Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Contuboel > Rio Geba > 1969 > Uma belíssima foto de uma lavadeira, em contraluz. O Valdemar Queroz atribuiu os créditos fotográficos ao seu "irmão siamês" Cândido Cunha.
Foto (e legenda): © Cândido Cunha / Valdemar Queiroz (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Espinho > Silvalde > Fevereiro de 1969 > CART 2479 / CART 11 > IAO, Instrução de Aperfeiçoamento Operacional > Uma "foto histórica" um "ninho" de lacraus, designação do pessoal da futura CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche) > O Cândido Cunha é o nº 3... Os restantes (cujas cabeças são visíveis); o Ferreira (vaguemestre) (10), o Abílio Pinto (11), o Manuel Macias (6), Pechincha (que era de operações especiais) (7) e o Abílio Duarte (5).
Foto (e legenda): © Valdemar Queiroz (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem de Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70]
Date: quinta, 6/05/2021 à(s) 15:41
Subject: Homenagem às "nossas lavadeiras"
Luís, como tens passado? Agora é aguentar até tratar do problema, bem diferente do que seria numa comissão (#) em Bambadinca/Xime que serviu de tarimba para enfrentar dificuldades.
Como homenagem às "nossas lavadeiras" anexo uma fotografia, uma das extraordinárias fotografias do nosso blogue, duma lavadeira em plena laboração na "lavandaria do Geba", em Contuboel.
Esta bela fotografia que faz parte do meu álbum, julgo ser de autoria do Cândido Cunha, fur mil da minha CART 11, tirada à silhueta da bajuda em movimento, que com melhor máquina apanharia os pingos da roupa e poderia muito bem ser uma obra de arte fotográfica.
Tratava-se duma das primeiras visitas à "lavandaria" para ver as bajudas a lavar roupa, não seria propriamente só ver a lavar roupa, aproveitando para uns mirones às belas bajudas fulas em topless.
Ó por cá (1969/70) ainda o topless na praia era proibido ou nem sequer pensado, só começando a aparecer nas praias do sudoeste alentejano com as belas loirinhas alemãs ou holandesas. Essas não se importavam de fotos dos embasbacados mirones católicos que até para não serem mal educadas vestiam uma t-shirt e pediam uma cópia como recordação.
Tal como por cá acabaram negócios em pequenas localidades (p.ex. Vendas Novas, Mafra) devido aos Quarteis de preparação de tropa p'ra guerra, também nas tabancas da Guiné acabou o negócio das lavadeiras.
Com ironia... como o vinho matar a fome a milhões de portugueses, é uma chatice acabar com o negócio da guerra.
Abraço e força com isso
Valdemar Queiroz
(#) Também utilizado como 'comissão de serviço', mas fique bem claro não se tratar de percentagem cobrada sobre um serviço prestado.
____________Nota do editor:
Último poste da série > 6 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22175: 17º aniversário do nosso blogue (5): homenageando todas as "nossas lavadeiras", na pessoa da Amélia de Bissorã (Maria Dulcinea, "Ni", esposa do ex-fur mil Henrique Cerqueira, 3ª C/BCAÇ 4610/72, e CCAÇ 13, Biambe e Bissorã, 1972/74)
Último poste da série > 6 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22175: 17º aniversário do nosso blogue (5): homenageando todas as "nossas lavadeiras", na pessoa da Amélia de Bissorã (Maria Dulcinea, "Ni", esposa do ex-fur mil Henrique Cerqueira, 3ª C/BCAÇ 4610/72, e CCAÇ 13, Biambe e Bissorã, 1972/74)
14 comentários:
Valdemar, ao fim destes anos todos, o "crime" já prescreveu... Mas se fosse hoje, tu e o teu "irmão siamês" não se livravam da acusação de "assédio"... (que era uma coisa que não existia nuo Portugal "bolorento e salazarento" em que nascemos e fomos educados...).
Vai lá consultar o sítio do CITE - Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego
http://cite.gov.pt/pt/acite/dirdevtrab005.html
Assédio > Conceito
Assédio é todo o comportamento indesejado, nomeadamente o baseado em fator de discriminação, praticado aquando do acesso ao emprego ou no próprio emprego, trabalho ou formação profissional, com o objetivo ou o efeito de perturbar ou constranger a pessoa, afetar a sua dignidade, ou de lhe criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador.
