Manuel Gonçalves, alf mil mec auto CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73) |
Em longa conversa que tive com ele, no passado dia 30 de julho, na Praia da Areia Branca, ele falou-me desses tempos em que esteve em Aldeia Formosa, aí tendo conhecido a CCAÇ 18 e o seu comandandnte, o ex-cap mil Rui Alexandrino Ferreira, nosso grã-tabanqueiro de longa data. (Tem 3 livros publicados, vive em Viseu e inbfelizmente sofre de doenca crónica degenerativa que o impede de continuar a colaborar com o nosso blogue.)
Também foi camarada, na CCS/BCAÇ 3852, do alf mil João Marcelino, que vive na Lourinhã, e que esteve presente no VII Enconro Nacional da Tabanca Grande (2012).
2. O Manuel Gonçalves, ex-aluno dos Pupilos do Exército, esteve sempre em Aldeia Formosa (ou Quebo). E estava lá quando se deu o caso do Virgolino Ribeiro Spencer, fur mil, CCAÇ 18, "morto por acidente", em 15/1/1972 (**).
Oficialmente, o exército considerou a sua morte como "acidente". Na realidade, ele terá sido assassinado, quando crculava pela tabanca com a sua motorizada. Era um guineense, de origem cabo-verdiana, sendo naatural de Nª Sra. Natividade, Pecixe, Cacheu.
Oficialmente, o exército considerou a sua morte como "acidente". Na realidade, ele terá sido assassinado, quando crculava pela tabanca com a sua motorizada. Era um guineense, de origem cabo-verdiana, sendo naatural de Nª Sra. Natividade, Pecixe, Cacheu.
Era o único militar, ao que parece, que possuía uma motorizada. Para o Manuel Gonçalves, terá sido morto por alguém da CCAÇ 18, mais provavelmnete da sua própria companhia. As praças da CCAÇ 18 viviam na tabanca, estando por isso armados.
A haver crime. não se apurou o móbil do crime, nem se identificou o autor do disparo.. Pode-se pôr a hipótese de vingança ou racismo. Esta história acabou por ser um "pretexto" para uma "insubordinação militar", com o pessoal da CCAÇ 18, a revoltar-se e virar as suas armas contra os "tugas" da CCS/BCAÇ 3852.
Foi preciso mandar avançar uma Panhard para serenar os ânimos... Isto passa-se na véspera de Natal, na noite de Consoada, 24/12/1971. O Spemcer, evacuado para o HM 241, em Bissau, acabou por não resistir aos ferimentos, três semanas depois.
Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do último livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Coimbra, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Um abraço do João Marcelino (que vive na Lourinhã, esteve presente no VII Encontro Nacional da Tabanca Grande, em 2012, e que é amigo do autor desde a Guiné, tendo estado os dois juntos em Aldeia Formosa: o Rui como comandante da CCAÇ 18, o João Marcelino, "Joneca", como alf mil, CCS/BCAÇ 3852).
2. Não sei como é que o Rui Alexandrino Ferreira ficou na "fotografia". Nunca falei com
ele sobre esta história. Mas no seu penúltimo livro, "Quebo - Nos confins da Guiné" (Coimbra, Palimage, 2014, 368 pp), há uma referência a este trágico caso: capº 11º ( " A noite dos horrores, ou o conflito armado entre metropolitanos e africanos e ainda a morte de Virgolino Ribeiro Spencer").
Confesso que ainda não li o livro e, portanto, não sei qual é a versão do Rui... O Manuel Gonçalves tem o livro e ficou de ver alguns pormenores. Nessa noite, o Rui saiu com o seu guarda-costas e mais uma pequena força com vista a serenar os ânimos. Terá sido recebido à granada. O guarda-costas provavelmente salvou-lhe a vida.
Temos também na Tabanca Grande o Manuel Carmelita (ex-fur mil mecânico radiomontador da CCS/BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73), que nos pode dar a sua versão do que se passou nessa "noite dos horrores".
O Silvério Lobo, soldado mecânico, que esteve sob as ordens do Manuel Gonçalves, também é nosso grã-tahanqueiro e já voltou à Guiné inúmeras vezes, tem inclusive "cartão de residente"... Mas, a verdade, é que o caso do Virgolino Ribeiro Spencer é "virgem", aqui no nosso blogue (**)... Porquê tanto silêncio ?
