do povo e da Ucrânia materializada por armamento da “era digital”, inteligente, causadas pelo autocrata e sibarita do Kremlin e sua camarilha de oligarcas, a ONU, esse expoente da Comunidade das Nações, já sindicou os seus crimes, o que lhe falta para lhe corresponder com a mesma moeda?

Ele já mandou mais de um milhar de mísseis contra o povo da Ucrânia, será que a vida dele e as do seu pequeno núcleo da autoria dessa iniquidade e barbárie valem mais que esses milhares de vidas e os sofrimentos de milhões de deslocalizados?

Será que porque ele não valha um míssil ou um drone kamicase?

Recordo que Kadafi não passava de terrorista e que Reagan lhe aprontou algo do género…

Glória à Ucrânia!

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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23101: (In)citações (199): Invasão da Ucrânia pela Federação Russa (1): Guerras na Europa (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616 e CART 2732)

Guiné 61/74 - P23103: Álbum fotográfico do Joaquim Jorge, natural de Ferrel, Peniche, ex-alf mil, CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) - Parte I: Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa"

Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > O gen Arnaldo Schulz, de cigarro na boca,  inspecionando um abrigo. Na sua traseira, o comandante do destacamento, alf mil Joaquim Jorge.


Guiné >Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 >   Local da parada: o pau da bandeira e o escudo das quinas, feito com garrafas de cerveja


Guiné > Região de  Quínara > CAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 >  O escudoa das Quibas, feito com garrafas de cerveja, no local da parada


Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > Porta de armas


Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > Porta de armas, pormenor: à esquerda, o alf mil Joaquim Jorge


Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > O alf mil Joaquim Jorge lendo o jornal "A Bola"


Guiné > Região de  Quínara > CCAÇ 616 (Empada, 1964/66) > Destacamento de Ualada, "Rancho da Ponderosa" > c. 1965/66 > Cartaz "Chegámos, Vimos, Vencemos"... O Joaquim Jorge com o bazuqueiro

Fotos (e legenda): © Joaquim Jorge  (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Fotos do álbum do nosso amigo e camarada de Ferrel, Peniche, o Joaquim Jorge, que comandou, na maior parte do tempo,  a CCAÇ 616 (Empada e Ualada, 1964/66), na qualidade de alf mil at inf (*).  Tem 20 referências no nosso blogue.

O destacamento de Ualada, a 4 km de Empada, a  sudeste, começou a ser construído em meados de 1965: 

"Foi com muita ansiedade e espectativa que chegou o dia dezassete de Março, pois foi neste dia que chegámos a Ualada (“Ponderosa”), distante quatro quilómetros de Empada, com armas, pás, picaretas, arame farpado, chapas de bidão e algumas rações de combate, prontos para a sua reconquista e instalação de um novo 'quartel' ", escreveu o Joaquim Jorge.

“Rancho da Ponderosa” foi o cognome que o Joaquim Jorge  lhe deu  em lembrança da série televisiva “Bonanza"... A série do faroeste "Bonanza", com a saga da família Cartwright, proprietária do rancho da "Ponderosa", no Nevada, estreou-se, na televisão americana, em 1959; foi um extraordinário caso de popularidade e longevidade; começou a ser exibida na RTP em 1961.

Guiné 61/74 - P23102: Historiografia da presença portuguesa em África (309): "Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné", as partes I e II foram editadas em 1899, o seu autor foi Cristiano José de Senna Barcelos, Capitão-Tenente da Armada (13) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Abril de 2021:

