Amigo Carlos
Se tiveres possibilidade de confirmar que não escrevi sobre o que agora mando, na Tabanca Grande e julgares que vale a pena também lá ser publicado decide por ti.
Creio que houve alguma coisa que mandei já há muito tempo para a Tabanca Grande que deve ter ficado esquecido no "porão da memória" da caixa do correio, mas não tenho a certeza.
Como tenho digitalizado o Relatório da Acção URTIGA NEGRA efectuada em 29MAR71, vou enviá-lo, mas acrescento-lhe parte do que entretanto tinha escrito entre FEV-ABR06.
Quinta-feira, 25MAR71
Desloquei-me novamente a FARIM, para ver se convencia o “Chefão” a deixar-me seguir para TEIXEIRA PINTO, argumentando que o verdadeiro Cmdt da CArt tinha entrado de férias e, portanto, podia muito bem ser substituído pelo subalterno mais graduado, como era habitual e tinha assim sucedido na “minha” anterior CCaç, tal como acontecia em todas as outras.
Voltou a dar-me “com os pés” e eu, como resposta, com a determinação de fazer cada vez o menos possível, ao mesmo tempo que contactei com o Cmdt do CAOP, manifestando-lhe a apreensão que sentia por tal atraso em ocupar o lugar. Da minha parte havia pelo menos duas razões para tal apreensão:
a) dado o CAOP ser uma estrutura com um peso muito importante na manobra militar do GG e ComChefe, temia vir a perder o lugar, se entretanto não o ocupasse;
b) por outro lado, quanto mais tardasse a sair daquela situação, tanto mais riscos me sujeitava a correr.
Houve de facto contactos e isso mais deve ter acirrado o dito Major
Deixei de ir para a estrada, permanecendo mais no quartel, mas, o “Fulano”, tratou de me meter em actividade.
ACÇÃO URTIGA NEGRA
Segunda-feira, 29MAR71
A vingança do Major executou-se, friamente.
Neste princípio de semana e talvez para me “castigar”, enviou-me para o mato, não para aquelas “tarefas” de segurança próxima aos trabalhos da estrada como até aí, mas para participar numa acção cujo nome de código não era nada agradável – URTIGA NEGRA – duas palavras com um certo significado “malévolo”.
Se não vejamos, “urtiga” – nome de planta que possui como órgãos de defesa uns pêlos que injectam um liquido irritante na pele de quem lhes toca, provocando urticária – “negra” – palavra que se pode associar a algo nefasto – o que, convenhamos, não era nada animador associado ao objectivo da operação.
Mas esta palavra era consequência do Plano de Operações existente para as forças do sector a Sul do Rio Cacheu enquadradas no COP 6, que se chamava “FAIXA NEGRA”, dando depois lugar às Directivas Operacionais e às Ordens de Operações que teriam sempre de se chamar qualquer coisa “negra” e, as “urtigas”, foram várias (pelo menos em 24ABR71 executou-se a XXIX).
A CArt, como era uma unidade de “quadrícula” e a ZA tinha sido reforçada com outros meios, tinha uma missão mais destinada à segurança da povoação e da estrada e, era menos utilizada para outras acções de maior envergadura. Estas eram destinadas às forças “de reforço” para estes fins – Páras e julgo que a CCaç do K3 – enquanto que as restantes – subunidade de CAV e de ART – tinham por missões respectivamente, fornecer protecção às colunas auto nos seus deslocamentos em estrada e, os obuses, naturalmente em posições fixas, apoiarem com fogo pesado sempre que solicitados. Isto em termos muito gerais.
Destinaram-me, pois, uma ida a FÁTIMA a pé, neste dia, como Cmdt do Agrupamento (Agr) A.
Só por analogia digo isto, já que este vocábulo não tem nada a ver com o da povoação portuguesa. Este da Guiné e, numa região habitada por Fulas e Mandingas – povos islamizados – seria sem dúvida de origem muçulmana, já que este é o nome da filha de Maomé.
Nota: Na Carta (folha de Binta) existe assinalada uma “povoação de tipo indígena, dispersa, com 10 a 50 casas”, a cerca de 500 m a Oeste do itinerário OLOSSATO (povoação)-OLOSSATO (vértice geodésico secundário) no encontro da estrada MANSABÁ-FARIM.
Tendo por base as recordações que ainda guardo na memória, procurarei descrever aquela acção, tanto quanto possível mais conforme com o que se passou e que, como é evidente, não podia constar da descrição oficial. Há passos que gostava fossem melhor concretizados por ex-camaradas que nela participaram e que poderiam até corrigir deficiências minhas, mas há lembranças que permanecem quase intactas.
Conjuntamente com o Agr A que comandava saiu uma força (Pel?) de Pára-quedistas – Agr? – comandada por um Tenente (?), efectuando-se o percurso apeado pelo mato, em conjunto, até ao ponto referenciado no relatório como “ponta da Bolanha de BERECODIM”. Uma vez aí, separámo-nos, prosseguindo na direcção Oeste pelo lado Norte da Bolanha, enquanto eles a contornariam pelo lado Sul, julgava eu, já que não tinha conhecimento das suas directivas.
