quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21492: (In)citações (172): Crónica da Guerra da Guiné, segundo um seu Veterano - Parte I (Manuel Luís Lomba, ex-Fur Mil Cav da CCAV 703)

1. Em mensagem do dia 27 de Outubro de 2020, o nosso camarada Manuel Luís Lomba (ex-Fur Mil Cav da CCAV 703/BCAV 705, Bissau, Cufar e Buruntuma, 1964/66), enviou-nos um texto a que deu o título: "Crónica da Guerra da Guiné, segundo um seu Veterano", do qual publicamos hoje a I Parte. 


Crónica da Guerra da Guiné, segundo um seu Veterano - Parte I 

Manuel Luís Lomba

O blogue Luís Graça &Camaradas da Guiné constituiu-se o maior e o depositário mais fiel da história da Guerra da Guiné e os milhares de posts e de comentários a sua maior biblioteca e fonte. 

A chamada à colação pelo Jorge Araújo e pelo Luís Graça, no P21421, do livro “Guerra da Guiné: a Batalha de Cufar Nalú”, metáfora aplicada às sucessivas operações contra essa mata, redacção, revisão e edição da minha autoria (inclusive os erros ortográficos, gramaticais e outros), na evocação dos enfermeiros condecorados, incitou-me a evocar esse nosso passado. 

 A “Operação Tridente”, acontecida há quase 60 anos, foi a primeira grande manobra da Guerra da Guiné, o BCav 490 os seus actores principais, as ilhas do Como, Caiar e Catunco o seu palco, foram 72 dias de combates na mata e em campo aberto; a segunda grande manobra foram as Operações “Campo”, Alicate I e II”, a CCav 703 os seus actores principais, o eu palco foi Cufar, a sua malta escavou abrigos em todo o perímetro da sua desmantelada fábrica de descasque de arroz e viveu 63 dias como toupeiras, mais sob a terra que sobre a terra. 

 A “Operação Tridente”, entre Janeiro e Março de 1964, foi a “guerra da restauração” da soberania portuguesa sobre aquelas três ilhas, então a “República Independente do Como” proclamada por Nino Vieira, abandonadas em 1962 pelo fazendeiro Manuel de Pinho Brandão, originário de Arouca (constava que passara a fornecedor do PAIGC); as operações “ Campo”, “Alicate I, II,´” e “Razia”, entre Dezembro de 1964 e Maio de 1965, foram a “guerra da restauração” da soberania portuguesa sobre a “área libertada” de Cufar, começada com a ocupação da tabanca e das ruínas da fábrica de descasque de arroz, abandonada pelo fazendeiro Álvaro Boaventura Camacho, madeirense originário de Cabo Verde (patrão e o “passador” para Conacry do então alfaiate e futebolista Bobo Quetá), continuada com a expugnação da base da mata de Cufar Nalu, comandada por Manuel Saturnino Costa, ora aumentada e reforçada com a força retirada do Como, consolidada em 15 de Junho pelas CCaç 763, 764 e 728 (Operação Satan?). 

Ilha do Como (Jan1964) - «Operação Tridente». Desembarque das forças do BCAV 490.
Foto do camarada Armor Pires Mota, ex-Alf Mil Cav da CCAV 498 (1963/1965) - P12386, com a devida vénia.

Chãos de balantas e nalus, gente laboriosa e guerreira, essas ilhas e a região continental de Catió eram terras úberes da produção de arroz e óleo de palma, a alimentação base dos guineenses, o “Celeiro da Guiné” e o garante da magra ração de combate dos seus combatentes da libertação, antes de o “espírito filantrópico” do governo do reino da Suécia lha ter melhorado. 

Amílcar Cabral tinha engravidado a Guiné Portuguesa com o sémen da “libertação”, nos mais de 10 anos da diacronia dessa luta armada, outras grandes manobras aconteceram, refiro apenas a “Operação Mar Verde” a Conacry e a escalada da “crise dos 3 G´s”, e o seu aborto terá falhado, mercê da miopia política, militar e diplomática do governo de Lisboa. 

Não se podia fazer nas bolanhas e matas da Guiné o que só poderia ser feito em S. Bento e no Terreiro do Paço, em Lisboa. 

De escalada em escalada a matarmo-nos e a estropiarmo-nos uns outros, a aniquilação mútua não aconteceu, mercê de uma deriva das FA Portuguesas, gerada, nascida e nutrida pela tradicional insatisfação corporativa da classe dos capitães, sob o “manto diáfano” do acrónimo MFA, que, para não a abandonar a Guiné nem como derrotados nem como vitoriosos, passou a aliado do PAIGC, tendo cometido dois pecados originais: primeiro, criou a situação de inferioridade, depois, avançou para as negociações, querendo resolver em Bissau o que só deveria ser resolvido em Lisboa. A política ultramarina foi, mas as FA Portuguesas não saíram derrotadas pelo PAIGC; portugueses houve que se derrotaram a si mesmos… 

Mas as maiores manobras da Guerra do Ultramar são activo do MFA: as aceleradas retracções dos dispositivos, retiradas militares para a Metrópole e a “ponte aérea” da materialização da “Descolonização exemplar” de Angola e Moçambique, que evacuou centenas de milhares de gente multirracial, a força criadora da sua riqueza estruturante, muitos com a roupa do corpo como único bem - os Retornados, para a insurreição/revolução ou os Devolvidos, para os outros. E, por ter degenerado em PREC e endossado a sua guerra ultramarina a outrem (Cuba, etc), o MFA não fez uma “Descolonização exemplar” e protagonizou a maior deslocalização mundial de gente, desde a II Guerra Mundial, só ultrapassada mais de 40 anos depois, pelos fenómenos dos refugiados, vítimas dos “prec´s” degenerescentes da Venezuela e da “Primavera árabe”. 

A par da sua revelação como estratega de alto nível, a partir de 1963, Amílcar Cabral (ora alçado a segundo maior líder mundial de todos os tempos, por um grupo de historiadores (?) a soldo da BBC), revelou também um talentoso criador de fake news militares, a base de sustentação do seu markting de que o PAIGC “libertara” e exercia a soberania em 2/3 da Guiné Portuguesa. Vontade e saber muito, mas verdade pouca… 

Passados 4 meses sobre o fim da “Operação Tridente”, o nosso BCav 705 chegou a Bissau estivado no cargueiro “Benguela”, concebido e equipado para o transporte de gado, e não no paquete “Índia”, erro piedoso da CECA. Entre meados de 1964 e meados de 1965, penamos em duras, demoradas e penosas “operações de intervenção”, por terra, água e ar, nas matas do norte, do sul da Guiné e colhemos duas evidências: a dinâmica doutrinal ou subversão cabralista irradiava por esses quadrantes, mas sem o domínio das suas dimensões territorial e social. A tropa andava (e nomadizava) em todo o lado e era a ela que generalidade das populações recorria. PAIGC significava sofrimento e problemas, a tropa significava segurança e soluções. 

Por que os revolucionários desse jaez são avessos ao sufrágio universal e livre? Porque o Povo não vota em organizações violentas! 

Os 2/3 de “áreas libertadas” não passavam de atoada propagandística. Tal dimensão corresponderia à totalidade das suas massas de água e florestais, isentas da colonização, condomínios da bicharada aquática e terrestre, a sua densidade humana era muito baixa, em crescimento com a instalação de bases revolucionárias e pelo êxodo das populações rurais (a relação da densidade populacional na Guiné seria de 15hab/km2). Teria fiabilidade, muito relativa, se se referisse às áreas colonizadas e habitadas, onde um ou dois dos seus guerrilheiros/sapadores infiltrados iam acrescentando valor de “libertação”, sabotando acessibilidades, equipamentos sociais, aterrorizando as tabancas com chefes hostis e indecisos, flagelando patrulhas e escoltas militares - actividades revolucionárias suficientes para condicionar autoridades, mobilizar meios militares, exponenciais em regra, confinar e condicionar a normalidade da vida a toda a gente. 

Província da Guiné. © Infogravura Luís Graça & Camaradas da Guiné

A partir da “Operação Tridente”, as FA portuguesas passaram a garante da soberania em toda a Guiné, desassossegando os revolucionários por todo o lado, por terra, água e ar, embargando-lhes a conquista e fixação em qualquer tabanca tradicional, sempre vencedoras - menos por combates, umas vezes pela desistência a meio do jogo, outras pela sua falta de comparência. A Guerra da Guiné foi paradoxal. As FA portuguesas nunca derrotadas, mas nunca vencedoras; o PAIGC sempre derrotado, mas nunca vencido. E o vencedor foi o derrotado!... 