3. O Manuel Guimarães disse-me que o Spínola, face à gravidade dos acontecimentos, deu um a "porrrada" ao comandante do BCAÇ 3852, o ren cor Barata, considerando-o como "inapto" para comandar homens em situação de guerra.
Esse tenente coronel disse, ao alferes, que nesse dia "tinha acabado" a sua carreira militar... Já cá, na metrópole, o Manuel Guimarães soube, entretanto, do seu falecimento há uns anos.
O nosso conhecido Barros e Bastos (, o célebre BêBê, major art do BART 2917, Bambadinca., 1970/72, de seu nome completo Jorge Vieira de Barros e Bastos ), depois de promovido a tenente coronel, foi comandar o BCAÇ 3852.
O Manuel, com 12 anos de Pupilos do Exército, "teve alguns problemas" com o seu novo superior hierárquico. Em Aldeia Formosa, tinha outro "nickname", o Bagabaga...
Apelamos aos camaradas que estiveram em Aldeia Formosa, em 1972, para confirmar essta história. Não tenho, de momento, condições para falar com o Manuel Gonçalves, o Manuel Carmelita, o Silvério Lobo ou o João Marcelino nem muito menos com o Rui Alexandre Ferreira. (***)
(**) Vd. poste de 15 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18925: Furriéis que tombaram no CTIG (1963-1974), por acidente, combate e doença - Parte I: Por acidente (n=68) (Jorge Araújo)
(***) Último poste da série > 6 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P18989: (De)Caras (119): Sou dos que acreditam na história que o Cajan Seidi conta sobre o aniquilamento de cerca de vinte Homens Grandes da população de Jolmete, em 1964 (Manuel Carvalho, ex-fur mil arm pes inf, CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70)
A haver crime. não se apurou o móbil do crime, nem se identificou o autor do disparo.. Pode-se pôr a hipótese de vingança ou racismo. Esta história acabou por ser um "pretexto" para uma "insubordinação militar", com o pessoal da CCAÇ 18, a revoltar-se e virar as suas armas contra os "tugas" da CCS/BCAÇ 3852.
Foi preciso mandar avançar uma Panhard para serenar os ânimos... Isto passa-se na véspera de Natal, na noite de Consoada, 24/12/1971. O Spemcer, evacuado para o HM 241, em Bissau, acabou por não resistir aos ferimentos, três semanas depois.
Viseu > Regimento de Infantaria 14 > 4 de novembro de 2017 > Sessão de apresentação do último livro do Rui Alexandrino Ferreira, "A Caminho de Viseu" (Coimbra, Palimage, 2017, 237 pp. ) > Um abraço do João Marcelino (que vive na Lourinhã, esteve presente no VII Encontro Nacional da Tabanca Grande, em 2012, e que é amigo do autor desde a Guiné, tendo estado os dois juntos em Aldeia Formosa: o Rui como comandante da CCAÇ 18, o João Marcelino, "Joneca", como alf mil, CCS/BCAÇ 3852).
Foto (e legendas): © Márcio Veiga / Rui Alexandrino Ferreira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
2. Não sei como é que o Rui Alexandrino Ferreira ficou na "fotografia". Nunca falei com
Confesso que ainda não li o livro e, portanto, não sei qual é a versão do Rui... O Manuel Gonçalves tem o livro e ficou de ver alguns pormenores. Nessa noite, o Rui saiu com o seu guarda-costas e mais uma pequena força com vista a serenar os ânimos. Terá sido recebido à granada. O guarda-costas provavelmente salvou-lhe a vida.
Temos também na Tabanca Grande o Manuel Carmelita (ex-fur mil mecânico radiomontador da CCS/BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73), que nos pode dar a sua versão do que se passou nessa "noite dos horrores".
O Silvério Lobo, soldado mecânico, que esteve sob as ordens do Manuel Gonçalves, também é nosso grã-tahanqueiro e já voltou à Guiné inúmeras vezes, tem inclusive "cartão de residente"... Mas, a verdade, é que o caso do Virgolino Ribeiro Spencer é "virgem", aqui no nosso blogue (**)... Porquê tanto silêncio ?
Rui A. Ferreira |
Esse tenente coronel disse, ao alferes, que nesse dia "tinha acabado" a sua carreira militar... Já cá, na metrópole, o Manuel Guimarães soube, entretanto, do seu falecimento há uns anos.