Ao separarmo-nos nessa posição, olhando para o relógio terei dito ao Tenente algo como:
- Então até daqui a "n" minutos - isto porque, de acordo com o determinado na alínea “Transmissões”, da Ordem de Operações, era indicado o intervalo de tempo, em minutos, para o estabelecimento de contacto via rádio entre os 2 Agr, bem como entre estes e o PCA onde estaria o Cmdt do COP.
Só que o “nosso” Major, enquanto os “pedestres” tinham iniciado o percurso às 6H30M, subiria para uma DO – PCA – já com a manhã bem alta e, sobrevoando a zona, dirigiria “ o circo” mais ou menos do seguinte modo – “ siga para ali… vire para aqui… agora em frente… marche… não recue…” –, lá de cima, bem folgado e resguardado da situação real de fogo que porventura acontecesse, enquanto os tais “pedestres”, já bem cansados a essa hora, teriam de desempenhar o difícil papel de “heróicos defensores da pátria”, mas duma pátria que não era seguramente a sua.
- Não é possível, meu Capitão, estou sem comunicações rádio - foi a resposta obtida para meu espanto.
- Como? - retorqui.
- Os rádios avariaram - voltou ele, com uma cara meio estranha.
Só passados mais uns segundos se fez luz no meu cérebro e, talvez com cara de parvo, por necessitar de duas respostas para momentaneamente voltar à realidade, lembro-me que, meio encabulado, tentei emendar a situação dizendo algo como:
- Este material deveria ser substituído, o nosso também não está em boas condições.
Desde logo havia aqui algumas lições a extrair desta situação.
Primeiro que tudo, a “nossa” guerra – da maioria dos Oficiais do QC e de já grande número de Oficiais do QP pelo menos até ao posto de Capitão – não era seguramente a mesma da do Major.
Pena que tivesse de aprender isso com um Oficial subalterno do QP e duma arma de elite, Pára-quedista.
Mas porquê um Oficial destes a dar-me tal lição?
Talvez por:
a) não tolerar ser enviado para Operações com um Cmdt que o não acompanhasse no terreno, preferindo antes a comodidade dum PCA em que se encontrava livre de perigo. Como subalterno de tropas especiais, habituado a actuar em situações de elevado risco, com os “seus” comandos ao lado e não refugiados num meio aéreo, também não gostavam muito de ser “usados” como “caçadores de troféus”, para vanglória de quem não os merecia;
b) ou, sabe-se lá, estar já “tocado” por outros sentimentos…
Depois da operação fiquei sempre com a dúvida: “Será que ele prosseguiu ou mais à frente escolheu um bom lugar à sombra e aí ficou a fazer horas até ao regresso?”. A verdade é que, não tendo convivência com ele, pois mantinham-se aquartelados à parte, não se misturando com a chamada “tropa macaca”, nunca pude aflorar o assunto. Mas em matéria tão delicada, não creio que obtivesse uma resposta verdadeira.
Em segundo lugar, a minha reacção demonstrava o modo alheado como me deslocava naquelas circunstâncias... para não sofrer qualquer ataque de “histeria” e ficar amalucado. Só assim se admite que não tenha compreendido imediatamente o sentido da primeira resposta.
Afinal não tinha acabado de chegar da Metrópole! Já não era pira!
Estava há 14 meses no TO e já tinha visto muita coisa.
Verdade seja que aqui me “drogava” mais, bebendo muito mais uísque e possivelmente, como ia para uma operação donde poderiam ocorrer mais riscos, antes de sair talvez me tivesse precavido com uma boa dose, para ir mais afoito…
Também a desculpa que alvitrei sobre o material assentava num facto concreto. A realidade é que o material usado – e não era só o de transmissões, mas a generalidade – era obsoleto, pois na grande maioria era uma herança ainda da II Guerra Mundial e estava constantemente a “dar barraca”, como se dizia.
O que é certo é que, naquela operação, a partir daquele momento dei ordens ao operador – seria soldado ou cabo (?) – das Transmissões, que carregava o rádio às costas e me precedia na coluna, para manter só a recepção…
Pouco tempo antes do contacto com o IN, começou a ouvir-se o barulho do avião sobrevoando a área, de certeza a uma altitude bem confortável para melhor garantia de segurança e, pouco depois, a tentativa de estabelecimento de contacto via rádio do PCA com qualquer das forças. Bem se esforçava porém o Cmdt com os seus apelos, mas as respostas eram… nenhumas.
Isto também era possível, felizmente, dadas as condições do terreno em que nos deslocávamos. Tratava-se de floresta povoada por espécies arbóreas de grande porte e mato de espécies sub-arbóreas muito denso, formando um coberto cerrado que, nem nos deixava ver o céu, nem permitia a quem de cima nos sobrevoava, ver-nos.
Sempre à escuta, ia aguardando por qualquer resposta dos Páras, mas como deles, “nem novas, nem achados”, quem era eu?
Afinal, dos dois Agr, quem eram os melhores preparados para a guerra? Não eram os Páras? Se tinham desaparecido… seria justo que fossemos nós a arcar com todas as consequências?... e pouco depois as circunstâncias quase me obrigavam a isso, já que as rajadas de G3 surgiram quase inesperadamente.