Queridos amigos,
Há que reconhecer o incontestável mérito desta investigação, Senna Barcelos, à luz dos conhecimentos do seu tempo, procurou fazer um levantamento da história de dois territórios desde a chegada da presença portuguesa, é hoje muito fácil dizer que já se investigou muito e que se esclareceu pontos que o autor deixou na obscuridade. O dado relevante é a pesquisa nos arquivos a que ele procedeu de forma meticulosa de modo que podemos dizer sem hesitação que é a primeira vez que se possui um quadro histórico dessa presença na Guiné até ao momento em que esta foi desanexada de Cabo Verde, em 1879. Há lacunas, caso da presença missionária, que está hoje felizmente coberta no trabalho incontornável de Henrique Pinto Rema. Senna Barcelos dá-nos um retrato ímpar dessa presença, envolve-a numa atmosfera de permanentes conflitos com os gentílicos, vivem entre eles em pé de guerra, sempre numa atitude de conquista, e só muito gradualmente vão aceitando a presença portuguesa que ganhará alguma efetividade depois da campanha de Teixeira Pinto na ilha de Bissau. E são elementos que não constam do trabalho de Senna Barcelos, para o tempo ele deixou-nos um quadro valioso do que foi acontecendo no Casamansa e de como a diplomacia portuguesa ao submeter a questão de Bolama e territórios adjacentes à postura arbitral do presidente dos EUA Ulysses Grant garantiu a dimensão sul do território da Guiné-Bissau. Para que conste.

Um abraço do
Mário



Um oficial da Armada que muito contribuiu para fazer a primeira História da Guiné (13)

Mário Beja Santos

São três volumes, sempre intitulados Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné, as partes I e II foram editadas em 1899, a parte III, de que ainda nos ocupamos, em 1905; o seu autor foi Cristiano José de Senna Barcelos, Capitão-Tenente da Armada, oficial distinto, condecorado com a Torre e Espada pelos seus feitos brilhantes no período de sufocação de sublevações em 1907-1908, no leste da Guiné. O levantamento exaustivo a que procede Senna Barcelos é de relevante importância e não há nenhum excesso em dizer que em muito contribuiu para abrir portas à historiografia guineense.

Hoje se conclui este punhado de recensões a uma obra incontornável, Senna Barcelos irá despedir-se do leitor no exato momento em que a Guiné, ainda sem fronteiras definidas, se autonomiza de Cabo Verde, um desastre militar ocorrido em chão Felupe desencadeou tal decisão política tomada por Lisboa. Em 26 de abril de 1859 faleceu na Praça de Bissau Honório Pereira Barreto e o Governador-geral pronto declarou: “A morte do honrado, inteligente e patriota desinteressado, Honório Pereira Barreto, Governador da Guiné, que muito temos a lastimar, não foi efeito de causas extraordinárias. A falta do único homem que conhecia profundamente a Guiné, que estendia a sua influência para o interior e na costa a uma grande distância, instruído e sempre pronto ao serviço do seu país é uma perda irreparável”.
E o autor traça um extenso currículo dessa figura determinante da primeira metade do século XIX na Guiné. Em fevereiro do ano seguinte, o Governador-geral deu ao novo Governador da Guiné, António Cândido Zagalo, instruções sobre as diferentes obras de utilidade para o distrito, a saber, no caso de Bissau: obter uma área em volta da praça de São José de Bissau que deverá ser limitada e defendida, reparar as muralhas da Praça e desentulhar os fossos, cuidar do reparo do quartel, construir uma alfândega e um cais em frente da vila, cuidando também do estabelecimento de uma povoação em frente da vila de Bissau, no Ilhéu do Rei. Quanto a Cacheu, impunha-se alargar a área da povoação da vila, reparar os quartéis e alojamentos, construir um cais em frente da povoação tal como em Bissau. E tanto em Bissau como em Cacheu o novo Governador devia ter em vista a abertura de poços, próximos às povoações, que forneçam água aos habitantes para usos domésticos.

