sexta-feira, 31 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21213: Os nossos regressos (38): Comando e CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70): uma longa viagem de nove dias, no velhinho T/T Carvalho Araújo, de 16 a 26 de junho de 1970, com um dia no Funchal (Fotos: Otacílio Luz Henriques)


Foto nº 436  > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > T/T Carvalho Araújo > Ao largo, c. 16-26 de junho de 1970 > O 1º cabo bate-chapas Otacílio Luz Henriques


Foto nº 405 > Guiné > Bissau > T/T Carvalho Araújo > Partida: 16 de junho de 1970


Foto nº 438 > T/T Carvalho Araújo >  Ao largo, c.  16-26 de junho de 1970 > O navio estava já em fim de vida...


Foto nº 419 > Guiné > Bissau > T/T Carvalho Araújo > Partida: 16 de junho de 1970. O navio 'engalanado'... Regressa casa,vivo e são, era o maior ronco...


Foto nº 434  > T/T Carvalho Araújo >  CCS/BCAÇ 2852 > Ao largo, c.  16-26 de junho de 1970 > Um camarada do 1º cabo Otacílio Luz Henriques, em primeiro plano, a fumar um cigarro, debruçado sobre a amurada do navio.


Foto nº 421 >  T/T Carvalho Araújo > Temos dúvida se ainda está no cais de Bissau, em16 de junho de 1970, ou já está atracado no porto do Funchal...


Foto nº 410 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Baía do Funchal > c. 16-26 de junho de 1970


Foto nº 423 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 >  Baía do Funchal > c. 16-26 de junho de 1970


Foto nº 431 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Baía do Funchal > c. 16-26 de junho de 1970 > Parece  er a zona da Barreirinha (hje, da "noite funchalense").. À direita, a zona do Lazareto.


Foto nº 437 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Baía do Funchal > c. 16-26 de junho de 1970 >  O núcleo histórico do Fnchal, com a marina, o Forte de São Tiago, etc,


 Foto nº 426 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio  pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970 > Hotel ?


 Foto nº 425 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio  pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970 > Em primeiro plano o 1º cabo Otacílio Luz Henriques, em segundo plano a cidade e, ao fundo, à direita,  a baía do Funchal


Foto nº 414 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio  pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970  > Ao  fumdo, à esquerda, parece ser a zona do Lido.


Foto nº 426 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970 > Em primeiro, a igreka que se vê, com duas torres, parece ser a de Santo António, segundo o nosso coeditor Carlos Vinhal.


Foto nº 407 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970 > Vista da baía do Funchal, ao fundo à esquerda, a ponta do Garaju.


Foto nº 441 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970


Foto nº 404 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo > BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa > Passeio pelo interior da ilha > c. 16-26 de junho de 1970


Foto nº 415  > Madeira >  T/T Carvalho Araújo >  BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa >  Funchal  > c. 16-26 de junho de 1970 >  Estádio dos Barreiros, hoje estádio do Marítimo... Foi inaugurado em 1957..(E remodelao em 2009.)


Foto nº  432 > Madeira >  T/T Carvalho Araújo >  BCAÇ 2852 > Viagem Bissau - Lisboa >  Funchal  > c. 16.26 de junho de 1970 >  A Igreja de São Martinho 

Fotos: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)


1. Já aqui publicámos, em tempos, bastantes fotos do álbum do Otacílio Luz Henriques, ex-1º cabo bate-chapas, do pelotão de manutenção comandado pelo alf mil Ismael Augusto, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70), e também viola baixo do conjunto musical "Os Bambas D' Incas" de que faziam parte, ainda, o José Maria de Sousa [, Ferreira], soldado do pelotão de intendência de Bambadinca (viola solo),   e os primeiros cabos, todos da CCS,  o Tony ("cantor romântico", vocalista), o Peixoto (bateria) e o Serafim (viola ritmo). 

No Pelotão de Manutenção, constituído por 32 militares, havia, além do comandante, o alf mil  oficial de manutenção Ismael Augusto (. membro da nossa Tabanca Grande), um 2º srgt mecânico auto (o Daniel), um fur mil mec auto (o Herculano José Duarte Coelho), dois 1ºs cabos mec auto (João de Matos Alexandre e António Luis S. Serafim), mais três soldados mec auto (Amável Rodrigues Martins, Rodrigo Leite Sousa Osório e Virgílio Correia dos Santos)...

O pelotão tinha  ainda um 1º cabo bate-chapas (o Otacílio Luz Henriques, mais conhecido por "Chapinhas"), um correeiro estofador (1º cabo Norberto Xavier da Silva) e ainda um mecânico electro auto (1º cabo Vieira João Ferraz). Os restantes dezanove elementos do pelotão eram condutores auto: primeiros cabos (2) e soldados (17)...


T/T Carvalho Araújo
2. Para comemorar os 50 anos do regresso do Comando e CCS/BCAÇ 2852, mais a CCAÇ 2404 (um das 3 unidades de quadrícula do batalhão), no T/T Carvalho Araújo, com partida de Bissau em 16 de junho de 1970 e chegada a Lisboa a 26, vamos publicar mais umas fotos do álbum do "Chapinhas". 

São imagens de "slides", digitalizados, mas de qualidade variável. Selecionámos as melhorzinhas, sendo a maior parte do Funchal e arredores. Têm algum interesse documental.

O navio ficou um dia no Funchal, o que permitiu que alguns militares, em grupo, alugassem  táxis e fossem dar uma voltinha pela ilha. Foi o caso do Otacílio, que tirou "slides" de algumas paisagens. Mas o álbum não traz legendas e a numeração não é exatamente cronológica, tem a ver a com a ordem da digitalização... Guardámos apenas os três últimos dígitos para identificar as imagens.

Alguns dos nossos leitores poderão ajudar-nos a completar as legendas, a começar pelo coeditor Carlos Vinhal, que pertenceu a uma companhia madeirense, a CART 2732, mobilizada pelo BAG 2, sita no Pico de S. Martinho, no Funchal. (E que partiu para o TO da Guiné a partir do cais do porto do Funchal.)

Muitos de nós, no regresso, fizemos estas voltinhas, nalgumas escassas horas. Cinquenta anos depois a Madeira está bastante diferente, seguramente tem muito mais cimento... Mas continua a ser a  "pérola do Atlântico"...