A situação não se desenrolou tão sucinta e friamente como se descreve no relatório, pois que, à medida que caminhávamos para Oeste, mais vigilantes e cautelosos nos íamos tornando, principalmente depois de atravessar o tal “trilho largo e muito batido”.
Era talvez uma faixa – e não um trilho – de 4 a 5m de largo, sem arvoredo cerrado e falho de mato, não verdadeiramente a céu aberto, mas donde se vislumbravam nesgas dum céu bem azulado àquela hora do dia e com a terra toda calcorreada, cheia de pegadas, a maior parte antigas, mas possivelmente algumas recentes.
Estendia-se no sentido Norte-Sul e foi atravessado com prudência, de acordo com os procedimentos militares para estes casos como às vezes se vê nos filmes de guerra…
Do lado oposto ao da nossa procedência é que se detectaram pegadas indicativas de passagem de pessoas, que obrigaram ao reconhecimento e a abandonar a chamada “fila de pirilau”. Preparámo-nos para evitar ser surpreendidos por qualquer emboscada.
Com o GComb da frente comandado pelo Alf Casal seguia uma secção de Milícias que creio terem sido eles quem primeiro disparou, quando menos se esperava.
Passados segundos (?)… minutos (?)… como não houve reacção procurei, sempre rastejando ou de “gatas”, chegar-me mais à frente à fala com o Alf, sempre com o soldado-rádio atrelado.
Uns metros à frente, junto a umas palmeiras com ralos arbustos, vi de relance umas esteiras, dois corpos escuros estendidos, uns soldados e milícias – nem sei quantos – a recolher objectos e a pesquisar o mato para além das palmeiras. Tudo aquilo foi muito rápido e, quando voltaram, disseram que os vultos estavam mortos e havia quem tivesse fugido para Oeste, mas não sabiam precisar quantos.
Mandei então prosseguir na sempre na direcção Oeste e, pouco depois, entrámos na zona de alcance dos seus morteiros 82.
Reconhecemo-la logo, pois o solo estava estranhamente remexido, como se tivessem andado com uma enxada a abrir covachos para plantar qualquer coisa e não foi preciso andar muito, para que ouvíssemos o tão característico som abafado duma primeira saída de granada de morteiro, a que logo se seguiram as restantes.
Toca a sair dali, inflectindo na direcção Norte ou seria Este/Nordeste (?), para debaixo de mato cerrado novamente e, não com “os calcanhares a bater no cu”, mas em passo acelerado, só parando quando aquela música, das saídas e subsequentes rebentamentos das granadas ficaram bem para trás.
Neste ponto é que deve ter acontecido perder-se o “chamado norte”, isto é, ao entrar-se novamente debaixo de floresta cerrada e em andamento acelerado o rumo podia não ser bem o que suponhamos, até porque nem se usava qualquer instrumento de orientação, já que estávamos apenas dependentes da orientação definida pelos tais guias, por isso escrevi atrás “direcção Norte ou seria Este/Nordeste”, mas a partir daqui, continuar a seguir na direcção de Fátima, já não fazia sentido.
Qualquer efeito de surpresa tinha desaparecido.
O IN já estava no terreno preparando “recepção adequada” e entretanto aquela dúvida “mas por onde andam os Pára-quedistas?”, sempre a martelar-me a cabeça.
Entretanto com este “fogachal” todo, o PCA tentava entrar em contacto, mas como não havia problemas nas NT, mantivemos o silêncio rádio.
Após um pequeno alto, para recuperar forças e acalmar o nervoso miudinho, prosseguiu-se o patrulhamento e foi ao passar por uma “ilhota” de palhotas, já destruídas anteriormente pelo fogo, como os restos carbonizados demonstravam – destruição provocada pelo IN ou pelas NT (?) – que ainda encontrámos o milho-miúdo armazenado a quem deitámos fogo.
A emboscada foi montada depois de mais de hora e meia a palmilhar.
Durante esse intervalo, comentando com os alferes os acontecimentos, inclinámo-nos para a hipótese de que não seria grupo IN em movimento, mas simplesmente elementos do “tipo das milícias”, muito usados pelo IN como sentinelas ou guardas avançados dos seus locais de acantonamento que estivessem de serviço. Se assim não fosse, não tinham permitido que apanhássemos a espingarda e as granadas, nem nos tinham deixado prosseguir sem tentarem surpreender-nos, tanto mais que conheciam muito melhor o terreno e onde se movimentavam com maior à vontade. Quem escapou, 1… 2… 3(?) elementos, dissimularam-se, comunicaram, não sei como com a base onde existiam os Mort 82 (que mais tarde o Bravo Vítor Junqueira silenciou) procurando não se deixar apanhar, para mais tarde recolher os corpos que ficaram no terreno.
Quando chegámos à estrada para sermos recolhidos, então comecei a descomprimir e a pensar sobre o que me podia ter acontecido.