A relação do PAIGC com a verdade tornara-se tão impudica que até descuidava o encobrimento das suas grandes mentiras. A sua publicitação do cerimonial da Declaração da Independência ao mundo foi quase fiel: a inospitalidade do local, a hospedagem dos convidados internacionais não com 5 estrelas, mas com todas constelações da abobada celeste, a visibilidade da temeridade e improvisação do evento, ao ar livre, num outeiro periférico à tabanca de Lugajole (a Montanha de Cabral era expressão de caserna e situa-se na Guiné-Conacry), no pico da pluviosidade da estação das chuvas, – a “manobra” para embargar as manobras da tropa, por terra e ar. Mais tarde, o embaixador soviético escreveu que apresentara as suas credenciais ao Presidente Luís Cabral, não sabe onde, num “palácio presidencial” que era uma cabana, a estrutura de troncos de cibes, as ramagens das suas copas a fazer de telhado e paredes… 

O PAIGC agendara a Declaração da Independência para 24 de Setembro de 1973, mês da efeméride do nascimento de Amílcar Cabral, da sua fundação, o Dia Internacional da Paz, e, também, do fim da II Guerra Mundial. A sua logística estava montada na zona de Cubucaré, bem conhecida dos bastidores da ONU, onde, ente 1 e 8 de Abril de 1972, a sua “Quarta Comissão” se hospedara e dependurara a sua bandeira no galho duma árvore, para conceber o relatório probatório de que o PAIGC exercia todas as funções estatais e administrativas na Guiné-Bissau, com base no qual a ONU pronunciou Portugal de seu ocupante ilegal, com 500 anos de efeito retroactivo. Mas, na antevéspera a Força Aérea de Biassalanca foi destruir-lhe a festa…

Assim, os 2/3 de “área libertada” não era apenas retórica, era sofisma de justiça, instrumental à manobra da ONU. “Se possuis, assim possuirás”, jurisprudência do Tratado de Utreque, subscrita por Portugal, em 1713, da Conferência de Berlim, subscrita por Portugal, em 1886, da Sociedade das Nações, subscrita por Portugal, em 1919, em St. Germain-en-Laye, da Carta da ONU, subscrita por Portugal, em 1955. 

Redigido em Conacry e avalizado pela OUA (Organização da Unidade Africana), foi com base nesse relatório que a ONU expendeu a jurisprudência de que, considerando que havia uma dúzia de anos que o PAIGC era o Estado da Gguiné-Bissau, considerando que o domínio português estava de facto limitado a uma estreita faixa litoral da ilha de Bissau, do Geba a Safim (à margem esquerda do canal Impernal), a soberania de Portugal era considerada prescrita, de Facto e de Direito. E Cabral tornou-se um assíduo queixoso à ONU, queixas que nunca domiciliou nos ora mais de 2/3 de “áreas libertadas”, mas em Conacry, de que o Estado exercido a partir de Bissau e presente nos quatro cantos da Guiné, as milícias armadas de autodefesa e os militares portugueses da sua guarnição, porque “iam até o Estado fosse”, eram agressores, ocupantes estrangeiros da Guiné e ameaça à paz mundial (maestria do líder bissau-guineense e nódoa à “terceiro-mundista”, caída no melhor pano do que é a Comunidade das Nações). 

À data da Declaração de Independência, o PAIGC fizera zero de equipamentos sociais e mais não destruíra porque não conseguira, nesses 2/3 de “áreas libertadas”, ao passo que as FA portuguesas faziam guerra, mas também tinham expandido e requalificado a sua rede de estradas, construído cerca de 16 000 casas, 160 escolas, 40 postos médico-sanitários, 56 fontanários, 3 mesquitas e feito 145 furos de água potável… 

Na verdade, as ilhas do Como, Caiar e Catunco, dada a sua condição estratégica de encostadas à Guiné-Conacry, a adesão massiva das suas populações e por necessárias, como celeiro da alimentação dos seus combatentes, terão sido as únicas “áreas libertadas” pelo PAIGC, de curta duração, entre finais de 1962 e princípios de 1964, também porque, naquele tempo, a representação regional da autoridade do Estado sediado em Bissau residia em Catió e o administrador dessa circunscrição militava clandestinamente no PAIGC. 

Tendo provocado o abandono pelos colonos, Amílcar Cabral fez da ilha do Como a mãe de todas as bases no interior sul (a de Koundara, a sua primeira, e as em instalação em Cadigné, Boké e Sansalé situavam-se no estrangeiro), dotou as três ilhas com o efectivo de 400 combatentes, muitos recrutados no seu adversário político MLG (que iniciara a Guerra da Guiné, em Susana e Varela), equipado de armamento ligeiro e pesado de Infantaria, reforçou-os com cooperantes especialistas estrangeiros, protegeu o “espaço aéreo” com metralhadoras antiaéreas Goryunov 7,62 e Degtyarev 12,7, os aviões de pistão e a jacto vindos da Base de Bissalanca passaram a ser atingidos e afugentados, e, no relativo à problemática das acessibilidades marítimas, estava confiante da sua protecção – Sekou Touré acabara de decretar unilateralmente a dilatação das águas internacionais do seu país em 130 léguas. 

Reforçou o comando de Nino Vieira, um dos seus primeiros 12 “discípulos” e o seu mais importante comandante de campo, que tirocinara guerra revolucionária na China e armamento na União Soviética. O governo de Lisboa mandava os seus capitães tirocinar guerra contra-revolucionária em França, tendo por mestres os perdedores no Vietname e na Argélia; Amílcar Cabral mandava os seus básicos tirocinar guerra revolucionária na China, tendo por mestres os vencedores Mao Tse-Tung e generalíssimo Vô Neguyen Giap. 

Resultado: o PAIGC concebeu e executou uma guerra total, a partir das matas e dos campos sobre as povoações rurais e urbanas – e ganhou; as FA portuguesas conceberam uma guerra contra-revolucionária de orgânica convencional, a partir dos povoados sobre campos e matas – e não ganharam. 

A braços com a crise de Angola, o governo de Lisboa deu uma ajuda por omissão, não levantou ondas no relativo à dilatação unilateral das águas, o problema era o PAIGC não a Guiné-Conacry; confiante na utopia do ministro Franco Nogueira da negociação de um tratado de paz e cooperação com a Guiné-Conacry, Salazar deu luz verde à “Operação Tridente”, mas proibiu a violação das suas fronteiras e o exercício do “direito de perseguição”. 

O líder da Guiné-Conacry nem se dignou responder. A “Operação Tridente” afundou nessas águas uma embarcação que transportava militares do exército regular guinéu (seria o União, para o PAIGC e Mirandela, para o seu dono, a Sociedade Ultramarina?) e Sekou Touré absteve-se de se meter com a Armada portuguesa. Saberia que, na batalha do Como, a derrota do PAIGC vinha pelo mar. 

Considerando que essas três ilhas somam pouco mais de 300 Km2 de superfície, a sua efémera “área libertada” estava muito longe dos 2/3, apenas significava 1 % da superfície territorial da Guiné. A verdade que o “polígrafo” da história poderá apurar: a limitação da soberania portuguesa a Bissau e Safim foi uma descarada mentira do PAIGC (a encomenda da ONU?). 

Excerto de uma infografia, relativa à Operação Tridente. Reproduzida com a devida vénia. In: Carlos de Matos Gomes e Aniceto Afonso: Os Anos da Guerra Colonial, Volumne 5: 1964 - Três teatros de operações. Lisboa Quidnovi. 2009. 17.

Derrota para o cabo de guerra Nino Vieira, o revolucionário Amílcar Cabral fez do fim da “República Independente do Como” um sucesso, a fazer jus às lições que, em 1960, recebera de Mao e do genial generalíssimo Giap (tinha derrotado o poderoso exército francês estava à beira de derrotar a poderosíssima América). Como não podia realizar o I Congresso na Cassacá da ilha do Como - “Operação Tridente” estava no auge -, mas salvou a face: realizou-o em Cassacá, na plataforma continental, entre 15 e 18 de Fevereiro, e ordenou a Nino Vieira a retirada e o acantonamento do remanescente dos 400 combatentes e famílias do Como para as bases das matas do Cantanhez e de Cufar Nalu.

Nino Vieira saiu com os seus companheiros para o Cantanhez, mas deixou no Como meia dúzia de guerrilheiros m/f, como chama residual da sua “libertação”, comandados pelo desenvolto e cabeludo jovem de 20 anos, Pansau Na Isna de nome, e pela amadurecida mulher balanta de “pistola na liga”, Sona Camará de nome, ambos heróis nacionais bissau-guineenses póstumos, que, cumprindo o “flagela e foge”, muito desassossegaram e desgastaram a malta da CCaç 557, subunidade que ficou na quadrícula em Cachile, comandada pelo Capitão João Ares (apelido do deus da guerra da mitologia grega).

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21485: (In)citações (171): Frei Henrique Pinto Rema, OFM, hoje com 94 anos, Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique (2018), autor da "História das Missões Católicas na Guiné" (1982) (João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, Nova Iorque)

Guiné 61/74 - P21491: Os nossos capelães (11): Em busca dos sete franciscanos que estiveram no CTIG (João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora LUsófona, Nova Iorque)


Braga > Convento e seminário de Montariol > 1959 > Esta foto foi a foto dos “finalistas" de Montariol de 1959 (5º ano), prontos a ir para o Varatojo, em Torres Vedras, “tomar o hábito de noviços". Sem desprimor para os outros, permito-me identificar o Padre capelão (falecido), José Sousa Brandão (*), que é o segundo na última fila, da direita para a esquerda [, assinalado a amarelo, com o nº 1].


No centro está o Padre, meu primo direito, António Alves Sabino (de Vale Martelo, Silveira, Torres Vedras). Era o prefeito do colégio nessa altura. [2].


