Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
Guiné 61/74 - P18940: Notas de leitura (1093): Nó Cego, por Carlos Vale Ferraz; Porto Editora, 2018 (3) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Julho de 2018
Queridos amigos,
Justifica-se plenamente que aqui se insira o que se publica na contracapa deste precioso livro:
"Nó Cego é hoje um clássico da literatura portuguesa. Objeto de estudo e de atenção nos meios universitários, é sobretudo um grande e poderoso romance dos nossos dias, essencial para as atuais gerações de portugueses viverem esse período crucial da nossa História que foram os anos da guerra colonial e o fim do regime de ditadura, bem como para conhecer os dramas, as angústias, as alegrias e as tristezas da geração que fez a guerra e que a terminou, abrindo Portugal à modernidade".
Continuação de boa leitura e um abraço do
Mário
Nó Cego, a obra maior de toda a literatura da guerra colonial (3)
Beja Santos
"Nó Cego", por Carlos Vale Ferraz, Porto Editora, 2018, impôs-se ao longo de 35 anos, como leitura obrigatória, é o mais universal dos romances, o mais poderoso, melhor arquitetado e de dimensão clássica. Romance centrado numa Companhia de Comandos, acompanhamo-la desde a sua primeira operação, como numa encenação teatral vão-se apresentando os protagonistas, capitão e alferes, sargentos e praças, há segredos e preconceitos, há dramas ocultos, diálogos truculentos, naquela região do Planalto dos Macondes algo está a mudar, o Tio Abílio deu lugar a um oficial que quer resultados, custe o que custar. Concluiu-se a operação A Volta ao Mundo, há estranhas manifestações de fúria, o Tino, numa ira imprevista, atira uma garrafa de cerveja à cara do Três Centímetros, o capitão vai falar com o médico, o Três Centímetros não deveria ficar cego mas teria de ir ao hospital de Nampula, e somos embrenhados na vida do quartel, mais queixas, desta vez o agente Celestino da PIDE/DGS queixava-se do Cardoso, fora insultado.
E temos agora a primeira operação que iam realizar sob as ordens do novo comandante do batalhão de M, o substituto do Tio Abílio. Não esquecer que havia já sinais de mudança com a chegada do general K ao Comando-Chefe de Moçambique. É apresentado este novo comandante de batalhão:
“De cabelos brancos prateados, muito lisos, com o rosto de feições corretas bem escanhoado, magro, a farda impecavelmente passada a ferro, estava para o Tio Abílio como um nobre proprietário de terras para o feitor. Trouxera com ele, para seu oficial de operações, um major seráfico, de olhos fundos e nariz comprido”. A Companhia de Comandos iria fazer um golpe de mão à Base Provincial 25, os dois guias, prisioneiros, tinham dado a sua versão ao agente da PIDE quanto ao local do acampamento. “Pelas contas do capitão, deviam estar perto da base que a Frelimo tinha instalado na antiga machamba do Kavandame”. O mais velho dos guias é espancado, quando os Comandos descobrem que estavam a andar às voltas. E a guerrilha não perdoou, responde com fogo, o Casal Ventoso estava todo perfurado, o Cardoso prestou os primeiros socorros.
É uma descrição lancinante, neste tempo em que se discute a morte assistida e o que a diferencia da eutanásia, é útil ler esta passagem:
“ – Ma-mate-me, meu capitão, que-que eu já não aguento mais. Ma-ma-te-me, por amor de Deus. Dê-me um tiro, u-uma injeção…
O capitão retorcia-se a seu lado segurando-lhe a mão.
- Dá-lhe mais morfina, Cardoso, duas, três doses – mandou num sopro.
- Não lhe posso dar mais que uma injeção de cada vez. Senão… mato-o! – respondeu, indignando-se ao tomar consciência dos pensamentos e esconjurando-os: - Eu não o mato!
- Ninguém disse para o matares.
Também o Lino fitou o capitão, a cara branca de cera a indagar da dúvida.
- Dá-lhe a morfina toda! – exclamou o Brandão, explodindo o ar dentro dos pulmões, um estoiro de balão de criança mordido pelos dentes finos. Ele, que parecia dormir noutro mundo, saltava para o meio da vida tomando decisões.
Os gritos e os gemidos elevavam-se, lúgubres, na noite de África, incitando os pássaros da noite, corujas, noitibós, a lançarem os seus pios. E os nervos dos homens picavam em descargas que lhes faziam doer o corpo. O Casal Ventoso pedia que o matassem. Não queria dar parte de fraco. Não queria morrer a chorar. Já cheirava a morto. Agarrava a terra com as mãos sujas da merda esverdeada das tripas, como se a quisesse prender à vida.
Passou a que lhe restava na ponta dos dedos pela boca, a beijá-la numa definitiva despedida.