Até aí, vinha meio “entorpecido”: pelo nervoso; pelo cansaço; pelo medo de ser apanhado ou deixar apanhar o pessoal numa situação de maior gravidade, correndo riscos que ninguém valorizava e duma coisa tinha a certeza. Íamos sendo apanhados pelos seus Mort 82.
No quartel, depois dum banho de chuveiro retemperador, pensei ironicamente, sem nunca o ter revelado, nas partidas que o destino nos reserva.
Tinha sido necessário ir parar à Guiné, para quase, sem dar por isso, “ir a FÁTIMA a pé”!
Nota. Ao procurar reconstituir nas folhas, de Binta e Farim da Carta Militar entretanto conseguidas, o trajecto da operação face às coordenadas indicadas no relatório, deparo com um obstáculo. As coordenadas indicadas no relatório ou não batem certo ou já não sei trabalhar com a grelha.
Ainda que com bastantes dúvidas, posso tentar delinear um certo percurso mais ou menos virtual.
Assim, o ponto de início (PI) na estrada situar-se-ia entre 1 a 2 km a Norte do vértice geodésico Bironque e a pontada bolanha está bem identificada.
Na carta estão indicados vários “caminhos indígenas” saindo de SOLINTO. É evidente que naquela época todas as povoações como essa, BERECODIM e BERECOBÁ, estavam desabitadas e estes “caminhos” estariam com certeza recobertos de mato, mas é provável que o “trilho largo” e o “carreiro” do relatório se situassem entre o 1.º e o 2.º “caminho” desta carta (onde coloquei ??) e, o contacto deu-se numa zona de floresta e palmeiras depois disso.
O trajecto seguinte é que fica um pouco mais confuso, pois ainda avançámos após o contacto, entrando na zona de alcance dos Mort 82 e, só então, derivámos seguindo um rumo que, como descrevi pode estar “baralhado” e não ser o que julgava para Norte, mas sim mais Este/Nordeste, passando por uma “ilhota” de palhotas destruídas pelo fogo que podia ser a tal antiga “povoação de tipo indígena, cerrada”, denominada SOLINTO e onde encontrámos o milho miúdo que destruímos.
A quarta posição, onde se montou a emboscada, seria provavelmente num dos “caminhos indígenas” a Norte de BERECOBÁ, já que o ponto de recolha na estrada se aproximaria do ponto de partida.
Posteriormente, ao ultimar este relato, quando cheguei a esta parte – meados de FEV06 – procurei obter informações que me esclarecessem este tipo de identificação então usado, mas até ao momento – ABR06 – não consegui.
Apenas uns esclarecimentos sobre o "Comentário ao Relatório da Acção":
Quanto ao indicado no ponto 02 pelo "meu amigo" Cmdt do COP 6 que foi escrito e assinado em 30ABR71, quando eu já me encontrava em Bissau, pois deixei a CART 2732 no dia anterior, dia 29 pelas 11H10m, possivelmente numa coluna via Mansoa e, de que só tive conhecimento no dia em que consultei os processos no AHM em Junho ou Julho de 2009, fiquei perplexo.
De facto, saber agora que revelei "espírito de decisão e iniciativa" até me faz "babar" de felicidade por ver reconhecido o meu "valor militar". E eu que me julgava "um falhado para tais artes". Se tivesse tido conhecimento disto naquela época, ainda era capaz de reconsiderar e pedir mais acções.
Ou seria que o "meu amigo" Cmdt me quiz apenas recompensar, por não me ter deixado seguir para o CAOP 1 logo que recebi a colocação naquele Agrupamento? Com toda a certeza teve um rebate de consciência e resolveu compensar-me desta maneira.
E isto até chegou à REP OPER do COMCHEFE!!!
Oh gentes estou a ficar mesmo vaidoso e vou arranjar uma moldura adequada para que os meus vindoros fiquem a admirar mais "o velhote".
Amigo Carlos, não gozes mais comigo, pois aquele champanhe que bebi à noite na messe era merecido.
Abraços
Jorge Picado
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 18 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5129: Direito à indignação (6): As míseras migalhas que os comensais da mesa estatal deixam cair (Jorge Picado)
Vd. último poste da série de 13 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4681: Estórias de Jorge Picado (9): Passeio fluvial pelos rios Baboque e Mansoa
Neste princípio de semana e talvez para me “castigar”, enviou-me para o mato, não para aquelas “tarefas” de segurança próxima aos trabalhos da estrada como até aí, mas para participar numa acção cujo nome de código não era nada agradável – URTIGA NEGRA – duas palavras com um certo significado “malévolo”.
Se não vejamos, “urtiga” – nome de planta que possui como órgãos de defesa uns pêlos que injectam um liquido irritante na pele de quem lhes toca, provocando urticária – “negra” – palavra que se pode associar a algo nefasto – o que, convenhamos, não era nada animador associado ao objectivo da operação.
Mas esta palavra era consequência do Plano de Operações existente para as forças do sector a Sul do Rio Cacheu enquadradas no COP 6, que se chamava “FAIXA NEGRA”, dando depois lugar às Directivas Operacionais e às Ordens de Operações que teriam sempre de se chamar qualquer coisa “negra” e, as “urtigas”, foram várias (pelo menos em 24ABR71 executou-se a XXIX).