Mas recuemos a 1858, a questão de Bolama marca hostilidades permanentes. Em 4 de junho aportara a Bolama um vapor de guerra inglês carregado de arroz para distribuir aos escravos, ali refugiados, dos seus donos, de Bissau, Rio Grande e Ilha das Galinhas. Fazia esta distribuição o preto David Lawrence, encarregado daquela ilha pelo governo inglês. Depois daquela data nenhum outro navio inglês visitou Bolama, acabou-se o arroz e os escravos voltaram à casa dos seus donos. Os ingleses, à falta de argumentos para provarem os seus, quanto à legitimidade da posse de Bolama e áreas circunvizinhas, continuavam a provocar conflitos com os portugueses, pretendiam promover uma colonização inglesa com escravos portugueses, a troco de umas libras de arroz. Mais adiante, esteve iminente um grande conflito provocado por este David James Lawrence, senhor da Ponta Lawrence em Bissássema contra o negociante português Martinho da Silva Cardoso, senhor da Ponta Martinho, o Governador Zagalo teve de intervir. Senna Barcelos refere que o governador recebera uma carta de um súbdito britânico, Thomas W. Cowan, mestre-escola em Bolama, condenando o procedimento de David Lawrence. Zagalo procurou apurar a verdade dos factos e pediu o apoio das autoridades gentílicas, o conflito ficou temporariamente sanado. Mas, entretanto, o Governador da Serra Leoa escreveu ao Governador da Guiné declarando que tinha em posse tratados que comprovavam que Bolama, o Rio Grande de Bolola e Buba pertenciam à Grã-Bretanha. Zagalo respondeu-lhe polidamente, deixando para as autoridades de Lisboa a resposta. E escreve para o Governador-geral: “Não posso deixar de duvidar da legalidade dos documentos apresentados, porque os reis designados no termo da cessão da ilha de Bolama jamais foram senhores daquela ilha, nem das outras do Arquipélago dos Bijagós, a quem pertencem, e não aos Beafadas do citado rio, cuja margem esquerda até Bolola também pertence aos reis de Orango e Canhabaque que à força conquistaram aos Beafadas em época muito anterior à data do referido termo de cessão”. E no mesmo documento o Governador clarifica a falta de direitos históricos dos franceses no Casamansa.

A diplomacia portuguesa procura uma arbitragem para a questão de Bolama, é o que faz o Conde do Lavradio junto de Lord John Russell. As reivindicações britânicas a Bolama não param, do lado português envolvem o Duque de Loulé e o Conde d’Ávila. A questão que Portugal propõe que se submeta a arbitragem é o exame do fundamento com que as duas nações, Portugal e Inglaterra, reclamam a posse e a soberania da ilha de Bolama, e também o facto de a Inglaterra clamar ainda mais alguns territórios no continente africano.

Senna Barcelos não esquece de registar outros conflitos, caso do que se passa na região do Geba em 1865, envolvendo Futa-Fulas contra Mandingas. O território do Geba pertencia ao rei de Ganadú, este resistiu ao ataque dos Fulas e estes pediram a paz. Também nesse ano o Governador-geral deu conhecimento de um contrato feito pelo Governador de Cacheu com os régulos das regiões limítrofes de Ziguinchor. À volta do presídio de Geba, os Fulas revelavam-se hostis, a questão só será apaziguada mais tarde. Prosseguem as hostilidades britânicas, a bandeira portuguesa é sistematicamente arreada em Bolama, e enquanto isto se passa reacendem-se os conflitos no Rio Grande entre Fulas e Beafadas.

Em 26 de outubro de 1868, solicitou o ministro Carlos Bento ao nosso diplomata em Washington, Miguel Martins d’Antas, a sua intervenção junto de Mr. Seward para este diligenciar se o presidente dos EUA se prestava a arbitragem, a resposta favorável chega a 20 de novembro. O Conde d’Ávila dirige a redação da exposição histórica e jurídica dos factos, acompanhada das provas aduzidas em apoio da mesma, a qual foi enviada para Washington. A sentença favorável a Portugal foi proferida a 21 de abril de 1870 e em 1 de outubro desse ano a bandeira inglesa foi arreada em Bolama. Em maio do ano seguinte determinou-se que o território da Ilha de Bolama e do Rio Grande fosse considerado um concelho do distrito da Guiné.

Dá-se a insubmissão da região do Churo a Cacheu. No final do ano de 1876 criou-se na Guiné uma comarca judicial, com sede em Bissau. E chegamos ao desastre de Bolor. Em 30 de dezembro de 1878 foi massacrada na margem direita do rio Bolor uma força militar que para ali fora com o governador do distrito. O impacto do desastre chega a Lisboa e o Governo decretou em 18 de março de 1879 a desanexação do distrito da Guiné da província de Cabo Verde, a Guiné passava a ser uma província independente e o seu primeiro Governador foi Agostinho Coelho.