Assédio sexual> Conceito:
Assédio sexual é todo o comportamento indesejado de caráter sexual, sob forma verbal, não verbal ou física, com o objetivo ou o efeito de perturbar ou constranger a pessoa, afetar a sua dignidade, ou de lhe criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou desestabilizador.
Valdemar, não havia "topless" nas praias... mas havia "piropos" na rua, e alguns deles, engraçados, brejeiros, outros ordinários e misóginos...
Há aqui mais de uma centena deles... dos tais "piropos à trolha da construçaoo civil"... È bom não se perderem, para "memória futura"... Afinall, como o palavrão do carroceiro ou o calão da tropa, fazem parte do nosso património linguístico... LG
https://samocal.blogs.sapo.pt/71351.html
Valdemar, "fora de brincadeiras" (que nem toda a gente tem o teu sentido de humor...): tolerámos tanta coisa, nós e o PAIGC, a começar pelo "respeito" pelos "usos e costumes" dos povos da Guiné, alguns dos quais atentatavam contra a vida, a saúde e a dignidade das mukheres: por exemplo, a mutilação genital feminina... Mas só agora na Guiné-Bissau a prática da "excisão" (do clitóris e lábios da vulva) é criminalizada (, em teoria)...
Falamos do passado sem vergonha nem complexos, mas sem esconder, escamotear ou ignorar que "ele hoje há coisas" que são "violação" dos direitos humanos, e que o não eram (?) naquele contexto e naquela época...
Dito isto, não podemos negar que havia casos de assédio sexual às lavadeiras, nos quartéis e fora dos quartéis... E que houve casos de relações sexuais "consentidas" entre militares e lavadeiras... "Quantificar" tudo isto é que é um exercício difícil e delicado... E quando falamos de militarews, não podemos separar os do recrutamento local (muitas vezes deslocados do seu "chão", como os comandos africanos ou dos nossas companhias, a CART 11, a CCAÇ 12, a CCAÇ 13, a CCAÇ 14 e por aí fora) e os "metropolitanos"... (Nas "nossas companhias", os miliatres do recrutamento local faziam-se acompanhar das mullheres e filhos.)
Valdemar, já viste a "hipocrisia social" ? O Facebook não me deixe lá pôr a bela foto da lavadeira do Rio Geba....Estes gajos que lucram biliões com a exploração do ódio, do populismo, das "fake news", etc., não te deixam mostrar uma inocente foto como esta, que tem valor artistico e sobretudo documental... LG
Luís, Também tentei por no Faceboock, a foto, com as lavadeiras em Contuboel, e não consegui, por isso, te enviei, particularmente para o teu e-mail, para que o possas publicar, no nosso blog, pois, no qual também, não me foi possivel.
Agradeço a tua amabilidade.Abraço.
Abílio Duarte
Luís, não tenho Facebook.
Os meus netos dos Países Baixos atiram-me por email: Opa Zé*, waarom heb je geen Facebook?.
Até o meu filho diz 'não tens Facebook?'.
Eu não tenho dificuldade em manejar as redes sociais, mas chega-me o mínimo. E que eu gosto, mesmo, é estar com os amigos, neste caso com os amigos e camaradas da guerra na Guiné: em directo e a cores. Não nos podemos esquecer 'nunca mais acenderás no meu o teu cigarro'.
Mas, voltando às nossas lavadeiras.
Evidentemente, quem de nós não gostava de ir ver as bajudas na "lavandaria"?.
Era caso para dizer 'daquilo não havia lá terra', quanto muito havia umas lavadeiras do povo que lavas no rio tapadas da cabeça aos pés, não fosse o diabo tece-las, e como seriam primas, irmãs ou tias o respeitinho era muito bonito, ou, então, apareceriam os ciumentos a correr os mirones à paulada. Na Guiné não era assim.
Julgo que a nossa rapaziada não fazia ideia da idade das bajudas, pudera com aquelas "mama firme" não teriam 13-14-15 anos de idade. Os soldados fulas da nossa CART.11 diziam não perceber 'tropa brancos sempre ir ver bajuda lavar roupa'.
A rapaziada metropolitana da CART.11, além de mirones e aquela 'bó lava tudo' não passou disso e não tivemos nenhum problema com relacionamentos.
No que sabemos, sempre houve o relacionamento dos portugueses com mulheres dos quatro cantos do mundo, na Guiné durante treze anos não seria excepção e não haveria mal nisso como se fosse uma namorada da Figueira da Foz e não uma pretinha lavadeira com 14-15 anos de idade.