A CArt, como era uma unidade de “quadrícula” e a ZA tinha sido reforçada com outros meios, tinha uma missão mais destinada à segurança da povoação e da estrada e, era menos utilizada para outras acções de maior envergadura. Estas eram destinadas às forças “de reforço” para estes fins – Páras e julgo que a CCaç do K3 – enquanto que as restantes – subunidade de CAV e de ART – tinham por missões respectivamente, fornecer protecção às colunas auto nos seus deslocamentos em estrada e, os obuses, naturalmente em posições fixas, apoiarem com fogo pesado sempre que solicitados. Isto em termos muito gerais.
Destinaram-me, pois, uma ida a FÁTIMA a pé, neste dia, como Cmdt do Agrupamento (Agr) A.
Só por analogia digo isto, já que este vocábulo não tem nada a ver com o da povoação portuguesa. Este da Guiné e, numa região habitada por Fulas e Mandingas – povos islamizados – seria sem dúvida de origem muçulmana, já que este é o nome da filha de Maomé.
Nota: Na Carta (folha de Binta) existe assinalada uma “povoação de tipo indígena, dispersa, com 10 a 50 casas”, a cerca de 500 m a Oeste do itinerário OLOSSATO (povoação)-OLOSSATO (vértice geodésico secundário) no encontro da estrada MANSABÁ-FARIM.
Tendo por base as recordações que ainda guardo na memória, procurarei descrever aquela acção, tanto quanto possível mais conforme com o que se passou e que, como é evidente, não podia constar da descrição oficial. Há passos que gostava fossem melhor concretizados por ex-camaradas que nela participaram e que poderiam até corrigir deficiências minhas, mas há lembranças que permanecem quase intactas.
Conjuntamente com o Agr A que comandava saiu uma força (Pel?) de Pára-quedistas – Agr? – comandada por um Tenente (?), efectuando-se o percurso apeado pelo mato, em conjunto, até ao ponto referenciado no relatório como “ponta da Bolanha de BERECODIM”. Uma vez aí, separámo-nos, prosseguindo na direcção Oeste pelo lado Norte da Bolanha, enquanto eles a contornariam pelo lado Sul, julgava eu, já que não tinha conhecimento das suas directivas.
Ao separarmo-nos nessa posição, olhando para o relógio terei dito ao Tenente algo como:
- Então até daqui a "n" minutos - isto porque, de acordo com o determinado na alínea “Transmissões”, da Ordem de Operações, era indicado o intervalo de tempo, em minutos, para o estabelecimento de contacto via rádio entre os 2 Agr, bem como entre estes e o PCA onde estaria o Cmdt do COP.
Só que o “nosso” Major, enquanto os “pedestres” tinham iniciado o percurso às 6H30M, subiria para uma DO – PCA – já com a manhã bem alta e, sobrevoando a zona, dirigiria “ o circo” mais ou menos do seguinte modo – “ siga para ali… vire para aqui… agora em frente… marche… não recue…” –, lá de cima, bem folgado e resguardado da situação real de fogo que porventura acontecesse, enquanto os tais “pedestres”, já bem cansados a essa hora, teriam de desempenhar o difícil papel de “heróicos defensores da pátria”, mas duma pátria que não era seguramente a sua.
- Não é possível, meu Capitão, estou sem comunicações rádio - foi a resposta obtida para meu espanto.
- Como? - retorqui.
- Os rádios avariaram - voltou ele, com uma cara meio estranha.
Só passados mais uns segundos se fez luz no meu cérebro e, talvez com cara de parvo, por necessitar de duas respostas para momentaneamente voltar à realidade, lembro-me que, meio encabulado, tentei emendar a situação dizendo algo como:
- Este material deveria ser substituído, o nosso também não está em boas condições.
Desde logo havia aqui algumas lições a extrair desta situação.
Primeiro que tudo, a “nossa” guerra – da maioria dos Oficiais do QC e de já grande número de Oficiais do QP pelo menos até ao posto de Capitão – não era seguramente a mesma da do Major.
Pena que tivesse de aprender isso com um Oficial subalterno do QP e duma arma de elite, Pára-quedista.
Mas porquê um Oficial destes a dar-me tal lição?
Talvez por:
a) não tolerar ser enviado para Operações com um Cmdt que o não acompanhasse no terreno, preferindo antes a comodidade dum PCA em que se encontrava livre de perigo. Como subalterno de tropas especiais, habituado a actuar em situações de elevado risco, com os “seus” comandos ao lado e não refugiados num meio aéreo, também não gostavam muito de ser “usados” como “caçadores de troféus”, para vanglória de quem não os merecia;
b) ou, sabe-se lá, estar já “tocado” por outros sentimentos…
Depois da operação fiquei sempre com a dúvida: “Será que ele prosseguiu ou mais à frente escolheu um bom lugar à sombra e aí ficou a fazer horas até ao regresso?”. A verdade é que, não tendo convivência com ele, pois mantinham-se aquartelados à parte, não se misturando com a chamada “tropa macaca”, nunca pude aflorar o assunto. Mas em matéria tão delicada, não creio que obtivesse uma resposta verdadeira.