A seu lado, estou eu, o único de braços cruzados [3] …A meu lado, a à minha esquerda, está o Padre Diamantino Maciel [4], fundador duma paróquia ( igreja St.Antónjo da Arancária, Vila Real ) onde ainda hoje é pároco. Em reconhecimento do seu trabalho social no seu 50º aniversário de presbitero homenagearam-no com uma estátua (, em tamanho natural, ) em frente dessa igreja!



Vila Real > Paróquia de Santo António > s/d > Foto, tirada no dia do 50º aniversário do Padre Diamantino Maciel, OFM: da direita para a esquerda: P. Melícias; depois está o capelão militar na Guiné, José Marques Henriques (*), que está em Faro. eu estou a seguir a ele.


~
Nova Iorque > 12 de dezembro de 2016 > No dia da entrada de António Guterres nas Nações Unidas, o P. Melícias passou por minha casa . Ele era convidado do António Guterres ; e eu e a Vilma , como convidados do Embaixador de Portugal na ON, fomos, atrelados a ele à cerimónia…



Braga > Convento Montariol > 2018 > Eu e o P. Melícias fomos a Montariol visitar dois amigos comuns: na foto ( tirada pelo P .Melícias, creio eu) estão, da esquerda para direita, o Padre António Alves Sabino (, meu primo e meu antigo prefeito), com 93 anos, eu, de pé, e o padre David Antunes, 102 na altura. Ambos faleceram no ano passado.


Fotos (e legendas): © João Crisóstomo (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Mensagem de João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, Nova Iorque]:

[Mail, de que nos deu conhecimento e liberdade para publicar, sobre “capelães franciscanos na Guiné", enviado a dois desses sete capelães , da Ordem dos Frades Manores, que estiveram no TO da Guiné, "para ver se eles podiam ajudar com a informação pedida" (*)]:


Date: domingo, 25/10/2020 à(s) 03:32
Subject: capelaes.franciscanos na Guiné


Caros José Marques Pereira Gonçalves (**),


Sou o João Crisóstomo. de Nova Iorque. Espero que se lembrem de mim. Eu entrei em Montariol em 1954, (do curso do Luís Marques e do P. Diamantino Maciel que está em Vila Real, e a cujo aniversário dos seus 50 anos eu também tive ocasião de estar presente, graças ao Sr. Padre Vitor Melícias que me convidou a ir com ele e até me deu boleia !) .


Encantámo-nos lá, lembras-te?

Felizmente tive já a ocasião de estar várias vezes com o P. José Henriques; mas o mesmo não sucedeu como P, Pereira Gonçalves de quem me lembro apenas vagamente. Desculpa, P.Pereira!.. é a idade...


A razão deste é seguinte:

Eu estive na Guiné ( 1965/67) como alferes miliciano. Depois disso a pretexto de melhorar línguas, andei pela Inglaterra, França, Alemanha e de novo Inglaterra onde casei.


Daí parti para o Brasil, onde como subgerente de um hotel e quando se me ofereceu uma oportunidade de ir aos USA fazer o mestrado de hotelaria, não hesitei. Logo verifiquei que não tinha possibilidades financeiras e quando me preparava para voltar, ofereceram-me ficar a trabalhar como mordomo para a ex-primeira Dama Jacqueline Kennedy Onassis.


Uma vida bastante invulgar como devem imaginar.Aqui há dez anos tive conhecimento dum blogue de antigos camaradas da Guiné. Inscrevi-me e em boa hora o fiz: De alguma maneira todos fomos beneficiados — e alguns de nós em medida tão grande que só os próprios o podem sentir — criação deste salutar movimento de vivência de memórias nas diversas vertentes em que se apresenta.


Foi e é altamente benéfico o despertar de consciências que este movimento ocasionou e que continua a desafiar ainda cada dia os que dele têm conhecimento; deu um relevante contributo para a história de Portugal, da Guiné: vejam-se o número de livros escritos que nunca teriam visto a luz do dia…


Portugal e os portugueses, a cultura e história de Portugal tornaram-se e ficam ainda cada dia mais ricos graças a este blogue que o Luis Graça, em boa hora, criou. Ultrapassamos os 800 membros já e em visualizações/visitas na Internet ultrapassam 12 milhões.

Um dos assuntos que por vezes é mencionado, ao lembramos as nossas experiências, é/ foi a presença dos capelães militares e médicos, cujo papel, contributo e apoio a todos os camaradas foi tão importante mas que não está suficientemente representado neste blogue.


Há tempos, no dia 4 de Outubro, eu enviei um abraco de Paz e Bem aos meus irmãos em S. Francisco e aos meus camaradas da Guiné (**). E foi neste dia que o Luís Graça teve a feliz ideia de convidarmos os nossos camaradas capelães e médicos a entrarem e se sentarem à mesa redonda da nossa Tabanca.

O Luís Graça deu-me então a lista dos sete franciscanos que andaram em terras da Guiné (*). E o dr. P. Domingos Casal Martins fez-me o favor de me dar os endereços destes nossos camaradas, para mim, meus irmãos em S.Francisco.


De alguns tenho suficientes informações:

Nunca perdi o contacto com o Horácio [Fernandes], pois é da minha terra e por amizade sempre somos irmãos. O Luís Graca, (também conterrâneo, da Lourinhã) tinha perdido o contacto dele (, de resto, seu parente), mas o nosso reencontro onde compareceram mais uma dúzia de camaradas foi uma tarde cheia de recordações e emoções fortes que não esquecemos nunca.

José António Correia Pereira:

Já o encontramos . O nosso camarada Manuel Oliveira Pereira conhecia-o de Leça de Palmeira e respondeu : ele até fez parte da comissão de celebração do 50º aniversário da missa nova. Foi um grande regozijo e satisfação para todos. (**)


José Marques Henriques e Manuel Pereira Gonçalves:

Gostaria que vocês os dois nos dessem também o prazer da vossa presença como membros da nossa tabanca. A vossa participação será preciosa em ambos os sentidos: os camaradas já membros que os querem receber de braços abertos terão muito a ganhar ,mas creio que a vossa satisfação não será menor.

Se me quiserem facilitar podem-me dar em duas ou três linhas um resumo do vosso "curriculum", pão pão , queijo queijo, para não virmos a saber por outros aquilo que a natural modéstia por vezes pode esquecer de mencionar.

E não esqueçam a Guiné: em que anos, em que unidades ?Companhia, batalhão, navio em que foram, quartéis do mato onde estiveram… navio de regresso… e alguns detalhes mais que queiram partilhar connosco...

E se nos puderem ajudar com alguma informaçnao dos que seguem, se alguma tiverem, mesmo pouca, fico agradecido:

José de Sousa Brandão ( do meu curso de Montariol, Varatojo, Leiria) já falecido.

Manuel faria da Silva Estrela, também falecido.


Manuel Gonçalves….

Gostaríamos de saber quando estiveram na Guine e a que unidades pertenciam . E mais alguma info, se for o caso. E se não tiverem, eu vou ter de ter paciência ; e vocês terão de ter paciência e compreensão pela minhas perguntas…


Lembrando com saudades...

E notícias recentes:.

Nós estamos bem; a Vilma está óptima já e eu estou ainda a cuidar uma "ciática"; já deixei as muletas e agora já ando de simples bengala; mas... já está quase boa…

Quanto a notícias,...

1--Esta foi notícia que me encheu de alegria e, sem intuitos de falsa modéstia, muito e creio justificado orgulho, pelo papel que nela desempenhei [na reabilitação da memória de Aristides Sousa Mendes]


2— Esta não tem nada de especial; mas diz como passamos parte do nosso tempo, aqui em Queens, Nova Iorque; e como veio no jornal, aqui está a título de info.


Digam algo, sim?!


Um Grande abraço de Paz e Bem.

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Notas do editor:

(*) 6 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21425: Efemérides (337): O 4 de Outubro, dia do meu mentor espiritual, Francisco de Assis (1181-1226)... É uma ocasião também para lembrar os 7 capelães do Exército, no CTIG, que eram da Ordem dos Frades Menores (João Crisóstomo, Nova Iorque)

(...) Além do Horácio Neto Fernandes (nº 42) (, que esteve no CTIG de 1/11/1967 a 3/11/1969), cite-se mais os seguintes capelães, da Ordem dos Frades Menores (OFM), por ordem alfabética:

José António Correia Pereira (nº 84): de 26/3/1972 a 21/3/1974;
José de Sousa Brandão (nº 79): de 25/9/1871 a 22/12/1973;
José Marques Henriques (nº 97): de 28/4/1974 a 9/10/1974):
Manuel Gonçalves (nº 58): de 19/7/1969 a 30/6/1971;
Manuel Maria F. da Silva Estrela (nº 11): de 27/9/1963 a 14/8/1965;
Manuel Pereira Gonçalves (nº 91): de 28/5/1968 a 29/6/1974):

Pode ser que algum leitor nos ajude a localizar o batalhão a que pertenceram estes capelães franciscanos. (...)