O capitão tirou o seu cantil do cinturão, desrolhou-o e colocou o gargalo como teta de mãe na boca do Casal Ventoso, que sugou uma profunda golada.
- O meu capitão mata-o!
O Cardoso virou-se intempestivo, quase a saltar para impedir as mãos de satisfazerem o último desejo do Casal Ventoso.
- Não devia ter feito isso – disse o Lino.
O capitão sorveu ruidosamente o ar da noite, mordeu os lábios, cerrou os punhos e abriu-os antes de falar.
- Morto está ele. Que merda de moral é a vossa para prolongar o sofrimento de um homem só para que ele morra por si?”
Iremos conhecer a infância do alferes Lino, da pobreza até à vida de seminarista, são dados cruciais para perceber a evolução deste alferes que adquirirá o gosto militarista, teremos oficial para reincidir. A nova missão é montar emboscadas sobre a picada Mueda-Mocímboa da Praia durante quatro dias e quatro noites. Depois de dois dias imóveis junto à picada, o capitão decide por conta própria internar-se pelas matas, vão encontrar um trilho batido, será abatido um pequeno grupo de guerrilheiros, arma-se emboscada, os guerrilheiros da Frelimo regressam ao local para recuperar os corpos dos camaradas e a floresta irá transformar-se num palco de atores furiosos, e assim se regressa a M. O comandante ávido por resultados, interpela o capitão porque é que regressou antecipadamente, é-lhe explicado que não adiantava continuar, já estavam detetados na zona. O tenente-coronel está furioso, houvera incumprimento, admoesta aos gritos, ameaça instaurar um auto de corpo de delito.
Chegara a hora do capitão pedir um período de descanso para o seu contingente: “A Companhia de Comandos, que há meses chegara atlética, respirando saúde e entusiasmo, estava a transformar-se num grupo apoucado de fardas rotas, olheirento e triste. Os soldados denotavam cansaço, adoeciam, os ataques de paludismo multiplicavam-se. As relações com o tenente-coronel atingiam o limite da disciplina”. É durante uma batida que regressam com uma criança de dois ou três anos, o Lopes adota-o: “Passou a tratá-lo como um filho e a Companhia considerou-o sua mascote. Vestiram-no, fardaram-no de camuflado, deram-lhe o nome de Alfredo, ensinaram-no a fazer a continência, averbaram-lhe o posto de alferes dos Comandos”.
O capitão vai a Nampula, regressa com a boa-nova, dentro de em breve iriam para baixo, para um descanso bem merecido. E assim vão chegar à base dos comandos em Montepuez.
O Espanhol fizera tantas que tinha que abandonar a Companhia, a entrega do crachá é comovente, pediu ao capitão para não ir à cerimónia da expulsão:
“O capitão recebeu o crachá. Agradeceu e colocou-o no seu próprio peito. O Espanhol olhava, sem perceber o que estava a acontecer, e não queria acreditar quando o capitão lhe colocou ao peito o seu crachá.
- Fico com o teu e tu ficas com o meu! Não vais ser expulso, vais ser transferido. Podes usar o meu crachá enquanto fores digno dele e levas mais este louvor que vou mandar publicar na ordem de serviço.
O Espanhol fez meia-volta e retirou-se a afagar o crachá que tinha sido do capitão”.
A Companhia entrou na ilha de Moçambique, anoitecia.
(Continua)
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Notas do editor
Poste anterior de 13 DE AGOSTO DE 2018 > Guiné 61/74 - P18919: Notas de leitura (1091): Nó Cego, por Carlos Vale Ferraz; Porto Editora, 2018 (2) (Mário Beja Santos)
Último poste da série de 17 DE AGOSTO DE 2018 > Guiné 61/74 - P18931: Notas de leitura (1092): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (47) (Mário Beja Santos)
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12 comentários:
Carlos Matos Gomes,excelente escritor, no meu humilde entendimento, enviesado no gosto
literário de apoucar,às vezes com razão (fiquemos por aqui no comentário!) todos nós nas nossas guerras de África.
Que importância é que hoje, a Associação de Comandos,os homens da 35ª. e da 38ª. Companhia de Comandos,na Guiné, que combateram ao lado de Carlos Matos Gomes dão ao escritor e comentador político,hoje tipo esquerda caviar mais presunto de Chaves, Carlos Matos Gomes, um Comando como todos eles?
Que Mário Beja Santos enalteça e valha ao Carlos Matos Gomes!...
Abraço,
António Graça de Abreu
... citando:
- «Que importância é que hoje, a Associação de Comandos,os homens da 35ª. e da 38ª. Companhia de Comandos» [etc]...
Do conhecimento directo que tenho, o revolucionário, que no PREC andou por herdades ribatejanas a manipular trabalhadores agrícolas e também "no asfalto" a apoiar manifs dos SUV's, pós 26/11 ficou a "falar sozinho".