Em segundo lugar, a minha reacção demonstrava o modo alheado como me deslocava naquelas circunstâncias... para não sofrer qualquer ataque de “histeria” e ficar amalucado. Só assim se admite que não tenha compreendido imediatamente o sentido da primeira resposta.
Afinal não tinha acabado de chegar da Metrópole! Já não era pira!
Estava há 14 meses no TO e já tinha visto muita coisa.
Verdade seja que aqui me “drogava” mais, bebendo muito mais uísque e possivelmente, como ia para uma operação donde poderiam ocorrer mais riscos, antes de sair talvez me tivesse precavido com uma boa dose, para ir mais afoito…
Também a desculpa que alvitrei sobre o material assentava num facto concreto. A realidade é que o material usado – e não era só o de transmissões, mas a generalidade – era obsoleto, pois na grande maioria era uma herança ainda da II Guerra Mundial e estava constantemente a “dar barraca”, como se dizia.
O que é certo é que, naquela operação, a partir daquele momento dei ordens ao operador – seria soldado ou cabo (?) – das Transmissões, que carregava o rádio às costas e me precedia na coluna, para manter só a recepção…
Pouco tempo antes do contacto com o IN, começou a ouvir-se o barulho do avião sobrevoando a área, de certeza a uma altitude bem confortável para melhor garantia de segurança e, pouco depois, a tentativa de estabelecimento de contacto via rádio do PCA com qualquer das forças. Bem se esforçava porém o Cmdt com os seus apelos, mas as respostas eram… nenhumas.
Isto também era possível, felizmente, dadas as condições do terreno em que nos deslocávamos. Tratava-se de floresta povoada por espécies arbóreas de grande porte e mato de espécies sub-arbóreas muito denso, formando um coberto cerrado que, nem nos deixava ver o céu, nem permitia a quem de cima nos sobrevoava, ver-nos.
Sempre à escuta, ia aguardando por qualquer resposta dos Páras, mas como deles, “nem novas, nem achados”, quem era eu?
Afinal, dos dois Agr, quem eram os melhores preparados para a guerra? Não eram os Páras? Se tinham desaparecido… seria justo que fossemos nós a arcar com todas as consequências?... e pouco depois as circunstâncias quase me obrigavam a isso, já que as rajadas de G3 surgiram quase inesperadamente.
A situação não se desenrolou tão sucinta e friamente como se descreve no relatório, pois que, à medida que caminhávamos para Oeste, mais vigilantes e cautelosos nos íamos tornando, principalmente depois de atravessar o tal “trilho largo e muito batido”.
Era talvez uma faixa – e não um trilho – de 4 a 5m de largo, sem arvoredo cerrado e falho de mato, não verdadeiramente a céu aberto, mas donde se vislumbravam nesgas dum céu bem azulado àquela hora do dia e com a terra toda calcorreada, cheia de pegadas, a maior parte antigas, mas possivelmente algumas recentes.
Estendia-se no sentido Norte-Sul e foi atravessado com prudência, de acordo com os procedimentos militares para estes casos como às vezes se vê nos filmes de guerra…
Do lado oposto ao da nossa procedência é que se detectaram pegadas indicativas de passagem de pessoas, que obrigaram ao reconhecimento e a abandonar a chamada “fila de pirilau”. Preparámo-nos para evitar ser surpreendidos por qualquer emboscada.
Com o GComb da frente comandado pelo Alf Casal seguia uma secção de Milícias que creio terem sido eles quem primeiro disparou, quando menos se esperava.
Passados segundos (?)… minutos (?)… como não houve reacção procurei, sempre rastejando ou de “gatas”, chegar-me mais à frente à fala com o Alf, sempre com o soldado-rádio atrelado.
Uns metros à frente, junto a umas palmeiras com ralos arbustos, vi de relance umas esteiras, dois corpos escuros estendidos, uns soldados e milícias – nem sei quantos – a recolher objectos e a pesquisar o mato para além das palmeiras. Tudo aquilo foi muito rápido e, quando voltaram, disseram que os vultos estavam mortos e havia quem tivesse fugido para Oeste, mas não sabiam precisar quantos.
Mandei então prosseguir na sempre na direcção Oeste e, pouco depois, entrámos na zona de alcance dos seus morteiros 82.
Reconhecemo-la logo, pois o solo estava estranhamente remexido, como se tivessem andado com uma enxada a abrir covachos para plantar qualquer coisa e não foi preciso andar muito, para que ouvíssemos o tão característico som abafado duma primeira saída de granada de morteiro, a que logo se seguiram as restantes.
Toca a sair dali, inflectindo na direcção Norte ou seria Este/Nordeste (?), para debaixo de mato cerrado novamente e, não com “os calcanhares a bater no cu”, mas em passo acelerado, só parando quando aquela música, das saídas e subsequentes rebentamentos das granadas ficaram bem para trás.
Neste ponto é que deve ter acontecido perder-se o “chamado norte”, isto é, ao entrar-se novamente debaixo de floresta cerrada e em andamento acelerado o rumo podia não ser bem o que suponhamos, até porque nem se usava qualquer instrumento de orientação, já que estávamos apenas dependentes da orientação definida pelos tais guias, por isso escrevi atrás “direcção Norte ou seria Este/Nordeste”, mas a partir daqui, continuar a seguir na direcção de Fátima, já não fazia sentido.