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21490: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (77): Memoriais Militares: obrigado pelo apoio da Tabanca Grande... Mas, atenção, o que procuro são as marcas, deixadas nos diferentes territórios ultramarinos pelas unidades que por lá passaram, e não monumentos aos combatentes da guerra do ultramar, erigidos nas nossas vilas e cidades (Serra Vaz, ex-fur mil inf / op esp, CCAÇ 2335, Angola, 1968 / 70)




Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Piche > Ponte Caium > Um dos mais belos e originais  monumentos aos nossos "caídos" no CTIG: neste caso,  de homenagem aos bravos de Caium... Sobravam, ainda em 2010, em cima do tabuleiro da ponte, que atravessa o rio Caium, na estrada Gabu-Piche-Buruntuma,  restos de dois memoriais distintos

(i) memorial, construído em 1973, de homenagem aos mortos da CCAÇ 3546 (1972/74): "Honra e Glória: Fur Mil Cardoso, 1º Cabo Torrão, Sold Gonçalves, Fernandes, Santos, Sold AP Dani Silva. 3º Gr Comb, Fantasmas e Lestos (?). Guiné- 72/74"; 

(ii) uma base de um nicho mariano, com os seguintes dizeres: "Nem só do pão vive o homem". Guiné, 1972-1974", reconstruído possivelmente pelo pelotão da CCAÇ 3546 que lá estave em 1973/74, mas mais antigo, lá lá se encontrava quando a CART 1742 (1967/69) tomou conta do sector que tinha sede em Buruntuma, diz o Abel Santos (*).

Fotos  (e legendas): © Eduardo Campos (2010).  Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1. Mensagem do nosso camarada Serra Vaz (**)

 
Date: quarta, 28/10/2020 à(s) 09:39
Subject: Agradecimento
 
Amigo Luís Graça;


Muito obrigado pelo teu E-mail, que passo em revista:

- Não tenho Facebook;

- O Ano passado fui a um almoço da Tabanca da Linha  no Caravela d' Ouro [, em Algés], onde me receberam muito bem, apesar de eu não ser "tabanqueiro", eu sou "sanzaleiro".

Entretanto , o teu (ou melhor, nosso ) antigo camarada João Crisóstomo, muito simpático, já me escreveu e eu vou já responder.

Abri o link e entrei no Blog; mais uma vez obrigado pelo "apelo" que tiveste a amabilidade de fazer, em meu nome.

Mas relativamente a esta questão, acho que se calhar não me fiz  nentender lá muto bem porque a matéria que eu estudo são os Memoriais Militares,  ou sejam,   as "Marcas", da nossa passagem por África (Cabo Verde e S. Tomé , incluídos),  que nós por lá deixámos, espalhados um pouco por todo o lado, e nada tem que ver com os Monumentos  de Homenagem aos Combatentes da Guerra do Utramar, erigidos em todas as vilas e cidades de Norte a Sul de Portugal.

No blog, aparece uma imagem do detalhe de um desses monumentos na  Lourinhã, (por acaso, conheço bem, ) que alimenta essa confusão.

Obrigado mais uma vez,  grande abraço

Serra Vaz

__________

Notas do editor:


Guiné 61/74 - P21489: Historiografia da presença portuguesa em África (236): “África Ocidental, notícias e considerações”, - O Senegal - por Francisco Travassos Valdez; impressas por ordem do Ministério da Marinha e Ultramar, 1864 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 24 de Julho de 2017:

Queridos amigos, 

Já se falou desse excelente observador que andou por terras da Guiné, no início da segunda metade do século XIX. Antes de chegar à Senegâmbia ou Guiné Portuguesa percorreu o Senegal, onde escreveu parágrafos deliciosos em que falando das gentes diz que por lá os homens são muito feios enquanto as signardes, "pelo contrário, são de ordinário formosas, mais inteligentes, mais ativas e mais espertas que os homens. Estas lindas e meigas signardes comprazem-se em ornar profusamente de ricas joias os seus escravos sendo muito trivial vê-los com os braços e pernas carregados de manilas, os dedos cheios de anéis, etc". Ora o importante é que Francisco Travassos Valdez finaliza a sua viagem ao Senegal desmontando a impostura francesa de que chegara primeiro ali. Vale a pena ver o vigor e o arrebatamento com que Francisco Travassos Valdez repõe a verdade. Infelizmente, cerca de 20 anos mais tarde, os franceses levaram a melhor.

Um abraço do
Mário



Francisco Travassos Valdez e o Senegal

Beja Santos

Aqui se fizeram recensões ao livro intitulado “África Ocidental, notícias e considerações”, por Francisco Travassos Valdez, impressas por ordem do ministério da Marinha e Ultramar, 1864. Primeiramente, a publicação surgiu em Londres com o título Six years of a traveller’s in western Africa, 1861. Francisco Travassos Valdez tem um curioso currículo: ex-árbitro das comissões mistas luso-britânicas e do Cabo da Boa Esperança; ex-secretário da comissão especial de colonização e trabalho indígena das províncias ultramarinas; secretário do governo da província de Timor.

O volume é apresentado como 1.º, abarca as seguintes descrições: Porto Santo e Madeira; Canárias; Cabo Verde (ilhas de Barlavento), Cabo Verde (ilhas de Sotavento); Senegal e Senegâmbia (Guiné Portuguesa). Nesta recensão trata-se exclusivamente o que o viajante viu e sentiu na Senegâmbia.

As recensões centraram-se nas diferentes apreciações do autor sobre a Senegâmbia mas reconheça-se a importância, pelo menos documental e de uma certa mentalidade da época, do que ele escreve no final da sua viagem pelo Senegal:

“Ocupando-nos agora da data em que os europeus se estabeleceram no Senegal, diremos ainda, quanto às pretensões dos franceses, de que foram eles os primeiros que dobraram o Cabo Bojador e descobriram vários países ao Sul, que está provado por autoridades insuspeitas, mapas e documentos irrecusáveis, que foram os portugueses que em 1446 descobriram a foz do Senegal.
Isto mesmo se depreende de documentos e manuscritos inéditos descobertos em Paris, graças à patriótica solicitude do nobre Visconde da Carreira e assim como se depreende também de uma carta geográfica veneziana no século XVI, que descobriu o nosso ilustre escritor o Visconde de Santarém, lendo-se junto do nome Senegal as palavras: ‘Scop. da Denis Fernando 1446’; e junto do nome de Cabo Verde: ‘Scop. l’ano 1446 de Portug.’. São pois ridículas até as fábulas propaladas pelo padre Labat e pelo navegante Willaut-belle-fond, sustentando que uns piratas normandos do século XIV haviam tido aquela glória, e acrescentando que isto se provava pela etimologia de certas palavras da língua dos indígenas, e até se encontrara uma inscrição aberta em pedra com a data MCCC.
Até hoje ainda não vimos trabalhos que demonstrassem a existência de tal inscrição, nem tão pouco apareceu algum filólogo que achasse nas línguas dos Mandingas, dos Jalofos, dos Fulas, dos Cassangas ou dos Felupes, sequer um remoto vestígio do idioma normando!

É que aquelas estultas fábulas foram inventadas 270 anos depois do português Gomes Eanes de Azurara, escritor coevo, e que mereceu a confiança do imortal Infante D. Henrique, ter narrado o descobrimento do Çanaga ou Senegal. O modo por que a foz do Senegal foi descoberta pelos portugueses em 1446, como dito fica, teve lugar, saindo de Lagos, no Algarve, uma frota de 14 caravelas bem fornecidas de armas e provisões, sob o comando do Almoxarife Lançarote, acompanhado de Soeiro da Costa, seu sogro, de Álvaro de Freitas, Gomes Pires, Rodrigo Eanes de Travassos e o famoso Gil Eanes, que já havia quebrado o encanto do célebre Cabo Bojador. Por ordem do grande Infante D. Henrique deu à vela esta frota a 10 de Agosto para uma viagem de descobrimento à costa da Guiné, enquanto que ao mesmo tempo e com o mesmo fim saíram também de Lisboa e da Madeira mais 12 naus ou caravelas.

Entre os chefes destas ia Dinis Fernandes, que já anos antes avistara Cabo Verde, Nuno da Cunha, celebrado pelos seus feitos na ilha de Arguim, e Álvaro Fernandes, que subsequentemente descobriu Serra Leoa em 1447.

Notaremos aqui que nas crónicas desta expedição também nenhuma menção se faz de Cadamosto nem de António de Nola. A razão é bem clara: estes famosos navegadores ainda àquele tempo não haviam chegado a Portugal, embora alguns escritores erradamente asseverem o contrário.

Seis das mencionadas caravelas ficaram sob o comando de Lançarote, Álvaro de Freitas, Rodrigo Eanes de Travassos, escudeiro do Regente, Lourenço Dias, escudeiro do Infante D. Henrique, Vicente Dias, mercador de Lagos, e Gomes Pires, Cavaleiro da Casa D’el-Rei, o qual, segundo parece, tinha o comando superior da esquadrilha, e foi de opinião que deveriam segui-lo de conserva até chegarem à costa de África ou até descobrirem a entrada do Çanagá, que naquele tempo era por eles considerada, assim como pelo citado cronista Azurara, como sendo uma das obras do Nilo, tão erróneos eram então os conhecimentos cosmográficos!

Pouco depois a cor e o gosto da água mostrou que se achavam justamente no sítio onde o Senegal desemboca no mar.