O nosso conhecido Barros e Bastos (, o célebre BêBê, major art do BART 2917, Bambadinca., 1970/72, de seu nome completo Jorge Vieira de Barros e Bastos ), depois de promovido a tenente coronel, foi comandar o BCAÇ 3852.
O Manuel, com 12 anos de Pupilos do Exército, "teve alguns problemas" com o seu novo superior hierárquico. Em Aldeia Formosa, tinha outro "nickname", o Bagabaga...
Apelamos aos camaradas que estiveram em Aldeia Formosa, em 1972, para confirmar essta história. Não tenho, de momento, condições para falar com o Manuel Gonçalves, o Manuel Carmelita, o Silvério Lobo ou o João Marcelino nem muito menos com o Rui Alexandre Ferreira. (***)
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 2 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18891: Tabanca Grande (466): Manuel Gonçalves, ex-alf mil manutenção, CCS / BCAÇ 3852, Aldeia Formosa, 1971/73; ex-aluno dos Pupilos do Exército, transmontano, vive em Carcavelos, Cascais. Senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 776.Notas do editor:
(**) Vd. poste de 15 de agosto de 2018 > Guiné 61/74 - P18925: Furriéis que tombaram no CTIG (1963-1974), por acidente, combate e doença - Parte I: Por acidente (n=68) (Jorge Araújo)
(***) Último poste da série > 6 de setembro de 2018 > Guiné 61/74 - P18989: (De)Caras (119): Sou dos que acreditam na história que o Cajan Seidi conta sobre o aniquilamento de cerca de vinte Homens Grandes da população de Jolmete, em 1964 (Manuel Carvalho, ex-fur mil arm pes inf, CCAÇ 2366 / BCAÇ 2845, Jolmete, 1968/70)
11 comentários:
Manuel:
Queria que confirmasses (e/ou corrigises) esta versão, tua, mas escruta por mim, sobre a morte do fur mil da CCAÇ 18, que me contaste no Vigia, Praia da Areia Branca, em 30/7/2018...
Houve, por certo, pormenores que me escaparam, só passei essa "história" a limpo, quando cheguei a casa...
Já agora vê se te lembras do nome do 1º comandante do teu batalhão, a quem o Spínola pôs um "par de patins"... e que foi substituido pelo Barros e Bastos, que eu conheci, em 1970/71.
E, já agora, como é que vocês tratavam o Barros e Bastos ? Em Bambadinca, era o Bê Bê...
Um grande abraço, um beijinho para a Tucha.
Luís
PS - Dou conhecimento tamb+em ao Manuel Carmelita e ao Silvério Lobo. Não tenho os endereços de email, atuais, do João Marecelino (que não integra ainda a nossa Tabanca Grande, e que não tenho visto na Lourinhã...) nem do Rui Alexandrino Ferreira.
Se tiveres o livro do Rui, sobre o Quebo, vê qual é a versão dele sobre os acontecimentos de 15/1/1972...
Camarada e amigo Manuel Gonçalves:
Gostei muito de ter encontrado neste espaço virtual depois de te ter encontrado há alguns anos num almoço da Tabanca Grande. Sei que falamos com muita franqueza das nossas raízes e porque os caminhos da vida se vão diversificando por muitas latitudes e espaços, encontrei-me esporadicamente outra vez contigo. Tudo isto para te dizer que continuo a estimar-te e apreciar-te e que para mim há amizades de um dia ou algumas horas que perduram para sempre.
Um grande abraço.
Francisco Baptista
Sim, Francisco, o Manel é transmontano de Bragança. De cinco estrelas. Oxalá ele queira contar-nos mais histórias dos seus tempos dos Pupilos (12 anos!), e da Guiné (Aldeia Formosa). LG
O João Marcelino também tinha uma motorizada,uma Honda de 50cc.Em fins de Março de 1972 poucos dias após regressar de Bambadinca,o Marcelino juntamente com o Rui,o Hélder Pereira,o Solai Só,passaram pelo Saltinho a caminho de Bafatá (via Duas Fontes)e o Marcelino deixou-me a motoreta.Fiz largos kms por locais onde não deveria ter ido se a cabeça estivesse com bom funcionamento.
Eles vieram,em viaturas da Aldeia Formosa até à cambança do Corubal,onde foram recolhidos por viaturas do Saltinho.Daqui para Bafatá,apanharam "boleia"com o Rachid,um comerciante com estabelecimento na tabanca de Manpatá que ficava a uns mil e poucos metros do quartel.Na altura,faltariam poucos dias para a emboscada no Quirafo,ainda era seguro ir do Saltinho a Bafatá,via Duas Fontes-Galomaro.