Qualquer efeito de surpresa tinha desaparecido.
O IN já estava no terreno preparando “recepção adequada” e entretanto aquela dúvida “mas por onde andam os Pára-quedistas?”, sempre a martelar-me a cabeça.
Entretanto com este “fogachal” todo, o PCA tentava entrar em contacto, mas como não havia problemas nas NT, mantivemos o silêncio rádio.
Após um pequeno alto, para recuperar forças e acalmar o nervoso miudinho, prosseguiu-se o patrulhamento e foi ao passar por uma “ilhota” de palhotas, já destruídas anteriormente pelo fogo, como os restos carbonizados demonstravam – destruição provocada pelo IN ou pelas NT (?) – que ainda encontrámos o milho-miúdo armazenado a quem deitámos fogo.
A emboscada foi montada depois de mais de hora e meia a palmilhar.
Durante esse intervalo, comentando com os alferes os acontecimentos, inclinámo-nos para a hipótese de que não seria grupo IN em movimento, mas simplesmente elementos do “tipo das milícias”, muito usados pelo IN como sentinelas ou guardas avançados dos seus locais de acantonamento que estivessem de serviço. Se assim não fosse, não tinham permitido que apanhássemos a espingarda e as granadas, nem nos tinham deixado prosseguir sem tentarem surpreender-nos, tanto mais que conheciam muito melhor o terreno e onde se movimentavam com maior à vontade. Quem escapou, 1… 2… 3(?) elementos, dissimularam-se, comunicaram, não sei como com a base onde existiam os Mort 82 (que mais tarde o Bravo Vítor Junqueira silenciou) procurando não se deixar apanhar, para mais tarde recolher os corpos que ficaram no terreno.
Quando chegámos à estrada para sermos recolhidos, então comecei a descomprimir e a pensar sobre o que me podia ter acontecido.
Até aí, vinha meio “entorpecido”: pelo nervoso; pelo cansaço; pelo medo de ser apanhado ou deixar apanhar o pessoal numa situação de maior gravidade, correndo riscos que ninguém valorizava e duma coisa tinha a certeza. Íamos sendo apanhados pelos seus Mort 82.
No quartel, depois dum banho de chuveiro retemperador, pensei ironicamente, sem nunca o ter revelado, nas partidas que o destino nos reserva.
Tinha sido necessário ir parar à Guiné, para quase, sem dar por isso, “ir a FÁTIMA a pé”!
Nota. Ao procurar reconstituir nas folhas, de Binta e Farim da Carta Militar entretanto conseguidas, o trajecto da operação face às coordenadas indicadas no relatório, deparo com um obstáculo. As coordenadas indicadas no relatório ou não batem certo ou já não sei trabalhar com a grelha.
Ainda que com bastantes dúvidas, posso tentar delinear um certo percurso mais ou menos virtual.
Assim, o ponto de início (PI) na estrada situar-se-ia entre 1 a 2 km a Norte do vértice geodésico Bironque e a pontada bolanha está bem identificada.
Na carta estão indicados vários “caminhos indígenas” saindo de SOLINTO. É evidente que naquela época todas as povoações como essa, BERECODIM e BERECOBÁ, estavam desabitadas e estes “caminhos” estariam com certeza recobertos de mato, mas é provável que o “trilho largo” e o “carreiro” do relatório se situassem entre o 1.º e o 2.º “caminho” desta carta (onde coloquei ??) e, o contacto deu-se numa zona de floresta e palmeiras depois disso.
O trajecto seguinte é que fica um pouco mais confuso, pois ainda avançámos após o contacto, entrando na zona de alcance dos Mort 82 e, só então, derivámos seguindo um rumo que, como descrevi pode estar “baralhado” e não ser o que julgava para Norte, mas sim mais Este/Nordeste, passando por uma “ilhota” de palhotas destruídas pelo fogo que podia ser a tal antiga “povoação de tipo indígena, cerrada”, denominada SOLINTO e onde encontrámos o milho miúdo que destruímos.
A quarta posição, onde se montou a emboscada, seria provavelmente num dos “caminhos indígenas” a Norte de BERECOBÁ, já que o ponto de recolha na estrada se aproximaria do ponto de partida.
Posteriormente, ao ultimar este relato, quando cheguei a esta parte – meados de FEV06 – procurei obter informações que me esclarecessem este tipo de identificação então usado, mas até ao momento – ABR06 – não consegui.
Apenas uns esclarecimentos sobre o "Comentário ao Relatório da Acção":
Quanto ao indicado no ponto 02 pelo "meu amigo" Cmdt do COP 6 que foi escrito e assinado em 30ABR71, quando eu já me encontrava em Bissau, pois deixei a CART 2732 no dia anterior, dia 29 pelas 11H10m, possivelmente numa coluna via Mansoa e, de que só tive conhecimento no dia em que consultei os processos no AHM em Junho ou Julho de 2009, fiquei perplexo.