Abraços
Valdemar Queiroz
*Opa Zé = avô (vovô) Zé.
Como sou José Valdemar os meus netos tratam-me por Zé, como a dizer 'avô mar' prenunciando
o Zé como zéi (zee=mar) . O meu neto mais velho chama-se Zee Adrianus, que os holandeses
prenunciam zéi como os nossos alentejanos.
Meu caro Valdemar
Temo que com esta dinâmica os museus venham a ser varridos pela ASAE “dos costumes” ficando grande parte deles vazios.
Não sei como ainda não mandaram cobrir o busto da República
Contudo meu amigo esta fotografia da Lavadeira de Contuboel não é nada mais que pura OBRA DE ARTE.
Um abraço
Joaquim Costa (para os netos alfacinhas: O Avô Quim)
Costa, esqueci-me dessa asaelhice do Facebook, a ASAE "dos costumes".
Não sei se será por causa da treta e contra treta sobre o racismo/colonialismo, e por isso nada de fotos de África com imagens sem ser com raparigas vestidinhas à europeia. Parvoíce pegada em resposta a verdadeiras imagens sobre racismo e colonialismo.
Talvez nada acontecesse se em anexo ao meu post envia-se imagem do quadro "A Origem do Mundo", de Gustave Coubert 1866.
Mas, quero lá saber da censura do Facebook, não tenho dúvidas que a fotografia "Lavadeira de Contuboel", de Cândido Cunha 1969, ficará para a história como um OBRA DE ARTE.
Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
Rectifico
Queria dizer '..pronunciando ..pronunciam zéi..', que de prenúncio não tem nada.
Valdemar Queiroz
Valdemar, agora só para nós...
A malta da nossa Companhia, em especial os brancos, quando chegava mos, a qualquer tabanca , o principal objetivo, era saber, onde as bajudas, iam á água, e tomar banho, para os mirones ,estarem a pau, para ver mamas e snitas.
Como diria o Guterres, mais tarde , é, era a vida, de um tubaco, em terras de África.
Abraço, e estou a contar com a sardinhada.
Abílio Duarte
Há três ou quatro anos, o Facebook censurou a "Origem do Mundo", de Courbet, que um professor de arte francês tinha publicado na sua conta. O professor não ficou calado e fez tanto barulho, que até o governo francês ameaçou o Facebook com um processo em tribunal por atentado à liberdade de expressão. O Facebook reconsiderou e a "Origem do Mundo" acabou por aparecer. Teoricamente, mas só teoricamente, os nus em pinturas ou esculturas passaram a ser permitidos no Facebook desde esse momento, mas aposto que se eu quiser publicar de novo a "Origem do Mundo" vou ser censurado.
Valdemar mas o alentejano acrescenta o i ao Zéi certíssimo, mas encontra partida para não lhe ficarem a roer na pele, como é muitissimo honesto rouba o i ao leite e diz lete e assim fica tudo em casa. Um abraço.
Valdemar, lá consegui meter a tua/vossa imagem no Facebook... Ainda não houve denúncia... por enquanto. LG
Duarte, quando chegámos a Contuboel quem de nós não gostava de ver as bajudas a tomar banho? Ou melhor dizendo a lavar roupa no rio e a banharem-se também.
Os belos corpos, sem a t-shirt molhada, eram convidativos a lhes tirar fotografias, mas tenho/tinha a impressão que os nossos soldados fulas não gostavam muito da cena. Provavelmente, por serem raparigas muito novas ou ouvirem comentários 'branco não respeita meninas'.
Julgo que na Companhia havia três máquinas fotográficas: a do Pina Cabral, do Cunha e a tua.
Tu tens um grande álbum de excelentes fotografias a cores e também deves ter uma grande colecção de slides que estavam na moda naquela época.
Parece que este ano vai ser de muita sardinha, tenho que passar pelo "Girassol" e saber como é que está a funcionar o restaurante. Depois logo vejo como estou para alinhar na operação.
Colaço, o nome do meu neto Zee é pronunciado correctamente como se fosse dito por um alentejano. Há mais de dez anos trás quando a minha sogra ia à Holanda visitar o neto e os bisnetos, ela chamava Zé ao bisneto mas com sotaque alentejano dava Zéi que é precisamente a pronuncia correcta.
Abraços e saúde da boa
Valdemar Queiroz
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