Na Suécia o Estado tem o monopólio da venda de álcool, mas o luso-lapão José Belo tem o alambique de cobre mais lindo do município de Kiruna e arredores, na "colónia" sueca da Lapónia...
Suécia > Lapónia > Algures no município de Kiruna > "A minha alegre casinha", diz o Zé Belo... E o outro Belo, que não é parente, e infelizmente já pertence ao "clube dos poetas mortos", acrescenta: "Sem casas näo haveria ruas / as ruas por onde passamos pelos outros / mas e principalmente onde passamos por nós". (Ruy Belo: Todos os poemas, Lisboa, Assírio e Alvim, 2000). [Ler aqui o poema completo, "Oh as casas as casas as casas".]
Espero ter de algum modo contribuído para um maior conhecimento entre Lusitanos desta realidade exótica situada no extremo de extremo norte europeu que é a Lapónia." (...)
Vamos mesmo pôr um ponto final na série "Da Suécia com saudade" ? Se sim, temos que pensar numa nova série...Porque tu vais continuar a escrever no nosso blogue... E quanto à Tabanca da Lapónia ? Para nós, continuarás a ser o régulo da Tabanca Lapónia, não de pedra e cal, mas de madeira e gelo. Por outras palavras, és insubstituível, inamovível, vitalício... Claro que vamos ter saudades das tuas saudades.
Fica bem e que lá sejas feliz, pararaseando um poema do nosso Ruy Belo. Que a felicidade é onde a gente a põe, mas a maior parte de nós nunca a põe onde está... Venho de almoçar da Tabanca do Atira-te ao Mar e de deleitar-me com as nossas musiquinhas (com cavaquinho, bandolim, viola, voz...), celebrando a vida, a saúde, o desconfinamento, a amizade, a camaradagem (*).
Se um dia voltares à Pátria / Mátria / Fátria que te foi Madrasta, seja em viagem de negócios ou simplesmente para rever as tuas raízes lusitanas, tens já uma convite para vir aqui comer uns marisquinhos do Mar do Cerro e beber uns vinhinhos brancos com aromes atlânticos da regão da tua avó (que era de Torres Vedras)...(...)
Pergunto-me o que pensarão ou dirão as tuas renas. E os teus cães. E os ursos que, sabemos, te visitavam de tempos a tempos. E os passarocos, que apresentaste não faz muito tempo.
E as renas? As renas, que tanta companhia te fizeram "em tempos de solidão"! (...)
(...) Caro comandante, mudar de poiso não implica mudar de camisola. Essa tem de continuar vestida para aconchegar o coração de português que vive dentro de ti. É uma ordem do teu "dotor" de Mampatá, dos bons tempos que ali passamos em franco convívio com a população. Tal como lá fizeste falta, também aqui no Blogue de todos nós, fazes falta. Desde sempre me habituaste a mudar de poiso e apareceres quando e onde não contávamos contigo. Ainda te lembras quando apareceste em Mampatá de helicóptero e foste recebido em festa pelos teus homens e pelas bajudas mais lindas da Guiné? (...)
3. Mas, face a tantas manifestações de "carinho", o régulo da Tabanca escreveu, inesperada e respeitosamente mas também no seu estilo muito próprio, "já muito assuecado", a seguinte mensagem em 19 do corrente:
(...) "Alto e paira o baile!"..."Auguenta" os cavalos! Ou, como a ordem de comando dos militares brasileiros quanto ao...marcar passo: "Faz qui anda má näo anda!"
A luta vai continuar também.... na Lapónia! (...)
E logo Hélder Sousa, arguto e certeiro, pegou na deixa:
(...) É por estas (e por outras) que o J. Belo será imprescindível nestas páginas. Pelo fino humor. Pela elegante capacidade de superiormente reagir às provocações que de quando em vez lhe fazem. Pela diversidade dos elementos que nos trás, sejam apontamentos de folclore, da fauna, da flora, dos locais onde está.
E as recordações dos tempos da "aventura africana"? Também bastante úteis. Na resposta que me deu indica a certo passo a propósito da "raízes", que "por outro lado não podemos esquecer que para respirar, criar, reproduzir e renovar, os campos necessitam de ser limpos de raízes velhas, certamente profundas mas....aperreadas."
Claro que concordo mas também não nos podemos esquecer que deverá existir um "processo histórico" e que, desse modo, o que somos hoje é o resultado das opções que tomámos ontem e as de hoje determinarão, em larga medida, o amanhã. Por isso é que acho que, por mais dura que seja a edificação do futuro sobre o passado, conforme referido no poema de Ruy Belo, isso acaba por muito "natural" (...)
4. Depois de "outras despedidas", mais ou menos intermitentes, ao longo destes anos, o José Belo tinha reaparecido e decido, em plena pandemia de Covid-19, "reabrir a Tabanca da Lapónia, agora ao povo" (***).
Daí o comentário do nosso editor Luís Graça, na véspera do 25 de Abril de 2021 (****):
(...) Morreu a Tabanca da Lapónia, viva a Tabanca da Lapónia!... Claro que a notícia da sua morte, recebida a alguns milhares de quilómetros de distância, foi manifestamente exagerada... E depois a verdade que, na Tabanca Grande, a mãe de todas as tabancas, não recebemos em devido tempo a certidão de óbito, passada pelo competente facultativo...
Obrigado, José Belo, por continuares firme no teu posto, quer faça sol ou chuva, vento, cacimbo, neve ou granizo... Que tenhas um bom dia 25 de Abril, para o qual também deste o teu contributo...Aliás, todos nós, que na Guiné soubemos fazer, ao longo do tempo, a guerra e a paz... (*)
O José Belo tem 200 referências no nosso blogue!... E espero que ainda chegue a outro tanto, o que será bom sinal para todos/as, que queremos celebar o quarto de século do blogue, em 1929, daqui a oito anos... (Hoje estou muito otimista, cono se vê!)...
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 25 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22137: Tabancas da Tabanca Grande (2): Tabanca do Atira-te ao Mar - Parte II: Quem canta (e toca) seu mal espanta (ou troca...)
(**) Vd. poste de 17 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22111: Da Suécia com saudade (90): o fim da picada... ou um certo fim desta picada!... Morreu a Tabanca da Lapónia, viva a Tabanca de Key West, Flórida, EUA (José Belo)
(***) Vd. 16 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20655: Da Suécia com saudade (63): reabrindo a Tabanca da Lapónia, agora ao povo... (José Belo)
(****) Vd. poste de 24 de abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22135: 17.º aniversário do nosso blogue (3): Para muitos, e já lá vão décadas, [este Blogue] tornou-se um indispensável ponto de encontro (José Belo, ex-Alf Mil da CCAÇ 2391, Ingoré, Buba. Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70)