Há que fazer o comentário de que estes últimos anos do acompanhamento dos factos históricos da Guiné por Senna Barcelos decorrer a um ritmo muito apressado e apresentado de forma muito sincopada. Ele termina o seu trabalho dizendo: “Ao fim de darmos as nossas investigações que datam de 1460 podemos dizer que os maiores benefícios que a província experimentou começaram em 1859”.

E aqui também damos por finda a extensa recensão daquela investigação que bem merece se encarada, em período contemporâneo, como o primeiro arremedo historiográfico que foi conferido à Guiné.


Mapa histórico da Senegâmbia em 1707
Imagem retirada do blogue ePortuguêse, com a devida vénia
Destroço da estátua de Honório Pereira Barreto no interior da fortaleza de Cacheu
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Nota do editor

Último poste da série de 16 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23085: Historiografia da presença portuguesa em África (308): "Subsídios para a História de Cabo Verde e Guiné", as partes I e II foram editadas em 1899, o seu autor foi Cristiano José de Senna Barcelos, Capitão-Tenente da Armada (12) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 22 de março de 2022

Guiné 61/74 - P23101: (In)citações (199): Invasão da Ucrânia pela Federação Russa (1): Guerras na Europa (Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616 e CART 2732)

Com a devida vénia a Plataforma


1. Em mensagem do dia 21 de Março de 2022, o nosso camarada Francisco Baptista (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616 / BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), enviou-nos um texto alusivo ao momento que infelizmente marca a actualidade, a invasão da Ucrânia pela Federação Russa de Putin.


Guerras na Europa

Nesta velha Europa, herdeira dos gregos, romanos, teutões, francos, bretões, eslavos, vikings, vândalos, visigodos, lusitanos, outros povos e tribos, neste continente, da criação artística, das obras monumentais, da ciência, da filosofia, que se tem arvorado perante os países dos outros continentes como a matriz da democracia, o modelo universal de concórdia e tolerância entre as nações, a força civilizadora do Universo, as guerras do empurra e chega para lá, têm acontecido com uma cadência regular através dos séculos e continuam na nossa era, ao longo do século XX e do século XXI que ainda há pouco tempo. começou.

Nos primórdios do século XX começa uma guerra terrível que envolve quase todos os países do continente e países doutros continentes. É a guerra de 1914 a 1918, a primeira Grande Guerra Mundial. A morte do arquiduque austríaco Francisco Fernando, num atentado efectuado por um nacionalista sérvio, dá o pretexto que os grandes impérios europeus esperavam para ajustar contas antigas e alinhados em duas grandes alianças transformam o continente num grande campo de batalha, que se estende por outros continentes, onde morrerão mais de vinte milhões de pessoas entre militares e civis.

A Segunda Grande Guerra de 1939 a 1945 é iniciada e arquitectada por Adolfo Hitler, um homem rancoroso, demoniaco e empestado de ódios racistas, que com discursos inflamados eletrizantes e demagógicos despertou desejos de vingança das multidões alemãs em relação à derrota e rendição, para muitos vergonhosa, da Grande Guerra anterior. O grande palco de horrores, sangue suor e lágrimas, miséria humana, passou a ser a Terra inteira, os soldados mortos e os civis, meninos, mulheres, homens, quadruplicaram, para isso contribui muito o desenvolvimento da tecnologia aplicada a todo o tipo de armas, viaturas, aviões, submarinos e navios.

Em confrontos violentos, combates, batalhas, morreram soldados aos milhares, aos milhões, por ordem de reis, presidentes, imperadores, generais, cabos de guerra, que causaram devastação, morte entre as gentes e sofrimento sem limites.

As páginas da História registam somente os gloriosos comandantes dos exércitos, os soldados mortos ficam todos na vala comum do esquecimento.

Talvez a selvageria humana nunca se tenha manifestado com tanta crueldade e sadismo como nos campos de concentração nazis.

