Cópia (frente) do aerograma enviado pelo comando africano Tala Djaló, com data de 21 de Outubro de 1970, do SPM de Fá Mandinga (Zona Leste, Sector L1, Bambadinca) , onde estava colocada a sua Companhia de Comandos Africanos, à ordem do Com-Chefe, a um mês da sua trágica partida para Conacri (Op Mar Verde)
Foto: © Hugo Moura Ferreira (2006).Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Imagem da contracapa do livro "Panteras à solta: No sul da Guiné uma companhia de tropas nativas defende a soberania de Portugal", de Manuel Andrezo, edição de autor, s/l, s/d [c.2010/ 2020] , 445 pp. , il. [ Manuel Andrezo é o pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade, ex-cap inf, CCAÇ 6, Bedanda, 1965/67. ]
1. Em tempos, há muito tempo, há 16 anos (!), o Hugo Moura Ferreira (ex-alf mil inf, CCAÇ 1621, Cufar, e CCAÇ 6, 1966/1968) mandou-cópia de um aerograma de um seu antigo soldado da CCAÇ 6. (*)
O seu autor era o Tala Djaló, furriel graduado 'comando', da 1ª Companhia de Comandos Africanos, oriundo da CCAÇ 6, sediada em Bedanda. Também era conhecido por Tala Biú Djaló ou Manuel Talabiu Djaló.
A missiva foi escrita um mês antes da Op Mar Verde (invasão de Conacri, em 22 de novembro de 1970), onde o Tala Djaló foi dado como "desaparecido em combate") (**). Fazia parte do grupo de combate do tenente graduado 'comando' João Januário Lopes que, com os seus vinte homens, tinha por objectivo a destruição dos MiG, no aeroporo de Conacri, mas que acabou por não cumprir a missão, tendo sido preso, interrogado e, mais tarde, fuzilado, juntamente com os restantes comandos.
Infelizmente, não temos nenhuma foto do Tala Djaló, mas temos do nosso camarada Hugo Moura Ferreira, um dos históricos do nosso blogue (foto à direita ) (***)
O Hugo Moura Ferreira escreveu aqui no blogue:
(...) Embora sabendo, de forma oficiosa, da morte do Tala, em combate, na Operação Mar Verde, em Conakry, nunca consegui encontrar o nome dele referênciado nas listagens até hoje publicadas, nem no Monumento do Bom Sucesso.
Perante tal, resolvi pesquisar e desloquei-me ao Arquivo Geral do Exército onde localizei a ficha dele como Alferes do Pelotão de Milícia 143, junto da minha CCAÇç 6, que terminava com a indicação de um ferimento em combate em 1967 e a transferência para a 1ª Companhia de Comandos Africanos. (...)
Perante tal, resolvi pesquisar e desloquei-me ao Arquivo Geral do Exército onde localizei a ficha dele como Alferes do Pelotão de Milícia 143, junto da minha CCAÇç 6, que terminava com a indicação de um ferimento em combate em 1967 e a transferência para a 1ª Companhia de Comandos Africanos. (...)
Na altura, chamámos a atenção para a importância que se revestia, para o nosso blogue e para a memória da guerra da Guiné (1971/74), a publicação deste tipo de documentos (caso das cartas e dos aerogramas), para se poder conhecer e perceber melhor a mentalidade dos nossos camaradas guineenses que combateram o PAIGC sob a bandeira portuguesa, e que, depois da independência pagaram caro (muitos deles, com a discriminação, a perseguição, a prisão, a tortura e a morte) a sua condição de "cães dos colonialistas"...
Reportando-nos ao teor do aerograma, repare-se como o Tala Djaló (presumivelmente fula ou futa-fula), descreve a entrada da CCAÇ 6 na base de Lanchandé, a sul de Bedanda, em perseguição a um grupo que havia atacado o aquartelamento das NT. Para ele, "turra" era sinónimo de "balanta" e a guerra que então se travou tinha também muitos contornos de guerra tribal ou interétnica...
Em termos secos e simples, diz ele que o pessoal do PAIGC de Lanchandé (e não havia distinção entre combatentes e população, armada ou desarmada) fora apanhado a dormir: 11 foram mortos, à queima-roupa, e 4 foram capturados... Esta era a "cultura do ronco", em pleno consulado spinolista: apesar da "psico", a guerra continuou implacável...
Na devida altura também agradecemos, ao Hugo Moura Ferreira, esta prciosidade, que foi o último aerograma do Tala Djaló, destacando a sua sensibilidade e e sua cultura, ao ter sabido conservar em arquivo "este singelo aerograma que o teu amigo Dajló te enviou para Portugal" em 1970.