O T/T Carvalho Araújo levou 9 dias a fazer uma viagem de cinco dias, em condições normais. Segundo o comandante da CCS/BCAÇ 2852, o alf mil trms Fernando Calado, o navio esteve parado em alto mar mais um dia, por causa de um tufão.

Incrivelmente, dou conta de que o Otacílio ainda não é membro da Tabanca Grande; fiquei à espera, estes anos todos, do seu endereço de email e de uma foto atual... Nem sei se ele visita o nosso blogue. Alguém me disse que andava entretido com um monte alentejano que tinha comprado... Vou reparar esta injustiça: O Otacílio Luz Henriques tem 14 referências no nosso blogue. Um alfabravo fraterno para ele, se nos ler...


Foto nº 516 > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > T/T Carvalho Araújo >  BCAÇ 2852 > Ao largo, c.  16-26 de junho de 1970 > Aproximação ao continente, se não erro.


Foto nº 513 > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > T/T Carvalho Araújo >  BCAÇ 2852 > Estuário do Tejo (?)  > Chegada a 26 de junho de 1970 


Foto nº 520 > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > BCAÇ 2852 > T/T Carvalho Araújo > Estuário do Tejo >  Ponte Salazar e Monumento de Cristo Rei > Chegada a 26 de junho de 1970.

Fotos: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)
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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21208: Os nossos regressos (38): O pessoal do Comando e CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968 / 70) chegou a Lisboa, no T/T Carvalho Araújo, a 26 de junho de 1970 (Fernando Calado)

Guiné 61/74 - P21212: Parabéns a você (1842): Manuel Augusto Reis, ex-Alf Mil Cav da CCAV 8350 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 30 de Julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21209: Parabéns a você (1841): Amaral Bernardo, ex-Alf Mil Médico do BCAÇ 2930 (Guiné, 1970/72); Jaime Mendes, ex-Soldado At Art da CART 1742 (Guiné, 1967/69); Júlio Costa Abreu, ex-1.º Cabo Comando do Grupo Centuriões (Guiné, 1964/66) e Victor Tavares, ex-1.º Cabo Caçador Paraquedista da CCP 121 (Guiné, 1972/74)

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21211: Bombolom XXV (Paulo Salgado): Amaral Bernardo, um homem bom, um homem grande


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > 1971 > A famosa e feliz foto do ex-Alf Mil Médico Amaral Bernardo, membro da nossa Tabanca Grande desde Fevereiro de 2007: a saída do obus 14, de noite.

"Foi tirada com a máquina rente ao chão. Bedanda tinha três. Uma arma demolidora. Um supositório de 50 quilos lançado a 14 km de distância... Era um pavor quando disparavam os três ao mesmo tempo... 


"Era costume pregar sustos aos periquitos... Eu também tive honras de obus, quando lá cheguei... Guileje não tinha nenhum obus, mas sim três peças de artilharia 11.4. A peça era esteticamente mais elegante do que o obus" - disse-me o Amaral Bernardo, no dia em que o conheci pessoalmente, no Porto, no seu gabinete no Hospital Geral de Santo António, que é a sua segunda casa, e onde é (ou era, em 2007) o director do ensino pré-graduado da licenciatura de medicina do ICBAS - Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar/HGSA Ciclo Clínico (ou seja, responsável por mais de meio milhar de alunos, um batalhão; reformou-se, entretanto]...


José Maria Ferreira do Amaral Bernardo, professor catedrático convidado, aposentado, Hospital Geral de Santo António, e  ICBAS, Porto  [ex-Alf Mil Médico da CCS / BCAÇ 2930, Catió, e CCAÇ 5, Catió, Guileje, Bedanda, 1970/72: ,membro da nossa Tabanca Grande ]

Fotos (e legendas): © Amaral Bernardo (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Mensagem de Paulo Cordeiro Salgado [, ex-Alf Mil Op Esp da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72); administrador hospitalar reformado; natural de Torre de Moncorvo]

Date: quinta, 30/07/2020 à(s) 12:30

Subject: Amaral Bernardo - algumas plavras

Três breves episódios sobre o Camarada, ex-alferes Médico, Dr. Amaral Bernardo, que hoje faz anos (*),

Tenho tido o privilégio de manter um contacto frequente com o nosso Dr. Amaral Bernardo.

Primeiro – O Amaral Bernardo é um intelectual emotivo. Vê-lo apresentar o livro Quatro Rios e Um Destino, de Fernando de Sousa, é comovedor, é infinitamente gratificante.

Neste livro, o autor afirma (transcrevo):

«Este livro, fala de realidades. Fala de mim, da minha vivência, da minha forma de ser e de estar, da minha entrega a tudo aquilo em que acredito. Das minhas convicções, dos meus sentimentos, da minha passagem, por uma Guerra e, suas consequências, de pesadelos sem fim, das muitas emoções.

Nele procurei inserir e exaltar os ensinamentos assimilados, das várias gerações com que me fui cruzando neste caminho da vida, de várias épocas, em dois mundos e duas culturas diferentes.»


Na oportunidade, na messe do Porto, onde decorreu a apresentação do livro, o Dr. Amaral Bernardo, escolhido pelo Sousa, exibe o grande humanismo que o norteou na missão para que foi chamado. Referiu a grande capacidade de resistência à dor do militar ferido, a quem tratou, antes de mandar evacuar para Bissau. O Dr. Amaral Bernardo exibiu, no momento clínico que promoveu, um grande profissionalismo e grandiosidade ética que sempre o norteou.

A falar dos outros, dos que sofreram consigo, mostra-nos o médico atento, organizado e sofredor - no meio de ataques e de andanças pelo Sul da Guiné.

Segundo – Em 1997, voltou o Dr. Amaral Bernardo, já professor no ICBAS [, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salzar, o Porto], à Guiné-Bissau. Num projecto de cooperação – responsável médico na formação de quadros médicos no Hospital Nacional Simão Mendes.

Ali, a mesma atitude generosa, competente, emotiva. Mas firme. Organizada. O que lhe valeu a estima dos médicos guineenses. Nem podia ser de outra forma, pois o Amaral Bernardo não pactua com amadorismo. Mas não esquece o seu humanismo. Que o digam os médicos Dr. João Maria Goudiaby, Dra. Alice e Dr. Armando. Este episódio foi por mim acompanhado de muito perto.