José Martins
quarta, 12/09, 23:58
Boa noite
Este episódio já não é do meu tempo. Regressei em Junho de 1970.
Do que disponho é:
Virgolino Ribeiro Spencer, Furriel Miliciano Atirador número 82172470
Solteiro, filho de Filipe José Spencer e Francisca da Costa Ribeiro Spencer, natural da freguesia de Nossa Senhora da Natividade, concelho de Cacheu.
Pertencia à Companhia de Caçadores nº 18/CTIG, unidade operacional do Batalhão de Caçadores 3852, mobilizado no Batalhão de Caçadores 10/Chaves.
Faleceu em 15 de Janeiro de 1972, no HM 241/Bissau.
Acidente com arma de fogo, tiro inopinado numa tabanca - Aldeia Formosa
Sepultado no Cemitério de Bissau.
Sem mais informações.
Página nº 100 do 8º volume livro 2 das Resenhas.
Alfa bravo
Zé Martins
"Ganda" maluco, o "Janeca", pelas histórias que ele e o Manel me contaram... Creio que o João Marcelino também era dos Pupilos do Exército. Aos olhos dos oficiais do quadro, os tipos dos Pupilos tinham um "estatuto" superior ao nosso.. Tenho pena que ele não integre a nossa Tabana Grande... Esteve uma vez em Monte Real... Vi-o uma ou duas vezes no mercado municipal da Lourinhã... Perdi-o de vista.
A (terrível) emboscada do Quirafo foi a 17 de abril de 1972. "Ganda" maluco também um tal Paulo Santiago, que é sempre bem aparecido, no nosso blogue...
A genealogia dos Spencer (Reino Unido e Cano Verde) é uma molhe de bróculos...
https://geneall.net/pt/forum/14143/familia-spencer-cabo-verde-reino-unido/
Paulo:
tenho que confirmar com o Manuel Gonçalves... Se bem ouvi (, mas eu estou a ouvir mal...), quando morreu, em 15/1/1972, o Spencer era o único que tinha motorizada em Aldeia Formosa... Pode ser que o João Marcelino tenha ficado com a motorizada do Spencer...
Sabes que ter uma motorizada (50 cc), naquele tempo, na Guiné, era um "luxo", passou a ser o substituto do "cavalo"... Era "manga de ronoc"... Lembro-me que em Bembadinca, no meu tempo (julho de 69/ março de 1971), o único que se passeava de motorizada era o poderoso rédgulo de Badora e comandante das milícias do Cuor, o régulo Mamadu Bonco Sanhá, tenente de 2ª linha, cruz de guerra... Dizem que a motorizada fora-lhe oferecida pelo Spínola...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Mamadu%20Bonco%20Sanh%C3%A1
Luís, se ter uma motorizada 50 cc era um luxo, eu com 2 era um ricaço!.
Uma permanentemente em Bissau, e outra na minha aldeia, ou Nova Lamego ou São Domingos.
Também fazia as minhas loucuras com as motorizadas, era a juventude e ignorância.
Essa Honda 50cc era igual a uma das minhas, a outra era a Peugeot 50cc.
Como não sei o que aconteceu a ambas, após vir embora em 04AGO69, pode ser que essa do Santiago uma Honda 50 cc, se for azul, até podia ter sido a minha, alguém pegou nela e a vendeu, eu não sei nada do que foi feito delas, ambas, é estranho, mas verdade.
Agora que fazia muito jeito não há duvida, podia percorrer tudo sem dar satisfação a ninguém, podia correr mal ou bem, mas parece-me que não correu nada mal, tirando umas cambalhotas quando a cabeça já estava a arder...
Foi um comentário, porque um dia quando foram editadas as fotos das minhas andanças de motorizada por Safim, Nhacra, Quinhamel, João Landim, e até Mansoa, só faltou Mansabá, comentaram que 'não era razoável um militar andar de motorizada por esses sítios todos' e tinha razão.
Virgilio Teixeira
O Manuel Gonçalves confirmou-me ao telefone: o "Joneca" (e não "Ja...neca") tinha também uma "minimotorizada" (disse-me a marca, mas ru não eu não fixei)...
Vam,os ver se nos conseguimos encontrar no dia 27, na Tabanca da Linha... Estou pendurado pela marcação das vindimas na Quinta de Candoz...
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