Na devida altura também agradecemos, ao Hugo Moura Ferreira, esta prciosidade, que foi o último aerograma do Tala Djaló, destacando a sua sensibilidade e e sua cultura, ao ter sabido conservar em arquivo "este singelo aerograma que o teu amigo Dajló te enviou para Portugal" em 1970.
O Tala Djaló era, em 1965/67, ao tempo do cap inf Aurélio Manuel Trindade, o comandante da 4ª CCAÇ / CCAÇ 6, o chefe do pelotão de mílicias de Bedanda, o Pel Mil 143. Não sabíamos era que, em 1967, tinha sido ferido em combate, e ingressado depois na 1ª CCmds Africanos, cuja instrução e formação se realizou em Fá Mandinga, a escassos quilómetros de Bambadinca, sector L1, ou seja no meu tempo (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), na altura em que o nosso saudoso Jorge Cabral era o cmdt do Pel Caç Nat 63, aquartelada em Fá Mandinga.
2. Transcrição, revisão e fixação do texto por L.G., com respeito pelo original (que, além de erros ortográficos, não trazia praticamente nenhuma pontuação).
Fá Mandinga [.] 22/10/70
Caro amigo Moura F[er]reira
Recebi a sua carta na qual fiquei muito contente contigo.
Amigo Moura [:] Eu ainda não esqueço de ti [.] Aquela revista que tu me mandou eu já mostrei aos meus colegas [.] Todo ficamos muito contente e toda a companhia por saber da sua [?][.]
Eu já lhe mostrou a revista [.] Eu quero que tu me manda uma fotografia sua que [é] para eu a mostrar meus colegas todo [.] Já te conheço pela carta e falta pela cara [.] Eu agradeço-te me mandar uma fotografia sua bem tirada [.]
Olha [,] a nossa antiga companhia CC[AÇ] 6 fizeram ronco no [?] tempo os turras venha atacar Bedanda.
Depois quando [a]tacaram[,] retiraram no Lanxandé e depois do ataque o capitão mandou logo sair a companhia atrás dos turras [.] Quando chegaram a companhia no Lanxandé [,] alguns dos turras estavam a dormir e logo chegou a companhia e cercaram a tabanca em toda a volta[.] Depois [entraram] nas casas dos Balanta [.] Na dentros das casa encontra[vam]-se lá alguns a dormir e logo é só chegar[.] 1ª coisa é [a]panhar ainda armas e, logo a seguir [,] é que se cerca os turras nas cama [.]
Resultado [:] foi assim 11 mortos, 4 capturados, 14 armas [a]panhadas e muitas coisas [a]panhadas [.] Os comandantes daquele grupo foi [a]pnhado e 2º chefe dele também foi [a]apanhado[.] Mais 2 soldados dos turra também foi [a]panhado [.]
Amigo Moura Ferreira [,] a companhia de Bedanda continou [a] ser valente no mato [.]
Toda a sua família cumprimento e teu irmão [.] E eu quero que tu me [ar]ranja um boné de sargento mas não é [a]quele branco, é[a]quele da farda nº 2 [.] É que eu quero que [ar]ranja nada mais [,] amigo.
Remetente: Manuel Talabiu Djaló, Furriel , SPM 0798.
Destinatário: Hugo Fernando de Moura Ferreira, Stº António, Costa da Caparica
Toda a sua família cumprimento e teu irmão [.] E eu quero que tu me [ar]ranja um boné de sargento mas não é [a]quele branco, é[a]quele da farda nº 2 [.] É que eu quero que [ar]ranja nada mais [,] amigo.
Remetente: Manuel Talabiu Djaló, Furriel , SPM 0798.
Destinatário: Hugo Fernando de Moura Ferreira, Stº António, Costa da Caparica
3. O que é o cap inf Aurélio Manuel Trindade, comandante em 1965/67 da 4ª CCAÇ / CCAÇ 6 (e hoje ten gen ref) escreveu sobre o Tala, no livro "Panteras à Solta" (ed. de autoor, s/l, s/d, c, 2010/2020) (***) ? Aqui fica mais uma nota de leitura (****):
O então alferes de 2ª linha, comandante do Pelotão de Milicias (nº 143, acrescenta o Hugo Moura Ferreira) é sempre referido simplesmente por"Tala", sem apelido (Djaló ou Jaló). Mas não temos dúvida de que se trata do mesmo indivíduo.
Mas em julho de 1965, quando o cap Cristo ("alter ego" do autor) chega a Bedanda, em julho de 1965, o comandante do pelotão de milícias era um tal Amadeu, "um fula sabido (...) e com fama de ser grande vigarista, usando e abusando da sua posição para conseguir vantagens materiais e não só. Não é um elemento muito querido dos militares, nem da população da tabanca, nem sequer dos próprios milícias que comanda" (pág. 21).