Ancoraram, e Vicente Dias acompanhado de Estevão Afonso, fidalgo de Lagos, desembarcou com seis homens na praia. Dirigiram-se a uma cubata onde cativaram rapaz e uma rapariga, que trouxeram a Portugal, como prova autêntica daquele feliz descobrimento, que custou a Vicente Dias uma ferida de azagaia, durante o conflito da captura dos dois negros, querendo-lhes acudir seu pai, que apareceram naquela ocasião e que conseguiu evadir-se, deixando um escudo feito de orelha de elefante, primeiro despojo destes animais que apareceu em Lisboa.

Separadas as caravelas, Álvaro Fernandes, tendo passado Cabo Verde, desembarcou em uma ilha, que todas as razões levam a querer que fosse a de Gorée, onde insculpiu em uma árvore as armas do Infante D. Henrique”
.
Mapa do Senegal

Importa recordar ao leitor que nesta época a França assumira uma posição declaradamente agressiva para reivindicar uma presença soberana na região do Casamansa, onde Portugal mantinha uma posição em Ziguinchor, tratando de muito comércio em todo o rio, comércio esse que começou a ser dificultado pelos franceses. 

Tudo irá desembocar na Convenção Luso-Francesa de 1886, os decisores políticos, ao arrepio da vontade que grassava em Ziguinchor, cedeu o Casamansa em troca de uma posição na península de Cacine. É um período de imensa fragilidade, vive-se já a pressão da ocupação das grandes colónias, há poucos recursos humanos e a costumada insuficiência em dinheiro.

Percebe-se a forma acalorada como Travassos Valdez procura em 1861 sensibilizar os políticos de Lisboa.  Não teve sorte. 

Guiné 61/74 - P21488: (Ex)citações (378): O memorial ao Domingos Ramos, em Madina do Boé: parece ser mais uma prova de que o PAIGC não dá muita importância ao legado histórico da sua 'luta de libertação nacional", nem à memória dos heróicos guineenses que deram a sua vida pela causa, deixando que tudo esteja envolto num nevoeiro de mitos, lendas e narrativas populares (Cherno Baldé, Bissau)


Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de Boé > 1 de julho de 2018 > Monumento à memória de Domingos Ramos, comandante do PAIGC, morto em 10 de novembro de 1966, ao tempo da CCAÇ 1416. 

Numa das viagens de trabalho ao Boé, o Patrício Ribeiro esteve junto ao Memorial de Domingos Ramos, local onde terá sido  morto, em 10 de novembro de 1966 . Está aproximadamente a uns 500 metros da fonte "Colina do Boé", construída em 1945,  e do antigo quartel, a poucos metros do caminho para Dandum, na planície.

Escreveu o Patrício Ribeiro: "Na pedrta, não havia nenhuma inscrição. O pessoal que me acompanhava,  do Parque Natural do Boé, sabia deste local, indicaram-me talvez porque passamos perto. Das outras vezes que fui a Madina,  não me indicaram este sitio. Do outro lado da picada, perto a 70 metros, já há algumas casas. " (*)

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2018) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


 



Guiné-Bissau > PAIGC > Manual escolar, O Nosso Livro - 2ª Classe, editado em 1970
 (Upsala, Suécia).  Domingos Ramos, ilustração, Lição nº 23: Um grande patriota, p. 74. 
[Exemplar cedido pelo Paulo Santiago, Águeda (ex-Alf Mil,  comandante do Pel Caç Nat 53, Saltinho , 1970/72)]

Infografia: Bogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020)


1. Comentário de Cherno Baldé (*), nosso assessor para as questões etnolinguísticas, profundo conhecedor da sua terra e das suas gentes, colaborador permanente do nosso blogue, com cerca de 220 referências no nosso blogue, o que é obra!

 
Caros amigos, 

Mais um enigma para desvendar, trata-se do lugar indicado como sendo o local onde o Domingos Ramos (**) teria sido ferido e eventualmente, morto. 

A primeira vez que me mostraram o local, estranhei por causa da proximidade (menos de 500 metros) do antigo aquartelamento [de Madina do Boé]. Se atenderamos o depoimento do Internacional Cubano, [, Ulisses Estrada,]  que estava presente e relatou os acontecimentos na primeira pessoa, torna-se estranho e incompreensível que hoje nos digam que tudo teria acontecido a menos de 500 metros do aquartelamento, o que equivale a dizer que eles estavam a flagelar com canhões sem recuo a uma distância tão curta ?! 

Na minha opinião,  o mais provável é que, na impossibilidade de localizar o sitio certo ou então devido a dificuldade de acesso, seja uma localização simbólica e num sitio bem acessível, do lado Sul/Sudeste, bem perto do caminho para Dandum. 

Mais um caso para dizer que o PAIGC não parece dar muita importância ao legado histórico da sua 'luta de libertação nacional" assim como [à memória] dos heróis guineenses que deram a sua vida pela causa, deixando que tudo esteja envolto num nevoeiro de mitos, lendas e narrativas populares. 

Caro Luís Graça, em relação à tua questão, tenhpo a dizer o seguinte: o facto de parte da população Boenca (de Boé) não falar Português ou Crioulo não é sinónimo de ser estrangeira, isto mostra o quão a região de Boé está isolada do resto do país, onde durante a época das chuvas (que vai de Junho a Novembro) quase que não há nenhuma comunicação com o exterior, por terra, rio e ar e para pior nem por telefone. 

Abraço, Cherno Baldé (***)


2. Comentário do editor LG (*):

Patrício, se puderes (e souberes) explica là à gente quem são os atuais habitantes do Boé (, os "boencas", na expressão do nosso querido amigo Cherno Baldé): 12 mil, naquele buraco, é muita gente, 85 tabancas ainda mais..., em termos de "peugada ecológica" ou de impacto sobre o ecossistema, a fauna e a flora...

No "nosso tempo", era uma região sem população, andavam lá, à solta, os leões, os elefantes, os chimpanzés, os búfalos, os macacos-cães... Depois veio a tropa fandanga do Amílcar, mais os seus "instrutores" cubanos... Montaram lá o circo da guerrilha: base, hospital, campo de prisioneiros, etc.  

Eh!, pá, e a propósito de cubanos, ainda conheci, em março de 2008, na Guiné-Bissau, o Oramas e o Estrada, lídimos  representantes do internacionalismo cubano, discretos, distantes, polidos, compenetrados do seu papel histórico em prol do progresso dos povos, mais simpático o diplomata Oramas, mais reservado o guerrilheiro Estrada, que, coitado, estava com um camadão de paludismo em cima do corpinho. (Penso que já morreu, há uns anos, o Estrada...).

AS NT retiraram de Madina do Boé em 1969... Aquilo  não interessava a ninguém, jurava o cor inf Hélio Felgas, comandante da Op Mabecos Bravios... E para as eventuais empresas mineiras colonialistas, portuguesas ou estrangeiras, não tinha qualquer interesse económico a m... da bauxite do Boé, de fraca qualidade... A abarrotar de bauxite, ao preço da chuva, estava o país vizinho, a Guiné-Conacri, que no tempo do Sékou Touré queria abocanhar a pobre da "guinezinha", como diria a nossa querida Cilinha...(Lamentavalmente, distraído com os seus sucessos diplomáticos, o pobre do Amílcar Cabral não se apercebeu disso a tempo...).

Depois da independência da Guiné-Bissau, parece que aquilo,o Boé, se tornou o Eldorado, uma espécie de Faroeste, neste caso Farleste,,,

Pergunta-se a quem sabe, ao Cherno, ao Patrício: quem montou lá tenda? São fulas do Futa Jalom, fugidos da miséria da Guiné-Conacri ?... Ou fulas de outras zonas da Guiné-Bissau, à procura de novas oportunidades de vida e trabalho ?...

É estranho, não falam português, nem crioulo, dizes tu, Patrício, que és um bom e imparcial observador...

Enfim, mano Patrício (, "pai dos tugas", sem ofensa para ninguém, como te chamavam em Bissau os nossos meninos e meninas "cooperantes"), talvez tenhas mais informação que nós...já lá fostes por diversas vezes, nestes anos todos... De resto, só por isso, devias ter direito a comenda para o resto da vida...

Recebe um conselho de amigo: olha que a Guiné é dura, vê o que aconteceu ao nosso comum querido amigo Pepito...Fica de vez na tua "ponta do rio Vouga", a cuidar dos teus eucaliptos e da tua vinha, das tuas nogueiras e dos teus castanheiros... Eu sei que a Guiné é, para ti, "manga di sabe", ajudou-te a fazer o luto da tua querida Angola, da tua querida Nova Lisboa, mas tens que ter cuidado com a saúde do corpinho e da alma... Um gajo não é eterno"!... Nem os poilões são eternos, que o diga o machado chinês, ou a melhor, a motoserra chinesa...

Bom, abafa-te, avinha-te, abifa-te... e vacina-te que vem aí a gripe sazonal para se juntar à maldita Covid-19...

Eu, hoje, dei o exemplo, fui à "bacina", como se diz no Norte, estou em idade de risco... Todos os anos "tomo", quer eu dizer, levo a "bacina" contra a gripe sazonal. Desta vez, tudo planeado ao minuto, marcado "on line", para as 12h30, na junta de freguesia cá do sítio... Dez minutos depois estava despachado... Sem confusões, sem atropelos, sem demoras...