De facto, saber agora que revelei "espírito de decisão e iniciativa" até me faz "babar" de felicidade por ver reconhecido o meu "valor militar". E eu que me julgava "um falhado para tais artes". Se tivesse tido conhecimento disto naquela época, ainda era capaz de reconsiderar e pedir mais acções.
Ou seria que o "meu amigo" Cmdt me quiz apenas recompensar, por não me ter deixado seguir para o CAOP 1 logo que recebi a colocação naquele Agrupamento? Com toda a certeza teve um rebate de consciência e resolveu compensar-me desta maneira.
E isto até chegou à REP OPER do COMCHEFE!!!
Oh gentes estou a ficar mesmo vaidoso e vou arranjar uma moldura adequada para que os meus vindoros fiquem a admirar mais "o velhote".
Amigo Carlos, não gozes mais comigo, pois aquele champanhe que bebi à noite na messe era merecido.
Abraços
Jorge Picado
Relatório da Operação "Urtiga Negra, integrada no Plano de Operações "Faxa Negra"
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Notas de CV:
(*) Vd. poste de 18 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5129: Direito à indignação (6): As míseras migalhas que os comensais da mesa estatal deixam cair (Jorge Picado)
Vd. último poste da série de 13 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4681: Estórias de Jorge Picado (9): Passeio fluvial pelos rios Baboque e Mansoa
6 comentários:
Jorge Picado
Gostei do relato desta OP em que foste interveniente e Comandante.
Dou-te razão sobre os "banana",obsoletos, ... pois naquelas paragens avariavam bastante,... especialmente quando os PCAs andavam aos circulos sobre a zona onde progrediamos,denunciando-nos !
Nessas alturas as culpas eram sempre da zona onde nos encontravamos(!!!)que "interferia nos benditos banana(AVP 1) ou no Racall(?)(de má memoria para mim).
Quanto ao teu amigalhaço Major,pelo que te leio ele era conhecedor de homens.Sabia que tu tinhas garra era para operacional e eras um bom condutor de homens.
Para te fazer notar isso mesmo,mandou-te para o mato ,como incentivo?!
Parece-me bem que não estava enganado.
Um abraço
Luis Faria
Caro Jorge
Como te disse, passados poucos dias após esta operação, fizemos outra onde tivemos um recontro com o IN e onde um dos nossos milícias, o Sul Bissau, foi mortalmente atingido. Não participaste nela, porque saimos só dois GCOMB, logo o Capitão ficou na base.
Quanto ao champanhe que bebeste... bem o melhor é não falarmos nisso.
Um abraço
Vinhal
~
CARO JORGE PICADO,
QUASE ME APETECE PEDIR AO ZÉ MARTINS PARA "ESMIUÇAR" A FOLHA DE SERVIÇO DO TAL MAJOR DE CU NO ALTO,PARA CONFIRMAR SE GANHOU ALGUMA MEDALHA NESSE DIA...
A ESSA GENTE SE DEVE O DESFECHO FINAL.
À laia de resposta
Caro Luís Faria
Pois era, aquela mania de andarem lá em cima a "indicar" ao IN onde andavam as NT era no mínimo "sádica".
Caro Carlos
Quanto a não ter participado na URTIGA XXII (BURU, FÁTIMA, BINTA 8G8, TAMBATO MANDINGA), a razão não está nos efectivos empregues, pois
a U. NEGRA tinha os mesmos 2 GComb+ 2Sec Mil.
Como quase todas as outras, não fui porque os Chefes não me mandaram.
Estive na segurança próxima, para os lados do K3, pelo menos (porque esses estão apontados na agenda) nos dias 9 (logo no dia a seguir à munha chegada); 12; 17(à tarde foi lá o COMCHEFE); 18; 19 de MARÇO e 5ABR no BIRONQUE.
Teria por lá andado mais vezes? Não sei, mas não apontava tudo. Era só quando não andava com a neura que o fazia.
Uma coisa posso afirmar.
Quando me mandavam. Ia.
Por livre iniciativa, só na CCaç em Mansoa o fazia, nas visitas aos Destacamentos.
Abraços
Jorge Picado
Caro Manuel Maia
Desculpa não te referir, mas meteste o Comentário ao mesmo tempo que o meu.
Se ganhou algo ou não, o amigo Carlos Vinhal é que pode saber pois ficou lá mais tempo com ele, creio eu.
Espero dar-te um abraço no próximo 9DEZ.
Jorge Picado
Amigo Jorge Picado,
Lá chegaremos, mas a minha história é um pouco diferente. Eu não queria sair da companhia, e o comandante fez os possíveis para que isso não acontecesse. Longa história!
Possívelmente o "teu Major", no seu íntimo, reconhecia o valor das pessoas e fez os possíveis para retardar a tua saída.
Se essa foi a sua arma será que o podemos levar a mal por isso?
Tenho a certeza que, apesar do champagne e passados todos estes anos, estás de bem com a tua consciência por teres cumprido, e bem, essa missão.
Mais importante que isso eu não vejo rancor da tua parte para com o teu Major. É dos Homens!
Um abraço,
José Câmara
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