Finalmente, na apresentação do meu livro Milando ou Andanças por África, na Associação Portugal – África, Porto. Vi-lhe as lágrimas reclamarem-lhe a emoção. Sentida.

Amaral Bernardo, és um homem bom. Homem Grande.

Parabéns e muitos anos de vida.

Paulo Salgado (**)
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Notas do editor:



Guiné 61/74 - P21210: Da Suécia com saudade (79): Os "espigueiros ou canastros" nórdicos, no museu ao ar livre de Skansen, Estocolmo (José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia)



Suécia > Estocolmo > Skansen > Uma espécie de espigueiro ou canastro, muito alto,  em madeira, usado na Escandinávia para guardar produtos agrícolas e sobretudo carnes de animais domésticos ou peças de caça.

Fotograma do vídeo  (7' 25'')  SKANSEN - World’s Oldest Open-Air Museum, Stockholm, Sweden, disponível aqui no You Tube.

Skansen é consideraddo o mais antigo museu ao ar livre do mundo  e está localizado na ilha Djurgården, em Estocolmo, Suécia. Foi inaugurado em 1891 por Artur Hazelius (1833–1901) para mostrar o modo de vida nas diferentes regiões da Suécia antes da era industrial. 

É uma das grandes atrações turísticas de Estocolmo,  com mais de 1,3 milhões de visitantes por ano. Situado num terreno de  30 hectares,  inclui uma réplica completa de uma povoaçao de meados do século XIX, na qual artesãos em trajes tradicionais (curtidores, sapateiros, ourives, padeiros, vidreiros, etc.)  mostram  os seus ofícios  Existe também um pedaço de terra onde cresce o tabaco,  usado na fabricação de cigarros. 

Há também um jardim zoológico ao ar livre que contém uma grande variedade de animais escandinavos (bisonte, urso pardo,  alce, foca cinzenta, lince, lontra, raposa vermelha, rena, lobo e glutão) (além de alguns animais não escandinavos, de maior popularidade).  Há também uma quinta onde podem ser vistas espécies raras de animais.

Fonte: You Tube > LIVEst - Estonia / Эстония / Eesti (com a devida vénia...) (Tradução e adaptação LG)


Buba. Aldeia Formosa, Mampaté e Empada,
1968/70); cap inf ref, jurista, criador de renas,
autor da série "Da Suécia com Saudadr"; 
vive na Suécia há mais de 4 décadas
 1. Mensagm do José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia:

Data: quarta, 29/07/2020 à(s) 23:08

Assunto: os "espigueiros" nórdicos

Caro Luís 

Depois das referências aos espigueiros nortenhos [do Soajo e do Lindoso] (*), aqui segue um modelo escandinavo usado não só para guardar produtos agrícolas como principalmente carnes de animais domésticos e/ou peças de caça.

Como as temperaturas na maioria dos meses do ano são inferiores às dos frigoríficos funcionavam como tal.

Estes encontram-se no famoso museu, ao ar livre,  de Skansen, em Estocolomo  para onde foram transportadas casas típicas de todas as províncias suecas,mantendo-se os seus interiores ,mobiliários e funcionamento como no passado.

Existem também todos os tipos das casas de comércio das aldeias com os produtos então vendidos, assim como farmácias, correios, padarias, oficinas de  oleiros, ferreiros, ferradores, etc.

Não são reprodução de casas antigas mas sim originais cuidadosamente preservados e...a funcionar com empregados vestidos com os trajos típicos, tanto da época como dos locais de onde as casas foram transportadas.

Os visitantes compram nestas casas os produtos artesanais continuamente criados frente a eles,assim como produtos alimentares típicos.

Ideia de museu vivo (!),abrangedor de todo o país, educacional para os milhares de crianças que o visitam alegremente todos os anos.

Outras gentes...outros costumes. (**)

 (Vale a pena  uma visita na Net, ao sítio oficial  do Skansen/Stockholm,  pelas suas imagens elucidativas: está disponível em várias línguas, incluindo o espanhol, além do sueco e do inglês... Entrada "especial" para os veteranos da guerra da Guiné, individualmente ou em grupo: 200 coroas suecas, menos de 20 euros...)

Guiné 61/74 - P21209: Parabéns a você (1841): Amaral Bernardo, ex-Alf Mil Médico do BCAÇ 2930 (Guiné, 1970/72); Jaime Mendes, ex-Soldado At Art da CART 1742 (Guiné, 1967/69); Júlio Costa Abreu, ex-1.º Cabo Comando do Grupo Centuriões (Guiné, 1964/66) e Victor Tavares, ex-1.º Cabo Caçador Paraquedista da CCP 121 (Guiné, 1972/74)




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Nota do editor

Último poste da série de 19 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21182: Parabéns a você (1840): Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616 e CART 2732 (Guiné, 1970/72) e João Santos, ex-Alf Mil Rec Inf do BCAÇ 2852 (Guiné, 1968/70)

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21208: Os nossos regressos (37): O pessoal do Comando e CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968 / 70) chegou a Lisboa, no T/T Carvalho Araújo, a 26 de junho de 1970 (Fernando Calado)

I. Mensagem de Fernando Calado (ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 2852, Bambadinca, 1968/70) [, na foto ao lado, em Brá, no início da comissão, é o primeiro à direita, acompanhado do nosso saudoso João Rocha, 1955-2018]

Data:  segunda, 27/07/2020 à(s) 16:00

Assunto: Regresso da guerra na Guiné

Caro amigo,


Relativamente à data da chegada a Lisboa, a bordo do "Carvalho Araujo", da CCS do BCaç 2852, esclareço seguinte  (*):

1- A data referida de 19.07.70 está registada no único documento que anexei e que me foi  entregue no dia da chegada em Abrantes (**). É referido ainda que o documento substitui a caderneta militar e dele consta a passagem à disponibilidade no dia seguinte. Tanto quanto me lembro os oficiais milicianos não tinham caderneta militar.

2- Naturalmente que fui sensível às dúvidas levantadas e consultei dois  camaradas e amigos que vieram comigo no barco e ainda detentores de caderneta militar onde foram registadas as datas de partida  e de chegada do "Carvalho Araújo#. Refiro-me ao Furriel Miliciano de Transmissões Sérgio Fernandes Velho e ao Furriel Miliciano do Pelotão de Sapadores José Manuel Amaral Soares.