Em Portugal tivemos um velho ditador, Salazar, que contra os ventos da História, quis manter e revitalizar o Império Colonial, para sua honra e glória. Milhares de jovens foram forçados a sacrificar-se, muitos a morrer por essa causa perdida e condenada pelas nações de toda a Terra. Foram treze longos anos, sofria-se cá e lá longe, a guerra eternizava-se e as mães grávidas já não queriam dar à luz meninos homens, para não chorarem mais como já tinham chorado pelos irmãos, namorados e maridos.

Em 1961 começa a guerra colonial em Angola, no mesmo ano em que os territórios de Goa, Damão e Diu são invadidos por muitos milhares de soldados da União Indiana. Salazar como ditador e arauto da portugalidade proclama que "os sinos da velha Goa e as bombardas de Diu, serão sempre portuguesas" e pretende que os escassos milhares de soldados portugueses que pertenciam à sua guarnição resistissem à invasão indiana para serem imolados no altar da Pátria. O general Vassalo e Silva, comandante das tropas portuguesas, constatando o desequilíbrio das forças em confronto, depois da morte de algumas dezenas de militares, desobedecendo às ordens do ditador, rendeu-se às forças invasoras para evitar o massacre dos seus homens. Pelo seu acto de rebeldia e coragem foi expulso das Forças Armadas e sofreu outros vexames.

Um soldado em abstrato é um jovem que na força da juventude é forçado a abandonar a família, os amigos de infância, a namorada com quem sonha construir um futuro radioso e é obrigado a ir lutar para frentes de combate contra soldados inimigos que tal como ele tiveram que abandonar familiares e amigos nas suas aldeias ou nos bairros das suas cidades. Eu vi-os, conheci-os, fui um deles, não tinham ódios, vontade de morrer ou matar, não queriam glória, nem ser heróis.

A Humanidade estará sempre em perigo por causas naturais ou humanas. Nos regimes democráticos também surgem homens que se revelam loucos, assassinos, megalómanos, com patologias de personalidade. Hitler foi eleito democraticamente em eleições livres. Depois dele já surgiram outros presidentes eleitos que pareciam revelar certos distúrbios, o que é muito perigoso, quando as armas de guerra têm hoje um enorme poder de destruição e há muitas armas de destruição maciça.

Os regimes políticos deveriam acautelar a sanidade dos seus governantes em prol da paz e do bem de todos.

Os governantes das nações deveriam ser mulheres pois elas não têm instintos guerreiros ou de caça, e têm mais amor e compaixão pela vida, pois elas são mães, dedicadas e ternas.

Vladimir Putin, o presidente da Rússia, tal como Hitler, é outro político, inicialmente eleito, quando a Rússia teve um interregno de liberdade entre regimes ditatoriais, que se eterniza no poder, à medida que vai restringindo as liberdades individuais e amordaçando ou matando os opositores.

A invasão da Ucrânia por uma força armada muito superior em meios militares, e armas tecnológicas de pequeno e grande alcance, classifica Putin como um monstro assassino e cruel, sem qualquer respeito pela vida humana.

Nos séculos anteriores, no tempo das monarquias e dos impérios as guerras aconteciam ao sabor dos caprichos e ambições grandiloquentes de personalidades que se julgavam ungidas por Deus. Putin não foi ungido por deuses, mas julga-se um deus parido pela mãe Rússia, predestinado a aumentar as suas fronteiras e o poder imperial que os czares, Lenine, Estaline, grandes dirigentes comunistas, conquistaram.

A guerra da Ucrânia entra-nos diariamente em casa, filmada pelos canais de televisão, com o seu cortejo de horrores: mortos, feridos, multidões de mulheres, velhos, meninos, em fuga, edifícios de habitação, hospitais, escolas, universidades, armazéns de bens alimentares, a ser bombardeados. As nossas mulheres sofrem com tanto sofrimento dessas mães e desses meninos e com receio que essa guerra impiedosa se alastre por todo o continente e atinja as suas famílias.

Os ditadores tais como como os reis absolutos consideram os indígenas que governam como rebanhos de criaturas dóceis, escravos com liberdade mitigada, que somente podem justificar a sua existência pela obediência, trabalho, sacrifício e vassalagem que prestarem aos seus senhores. Em função da sua concepção de Pátria mais alargada ou forte, os jovens para eles são sempre soldados prontos a servi-los nas guerras que eles acharem necessárias.