Mantenhas. Amanhã volto para a Lourinhã, preciso cada vez mais do meu "Mar do Serro" para me esquecer da "normalidade da anormalidade" a que fomos condenados...

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(**) Sobre Domingos Ramos, vd. nomeadamente os seguintes postes:

12 de dezembro de  2007 > Guiné 63/74 - P2343: PAIGC - Quem foi quem (5): Domingos Ramos (Mário Dias / Luís Graça)

Guiné 61/74 - P21487: Parabéns a você (1884): Jorge Fontinha, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2791 (Guiné, 1970/72) e Coronel Inf Ref Luís Marcelino, ex-Cap Mil Inf, CMDT da CART 6250/72 (Guiné, 1972/1974)


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Nota do editor

Último poste da série de 20 DE OUTUBRO DE 2020 > Guiné 61/74 - P21466: Parabéns a você (1883): Fernando Súcio, ex-Soldado CAR do Pel Mort 4275 (Guiné, 1972/74) e Rogério Cardoso, ex-Fur Mil Art da CART 643 (Guiné, 1964/66)

terça-feira, 27 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21486: In Memoriam: Os 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar mortos na guerra do ultramar (1961-75) (cor art ref António Carlos Morais da Silva) - Parte XLV: Rolando Frederico Mantovani Borges Filipe, maj pilav (Lisboa, 1939 - Guiné, entre Bigene e Guidaje, 1973)





Cor inf ref Morais da Silva


1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um dos 47 Oficiais, oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975, na guerra do ultramar ou guerra colonial (em África e na Ásia).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva [, foto atual acima], membro da nossa Tabanca Grande [, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972 ]

Sobre o maj pilav Mantovani Filipe, abatido em 8 de abril de 1973,  aos comandos de um T 6, entre Bigene e Guidaje, temos infelizmente poucas referências no nosso blogue.


2. No blogue dos Especialistas da Base Aérea 12, Guiné 65/74, o ex-1º cabo especialista MMA-T6, Carlos Robalo, evoca esse dia trágico [por lapso, escreveu 6, quando se trata de 8 de abril de 1973]... 

Reproduzimos, com a devida vénia,  um excerto do poste [ segunda-feira, 6 de abril de 2009 >  Voo 899,  6 Abril de 1973, outro dia de luto na BA12]

(...) Era uma manhã igual às outras, por volta das 6h00. Os mecânicos da linha da frente dos T6 faziam as inspecções e os respectivos "Ponto Fixo ", numa grande azáfama. Mais tarde estando tudo em ordem, lá apareciam os respectivos pilotos o Maj Pilav Mantovani e o Fur Pil Henriques Ferreira.

Como era uma missão de ir e vir (não havia abastecimento), não era necessária a ida do mecânico.

Já na altura vivia-se um ambiente de preocupação e consternação após os acontecimentos trágicos que anteriormente tinham ceifado vidas.

Passadas algumas horas, para espanto do pessoal da linha da frente, verifica-se que apenas um T6 entra na "final" de regresso à Base, não se sabendo ainda a razão da falta da outra aeronave. Após a aterragem perguntou-se ao piloto qual a razão da demora.... e a resposta trouxe a desolação total: "Era uma bola de fogo".... 

Mais um avião tinha sido alvo do missil "strela". O major Mantovani faleceu em [8]  de Abril de 1973, que Deus tenha a sua Alma em Paz." (...)

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P21485: (In)citações (171): Frei Henrique Pinto Rema, OFM, hoje com 94 anos, Comendador da Ordem do Infante Dom Henrique (2018), autor da "História das Missões Católicas na Guiné" (1982) (João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, Nova Iorque)


Portugal > Presidência da República > Palácio de Belém > 9 de outiubro de 2018 > Frei Henrique Pinto Rema, OFM,  foi condecorado pelo Presidente da República Portuguesa com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique. “Em nome de Portugal, o seu Presidente agradece ao P. Rema o contributo precioso e longo que vem dando ao Povo Português com o seu intenso labor literário, através deste gesto simbólico”.

Dele escreve Frei Frei Armindo Carvalho, Ministro Provincial da Ordem dos Frades Menores (OFM), vulgo Franciscanos (que teve pelo menos 7 capelães militares no TO da Guiné, entre 1961 e 1974):


(...) Membro da Academia de [História], vem sendo solicitado para conferências e estudos de história. Com agrado geral, e sempre com uma “pitadinha” de bom humor, as suas palestras prendem o público e encantam. Colaborador em várias publicações, salienta-se em particular nos seus conhecimentos sobre a vida e obra de Santo António de Lisboa, particularmente condensadas em “Obras Completas de Santo António de Lisboa”, em 2 Volumes, da sua autoria.

Rema é referência obrigatória em Portugal e Europa para falar de Santo António. Possuidor de uma memória muito feliz, é encantador ouvi-lo conversar sobre assuntos relacionados à cultura e a História. É ele o cronista oficial da Província Portuguesa da Ordem Franciscana, retendo uns milhares de páginas escritas sobre os frades de Portugal e suas vidas." (...)


Fonte: OFM Portugal (com a devida vénia...)

1. Mensagem de João Crisóstomo,  régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, na sequência do Poste P21425 (*)


Date: quinta, 8/10/2020 à(s) 15:46
Subject: De Nova Iorque
 

 Caro Luís Graça,

Vejo com muita satisfação, o grande  número de publicações e trabalhos   sobre assuntos relacionados com a Guiné, para os quais  a sua apresentação no blog  tem contribuído para deixarem de ser  "luz debaixo de alqueire" . 

Neste contexto, sem saber avaliar a sua  importância (ou não)  mas como está relacionado com a Guiné,  lembrei-meu de te enviar o que segue, pois talvez tu ou o Beja Santos ou alguém dentre os muitos que têm escrito sobre a Guiné, possa aproveitar a informação  e fazer mais alguma investigação  se houver interesse para isso.

Neste caso trata-se de um padre franciscano e, como muito apropriadamente mencionaste, o nosso blogue é laico. Mas o facto de ele ser padre não quer dizer que os seus trabalhos não possam servir como fontes de informação.  

Tratam-se de alguns trabalhos de  Frei Henrique Pinto Rema,  de quem tenho ouvido falar. O que sabia dele era pouco, excepto que esteve na Guiné e que -  vai  fazer  amanhã dois anos ( 9 de outubro de 2018)  -   foi condecorado pelo Presidente da República  com o Colar da Cruz de Cristo e Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.

 O intuito da minha aproximação era tentar obter alguma informação  sobre os capelães militares fanciscanos  ( num total de sete ) que me mencionaste   há dias, no Post 21425, de 6 de Outubro.

 Não foi desta vez que consegui esses resultados, mas isso só quer dizer que terei de continuar. Quando uma porta se fecha, entra-se pela janela… o importante é não  desistir. 

Não consegui agora directamente o que procurava, que a sua idade (94 anos, feitos há dias , a 23 de Setembro) leva-o agora a pensar duas vezes antes de aceitar novos envolvimentos. Mas recebeu o meu pedido com a maior boa vontade e vim a saber de alguns envolvimentos seus com a Guiné.

Alguns tópicos do seu vastíssimo currículo:

(i) Foi  Secretário da Prefeitura Apostólica  de 1965 a 1974 [e portanto estava lá  durante os dois anos  que eu  estive na Guiné ( 1965/ 1967); mas  na altura, recentemente saido do seminário,  o que eu queria era voltar são e salvo a Portugal e  nunca contactei com  ninguém];  

(ii) Lecionou várias disciplinas no Liceu Honório Barreto de Bissau e publicou artigos no  Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, de 1968 a 1974. 

(iii) Publicou uma "História das Missões Católicas da Guiné",  primeiro no Boletim Cultural da Guiné Portuguesa  e depois na Editorial Franciscana de Braga, em 1982 , com 994 pp.; (**)

(iv) Participou  no Colóquio Histórico de Bissau em Dezembro  de 1997 com duas comunicações: Encontro da cultura cristã portuguesa com a cultura africana da Guiné; e Aculturação e Inculturação na gesta dos descobrimentos portugueses…

(v)  É o autor das "Obras Completas de Santo António", 2 volumes, Porto, Lello Editores, 1987, 2136 pp. (Coleção: Tesouros da Literatura e da Historia);

Bom, é tudo o que sei, mas como disse, se alguém quiser investigar…aqui estão as fontes ou as pistas; talvez os seus trabalhos possam ser informativos…  (***)

João Crisóstomo

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(**) Vd. poste de 9 de julho de  2018 > Guiné 61/74 - P18829: Notas de leitura (1082): História das Missões Católicas na Guiné, por Henrique Pinto Rema; Editorial Franciscana, Braga, 1982 (8) (Mário Beja Santos)(**) 

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Guiné 61/74 - P21484: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (76): Memoriais Militares / Mémoriaux des Anciens Combattants / Veterans' Memorials: procuram-se contactos, nomeadamente em França e EUA, de associações de veteranos que se interessem por este tema (Serra Vaz, ex-fur mil inf / op esp, CCAÇ 2335, Angola, 1968 / 70)


Lourinhã > Atalaia > Parque dos Moinhos > 16 de junho de 2013 > Inauguração do monumento aos combatentes do ultramar > Vista parcial do monumento...