3- Na verdade aqueles registos referem que o barco que transportou a nossa companhia, partiu de Bissau em 16.06.70 e chegou a Lisboa em 25.06.70.

Já agora a companhia saiu de Bambadinca para Bissau via Xime [, em LDG,] , no dia 08.06.70, de acordo com o registo que consta da colectânea de documentos reservados da autoria do Furriel Miliciano José Duarte Martins Pinto dos Santos.

4- Assim, apresento as minhas desculpas pela informação errada, que resultou provavelmente de um lapso de quem há 50 anos preencheu o documento.

Um grande abraço

Fernando Calado

II. Comentário do editor:

 Consultada a história da Unidade, em formato de papel, lê-se a seguinte informação sucinta (HU - Cap Ii - Pág. 153):

(...) "No dia 29 e 31 de maio [de 1970] chegaram as forlas do BART 2917, começando-se assim a sobreposição. Durante este período, para que as novas companhias [CART 2714, Mansambo; CART 2715, Ximee CART 2716, Xitole] ficassem a conhecer as suas zonas de ação, realizaram-se várias ações.

"Em 8 de junho de 1970, o BCAÇ2852 deixou o Setor L-1, indo para Bissau, aguardando embarque para a Metrópole".

A História da Unidade acaba com o resumo, de 4 páginas, dos "factos e feitos mais importantes do batalhão" que talvez valha a pena, um dia, publicar aqui no blogue. Fica ao cuidado do Fernando Calado...

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Notas do editor: 


(*) Último poste da série > 25 de julho de  2020 > Guiné 61/74 - P21196: Os nossos regressos (37): Comando e CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70): foi há 50 anos, no T/T Carvalho Araújo, com algumas pequenas peripécias... (Fernando Calado)


(**) Vd. poste de 19 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21185: Efemérides (330): Faz hoje 50 anos que regressou, do CTIG, o BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (Fernando Calado)

Guiné 61/74 - P21207: Historiografia da presença portuguesa em África (224): Viagem à Guiné, para definir as fronteiras, 1888 (4) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Dezembro de 2019:

Queridos amigos,

Dou como totalmente incompreensível o silenciamento de um texto tão precioso, redigido no exato momento em que tomávamos posse da península de Cacine e entregávamos a bacia de Casamansa à França.
O Capitão-de-Fragata Costa Oliveira é minucioso e não esconde a paixão desta descoberta guineense.

Deixa-nos um excelente relato sobre o chão Felupe. Alerta as autoridades para a importância do presídio de Bolor, era preciso muita firmeza para manter os Felupes respeitosos à presença portuguesa, cita Marques Geraldes que combatera com bravura Mussá-Moló na região do Geba, era indispensável "um severo corretivo àqueles selvagens, ocuparmos novamente o antigo presídio de Bolor".

E conclui, como bom marinheiro: "Será bom não esquecer que para auxiliar esta ou qualquer outra expedição que tenha de operar à beira-mar são indispensáveis as lanchas a vapor adequadas a esta perigosa navegação e um navio de guerra de maior lotação, que possa com o fogo da sua artilharia e escaleres armados, proteger o embarque e desembarque das forças militares e auxiliares".

E há outro dado fundamental deste documento: a Guiné não estava pacificada nem a Norte, nem no Centro, nem no Sul, e bem sabemos os sustos com que se vivia dentro das muralhas de Bissau, com os Grumetes e os Papéis prontos para as escaramuças. São dados que se pretendem silenciar quando se fala na nossa presença de cinco séculos na Guiné Portuguesa...

Um abraço do
Mário


Viagem à Guiné, para definir as fronteiras, 1888 (4)

Beja Santos

O Boletim da Sociedade de Geografia, 8.ª Série, N.º 11 e 12, 1888-1889, traz um importantíssimo trabalho do Capitão-de-Fragata Eduardo João da Costa Oliveira, sócio da Sociedade de Geografia e que fora o comissário português encarregado de estudar a demarcação das fronteiras à luz da Convenção Luso-Francesa.

É um documento precioso, na minha modesta opinião, um dos mais valiosos sobre a época em referência. Como se poderá ver neste e textos subsequentes. Costa Oliveira fora nomeado para dar execução ao tratado assinado por Portugal e a França, parte com o adjunto, um antigo secretário-geral da Guiné, o Sr. Augusto César de Moura Cabral.

O comissário português para a demarcação das fronteiras da Província da Guiné, em consonância com a Convenção Luso-Francesa de 1886, deixou-nos um esplêndido relato das suas incursões, repleto de observações vivacíssimas e considerações políticas de inestimável valor político. A Província de Cacine subiu até ao Corubal, vemo-lo agora no Geba, onde escreve:

“O futuro da Senegâmbia está ligado ao rio Geba. Geba e Dandum são pontos estratégicos e importantes do sertão, e, se fossem convenientemente guarnecidos e defendidos, assim como Sambel Nhantá, S. Belchior e outros pontos no Corubal, à sombra dessa protecção, havia de desenvolver-se rapidamente”.

Relata com imensa intensidade um ataque de formigas, bebe água como uma sanguessuga, um guineense resolve o problema preparando-lhe uma beberragem com sabão. Sente-se fascinado pela floresta, pelos rios e rias, é recorrente em exclamativas, assim: “É formosíssimo o sertão de Buba!”.
Estão agora a caminho de Contabane e não esconde a sua atração por todo este fascínio:

“Quem vê a Guiné de fora, e conhece somente os seus mangais e os lodos das suas extensas planícies, morbíficas e pestilenciais, não pode sequer imaginar as belezas que o seu interior encerra. Cursos de água cristalina correm em todas as direcções e sentidos; grandes manadas de gado vacum pastam sossegadamente na erva viçosa e fresca de seus vastos prados, matizados pelas cores variegadas de mimosas boninas; campos cultivados pela mão da mulher africana que, com o filho às costas e vergada sob o peso das costas cheias de maçarocas de milho, lá vai a caminho da povoação; florestas impenetráveis aonde abundam o ébano, o mogno, o pau-sangue e tantas outras madeiras apreciadas na Europa; caça variada e em prodigiosa quantidade, enfim, um encanto para quem pela primeira vez pisa o interior do tão cobiçado continente negro!

E dizem ser pobre a Guiné!