A iniquidade e injustiça da invasão da Ucrânia ofende todos os cidadãos dignos e revolta todos os ex-combatentes, impotentes por não poderem combater por uma causa justa.

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Nota do editor

Último poste da série de 18 DE MARÇO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23090: (In)citações (198): a atuação de Patrício Ribeiro, durante a guerra civil de 1998/99, e nomeadamente em Varela, em articulação com o NRP Vasco da Gama..."Se isto não é heroísmo, então eu nunca vi nenhum herói ao vivo e a cores" (Luís Graça)

Guiné 61/74 - P23100: In Memoriam (433): Joaquim Bonifácio Brito (1950-2022), um Tigre do Cumbijã (CCAV 8351, 1972/74), que ficou em Bissau até à guerra civil de 1998, como empresário na área da restauração, e que agora vivia no Algarve (Joaquim Costa)



Joaquim Bonifácio Brito (1950 - 2022)


1. Mensagem do Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, Cumbijã, 1972/74, autor do livro "Memórias de Guerra de um Tigre Azul: O Furriel Pequenina, Guiné: 1972/74" (Rio Tinto, Gondomar, Lugar da Palavra Editora, 2021, 180 pp.)

Data - 22 mar 2022 00h42
Assunto - Mais um Tigre do Cumbijã que nos deixou

Amigo Luís, 

Recebi hoje a triste notícia que mais um dos bravos Tigres de Cumbijã. Joaquim Bonifácio Brito (*), a viver no Algarve, acabou de falecer.

Uma semana atrás tinha falado com ele a propósito do meu livro e continuava entusiasmado com a vida,  dando-me a conhecer alguns projetos na área da restauração.

Este camarada, da minha companhia (CCav 8351), e do meu pelotão, não regressou com a companhia, ficando em Bissau abraçando uma nova vida como empresário da Restauração.

Manteve-se na Guiné, resiliente, não obstante os vários episódios de tentativas quase mensais de golpe de Estado.

Já não resistiu à guerra civil, entre os fiéis a Nino Vieira e Ansuname Mane, sendo resgatado com toda a família, apenas com a roupa que tinham vestido, na operação Crocodilo (junho de 1998).

Tudo lá deixou, depois de 25 anos de trabalho no país que adotou, pois segundo ele o seu restaurante servia uma média de 100 refeições por dia.

Contudo sempre manteve um carinho muito especial pela sua Guiné. Nos encontros anuais de 2007 a 2009, sempre me procurava a saber notícias de Bissau sabendo que o meu filho Tiago Costa  fazia parte da equipa que estava a construir uma ponte no Cacheu, em São Vicente.

Sendo o nosso Blogue uma fonte de informação que chega a todos os cantos do mundo, gostaria de lhe deixar, aqui, a minha pequena homenagem a um homem que amou a Guiné.

As minhas condolências à família

Camarada Tigre, Joaquim Brito, estejas lá onde estiveres, espero que estejas em Paz.(**)

Joaquim Costa

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Notas do editor:

Último postea da série > 

(*) 12 de março de 2022 > Guiné 61/74 - P23072: In Memoriam (432): António Brandão de Melo (1950-2022), ex-Fur Mil Inf da 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74)

Guiné 61/74 - P23099: Tabanca Grande (532): Padre José Torres Neves, missionário da Consolata, ex-alf mil capelão, BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71): senta-se à sombra do nosso poilão no lugar nº 859



Foto Nº 1 > Bindoro, fevereiro de 1970: hastear da bandeira


Foto Nº 2 > Bindoro, fevereiro de 1970: celebração da missa (1)


Foto Nº 3 > Bindoro, fevereiro de 1970: celebração da missa (2)


Foto Nº 4 > O capelão Neves, junto ao rio Mansoa. Esteve no TO da Guiné, como capelão do BCAÇ 2885, de 7/5/1969 a 3/3/1971.