O capitão Cristo não tinha consideração pela milícia de Bedanda: na frente do régulo, Samba Baldé, chamava-lhes "militares de meia tigela" (pág. 86). E quando decide fazer a sua "reforma agrária" em Bedanda, chama o Amadeu e o Tala e os demais milícias. Quer pôr toda a gente a trabalhar a bolanha:
"O Tala, o Amadeu e os sargentos vão dar o exemplo. Dispenso o pelotão de milícias de ir para o mato desde que todos estejam a trabalhar na bolanha. (...) Daqui a quatro meses, os que não tiverem bolanha deixam de ser milícias, eu não pago a malandros" (pp. 87/88)...
E a verdade é que o cap Cristo conseguiu pôr os "malandros" a lavrar arroz na bolanha e cultivar a mancarra junto ao arame farpado, no exterior da tabanca,,, E a reconstruir as moranças da tabanca bem como a estrada para o porto exterior (que ficava a 4 km de Bedanda).
Não sabemos exatamente quando é que o Tala passou a comandar o pelotão de milícias nº 143, talvez por volta de finais de 1965. Mas na verdade é sempre ele que vai para o mato, em reforço da companhia, quando há operações como, por exemplo, a fracassada tentativa de reabertura do itinerário Catió-Bedanda (pp. 148-165). Ou a ida a Salancaur, já no corredor de Guileje (pp.229-247). Ou ainda a "batalha de Nhai" (pp. 248-265).
Portanto, Tala é o seu homem de confiança no pelotão de milicias. Quando sai para o mato, leva duas secções, vinte homens. Nunca mais se ouve falar do Amadeu, a não ser na pág. 369, a propósito dos roubos às "mulheres do mato" que vinham a Bendanda vender os seus produtos e reabastecer-se de outros (em geral, cana e tabaco). Já o cap Cristo tinha gozado a sua segunda licença de férias (portanto isto deve-se ter passado já em 1967), qundo um dos seus alferes milicianos, feito com um comerciante local, roubou arroz às mulheres do mato. Foi exemplarmente punido com 3 dias de prisão simples, expulso da companhia e transferido para Catió.
(...) "Foi a segunda vez que o capitão teve conhecimento de roubos às mulheres do mato. A primeira vez, foi o Amadeu, alferes de segunda linha, ao tempo comandante do pelotão de milícias. Esse nativo, distinguido com o posto de alferes, teve a ousadia de assaltar várias vezes as mulheres do mato quando regressavam depois de venderem o arroz. Roubava-lhes a cana, o tabaco e o dinheiro, e ainda as violava. Depois mandava-as seguir para o mato. Logo que o captão soube disto, tirou-lhe o comando e entregou-o ao Tala, que estava graduado em aspirante. O capitão exigia que as mulheres do mato fossem resepitadas quando vinham à povoação e não admitia nenhum abuso por parte dos militares ou dos milícias, pois têm todos e em todos os momentos de servir de exemplo para a população civil" (pág. 369).
A confiança no Tala não impede o capitão de ser duro com ele, qundo o comportamento dos seus milícias o põe furioso (vd. "O reino do Nino", uma ida a Cobolol, pp. 396-409). A operação correu bem mas os milícias do Tala ter-se-ão "acorbardado" quando, de surpresa, são confronados com um grupo de guerrilheiros, alguns dos quais poderiam ter sido "apanhados à mão"... Eles pensavam que os milícias eram o grupo de "reforço que esperavam"... A milícia, em vez de responder que sim e avnçançr sem medo, soube o que dizer e fazer, instalando-se o tiroteio...
Reproduz-se aqui a "piçada" que o cap Cristo deu ao Tala, no regresso ao quartel:
(...) "Repara, Tala, como eu tenho razão. Se em vez de um pelotão de milícia eu levasse um pelotão de soldados à frente,. tínhamos agrardo os gajos à mão. Bastava que dissesem que sim, somos o reforço. Quando eles dessem conta, já tinham levado a maior surra da vida deles. Continuo a pensar que as milícias nunca mais vão à frente da coluna. Podes ir, até logo" (pág. 409)...
Entrento, algun tempo depois, finda comissão em julho de 1967, o capitão Cristo diz adeus a Bedanda e despede-se, emocionado, com um almoço na casa do Zé Saldanha, o comerciante mais antigo da localidade, e com um discurso do anfitrião que merece ser reproduzido aqui, noutra oportunidade (pp. 413-419).
(Continua)
__________
Notas de L.G.