Pois será pobre um país onde a vegetação é tão vigorosa e rica; aonde há milhares de cabeças de gado bovino e lanígero; aonde vive o elefante em numerosos rebanhos; aonde há mel, cera e oiro nativo; aonde a árvore-da-borracha é vulgaríssima, e como que a completar todo este esplendor, rios enormes e navegáveis por onde se podem conduzir todas estas riquezas às capitais? Não, não pode ser! A Guiné é rica, muito rica, mas… desconhecida, e tanto basta!”.

Voltam a Buba, e a sua narrativa quase que ganha um cunho épico, vê-se que tem o condão para a literatura de viagens:

“Cobertos de pó e lodo, com o fato esfarrapado pelos acerados espinhos das florestas e extenuados de fadiga, entrámos em Buba, aonde éramos esperados pelos membros da Comissão Francesa, Comandante da Praça e destacamento, Capitão Bacelar, nosso companheiro de trabalhos, e muitos indígenas que, com verdadeira curiosidade infantil, se acotovelavam e apertavam para verem mais de perto os viajantes portugueses.

Buba, cabeça do concelho de Bolola, magnificamente situada na margem direita do rio Grande, defendida pelo lado de terra por forte paliçada e onze peças de artilharia e duas metralhadoras – mas sujeita a qualquer insulto pelo lado do rio – com um clima relativamente saudável, foi uma estação comercial florescente, quando a mancarra era cultivada naquela região”.

A terceira e última parte da sua viagem começa com algumas explorações na ilha de Bolama e depois partem para Carabane – Casamansa – Zinguinchor, que eram territórios portugueses que foram ocupados pelos franceses. Sobre a ilha de Carabane observa:

“A ilha é pequena e pantanosa. Ao NE e sobre areia fina e branca edificaram os franceses, em 1836, a povoação, que pouco tem prosperado. Apenas se notam uns três edifícios construídos à europeia, o posto ou residência do administrador, as casas Blanchard, Maurel Frère & Cª. e a residência do missionário. Na retaguarda do posto estende-se um vasto pântano, exalando continuamente miasmas paludosos. Há um posto aduaneiro, dirigido por europeus, e parece-me ser importante o movimento comercial. Carabane está abaixo de tudo quanto vimos na Guiné!”.

Seguidamente, temos uma descrição do Casamansa em que Costa Oliveira dá a palavra a Brosselard, o comissário francês. De facto, esta viagem formalizava a tomada de posse da região do Casamansa pelos franceses. Insista-se na riqueza dos pormenores, a sua narrativa, é bem perceptível, envia recados para os governantes de Lisboa. Por exemplo, explica a importância do presídio de Bolor e a necessidade de intensificar a presença portuguesa em chão Felupe.

É um texto irresistível:

“Naquele país sem outeiros nem vales por toda a parte se navega (e navegando se vai a toda a parte), por entre muralhas impenetráveis de viçosíssimos mangues que tapam as margens, sotopostos às verdes palmeiras de dez castas diferentes, aos corpulentos poilões, aos elevados cedros e a mil outras espécies de árvores tão antigas como o solo onde se prendem.

A perspectiva exterior da Guiné é, pois, encantadora; mas assim como entre essas ramagens floridas se aninham venenosas serpentes, também à sombra desse arvoredo parrado se aspiram miasmas que ameaçam morte; tudo está em resistir ao primeiro combate: a vitória fica segura para sempre.

É nesses plainos intermináveis e paludosos da Guiné Portuguesa que correm os rios de S. Domingos, de Geba ou Corubal, o Grande de Bolola, o Tombali, o Cumbijã e o Cacine, e seus muitos braços e esteiros que neles desaguam.”

É neste contexto que nos fala das ruínas do presídio de Bolor, em chão Felupe, e o porto de Bolor, deploravelmente em ruína. E observa:

“De toda a nossa Guiné, é esta a posição mais saudável e para lá vão convalescer os doentes de Cacheu, por ser um solo de areia desassombrado de matas em derredor e exposto às direcções frescas do mar”.

A mensagem que deixa nas suas conclusões é como que uma sacudidela aos governantes, aos políticos, enfim, aos vindouros:

“A Guiné é rica ou não é. Se é rica e pode ter ainda um futuro brilhante, dê-se-lhe o que for preciso para a fazer desenvolver. Se não é rica e o défice cresce anualmente em progressão assustadora, ceda-se à França”.

O capitão-de-fragata deixa-nos um testemunho espantoso da sua viagem em que concebeu uma carta da Guiné com várias limitações, circunscreve a topografia aos pontos por onde passou, mas é um documento riquíssimo. E a sua mensagem final tem algo de pungente, um território rico e fértil entregue à indiferença.







Extratos da Carta da Guiné Portuguesa, elaborada pelo capitão-de-fragata Eduardo João da Costa Oliveira.
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21191: Historiografia da presença portuguesa em África (223): Viagem à Guiné, para definir as fronteiras, 1888 (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P21206: (Ex)citações (363): Colonialismo e pós-colonialismo: as três cidades da África Ocidental: Bissau, Conacri e Dacar (António Rosinha / Cherno Baldé)


Guiné.Bissau > Bissau > c. 2010 > Ao centro, o Palácio Colinas de Boé, sede da Assembleia Nacional Popular (Parlamento), sito na Av Francisco Mendes... 

O edífício, de arquitetura moderna, foi construida pela China. Foi inaugurado em 2005. À esquerda, frente ao Palácio Colinas do Boé, fica o CEIBA Hotel

E, assinalado, com um círculo a vermelho (,depois de chamada de atenção do nosso camarada António Rosinha) (*),  está " a mãe-de-água, depósito de água (colonial), pintado de côr amarela, no espaço da Assembleia da República"... E acrescenta o Rsoinha: "Esse espaço foi um lindo jardim colonial, o jardim do Alto [do] Crim, mandado arrasar pelo Luís Cabral"... [O sistema de abastecimento de água à cidade foi obra do governador Sarmento Rodrigues, inaugurado em 1947].(**)

Foto: © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]





Guiné-Bissau > Bissau > c. 1975 > Novo mapa, pós-colonial, da capital da nova república, já com as novas designações das ruas, avenidas e praças, que vieram substituir, em 1975,  o roteiro português: Av Unidade Guiné-Cabo Verde, Av 3 de Agosto, Av Pansau Na Isna, Av Amílcar Cabral,  etc.  