Fotos (e legenda): © José Torres Neves  (2022). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 5 > Almoço convívio em novembro de 2020: da esquerda  para a direita, eu próprio, o  Pe Zé Neves, o dr. Fatela, o  conterrâneo de Penamcor, Maj Gen João Afonso, e o engº Montezuma.

Fotos (e legenda): © Ernestino Caniço  (2022). Todos os direitos reservados. [Edição:: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I. M
ensagem de nosso camarada e amigo Ernestino Caniço, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, Mansabá e Mansoa; Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, Bissau, Fev 1970/Dez 1971; médico, foi diretor do Hospital de Tomar, 6 anos, de 1990 a 1996, e diretor clínico cumulativamente 3 anos, de 1994 a 1996, vivendo então em Abrantes; hoje vive em Tomar.


Data - 21 mar 2022 16:54 ( 

Assunto - Padre José Neves

Caros amigos

Tal como falámos ao telefone  (com o Luís Graça),  a minha ideia, ao enviar-vos as duas fotos do Padre José Neves (*), era o seu ingresso formal na Tabanca Grande, para o que já tinha obtido o seu aval.

Aproveito o ensejo para anexar algumas fotos, gentilmente cedidas pelo Pe José Torres Neves.

1 – Algumas fotos do Pe Zé Neves referentes ao Bindoro, fevereiro de 1970,  quando lá foi celebrar missa  (Fotos nºs 1, e 2 3) e outra junto ao rio Mansoa (Foto nº 4);

2  – Almoço convívio em novembro de 2020: da esquerda  para a direita, eu próprio, o Pe Zé, o dr. Fatela, o  conterrâneo Maj Gen João Afonso e o engº Montezuma.

Logo que oportuno anexarei mais fotos.

Um abraço, Ernestino




Guião do BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71) (Ver unidades que passaram por Mansoa, neste período: poste P3372 (**)


II. Comentário do Jorge Picado (ex-Cap Mil do CAOP 1, Teixeira Pinto, e Cmdt da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, e da CART 2732, Mansabá, 1970/72)

Conheço apenas de nome este Padre Neves, não só através do Ernesto Caniço, mas também de dois ex-alferes  que eram igualmente amigos dele. Eram eles, o Montezuma,  do Pel de Sapadores do BCaç 2885, a que pertencia o César Dias, e o Assude da "minha" CCaç 2589.

Estes dois camaradas, já na metrópole, contactaram-me, já não sei em que data, mas ainda eu estava no activo, para um encontro com o Padre Neves, numa passagem dele por Lisboa julgo eu para um tratamento hospitalar. Seria o momento para eu o reconhecer, já que não tinha qualquer lembrança deste sacerdote. Isso não seria de admirar, uma vez que julgo nunca o ter contactado enquanto estive em Mansoa. No entanto esse enco0ntro acabou por não se realizar.


III. Comentário do nosso editor LG:

Obrigado, Ernestino, aqui está o poste de apresentação à Tabanca Grande do nosso camarada José Torres Neves, como sugerido por ti e prometido por mim. 

 É recebido fraternalmente, de braços abertos. E fica, desde já, sentado à sombra do nosso poilão, no lugra nº 859. (**)

Em comentário anterior, já tinha informado a Tabanca Grande de que:

(i) o José Torres Neves, continua a trabalhar como missionário num dos países africanos lusófonos, apesar dos seus 85/86 anos (!)::

(ii) tu, Ernestino, estiveste com ele em Mansoa, e tens uma cópia, digitalizada, do seu álbum fotográfico da Guiné: são cerca de 200 fotos, de que iremos publicar uma seleção; fazes também a ligação com ele, uma vez que ele não tem endereço de email;

(iii) o José Torres Neves também foi a Mansabá, no exercício de funções de capelania, e a outros aquartelamentos e destacamentos, pelo que a malta do BCAÇ 2885 e subunidades adidas deve lembrar-se dele.

Aqui, na Tabanca Grande, desejamos saúde, paz e longa vida ao nosso novo grã-tabanqueiro. E oxalá nos possamos conhecer pessoalmente, em próxima oportunidade, quando ele voltar a Portugal. E obrigado ao Ernestino Caniço por esta intermediação.