terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18047: Fotos à procura de... uma legenda (97): O que é ser português hoje na "ponta mais o(a)cidental da Europa"? As coroas de flores, de muitas cores e feitios, das comemorações (oficiais) do 1.º de dezembro de 2017...


Foto nº 1 > Exército Português


Foto nº 2 > Força Aérea Portuguesa (FAP)


Foto nº 3 > Marinha Portuguesa


Foto nº 4 > Polícia de Segurança Pública


Foto nº 5 > Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA)


Foto nº 6 > Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Lisboa


Foto nº 7 > Presidente da República Portuguesa e Comandante Supremo das Forças Armadas


Foto nº 8 > 1º Ministro, António Costa


Foto nº  9 > Assembleia da República


Foto  nº 10 > > General CEMGFA (Comandante do Estado Maior General das Forças Armadas)


Foto nº 11 > Lisboa, 1 de dezembro de 2017 > Monumento aos Restauradores (pormenor)


Foto nº 12 > Lisboa > 1 de dezembro de 2017 > Monumento aos Restauradores (pormenor)





Foto nº 13 > Lisboa > 1 de dezembro de 2017 > Monumento aos Restauradores (pormenores)


Foto nº 14 > Lisboa > 1 de dezembro de 2017 > Praça dos Restauradores > 6º Desfile de Bandas Filarmónicas (pormenor)


Foto nº 15 > Lisboa > Av da Liberdade > 1 de dezembro de 2017 >   6.º Desfile Nacional de Bandas Filarmónicas > Uma representação da banda da AMAL - Associação Musical e Artística Lourinhanense, cuja origem remonta a 1878: da esquerda para a direita, Pedro Margarido, presidente da União das Freguesias da Lourinhã e Atalaia; Paulo José de Sousa Torres,  diretor da AMAL (e meu primo em 3.º grau)  e a nossa grã-tabanqueira Alice Carneiro... O puto é o "porta-estandarte" da AMAL que tem uma escola de música e um grupo de teatro...

Fotos (e legenda): © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Não fui  (aliás, nunca fui...) às comemorações oficiais do 1.º de dezembro, que voltou a ser feriado nacional na nossa terra em 2016. Mas fui à tarde, a Lisboa, à Av da Liberdade e à Praça dos Restauradores, ver as bandas e o desfile de mais de 1900 homens, mulheres e crianças das bandas filarmónicas do meu país... que é uma forma popular, agora em 6.ª edição, de comemorar esta data histórica da nossa pátria...

Mas interrogo-me sobre o significado de tudo isto: as cores e os feitios das vistosas coroas de flores, deixadas de manhã pelas instituições que nos representam, da Presidência da República à autarquia, passando naturalmente pelas Forças Armadas... E que ainda estavam viçosas, à tarde, quando por lá passei...

Afinal, o que é ser hoje português? E o patriotismo, ainda existe e faz sentido? Pode ser uma reflexão (idiota) de um homem que um dia vestiu a farda do exército português  para ir "defender a Pátria" a milhares de quilómetros de casa... Na Guiné, em 1969/71...

Qual a diferença e semelhança entre mim e os meus antepassados que lutaram na "guerra da restauração" (1640-1668), na sequência da rutura com a "monarquia dual" sob a qual Portugal viveu (entre 1580 e 1640), o mesmo é dizer sob o domínio do ramo espanhol da casa de Habsburgo.

Se a geração que fez a guerra colonial (1961/74) tivesse nascido por volta de 1620, teria lutado contra a Espanha dos Filipes em inúmeras batalhas   por ex., Cerco de São Filipe (1641-1642); Montijo (1644); Arronches (1653); Linhas de Elvas (1659); Ameixial (1663); Castelo Rodrigo (1664); Montes Claros (1665); Berlengas (1666)... Mas também contra os holandeses no Brasil, em Angola, em São Tomé e Príncipe].

Que custo tem a independência de um país? O que é hoje ser independente? O que ganharam os aliados que nos apoiaram, e nomeadamente os ingleses? Sabemos que os ingleses ganharam um império e a autoestrada da globalização que lhes permitiu ser o 1.º país industrial do mundo...  E os holandeses ocuparam boa parte das posições portuguesas na Ásia...

Não há alianças grátis...nem inimigos de borla... E nesse tempo, os portugueses tiveram mais sorte do que os catalães, debaixo da pata dos Filipes, como nós... Sorte?... Foi apenas a sorte das armas?...

Para o menino da foto n.º 14, que toca caixa na banda da sua terra (, já agora gostava de saber qual...), ter vindo a Lisboa neste dia, é  coisa que ele nunca mais vai esquecer na sua vida... Como eu, quando vim pela primeira vez à "cidade grande", à "capital do império", com os meus 7 ou 8 anos... Mas eu não toquei, como ele, os 3 hinos: o da Restauração, o da Maria da Fonte e o Nacional, ao lado da Banda da Armada e mais 32 bandas civis, num total de 1900 músicos... (Tenho vídeos dessa atuação conjunta, que prometo pôr "on line")... Este menino estava na fila da frente, a 20 metros de mim, e é por estes meninos que temos de pensar que ser português hoje ainda vale a pena e faz sentido... Ele representa a geração dos nossos netos... (LG)

2. Ainda hoje temos um tremendo défice de patriotismo... Ou talvez melhor, de educação cívica e de conhecimento da nossa história pátria. Sem conhecimento da história da Pátria não há amor da Pátria... (Diga-se que, para mim, o patriotismo é incompatível com muitos outros "ismos", tais como etnocentrismo, chauvinismo, imperialismo, colonialismo,  racismo, xenofobia; o patriotismo é inclusivo: eu sou patriota na exata medida em que eu e o meu vizinho espanhol coexistimos, pacífica e solidariamente)...