Na parte superior do mapa, do lado esquerdo, ficava o Alto [do] Crim (, assinalado com um retângulo a verde),  (Mapa gentilmente fornecido por A. Marques Lopes, em 2006).

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2020).


1. Comentário de Antº Rosinha ao poste P20344 (*)

Antº Rosinha, topógrafo da TECNIL, Bissau,
ao tempo de Luís Cab
ral... 

É membro da nossa Tabanca Grande desde 
29 de novembro de 2006: tem 120 referências
no blogue.
Não era esta Bissau que Luís Cabral tinha projectado (imaginado) urbanisticamente enquanto presidente da República e presidente do PAIGC, que acumulava tudo.

A maior obra, a grande avenida, Combatentes da Liberdade da Patria, projectada como "Avenida Unidade Guiné-Cabo Verde", única saída da ilha de Bissau, quer de carro ou de avião, congestionadíssima, tinha na ideia de Luís Cabral, já com projecto em estudo, uma alternativa de saída da ilha através de Antula a sair para os lados de Cuméré.

Desafogava aquilo que prevemos que deve ser uma autêntica IC 19 (Sintra) em hora de ponta, mas 24 horas por dia.

Havia outro projecto de Luís Cabral, este não urbanístico mas político, segurar democraticamente à cacetada, cada guineense, na sua tabanca de origem, prendendo todos aqueles que se passeasse em Bissau, sem actividade comprovada, ou seja não podia fazer turismo, aí também ajudava a descongestionar.

Aliás, todos os dirigentes dos partidos vencedores, MPLA, FRELIMO e PAIGC gabavam-se que iam transformar as suas capitais mais bonitas e mais modernas do que aquio que os atrasados dos portugueses conseguiam fazer.

Pessoalmente penso que não seria difícil, porque nós, os colonialistas, não eramos nem somos lá muito competentes. Só que penso que eles apenas ampliaram as asneiras que nós tinhamos feito.
Luanda tem mais muceques, Lourenço Marques (Maputo) não conheço, mas as noticias só mostram decadência, no caso do PAIGC de Bissau, ficamos na eterna dúvida se os dirigentes iam ou não conseguir fazer melhor que nós, a um dirigente assassinaram-no, a outro expulssaram-no, e os restantes ficaram sem grande voz activa.

2. Comentários ao poste P21199 (***):



Cherno Baldé, Bissau,
quadro superior na área
de gestão de projetos

(i) Chermo Baldé

De facto, se há alguma coisa que se perdeu com a independência da Guiné é aquele orgulho, o sentimento de autoestima com uma mistura de uma certa superioridade que os guineenses tinham relativamente aos paises vizinhos.

Durante muito tempo (até princípios dos anos 80) Bissau foi ponto de referência para as populaçoes de origem guineense, residentes em Dacar, Ziguinchor e Conacri, entre outras cidades, aos quais tentavam copiar o modo de vida, a vestimenta, a culinária, a boa educaçao, etc...etc (tudo à portuguesa).

Caro Rosinha, a preferência do PAIGC do Amílcar por Conacri é mais politica que outra coisa, porque quando chegaram em Dacar em 1959/60, já a FLING de Kankola Mendy, que parecia politicamente mais moderado, tinha conseguido o apoio do LS Senghor, assim Conacri serviu de alternativa, também com as dificuldades que se sabem.


Na verdade, desde a independência, a Guiné-Bissau não deixa de perder os seus antigos "valores" coloniais a favor de uma maior e melhor integração na subregião onde está inserida, o que, para muitos, não passa de uma banalização do que era a cultura guineense que, na realidade, não passava de uma cultura de alienação colonial,  conseguida com base na politica da assimilação mal efetivada, bem distante da nossa realidade quase feudal e africana.

Eu conheci Bissau muito mais tarde, aliás na altura, a circulação de pessoas e bens era muito limitada e bem controlada pelo regime e pouca gente se deslocava a capital, porque também as outras localidades tinham o mínimo necessário.

Mas, como diz o Valdemar (***), provavelmente Bissau só começou a concentrar mais população à procura de trabalho no consulado do Sarmento Rodrigues (1945-49) e início das "grandes" obras da construção da cidade. (**)

Antes desse periodo, provavelmente Bissau se resumia ao Porto e ao pequeno Bairro de Chão-de-Papel, junto à bolanha ao lado do rio, habitado por grumetes e emigrantes cabo-verdianos.

De resto, o crescimento da cidade arranca com o inicio da Guerra em 1963/64.

Por isso, quando vejo na biografia do Bobo Keita que ele teria nascido em Bissau em 1939, não deixa de criar algumas dúvidas, posto que era pouco provável a existência do Bairro do Pilum onde diz que habitavam os seus pais.


(ii) Antº Rosinha:

Havia algum cinismo e alguma mentira na cabeça de muitos guineenses do PAIGC quanto às preferências por Conacri e contra Dacar, antes do multipatidarismo.

Havia uma necessidade de apregoar as virtudes do comunismo (sem o praticarem pessoalmente), e ai de quem se atrevesse a opinar com um ministro ou outro dirigente do PAIGC, que o unipartdarismo do Sekou Touré amachucava o povo guineense ao contrário do multipartidarismo de Senghor.

De facto, Cherno, eram os valores coloniais a serem banalizados, e trocados por outros valores ainda mais estranhos ao povo da(s) Guiné(s), e até que lentamente a Guiné-Bissau se integrou no ambiente que a rodeia num multipartidarismo que é um mimetismo do que se faz na Europa.

Mas, apesar do ambiente em redor não falar português, a Guiné será sempre um PALOP, porque se não falar português nem crioulo em Bissau, fala-se em Lisboa, porque são guineenses, muitos milhares de portugueses à volta de Lisboa.

E se juntarmos os guineenses de Bissau, com passaporte português e que podem votar em Lisboa, (assim como os angolanos e moçambicanos nas mesmas condições), qualquer dia é Portugal que se transforma em PALOP.

Ainda outro dia o SEF quis fazer o teste do Covid-19 num avião de moçambicanos no aeroporto Humberto Delgado e não pôde testar porque eram portugueses.

PS - Só não é português quem não é filho, neto ou bisneto de uma das esposas ou filhas de um antigo grande dirigente do PAIGC, FRELIMO ou MPLA.

Se aparecer algum a provar o contrário é a excepção à regra.

