sexta-feira, 3 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4133: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (9): Os livros não mudam o Mundo,... O Homem muda o mundo (José Martins)

1. Mensagem de José Marcelino Martins, ex-Fur Mil, Trms, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70, com data de 31 de Março de 2009:

Boa tarde Camaradas e amigos

Não preciso de me apresentar, já que todos me reconhecem, pelo menos tacitamente, como um elemento do bando.
Não vi o programa em questão e, somente pelos comentários, me fui apercebendo do conteúdo da peça.

OS LIVROS NÃO MUDAM O MUNDO; OS LIVROS MUDAM O HOMEM; O HOMEM MUDA O MUNDO!

Ainda bem que dou crédito a esta frase, lida já não me recordo onde, mas vem dar razão ao que faço: leio, leio muito e sobretudo aquilo que me interessa, enquanto a televisão debita, para quem a ouve e dela faz culto, muitas coisas que, muitas vezes, é preferível não ouvir.

Se estou indignado, não tendo sido espectador directo, que seria se tivesse ouvido tais esclarecimentos?

Mas atentemos nisto.

No passado, durante uma guerra ou combate, houve uma unidade militar a quem a sorte das armas (?) não correu de feição.

De imediato as reprovações chegaram, talvez não lhes tivessem chamado bando, mas disseram vozes que todos, mas todos, deveriam ser enforcados pela vergonha e humilhação que tinham feito o comandante passar.

Como prova da sua indignação, como aquela que agora sentimos, passaram a usar, suspensa à volta do braço, uma corda com pregos, desafiando, quem quisesse, a utilizar aqueles acessórios, para executar a sentença a que tinham sido votados: enforcamento.

Sobre o tal bando de aramistas não houve quem tivesse coragem de ousar algum procedimento, até que na batalha seguinte, estando estes a constituir a retaguarda, não fossem repetir o fracasso, tiveram de avançar para salvar a honra dos que os haviam insultado com a questão da forca.

O prémio recebido foi a transformação da corda com os pregos num cordão com agulhetas de prata, que assim se transformou no distintivo de condecoração colectiva, pela demonstração de coragem, abnegação e, sobretudo, camaradagem e entreajuda.

Nós, os que constituímos o suporte do poder político, que não soube ou não teve coragem, para negociar à mesa aquilo que no terreno estava perdido; nós, os que constituímos o suporte de comando de tantos, a quem chamávamos chefes, para que continuassem a usar privilégios e a receber galardões; nós, aqueles que, depois de despirem a farda, vestiram o fato de trabalho e arregaçaram as mangas para tentar erguer este país, que outros vêm destruindo...

Nós, aqueles que não usamos cordões com agulhetas de prata, temos a consciência tranquila, temos a noção do dever cumprido, sabemos que o trabalho não está todo feito, mas cumprimos a nossa parte...

Nós, que combatemos por uma terra que se hoje não é nossa, mas que consideramos como segunda Pátria, e que merecemos o respeito e a amizade daquele povo, que ainda continua a sofrer...

Nós, que escutamos palavras que não merecíamos, e que ninguém tem o direito de as pronunciar...

Nós, a quem chamam ex ou antigos, continuamos a ser combatentes, ou será que a nossa revolta não é o regresso ao combate de antanho?

José Martins
Março 31, 2009
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4128: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (8): Uma opinião de um leitor atento do nosso Blogue (João Miguel Almeida)

3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei

Com um abraço
Luis Faria

Hélder Valério disse...

José Martins, totalmente de acordo!
Apoiado!
Hélder S.

Anónimo disse...

Apenas para dizer, também, que gostei e bato palmas.

Abraços
Jorge Picado