Caro Senhor A.G.Abreu
Os seus repetitivos, e já mais do que resquentados presuntos e caviares, aparentam os tais complexos dos "guerreiros" em gabinetes resguardados, como era o seu na Guiné.
Nos seus termos culinários faltam os "huevos", com tudo o que isso significa em castelhano.
Ou será "ovos moles com colherinha de prata" dos tais maoistas frustrados?
Jorge Santos
Presunto de Chaves,caviar,ovos moles, e até "Huevos" com significado Castelhano (espero que... bem pendentes).
Será que o blogue se está a transformar em revista culinária para donas de casa em férias estivais?
De qualquer modo,e dentro d'esse espírito gastronómico,e näo menos do "Me To",envio desde a solarenga Key West/Florida um Daiquiri bem gelado ao Amigo e Camarada Matos Gomes que, näo está (definitivamente) a..."falar sozinho".
Um abraco do J.Belo.
Meu caro Jorge Santos, aos 71 anos de idade, abençoado pelos deuses, continuo a ter tomates à disposição de todos os interessados. Biológicos, de cultura maoísta.
Desejo-lhe todas as felicidades do mundo.
António Graça de Abreu
Continuando este mui interessante debate culinário...
A Família Neves Correia produz na sua propriedade em Runa/Torres Vedras (83) variedades de tomate.
Precisamente,como no comentário anterior,"teräo tomates à disposicäo de todos os interessados".
Seräo também "biológicos de cultura maoista"?
Talvez...talvez.
E,com tanto tomate porque näo (em vez do Daiquiri) uma Bloody Mary bem gelada? SKÅL!
E, lá vai a esquerdalhada ficar a "falar sozinha".
J.Belo
Afinal quem é Carlos Matos Gomes?
Quem esqueceu seu procedimento dentro do Regimento de Comandos em 1975, em pleno “Verão Quente” é significativo, pois esteve ligado aos elementos que, nesta Unidade, desencadearam uma sublevação militar armada, em finais de Julho, para retirarem o comando ao Coronel Jaime Neves. Como tal não teve qualquer sucesso e no seguimento da divulgação e apoio das principais unidades militares ao “Documento dos Nove”, Matos Gomes viria a demitir-se das suas funções neste Regimento, ao mesmo tempo que dava uma entrevista ao “Le Monde”.
Destacam-se as afirmações utópicas e caricatas produzidas na altura: “A esquerda revolucionária é muito mais homogénea no Exército do que na sociedade civil. Estamos a aprender política e recusamos divisão em seitas opostas” “As ideias do grupo de oficiais (onde ele se incluía) ligados ao documento do COPCON são simples: «Defender o poder popular e a independência nacional. Ganhar o Povo, atacando os seus problemas quotidianos, dando-lhe ao mesmo tempo ocasião de fazer experiências e aprender a política fora dos partidos».
Dois meses depois, em pleno confronto de posições com os militares moderados e os partidos democráticos (PS, PSD e CDS), e cinco dias antes do 25 de Novembro de 1975, viria a assinar, juntamente com outros oficiais, como Mário Tomé, Durand Clemente e Cabral e Silva, um designado “Manifesto dos Oficiais Revolucionários”, dirigido aos soldados, marinheiros, classe operária e povo trabalhador. Seria lido por um dos subscritores na manifestação promovida pelos sindicatos da cintura industrial de Lisboa, num varandim dos jardins do Palácio de Belém (Praça Afonso de Albuquerque) e na presença do então Presidente da República, General Costa Gomes.
Querendo deitar mais achas para uma guerra civil, que se previa ir ser brevemente desencadeada, este ridículo, fanático e irrealista documento iniciava assim: “O processo iniciado em 25 de Abril de 1974 chegou ao momento do avanço decisivo para o socialismo (…).” E mais à frente podia ler-se: “O que a burguesia não pode suportar é a imparável movimentação dos soldados que, organizando-se autonomamente, souberam recusar a hierarquia militarista dos falsos democratas e colocar-se resolutamente ao lado do povo trabalhador. (…)” “Só o armamento dos trabalhadores e a sua organização com os soldados, formando um exército revolucionário, pode impedir a organização da burguesia e o perigo da intervenção estrangeira. …) Tal texto apelando à violência e à anarquia, terminava deste modo, seguido dos slogans revolucionários do costume: “Nós estamos com o Poder Popular Armado, com os Soldados, com os militantes revolucionários, até à vitória final, até à tomada do poder.
OPINIÃO PUBLICADA PELO Coronel de Infantaria MANUEL AMARO BERNARDO ilustre escritor e historiador de grande mérito com algumas obras já publicadas, tais como:
Marcello e Spínola: A Ruptura- Moçambique-Guerra e Descolonização-1964-1975
Guerra, Paz e Fuzilamento dos Guerreiros; 1970-1980 etc.etc.,
Manuel Bernardo,ilustre escritor e historiador de grande mérito.