Cherno, esta conversa toda, não é só para ti, porque tu já sabes muito mais que isto. (****)

__________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de novembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20344: Roteiro de Bissau: fotos de c. 2010, de um amigo do Virgílio Teixeira, empresário do ramo da hotelaria - Parte I

(**) Vd. também postes de:

10 de novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1264: Postais Ilustrados (10): Bissau, melhor do que diz o fotógrafo (Beja Santos / Mário Dias)

18 de outuhro de 2017 > Guiné 61/74 - P17877: Historiografia da presença portuguesa em África (98): Bissau, em 1947, ao tempo de Sarmento Rodrigues, revisitada por Norberto Lopes, o grande repórter da "terra ardente"

(***) Vd. poste de 26 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21199: Da Suécia com saudade (78): “O que teria sido se....?” ... A propósito da Bissau dos anos 60/70, recordados por Carlos Pinheiro... (José Belo)

(****) Último poste da série > 28 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21204: (Ex)citações (362): "O que vemos não é o que vemos mas sim o que somos" (Bernardo Soares / Fernando Pessoa, com o 'colon' António Rosinha e o 'luso-sami' José Belo, a assinarem por baixo)

terça-feira, 28 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21205: Memórias de um Soldado Maqueiro (Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS / BCAÇ 2845) (16): Álbum fotográfico - Parte IX

1. Mensagem do nosso camarada Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845 (Teixeira Pinto, 1968/70) com data de 27 de Julho de 2020:

Bom Dia e boa semana Carlos Vinhal,
Aqui te envio mais uma página do meu Álbum de Fotos, é por isso a N.º 9, e também a última. Estas são as fotos que ainda guardo como boa recordação pois muitas mais teria se não se tivessem estragado, talvez pela fraca qualidade do papel, ficaram umas debotadas e outras amareladas. Talvez até pela velhice.
Dentro de dias entrará o mês de Agosto e, por isso, durante esse mês não enviarei mais trabalho mas voltarei depois das férias, se é que vai haver férias.
Desde jà envio abraços para todos os Membros da Tabanca Grande e, em especial, para o Carlos, Luís Graça e todos os restantes Chefes de Tabanca, com votos de que tenham umas boas férias, bem gozadas, mas com o devido cuidado desse tão grande inimigo que sempre que pode ataca, obrigando-nos a usar máscara.
Albino Silva



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Nota do editor

Último poste da série de 16 de julho de 2020 > Guiné 61/74 - P21173: Memórias de um Soldado Maqueiro (Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro da CCS / BCAÇ 2845) (15): Álbum fotográfico - Parte VIII

Guiné 61/74 - P21204: (Ex)citações (362): "O que vemos não é o que vemos mas sim o que somos" (Bernardo Soares / Fernando Pessoa, com o 'colon' António Rosinha e o 'luso-sami' José Belo, a assinarem por baixo)



Guiné > Bissau > c. 1960/70 > Vista aérea de Bissau. Ao centro, o Palácio do Governo e a Praça do Império. Bilhete Postal, Colecção "Guiné Portuguesa, 118". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte - Publicações e Artes Gráficas, SARL).

Bilhetes postais da coleção do nosso camarada Agostinho Gaspar / Digitalização, legenda e edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010)



1. Comentários ao poste P21199 (*)



(i) Antº Rosinha [, foto à esquerda,]:

A tropa portuguesa via o desenvolvimento das cidades de uma maneira, o PAIGC via de outra maneira.

Então o caso de Dacar ser melhor que Bissau, era coisa que eles nem ambicionavam imitar porque para eles era Conacri o bom, pois era o Sekou [Touré] que mandava, em Dacar eram os franceses que continuavam a pôr e dispor, uma vergonha.

E quem pensa que a Guiné estava muito atrasada, não conheceu em Angola territórios do tamanho da Guiné, que eram atravessados por uma ou duas picadas onde podia haver um ou dois chefes de posto e um administrador e 4 ou 5 comerciantres de permuta. (Por exemplo, em 1966, Cuando Cubango).

Em Moçambique nunca lá pus os pés, tenho pena, diziam que estava muito mais desenvolvido a imitar os ingleses que os rodeavam. (Ponto de vista de colon, o que era bom para branco ver.)

Mas uma coisa é certa:  o PAIGC e os outros movimentos onde imperavam os "estudantes do império", eles não queriam saber, antes pelo contrário, de qualquer benefício vindo de Portugal, quer na educação, na agricultura ou industria..., "
porque eles queriam fazer tudo à maneira deles".
Então fazer doutores e engenheiros era o que menos os preocupava, pois tinham promessas de bolsas de estudo do mundo inteiro (,toda a Europa de esquerda e o Leste) que lhe iam inundar o país de doutores e engenheiros.

E foi exactamente o que aconteceu.

Agora, desenvolver as cidades africanas, de que maneira (Europeia? Asiática? Árabe?...), quando as ajudas, os conselheiros e os projectos vêm de onde calha?!

O melhor para a Guiné ainda era à maneira portuguesa ou cabo-verdeana, mas isso era impossível, as rédeas ficaram à solta, com aquele tipo de 25 de Abril... Com o 24 de Setembro o PAIGC ainda se aguentou, depois perdeu a cabeça.

Mas Bissau era uma cidade porreirinha, os guineenses, o povo, gostavam, apreciavam muito a Bissau portuguesa.

Havia um jardim no Alto Crim, onde hoje está a Assembleia da República, jardim lindíssimo, com guardas e jardineiros, em que, a mando de Luís Cabral, eu, moi, a Tecnil,  mandei avançar um bulldozer... Isto em 1980,  e vi, desde jovens que estudavam lá nos bancos à sombra das árvores até velhotes que lá descansavam, tudo revoltado... Mas, passados umas semanas,  o Luís foi-se.

Eu penso que,  pelo povo,  se lhe perguntassem sobre as estátuas... Sei não!

Só que o povo perdeu a voz.
 
Antº Rosinha
(ii) José Belo  [, foto à direita,]
Os comentários de António Rosinha merecem sempre leitura atenta.

