sábado, 29 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24267: (In)citações (240): O meu 25 de Abril de 2023 (Hélder Valério de Sousa, ex-Fur Mil TRMS TSF)


1.
 Mensagem do nosso camarada Hélder Sousa, ex-Fur Mil TRMS, TSF  (Piche e Bissau, 1970/72), com data de 28 de Abril de 2023:



O meu 25 de Abril de 2023

Sim, eu sei que não nos devemos meter a “falar” de política (já agora, nem de desporto ou religião) aqui no Blogue. Pode ser fraturante!

E, quando se fala do “25 de Abril”, aparecem sempre umas almas pouco piedosas, a dizer que é preciso contrapor o “25 de Novembro”… Claro que “Abril” é de 1974 e “Novembro” é de 1975, mas isso não lhes interessa nada. Faço notar que sem o “25 de Abril” não seria provável o “25 de Novembro”, por isso não vejo qualquer utilidade nesse “contraponto”, cada coisa em seu tempo.

Mas resolvi hoje, aqui e agora, dar público conhecimento de que este ano, finalmente, “desci a Avenida” nas ações comemorativas. E porquê? Em rigor não sei responder. Um impulso? Alguma necessidade de afirmação? Alguma “penitência”?

Na verdade, foi esta a primeira vez que participei no desfile. E gostei.

Integrei um pequeno grupo que se acolhia numa faixa da “Associação Salgueiro Maia”, que me pareceu apropriado, e considero que tal foi muito positivo.

Apesar de todo o desprezo a que os sucessivos poderes votaram o Homem, ao longo da descida da Avenida até ao Rossio, sempre que das laterais descortinavam a faixa com a sua figura e as palavras identificadoras, foram inúmeras as vezes, incontáveis mesmo, que os aplausos cresciam, as palavras incentivadoras e elogiosas se faziam ouvir. E não raras vezes aludiam às “maldades” que lhe fizeram.

Também foram muitas as fotos que foram tiradas, por naturais e muitos estrangeiros, alguns dos quais queriam saber mais sobre a figura.

Repito, senti-me bem, relembrei o que lhe devia, pela coragem demonstrada no Terreiro do Paço quando foi ao encontro do “tal Anselmo”, pelas atitudes de firmeza e de correção durante a ação no Largo do Carmo, onde, por sinal, também me encontrava na ocasião.

Aquando da minha estadia em Santarém, no 1.º Ciclo do CSM, o Maia foi o instrutor de granadas, na carreira de tiro e na Quinta das Ómnias. Por tal, não me surpreende nada que se mostre em filme (verdade, ou verdade ficcionada?) o Maia a ir ao encontro do “tal Anselmo” com uma granada mão, como medida preventiva para qualquer loucura do “defensor do regime” que, valha a verdade, só não aconteceu por firmeza e coragem do “Homem do tanque”.

Na foto que envio pode-se ver a faixa referida na qual não apareço por estar a tirar a foto mas, durante o percurso, fui segurando uma das pontas.

Hélder Sousa
Ex-Fur Mil Transmissões TSF

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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE ABRIL DE 2023 > Guiné 61/74 - P24242: (In)citações (239): O nosso blogue faz hoje 19 anos, sabiam?!... Não é uma eternidade, é uma enormidade... de tempo, equivalente a 10 comissões no CTIG...

8 comentários:

José Botelho Colaço disse...

Unanmidade em liberdade: Cada canto seu espírito Santo.

Valdemar Silva disse...

Helder, e que tarde bonita estava para descer a Avenida.
Desta vez apareceu gente que anteriormente fazia a "sua" comemoração à parte do desfile do povo. Até não foi problema, desta vez, aparecer gente sem gravata identificada com partido politico.
Tudo bem, é assim que se deve comemorar o 25 de Abril. Para nós, os velhotes, é comemorar a data do fim duma guerra, como que fosse a data de um armisticio.
Essa particularidade do '25 de Novembro' dizem que é gente do 25A, que para mim são, antes, do 24S.
Tenho pena não ter saúde para andar nesses desfiles.

Abraço
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Nunca gostei da palavra unanimidade. Prefiro o consenso. Este constrói-se, o outro impõe-se. Nasci numa ditadura. Fiz uma guerra em plena ditadura. Espero ainda viver e morrer em democracia. A pior democracia é sempre melhor que a melhor ditadura. LG

Victor Costa disse...

Naqueles tempos aprendi que, a defesa da liberdade de espressão é muito importante.
- Mas por muitos anos que passem, nem todos conseguem manter-se do lado certo da História e hoje também sei que ninguém consegue apagar a História.
- Reconhecer os erros é muito importante, mas não podemos ignorar os efeitos e consequencias desses erros.
- O Cap. Salgueiro Maia, além de outros esteve sempre do lado certo da História no 25 de Abril de 1974 e também no 25 de Novembro de 1975 ( fotografias nas pags. 412 a 417, os dias loucos do PREC) de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.
- Mas o 25 de Novembro de 1975 repôs a pureza do 25 de Abril (Otelo Saraiva de Carvalho, Expresso 17/04/1999).
Um abraço,
Victor Costa Ex.Fur.Mil.At.Inf. C.Cac.4541/72

Tabanca Grande Luís Graça disse...


Tudo isto para te dizet que não precisas de pedir licença para falar do 25 de Abril de 1974. ou do 25 de Novembro de 1975. Política, religião e futebol quer dizer, trocado por miúdos: política politiqueira, "partidária" (no pior sentido do termo); religião fundamentalista, apologética; futebol clublístico... daquele em que a gente leva com a bola na tola...

Quanto ao resto, liberdade total de pensamento e expressão, desde que não se ofenda/insulte o outro que também tem liberdade total de pensamento e expressão desde que não me ofenda/insulte a mim...

A liberdade em grupo, em sociedade, não existe em absoluto... Os limites têm que ser reconhecidos e aceites por consenso... Nunca haverá unanimidade em coisa nenhuma (quer dizer, em política que é o governo da "polis", da cidade), porque eu e outro somos sempre (e ainda bem) diferentes... As ditaduras impóem-nos a unanimidade (pelo terror, pelo pensamento único, pelo populismo, pela demagogia...), a democracia, essa, baseia-se no consenso... LG

Valdemar Silva disse...

Ai Costa, Costa.

O grande desfile na Avenida em Lisboa e por todo o País, o Dia da Liberdade, os Cravos Vermelhos ao peito, o ser Feriado Nacional e as pessoas confratenisar e a cantar é por se festejar o dia 25 DE ABRIL.

Valdemar Queiroz

José Marcelino Martins disse...

O Ten-Cor André [NLLoures]já me tinha mostrado fotos.
Ficaste bem nas mesmas!
Abraço.

Anónimo disse...

Parabéns, Helder, pelo teu feito. Se lá estivesse teria toda a honra e orgulho em segurar a tarja com o nome do grande Salgueiro Maia.

Um grande abraço