Recenseado por letrados reconhecidos ou simplesmente por alguns militares e políticos de conveniências várias?
Quantos volumes foram comprados pelas muitas centenas de milhares de admiradores dentro e fora do país?
Valerá a pena comparar com o número de livros vendidos pelo Coronel Matos Gomes em Portugal e estrangeiro?
Mas lá estamos orgulhosamente sós,pequeninos , olhando os umbigos.
Com estes rápidos pedestais a tais génios da nossa literatura e história, estamos a brincar com realidades um bocadinho mais alargadas que as Escolas Regimentais de outros tempos.
Jorge Santos
... quero daqui agradecer aos comentadores Jorge Santos e J. Belo, pela clara exposição das suas opiniões relativamente ao incondicional apoio às obras literárias de Carlos Vale Ferraz, do qual apenas li, há muitos anos a parte, o tal "Nó Cego".
Ao Mário Santos, congratulo-o pela disponbilidade em procurar esclarecer, quem ainda não conhecia alguns dos "actos & feitos" de Carlos Manuel Serpa de Matos Gomes, no decurso do tal 'Verão Quente'.
É sempre "a falar" qu'agente s'intende... !
Cpts
Senhor Jorge Santos.
Comentar sobre um escritor genial,para mais historiador renomado?
Nesta feliz época estival,e dentro do espírito culinário de alguns dos comentários anteriores, porque näo comentar antes sobre casqueiros ou rapa-tachos?
Ponha-se ao nível e...näo esqueca os Tomates...näo os maoístas...mas os de Runa/Torres Vedras.
Infelizmente,e como quase sempre, poucos dos nossos comentários säo dedicados a uma análise pessoal do livro apresentado e das suas qualidades ou...falta de.
Acabamos sempre por nos dedicar a ataques políticos ao autor,quando este por muito bem que escreva näo é...dos nossos.
Näo é novo.Somos continuadores de longas tradicöes no assunto,muito e sempre limitativas nos seus exclusivismos patrioteiros.
Näo conhecendo (ambos) pessoalmente aproveito para esclarecer o Sr.Abreu dos Santos que, com mais de quarenta anos a viver sob outras bandeiras,sueca e americana,aprendi quanto aos tais "apoios incondicionais" que ,os mesmos, nem à própria sombra.
Um"assuecado" SKÅL,este sem os pseudo-cosmopolitas Daiquiris ou Bloody Marys,mas com a nossa saudosa...agua ardente de medronho.
J.Belo
Dizem que na entrevista a Durão Barroso, na admissão na Goldman Sachs, perguntaram o que se tinha passado com Carlos Matos Gomes e com o rapto de Marcelino da Mata e ele respondeu que ainda não tinha lido o livro 'Nó Cego', de Carlos Vale Ferraz.
Valdemar Queiroz
Excluindo as questões politicas em qua cada um de nós é livre nas suas simpatias e opções!
Carlos Matos Gomes, escritor genial????? Não concordo!
Parece que Matos Gomes, aproveitando uma polémica sobre a Guerra em Angola, desencadeada pelo escritor António Lobo Antunes,( este sim, para mim um escritor genial) vem pôr em causa os encontros de combatentes, que se realizam no Dia de Portugal, junto ao Memorial dos Mortos da Guerra do Ultramar, que ele e os do seu grupo político designam de colonial. É escandaloso este tipo de ingerência de indivíduos com cultura de esquerda em comemorações de grande significado nacional, para a denegrir e atrevendo-se mesmo a inventar, através do Município de Lisboa, a ideia de implantação de um denominado “Monumento ás vitimas da Guerra Colonial” ou seja aos guerrilheiros que combatíamos no Ultramar. Não se apercebem do ridículo da sua posição… Pois querem maiores vítimas do que os combatentes mortos pela Pátria, e cujos nomes estão lá inscritos no Restelo? Não viram que tais encontros têm sido patrocinados e apoiados por todos os Presidentes da República desde a sua inauguração (Mário Soares, Jorge Sampaio e, agora Cavaco Silva)? Achará ele bem chamar patetas e senis aos seus camaradas de armas, que também se bateram com valor e galhardia nas terras africanas?
De facto Matos Gomes foi um bom combatente, nos “Comandos”, em Angola, Moçambique e Guiné, entre 1967 e 1974, onde foi condecorado com duas medalhas de Cruz de Guerra (1.ª e 2.ª classe) e com a medalha colectiva da Torre Espada por feitos em combate. Só que, nos pós-25 de Abril, fez a sua “opção de classe” e derrapou para os braços da esquerda revolucionária (à esquerda do PCP).
Méritos de grande escritor e historiador de renome...pois, cada um é livre de gostar opinar como bem entender!
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