A História como resultado de dinâmicas em entrechoques sempre dramáticos para os apanhados nos seus “redemoinhos”.
Os colonos, e mais ainda os europeus nascidos em África, foram os que acabaram por sentir na carne todo um virar da página deste capítulo dramático.
Capítulo, para uns substituído por novos valores humanos, julgados universais pelos mais ingênuos. Para outros, por ideologias “transformativas”, sempre tão relativas na prática e principalmente no tempo.
A maioria de ambos os grupos têm uma característica comum: Olham a África desde longe.

Por muito profundos e sinceros nos seus valores humanos, nas suas criativas leituras políticas das situações, fazem-no sempre.... de fora!
Mesmo os especialistas em questões africanas , como muitos de nós nos julgamos por lá termos passado 24 meses das nossas vidas, acabam por olhar estas realidades também... de fora!
Sendo indiscutível que por lá estivemos, não devemos esquecer que as condições da “visita” em nada eram normais. Existia uma situação de guerra envolvente, destrutiva de todo o tecido social das sociedades onde estávamos (provisoriamente) inseridos.
Os olhos de António Rosinha viram, sentiram, experimentaram as realidades, desde “ângulos” fora do arame farpado que separava (!) quartéis e populações. "Nuances" quase imperceptíveis às olhadelas rápidas e provisórias.
Daí haver sempre algo que se pode ler em muitas das entrelinhas do que o António Rosinha escreve. E ele sabe sempre levar-nos de forma subtil por caminhos inesperados.
Algumas das conclusões são como duras pedras!

Mas o António Rosinha...NÃO ATIRA estas pedras.  Procura antes construir com elas o edifício de uma realidade por ele experimentada.

E acabamos por cair nas verdades do poeta de alguns favorito: “O que vemos não é o que vemos mas sim o que somos “ [Bernardo Soares / Fernando Pessoa]. (**)

Um abraço do J.Belo
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Notas do editor: 

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Guiné 61/74 - P21203: Efemérides (331): Os 100 anos de Amália, "o povo que lavas no rio" e Afife (onde vivi até aos 9 anos) (Valdemar Queiroz)



(com a devida vénia...)

1. Mensagem do nosso camarada e amigo Valdemar Queiroz [, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70; tem 110 referências no nosso blogue]

Data - sexta, 24/07, 17:48 (há 22 horas)


Assunto - Amália, o 'Povo que lavas no rio' e Afife

 Luís,

Os 100 anos da Amália merecem aparecer no nosso blogue.

Agora, e sempre, ouvir a Amália cantar este fado [, o Povo que lavas no rio,]é estar em Afife com nove anos de idade.

O poema de Pedro Homem de Melo [, Porto, 1904 - Porto, 1984] é sobre o povo, também o povo de Afife, Viana do Castelo.

É imperdível a consulta ao blogue lopesdareosa (vd. anexo) e a explicação tim-tim-por-tim sobre do poema, e não só, é uma pérola.

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz
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Povo que lavas no rio

Povo que lavas no rio
Que talhas com teu machado
As tábuas do meu caixão
Há-de haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

Fui ter à mesa redonda
Beber em malga que esconda
Um beijo de mão em mão
Era vinho que me deste
Água pura e fruto agreste
Mas a tua vida não

Aromas de urze e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição
Povo, povo eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso
Mas a tua vida não


Letra: Pedro Homem de Melo  / Música: Fado Vitória / Criação: Amália Rodrigues (1963)  (com a devida vénia...)


2. Excertos de um poste do blogue lopesdareosa, de António Alves de Barros Lopes > 
sábado, 29 de dezembro de 2012 > Povo que Lavas no Rio (com a devida vénia...)

(...) O tal povo que lavava no rio eu o conheci. Era a minha mãe, era a minha avó era a minha tia. Eram todas as mulheres de Areosa.

Até sei onde eram os rios e seus nomes. Era o da Maganhão, era o dos Ôlhos, era o da Ponte Nova. era o do Rapido, era o das Pontes do Cascudo era o do Poço da Baeta o do Poço da Arrinca. Era o da Romenda, Era o de Fontes era o do Fincão onde até as da Ribeira vinham lavar.

Depois o tal Povo que ía à feira e à tenda eu o conheci. Era o meu avô que dizia que ir a Ponte de Lima e não ir à tenda do Cachadinha ou da Rosa Paula era como ir a Roma e não ver o Papa. Ainda reconheço esse Povo nas feiras de Ponte e do Cerdal nas tendas de S. João ou da Peneda. Eram todos os lavradores que se debatiam com os regatões por umas quantas notas, por uma vaca.

A malga de mão em mão eu por ela bebi nos tempos em que os artistas no regresso a casa paravam na Loja do Perrito e de lá não saíam sem que antes tivessem pago cada um a sua rodada daquele verde tinto intragável. Se no beijo na tigela que passava de mão em mão o Poeta viu irmandade, comunhão ou outra coisa qualquer, por isso era Poeta: 

Procissões, praias e montes, areais, píncaros passos, braços e fontes, quem não os conheceu???

Montanhas veredas e cangostas foi Pedro Homem de Mello que as inventou?

Buxas, lobas, estrelas. Vozes na casa deserta, almas penadas, chascas nas encruzilhadas? - Quem não ouviu histórias medonhas?

Quem não sabe ao que o Poeta se refere quando afirma que tinha rasgado certo corpo ao meio e que tinha visto certa curva em certo seio?

Apesar de tudo e mesmo assim o Poeta se confessa apartado da essência do Povo que tão bem canta.
- Pertenço-te e deste-me alturas de incenso, mas não me deste o teu modo de viver porque esse é inatingivel.

(...) Resumindo, Povo que Lavas no Rio  é um hino ao Povo. Pelo menos ao Povo do Alto Minho, em relação aos quais  já pressenti muito desdém.

Talvez por inveja. Talvez porque haja muita boa gente que não aceitou em  Pedro Homem de Mello a sua rebeldia.

"- Monárquico em todas as repúblicas do mundo."

Ou que, apesar disso, ousou afastar-se dos seus, cujo desprezo presenciei na muralha inultrapassável em frente à Havaneza em noites de Feiras Novas.

Ou porque a intelectualidade não conseguiu catalogar o Poeta no cardápio das correntes e das mediocridades.
Outros porque não perdoaram ao Poeta ter-se misturado com o tal povo e cantado essa vivência roubando assim a iniciativa aos especialistas.

Outros porque não lhe chegando à bitola se apressaram a classificar Pedro Homem de Mello como poeta de segunda!

Sei lá! (...)

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