segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5819: O 6º aniversário do nosso Blogue (3): No início de Maio de 2006, tínhamos 100 tertulianos, 735 postes publicados e 3 mil páginas visitadas por mês (Luís Graça)


Ao fim de 735 postes (usávamos então uma numeração romana...), no início de Maio de 2006, o nosso blogue , I Série, tinha cerca de 100 membros, registados, e uma média de 3 mil páginas visitadas por mês... (No final de Maio de 2006, atingiríamos um total de 26500).

Hoje estamos nos 400 amigos e camaradas da Guiné, já publicámos mais de 5800 postes e estamos prestes a atinjir o milhão e meio de páginas visitadas...

São são uns pequenos elementos para a petite histoire do nosso blogue, cujo primeiro poste remonta a 23 de Abril de 2004 (*)... Daqui de Braga, com um chicoração para todos/as... LG

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Reprodução do poste de 23 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXXII: Entrevista a Fernando Pereira, correspondente do Expresso, sobre o Projecto Guileje

(i) Mensagem de Fernando Pereira, correspondente do semanário 'Expresso' na Guiné-Bissau:


Caro senhor: Sou Fernando Pereira, jornalista guineense, correspondente do semanário Expresso na Guiné. Estou a preparar um artigo sobre o projecto Guiledje, da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento. Nesse âmbito, queria saber o seguinte: (i) Que tipo de apoio o senhor e os participantes do blogue-fora-nada pensam atribuir ao projecto ? (ii) O que os atrai nesta iniciativa ? (iii) Já agora, quantas pessoas participam no fórum do vosso blogue ? (iv) Acha que a reconstituição do quartel de Guiledje e o lançamento de um turismo ecológico poderiam atrair visitas portuguesas a essas paragens ?

Se for possivel, agradecia uma resposta, o mais urgente possivel, a estas questões.
Cordialmente
FPereira

(ii) Respondi-lhe na volta do correio. O jornalista foi simpático, agradecendo-me de imediato "a atenção, assim como as interessantes evocações e opiniões".

P - Tipo de apoio que o senhor e os participantes do Blogue-fora-nada pensam atribuir ao projecto ?

Em cerca de 735 posts (ou textos) publicados no blogue, no espaço de um ano, uns 10% foram dedicados ou fazem referência a Guileje (ou Guiledje, segundo a grafia da Guiné-Bissau).


Guileje, o aquartelamento de Guileje, o corredor da morte de Guileje, a Mata do Cantanhez, mas também Madina do Boé, Gandembel e Gandamael, entre outros locais no sul, têm ainda hoje, passados mais de trinta anos sobre o fim da guerra colonial, uma enorme carga mítica, simbólica e afectiva para os ex-combatentes portugueses na Guiné...


A retirada de Madina do Boé saldou-se por um trágico acidente que vitimou quase meia centena de camaradas nossos; mas Guileje é considerado o único aquartelamento da Guiné que fomos compelidos a abandonar por razões militares e psicológicas: a pressão da guerrilha do PAIGC era de tal ordem que a situação se tornou insustentável...


Tanto para as tropas portugueses como para o PAIGC é um momento, se não de viragem (militar), pelo menos carregado de simbolismo...


Eu estive destacado, na zona leste, em Bambadinca, numa companhia africana, a CCAÇ 12, de Junho de 1969 a Fevereiro de 1971. Não conheci Guileje nem Gandambel. Mas no meu tempo contavam-se muitas estórias (falsas ou verdadeiras) sobre a degradação da situação militar no sul, e em especial em Guileje, Gadamael, Gandembel. Por exemplo, era extremamente popular a letra do Hino de Gandembel. Cantarolávamos, para espantar os nossos medos, exorcizar os nossos fantasmas e denunciar o absurdo daquela guerra a que estava condenada toda a juventude de um país, as quadras do Hino de Gandembel:


Gandembel das morteiradas,
Dos abrigos de madeira
Onde nós, pobres soldados,
Imitamos a toupeira.

(...) Temos por v'zinhos Balana ,
Do outro lado o Guileje,
E ao som das canhoadas
Só a Gê-Três te protege
(...)


Numa primeira fase, apoiamos o projecto Guileje, da AD - Acção para o Desenvolvimento, dando-o a conhecer, divulgando-o na Internet, recolhendo documentação sobre a presença militar portuguesa em Guileje (incluindo testemunhos de militares que por lá passaram)...

P - O que os atrai nesta iniciativa ?

Citando o líder da AD e autor da ideia, Pepito, o projecto Guiledje representa o triunfo da vida sobre a morte, da paz sobre a guerra, da memória colectiva sobre o esquecimento e o branqueamento da história...


É importantíssimo que a Guiné-Bissau recolha e preserve os testemunhos dos guerrilheiros do PAIG que lutaram pela independência, e que pertencem a uma geração que está a desaparecer... É importante igualmente ouvir o depoimento dos ex-combatentes e das autoridades militares portuguesas...

P - Quantas pessoas participam no forum do vosso blogue ?

Temos já uma lista de cem membros com endereços por e-mail...Por outro lado, o nosso blogue tem uma média de 3 mil visitas por mês... Há um crescente número de pessoas que o visitam, dentro e fora do país...

P - Acha que a reconstituição do quartel de Guiledje e o lançamento de um turismo ecológico poderiam atrair visitas portuguesas a essas paragens ?

Há uma crescente interesse pela Guiné-Bissau, por parte de uma geração como a minha que fez a guerra colonial e que hoje tem disponibilidade, vontade e poder de compra para ir à Guiné, juntar o útil ao agradável: fazer a sua romagem de saudade, exorcizar os seus fantasmas, visitar os lugares e as gentes que estão na sua memória, reconciliar-se com o passado, evocar os seus mortos, fazer o luto, conhecer o país de hoje, contribuir também para o seu desenvolvimento através de projectos integrados e inovadores como me parece ser este, liderado pelo Pepito e a AD...

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Nota de L.G.:

(*) Vd. postes desta série:

14 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5815: O 6.º aniversário do nosso Blogue (2): Homenagem ao Fundador Luís Graça e a toda a tertúlia (Joaquim Mexia Alves)

13 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5807: O 6.º aniversário do nosso Blogue (1): Homenagem ao Fundador Luís Graça e a toda a tertúlia (Jorge Félix / Carlos Vinhal)

2 comentários:

Rui Silva disse...

Parabéns Luís!
Estamos todos contentes e envaidecidos com o teu meritoso trabalho.
Afinal estamos todos de parabéns...à tua custa.
Um grande abraço para ti e teus directos colaboradores.
Rui Silva

José Henriques disse...

Caro Camarada Luis.

Fiz parte da CRT 2340 que esteve na Guiné de 1968769 e de que era Comandante o Camarada Joaquim Lúcio Ferreira Neto.
Sempre que os meus afazeres o permitem, venho ao v/blog ler ( e relembrar)os tempos passados na Guiné como combatente. Foram bons? alguns... Foram maus? Já passaram...

Mas o que me traz aqui agora é o seguinte: indica-me por favor como devo proceder para poder a ter a honra de passar a ser membro da vossa tertúlia.
Um forte abraço para todos os "tertulianos" do ex-fur.mil.
José Henriques