O concelho da Lourinhã tem, pelo menos, 5 (cinco!) monumentos (ou "memoriais") aos combatentes do ultramar: para além da sede do concelho, tem este na Atalaia, e em mais 3 povoações (Moledo, Zambujeira / Serra do Calvo, Ribamar).

Foto (e legenda): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem de Serra Vaz, nosso camarada, antigo combatente em Angola, ex-fur mil inf /op esp, CCAÇ. 2335, Madureira, Nambuangongo, Zala, Malange, jan 1968/ abr 1970), estudioso e colecionador de memoriais militares, nomeadamente os erguidos no teatro de operações:


Date: terça, 1/09/2020 à(s) 10:26
Subject: Apresentação e pedido de informações sobre memoriais militares
Amigo e antigo camarada d´Armas Luís Graça:

Os meus cumprimentos.

Na sequência do nosso telefonema, tal como lhe disse, sou também um antigo militar (miliciano) e actualmente na situação de reforma, dedico-me ao estudo de diversas matérias sobre a Guerra do Ultramar, sendo a principal:

MEMORIAIS MILITARES,


ou seja, aqueles pequenos (e grandes !) monumentos que (quase) todos nós construímos e deixámos lá pelas Áfricas, pelos aquartelamentos por onde penosamente errámos…

Era uma forma de assinalar a nossa presença e deixar uma "marca" da passagem por esses locais e também, em muitos casos, homenagear os mortos em combate, e ainda servir de base para o mastro da bandeira.

Disponho de, no total, cerca de 700 exemplos, (Angola, Guiné e Moçambique ), na sua maior parte documentados por imagens, identificados e, na medida do possível, estudados.

Mas existirão certamente muitos mais (desconhecidos) cujos testemunhos os seus possuidores levarão para a cova e as imagens desse património histórico que dormem esquecidas em baús nos sótãos lá de casa, vão todos conhecer um destino comum: lixo.

E infelizmente, também no terreno, de tudo isso já pouco ou nada resta; mas importa preservar os testemunhos e as imagens que ainda existem.

Eu entendo que a investigação e o estudo destas matérias é também uma maneira de fazer História. É um "nicho" da História; é uma "pequena história " ou uma "história menor", ou lá o que lhe queiram chamar, mas é História.


O que eu pretendo, então?

A fim de fazer um estudo comparativo, gostava de saber se os militares americanos no Vietnam (1955 / 75 ) e os franceses na Indochina (1945/54) e na Argélia (1954 / 62 ) também deixaram algumas "marcas", assinalando a sua presença pelas posições que ocuparam durante essas, bem conhecidas, guerras, em termos tácticos muito semelhantes e contemporâneas da nossa guerra do ultramar..

Ou isso foi apenas uma prática só nossa, própria de nós, portugueses das nossas tradições e da nossa cultura?

O que eu peço:

i) Conhece algum antigo combatente como nós, radicado nos USA, ou França, pessoa idónea, bem relacionado e motivado para estes temas ?

ii) Tem o endereço de alguma(s) Associação(ões) de Veteranos de Guerra, americanos ou franceses, onde é suposto haver alguém que forneça informação credível ?


Nesse dois países devem existir muitas Associações desse tipo, tal como acontece em Portugal.

Eu posso fazer essa consulta directamente, escrevendo uma carta em inglês e/ou francês, desde que disponha de um endereço.

Muito grato pela atenção dispensada, me subscrevo com um abraço

Serra Vaz
e-mail: serlipe14@gmail.com
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Pedro da Luz Serra Vaz,
Dafundo, Cruz Quebrada, Oeiras

ex Fur Mil Inf (Op Esp ) CCAÇ. 2335 ( Companhia Independente.)
Angola Jan 1968 / Abril 70:
Madureira, Nambuangongo, Zala, Malange


2. Resposta do editor LG:

Olá, camarada.

Tenos pelo menos vinte referências, no nosso blogue, com o descritor ou marcador Memoriais... Mas este tema também está, em grande parte, coberto por outros descritores ou maracdores como, por exemplo, Monumentos (mais de 50 referências).

Não temos uma série específica, dedicada aos Memoriais da Guiné; em todo o caso, temos muita imformação, dispersa, em texto e fotos, sobre memoriais deixdos no terreno por muitas unidades e subunidaes que serviram no CTIG, entre 1961 e 1974.

Contactos com associações de veteranos, francesas e americanas, das guerras da Indochina, da Argélia e do Vietname, não temos... Mas, alguns camaradas nossos., que vivem em França e nos EUA, podem dar uma boa ajuda.

Obrigado, Serra Vaz, pelo pedido, pleo contacto e pela troca de impressões que estabelecemos ao telefone. Vou mandar alguns contactos de email. Estaremos sempre disponíveis para akudar e oxalá haja já, na volta do correio, respostas de camaradas nossos, da diáspora lusitana, interessados por este tema, iou que possam servir de elemento de ligação ás associações de veteranos dos EUA e da França, nomeadamebte.


Boa saúde, bom trabalho. LG

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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21430: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (75): procuro mais notas biográficas sobre o cor pilav Gualdino Moura Pinto, dado erradamente como morto no acidente do avião da TAP, TP425, no Funchal, em 19/11/1977 (Santiago Garrido, jornalista, "La Voz de Galicia")

Guiné 61/74 - P21483: Memória dos lugares (415): Béli, Madina do Boé, Dandum...Fotos da última viagem ao sector do Boé, em 30 de junho e 1 de julho de 2018 (Patrício Ribeiro)



Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de Boé > 2009 >Béli >  Restos do quartel de Béli, retirado pelas NT em meados de 1968, por ordem expressa de Spínola.

Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2009). Todos os direitos reservados.. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Entre 30 de junho e 1 de julho de 2018, o nosso amigo e camarada Patrício Ribeiro, que vive há 4 décadas na Guiné-Bissau, onde é empresário,  fez um  viagem de trabalho  ao setor do Boé,  hoje integrado na Região de Gabu. 

A partir de Bafatá e Gabu, deslocou-se nomeadamente a Béli (onde pernoitou, em 30/6/2018) e a Dandum (passando por Madina do Boé). No regresso, a Bafatá, ficou em Canjadude, onde tinha trabalho.

Já aqui publicámos, no seu devido tempo, as crónicas que nos mandou, acompanhada de belas fotos... Esta é apenas uma das diversas viagens que fez a esta região, "remota e difícil acesso", da Guiné-Bissau. o setor do Boé.

Para a maior parte de nós, antigos combatentes,  é uma região praticamente desconhecida: havia lá poucos quartéis e destacamentos: Canjadude, a norte do Rio Corubal; Madina do Boé, Belí, Cheche, a sul...  Estes três últimos foram entretanto mandados retirar por ordem de Spínola: Béli (meados de 1968), Madina do Boé e Cheche, em 6 de fevereiro de 1969.

Daí termo-nos lembrado de reconstituir e documentar o percurso do Patrício Ribeiro, nesse início da estação das chuvas dw 2018. Publicamos alguns excertos e algumas das fotos, reeditadas e renumeradas (*).

Em 2018,  não havia ainda  sinais, no entanto, da "Montanha Cabral", aqui referida no poste P.21479 (**). 

O memorial ao Domingos Ramos, morto em 1966, é referido no texto, mas não o célebre "marco ali colocado por Amílcar Cabral em 1958 e que mais tarde se torna o local de encontro com os seus homens e onde muita da estratégia militar era definida", e cuja  existência foi aproveitada pela ONGD Afectos com Letras, com sede em Pombal,  para construir,a pedido da população local,  um memorial, "de reconhecimento histórico nas colinas do Boé" (**)

Esse memorial, tudo o indica, ficará nas imediações da Tabanca de Dandum, na colina Dongol Dandum, cota 171, a sul do antigo aquartelamento e da atual tabanca de Madina do Boé  (vd, carta de Madina do Boé, 1958, escala 1/50 mil). É aqui se situaria a tal "Montanha Cabral", de que pouca gente sabia até agora existêcia.

2. A este respeito, o Cherno Baldé, nosso colaborador permanente, mandou-nos o seguinte comentário (**): 

(...) Se a memória não me falha, a tal montanha está situada a meio caminho entre as localidades de Madina e Dandum, do lado direito para quem vai. Lembro-me vagamente de me terem falado dela, mas francamente, o caminho era tão mau e tantos os solavancos que não me apetecia falar de turismo, mesmo se a região, com as suas mil colinas, é simplesmente, a região mais bonita do pais.

Quanto ao marco geodésico de 1958, não acredito que tenha sido o Cabral a colocá-lo lá. Deve ser mais um mito popular a juntar-se a muitos outros. Sabemos que ele desenvolveu um amplo trabalho de recenseamento agrícola e, talvez estudo dos solos, mas não vejo em que isso estaria relacionado com a colocação de marcos geodésicos. 