Os portugueses, depois da "decadência nacional", com o fim da breve "época de ouro" dos finais dos séc. XV e princípios do séc. XVI, passaram a ter uma baixa autoestima coletiva... Acontece com outros povos... E a "restauração da independência" em 1640 foi um longo processo que ainda hoje continua... Afinal, o que é ser "independente", numa economia globalizada e num planeta ameaçado?...

De qualquer modo, orgulho-me de pertencer a um povo (uma comunidade, um território, uma história) que fala e escreve uma língua como o português... Pensar que há uma linha de continuidade de mil anos, ajuda-nos a ligar o passado, o presente e o futuro, e a lidar melhor com os altos e baixos da nossa história... A coletiva e a individual.

PS - Há mais de 4 décadas a trabalhar e a viver em Lisboa, tive a agradável surpresa de ver desfilar (e depois encontrar) os meus amigos da Lourinhã e os jovens músicos da AMAL, começando pelo Pedro Margarido, generoso e popular autarca que acompanhou a banda, e - surpresa das surpresas - o Paulo Torres, meu 3.º primo, na qualidade de diretor da AMAL... 

O mundo é pequeno e em português nos entendemos... O Paulo  pertence a uma família de grandes tradições musicais, com ligações à banda filarmónica local: estou-me a lembrar  do seu avô materno (o meu tio-avô Francisco  Sousa, o "Fofa") e o seu tio Carlos Sousa, sem esquecer o outro seu tio, o António Sousa, fundador e músico do conjunto "Dó-Ré-Mi" nos anos 50/60, todos já falecidos... O Carlos passou a paixão da música a um dos filhos, talentoso percussionista e promissor maestro... (Creio que faz parte da banda sinfónica do Exército, não tenho a certeza).

Por sua vez, a mãe do Paulo, a minha prima Milu, é uma pessoa que me é muito querida... Confesso que não o reconheci de imediato, ao Paulo, aparecido ali de repente na Av da Liberdade, junto ao autocarro que levaria os músicos de regresso a casa. E no entanto eu tinha estado muito recentemente com ele e a mãe, na Lourinhã. Disse-me que tem dois filhos na banda... É portanto a quarta geração dos Sousa!...

Um pouco de genealogia: a minha bisavó paterna, Maria Augusta Maçarico (Ribamar, 1864 - Lourinhã. 1932) casou com o José de Sousa, da Lourinhã, de quem tece 7 filhos nados-vivos, incluindo a minha avó, Alvarinha de Sousa, que irá morrer jovem, em 1922, de tuberculose, tinha o meu pai 2 anos... O meu avô paterno, Domingos Henriques, viúvo, casou pela terceira vez. O meu pai foi criado pelo Francisco Sousa, o "Fofa"... 

Esse casal, Maria Augusta Maçarico e José de Sousa, eram, pois, os nossos bisavós, meus e do Paulo Sousa Torres...
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2 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Senhor General CEMGFA: porquê reforçar com o adjetivo "sentida" a sua homenagem aos "restauradores" ? Haverá homenagens meramente "protocolares", não sentidas ?

Enfim, a fita azul da sua bela coroa de flores azuis pareceu-me, assim de repente, ser um pleonasmo...

E desculpe, VExa, este respeitoso comentário de um ex-combatente com 3 anos de tropa e de guerra na Guiné, CCAç 12, Bambadinca, 1969/71... Fico feliz por ver os nossos patrióticos antepassados, heróis da Pátria, serem devidamente reconhecidos e homenageados... Sabemos que eles aceitaram o risco de ver a cabeça pendurada no cadafalso...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Estive, como é habitual, nos Restauradores no desfile nacional de bandas filarmónicas, no 1º de dezembro, gosto que me vem da infância, quando seguia, atrás da banda, agarrado ao capote do meu pai, pelas ruas da então vilória da Lourinhã, parodiando a letra do hino da Restauração: "Ó ti Zé da Pera Branca..., pum, pum..."

Ao meu lado estava um casal de turistas, dinamarqueses, com ar de reformados, pessoas viajadas, instalados num hotel da Av da Liberdade... Metemo-nos à conversa, em inglês... Eles estavam encantados com toda esta movimentação de bandas filarmónicas e sobretudo com as crianças, os putos, muito compenetrados do seu papel, que compunham muitas das bandas... Foi um festival de alegria, juventude e saudável patriotismo... Os dinamarqueses, que adoram Portugal mais do que Espanha, diziam-me que no seu país (que eu, de resto, admiro) não havia nada disto...