(*) Vd. poste de 6 de junho de 2006 > Guiné 63/74 - P850: Os roncos da CCAÇ 6 em Lanchandé, em aerograma de 22/10/1970, do furriel graduado 'comando' da 1ª CCmds Africanos, antigo cmdt do Pelotão de Milícia de Bedanda (Hugo Moutra Ferreira, ex-alf mil, CCAÇ 1621,Cufar, e CCAÇ6, Bedanda, 1966/1968)Tala Djaló
(**) Vd. poste de 1 de junho de 2006 > Guiné 63/74 - P828: 'Retido pelo IN': o caso do meu amigo Tala Djaló, ex-fur grad 'comando' da 1º CCmds Africanos, desaparecido em Conacri, no decurso da Op Mar Verde, em 22/11/1970 (Hugo Moura Ferreira, ex-alf mil 1621, Cufar, e CCAÇ 6, Bedanda, 1966/77)
(***) 22 de dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - P376: Tabanca Grande: Hugo Moura Ferreira, ex-Alf Mil da CCAÇ 1621 (Cufar); CCAÇ 6 (Bedanda) (1966/68)
(...) Naturalmente que, como todos aqueles que por ali passaram (pelo menos grande parte deles), fiquei "apanhado" e tenho uma certa "paranóia" por aquelas terras e aquelas gentes. Digo mesmo que, se é que existe vida para além da morte, certamente em outra encarnação terei sido africano e guineense, pois que, tendo vivido também alguns anos em Angola, as saudades daquele pequeno país são muito maiores.(...)
(****) Vd. postes de:
25 de agosto de 2022 > Guiné 61/74 - P23553: Notas de leitura (1478): "Panteras à solta", de Manuel Andrezo (pseudónimo literário do ten gen ref Aurélio Manuel Trindade): o diário de bordo do último comandante da 4ª CCAÇ e primeiro comandante da CCAÇ 6 (Bedanda, 1965/67): aventuras e desventuras do cap Cristo (Luís Graça) - Parte I: "Os alferes não gostaram do novo capitão. Acharam-no com cara de poucos amigos."
3 comentários:
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29 ago 2022 15:46
Bedanda 70/72 furriel miliciano de artilharia.
Cumprimentos,
Francisco Domingues | diogodomingues2013@hotmail.com
A "africanização" da guerra, na Guiné, era a "pescadinha de rabo na boca"... Em Bedanda, os homens não tinha outra ocupação senão fazer a guerra: eram guias, picadores, milícias, soldados do recrutamento local... Bissau não confiava muito neles, na sua lealdade, e só lhes deu espingardas G3 muito tarde, após uma dura batalha contra a burocracia e o preconceito por parte do cap inf Aurélio Rrindade, o último comandante da 4ª CCAÇ e o primeiro da CCAÇ 6... Não sequer tinham, em 1965, fardas decentes... E eram tratados como "soldados de Portugal mas de 2ª classe"... Alguns dos melhores eram cooptados para os Comandos Africanos... Foi o caso do Tala Djaló, que será fuzilado em Conacri, diz-nos o Hugo Moura Ferreira... O cap Trindade fez da 4ª CCAÇ / CCAÇ 6 uma das melhores subunidades de quadrícula do seu tempo... Nâo eram uma comanhia de intervenção mas andavam sempre na porrada...
Em mail que mandei a uma lista de bendadenes, com endereços de email atualizados, escrevi o seguinte:
Já agora vejam também as duas notas de leitura que já publicámos sobre o livro do ex.cap inf Aurélio Manuel Trindade (hoje ten gen ref), "Panteras à solta" (memórias, em parte ficcionadas, do cap Cristo e dos seus bravos soldados da 4ª CCAÇ / CCAÇ 6, Bedanda, jul 65/ jul 67)...
É um verdadeiro diário de bordo do então cap Trindade, com cerca de 70 pequenas histórias, e mais de 450 páginas sobre a actividade operacional e o quotidiano de Bedanda daquele tempo). O livro, impresso na Alemanha, não tem data: 2010 ? 2020 ?... *Pareve que há, segundo imformação do autor, um exemplar na Biblioteca da Academia Militar...
Foi-me emprestado um exemplar, autografado, fico grato ao cor inf ref Mário Arada Pinheiro... Ainda estou a ler... É uma edição de autor e, infelizmente, não se encontra disponível no mercado livreiro. Conto fazer mais"notas de leitura" esta semana...
Um segundo mail, com data de hoje:
O Arada Pinheiro (que me emprestou o seu exemplar autografado) diz-me que, segundo informação do autor (hoje ten gen ref) o livro "Panteras à Solta") está disponível em formato pdf na biblioteca digital do exército., se bem percebi... Mas eu não consigo lá entrar...Vou ter que pedir a uma amiga bibliotecária, familiarizada com as pesquisas na PorBase.
Um alfbravo, Luís Graça
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