Curiosamente, já tinha ouvido a mesma coisa sobre um marco do mesmo ano que tinha sido colocado a entrada da m8nha aldeia, no Leste. A verdade é que a esta data, salvo erro, o Cabral devia estar a trabalhar fora da Guiné.(...)  [, 1958,] 


3. A última viagem de Patrício Ribeiro a Beli, Madina do Boé e Dandum (30 de junho e 1 de julho de 2018):

[ Patrício Ribeiro é um português, natural de Águeda, criado e casado em Angola, com família no Huambo, antiga Nova Lisboa, ex-fuzileiro em Angola durante a guerra colonial, a viver na Guiné-Bissau desde meados dos anos 80 do séc. passado, fundador, sócio-gerente e director técnico da firma Impar, Lda.; tem também uma "ponta, junto ao rio Vouga, Agueda, onde se refugiou agora, fugimdo a pandemia de Covid-19: é o português que melhor conhece a Guiné e os guineenses, o último dos nossos africanistas: tem cerca de uma centena de referências o nosso blogue]


(..) Há poucos dias, fui dar uma volta pela região do Boé. Nos finais de Junho [de 2018], após as primeiras chuvas, como sempre gosto de fazer.

Nesta época podemos encontrar as encostas das colinas todas verdes, como se lá tivessem plantado relva, o terreno muito colorido com as primeiras flores a desabrochar, após a época seca. Com a falta de chuva nos últimos 7 meses, começando as chuvas, a relva cresce 2 a 3 cm por dia ...

Neste mês ainda se pode passar por todos os caminhos e picadas; os rios de água cristalina começam a correr, mas ainda os podemos ultrapassar com as viaturas todo o terreno.

Claro que em alguns locais já temos mais de um palmo de água nas entradas, durante muitas dezenas de metros [,  mas como o solo é todo de pedra, não há o perigo de ficar atolado na lama.

Depois de sair de Bafatá, passamos em Gabú [, antiga Nova Lamego], a caminho de Ché Ché, estrada de terra batida, em muito bom estado até ao rio.

Lá chegamos ao primeiro obstáculo [...], a travessia do rio Corubal. [Foto nº 1], Esperamos pela jangada que estava do outro lado e, depois de algum tempo de espera, lá apareceu ela para nos transportar! Estava a ser puxada à mão por diversos homens, porque o motor estava avariado. (...)


Foto nº 1 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Setor de Boé > 30 de junho de 2018 >  Margem direita do Rio Corubal > Rampa de acesso, do lado da estrad que vem de Gabu e Canjadude... Do outro lado, na margem esquerda, fica(va)  Ché Ché (ou Cheche, como vem grafado no nosso blogue): vê-se a jangada que faz o transporte de viaturas, pessoas e bens.. Mas neste dia, a travessia é feita por jangada, puxada... à corda, por avaria no motor.   

Recorde-se que, em 6 de fevereiro de 1969, neste mesmo local, houve um trágico acidente com a jangada: morreram, afogados, 46 militares e 1 civil, na sequência da retirada do quartel de Madina do Boé (Op Mabecos Bravios).


(...) Ultrapassado o rio [Corubal], lá seguimos por cima da estrada de pedra a caminho de Beli, mais ou menos 40 km, passando por algumas poucas tabancas, que outrora eram bem pequenas, com as casas todas cobertas a palha, mas agora são maiores e com mais casas, quase já não há casas cobertas a palha. Este caminho é muito bonito e difícil.

Ao chegar a Beli, iniciamos o nosso trabalho e procuramos alojamento nas instalações da Chimbo, que tem 9 bangalós para alugar. [Foto nº 2]. São holandeses, da Fundação Chimbo Daribó. Andam a instalar máquinas fotográficas nas árvores, para fotografarem os chimpanzés, muitos, búfalos, alguns e até alguns leões: vd. o sítio na Net,  www.chimbo.org.

Não há Internet, mas na vila há telefone. No resto da região, não. A língua falada corrente é o Fula. Por vezes não é possível uma conversa em Crioulo e Português, língua oficial, só com professores e alguns funcionários. Os jovens entendem um pouco.


Foto nº 2 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Setor de Boé > 1 de julho de 2018 > Béli > Bangalós da Fundação Chimbo Daribó, baseadas nas casas tradicionais fulas, circulares, e com telhado de colmo, em forma de cone.


Ao outro dia [, 1 de julho de 2018} seguimos viagem para Dandum, voltamos para trás até tabanca de Cobolo e seguimos em direção a Sate; dali por um caminho a corta mato para Diquel, por onde as viaturas ainda passam. [Fotos nº 3 e 4]



Foto nº 3 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Setor de Boé > 1 de julho de 2018 > Picada para Dandum, q sul de Madina do Boé, ainda transitável



Foto nº 4 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de  do Boé > 30 de junho de 2018 > Tabanca de e posto fronteiriço de Dandum, 3km a sul de Madina do Boé.


Passamos por algumas pequenas tabancas perdidas nas colinas do Bolé, mas todas têm escolas. Cruzamos alguns rios que começam rapidamente a aumentar o caudal, com a chuva que está a cair.

Lugares muito bonitos e completamente diferentes do resto da paisagem da Guiné (foto 6). Algumas destas tabancas já existiam. (Ver mapa de 1961 da Província da Guiné, e voltaram a ser implantadas na Carta Geológica da Guiné, do Dr. Paulo Alves, em 2011).

Por aqui começam a aparecer algumas hortas de caju nos vales, assim como algumas pequenas tabancas, porque os terrenos são mais férteis. O que obriga os animais selvagens existentes no Parque Natural do Boé a ter de "arranjar" outros locais … Agora são avistados para os lados de Lugajole, mesmo junto à fronteira com a Guiné-Conacri. (***)

Chegamos até perto de Madina do Boé, mas seguimos o caminho para Dandum, 3 km mais à frente.

Dandum, a tabanca é muito grande com muitas casas, tem posto de fronteira [, Foto nº 4]: alguns funcionários públicos, guardas de fronteira, professores; tem um hospital, tudo e todos perdidos na distância para Bissau... O local é uma planície com terra muito fértil, com muitas árvores de fruto.

Verificamos o trabalho que tínhamos realizado no hospital,  há uns meses, está tudo Ok!


Foto nº 5 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de  do Boé > 1 de julho de 2018 > Tabanca de Madina do Boé. 



Foto nº 6 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de  do Boé > 1 de julho de 2018 >  Madina do Boé > Restos do antigo aquartelamento, retitado em 6 de fevereiro de 1969, ao tempo da CCAÇ 1790, do cap inf José Aparício... Estas ruínas parecem ser a da antiga central elétrica...



Foto nº 7 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de  Boé > 1 de julho de 2018 >  A velhinha fonte da "Colina de Madina do Boé",  construída em 1945, ainda já está, operacional... O painel de azulejos já muito degradado...


No regresso pelos mesmos caminhos, mas paramos em Madina do Boé, para as fotos da praxe. A tabanca de Madina do Boé fica em uma planície fértil, com muitos árvores de fruto e tem alguns morros ao longe (Fotos nºs 5 e 6).

A fonte "Colina de Madina do Boé", construída em 1945, ainda lá está, resistindo à usura do tempo e dos homens (Foto nº 7). Há dibversas fotos no blogue.

 Estivemos junto ao Memorial de Domingos Ramos, local onde foi ferido e provavelmente morto (foto 11). Está aproximadamente a uns 500 metros da fonte de 1945 e do antigo quartel, a poucos metros do caminho para Dandum, na planície. (Foto nº 8).

Na pedrta, não havia nenhuma inscrição. O pessoal que me acompanhava,  do Parque Natural do Boé, sabia deste local, indicaram-me talvez porque passamos perto. Das outras vezes que fui a Madina,  não me indicaram este sitio. Do outro lado da picada, perto a 70 metros, já há algumas casas.  



Foto nº 8 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sector de  Boé > 1 de julho de 2018 >  Monumento à memória de Domingos Ramos, comandante do PAIGC, morto em 10 de novembro de 1966, ao tempo da CCAÇ 1416.


Regresso a Beli, para assistir ao encontro de Portugal / Uruguai, no clube dos jovens, enquanto a trovoada deixou ver, até que o sinal da parabólica deixou passar. A Net por estas paragem não é uma ciência exacta... é muito complicado. Grande foi a festa, quando Portugal marcou o golo.

Depois regresso de Beli até Candjadude (Foto nº 9) onde passamos o resto do dia a fazer trabalhos, antes da chegada da noite, a Gabú.



Foto nº 12 > Guiné-Bissau > Região de Gabu > Sectir de Boé > 1 de julho de 2018 > Caminhos do Boé, com colinas ao fundo, no regresso a Canjadude e a Gabu (antiga Nova Lamego)

Fotos (e legendas): © Patrício Ribeiro (2018) Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 
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Notas do editor:

(*) Vd. postes de;


21 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18861: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (7): Os meus passeios pelo Boé - Parte I: 30 de junho de 2018: a travessia do Rio Corubal, de jangada, em Ché Ché

(**) Vd. poste de 24 de outubro de 2020 > Guiné 61/74 - P21479: Memória dos lugares (414): Região de Gabu, setor de Boé, Colinas do Boé: Montanha Cabral... Alguém sabe onde fica, exatamente, essa "montanha" (fello, em fula), que faz parte das "lendas e narrativas" do PAIGC ?