sábado, 8 de outubro de 2016

Guiné 63/74 - P16576: O cruzeiro das nossas vidas (24): Ainda o regresso a casa, no inesquecível paquete Uíge, da Companhia Colonial de Navegação, em março de 1971 (Adelaide Barata Carrêlo, filha do ten SGE José Maria Barata, CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71)



N/M Uige > Viagem Bissau-Lisboa > Março de 1971 >  O ten SGE José Maria Barata  mais a esposa dona Floripes da Palma Teixeira Barata... A família (que incluía os 3 filhos menores, Rui, de 8 anos e as gémeas Sofia e Adelaide, de 7) viajou em 1ª classe. O ten Barata regressou mais cedo, nesta data, pro razões de saúde.


 Viagem Bissau-Lisboa >  Novembro de 1969 > O ten SGE José Maria Barata, do lado direito ao centro,  num grupo de alferes milicianos da CCS/BCAÇ 2893 (Nova Lamego, 1969/71). O BCAÇ 2893 partiu de Lisboa, moblizaqdo pelo BCAÇ 10, em 25/11/1969 e regressaria à metrópole, depois de cumprida sua missão, em 25/9/1971.

Esteve sempre em Nova Lamego.´Foi seu comandante o ten cor inf Fernando Carneiro de Magalhães. Companhias de quadrícula: CCAÇ 26167, 2618 e 2619..

O nosso camarada Constantino Neves, identificou os oficiais desta foto; ao lado do ten Barata, junto à janela de oculos escuros está o alferes mec auto José dos Santos Rosado de Oliveira (1), à frente deste (1), também de óculos, está o alferes de transmissões, caboverdiano, Antónop Augusto Gonçalves (2); de frente ao ten Barata, está o alferes João dos Santos Serra Lavadinho (3). Dos outros dois ele não se recorda dos nomes mas diz que eram do Batalhão ("basta ver o emblema do batalhão num deles").


Ver  a lista dos passageiros da 1ª classe embarcados em Bissau e com destino a Lisboa (, abaixo reproduzida): eram 46, entre militares (35) e civis (11), na maioria familiares (mulheres e crianças). Há 3 famílias a bordo, com crianças: as famílias Barata, Vidal Saraiva e Brandão. Estas duas últimas eram de médicos milicianos, em serviço seguramente no HM 241.  O alf mil médico Vidal Saraiva  (1936-2105) esteve com alguns de nós em Bambadinca, em 1970, ao tempo do BART 2917,  e já foi aqui homenageado no nosso blogue.

A única família que "vinha do mato" (Nova Lamego), era a família Barata, um caso raro, excecional. (Os Barata tiveram todos o "batismo de fogo", em 15/11/1970, em Nova Lamego; é possível que o ten José Maria Barata tenha decidido antecipar o regresso da família, face ao agravamento da situação militar no leste da Guiné, e em particular na região do Gabu).

Nota curiosa... nesta viagem do N/M Uíge, que partiu de Bissau em 2/3/1971,  vieram também, de regresso a casa, pelo menos dois camaradas nossos,  o César Dias (em classe turística) (ex-fur mil sapador da CCS/BCAÇ 2885, Mansoa, 1969/71) e o Manuel [Carline] Resende [Ferreira]  (em 1ª classe) (ex-alf mil da CCaç 2585 / BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71).

Como alguém disse, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!


Fotos: © Adelaide Barata Carrêlo (2016) Todos os direitos reservados. [Edição e  legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Adelaide Barata, aos 7 anos
1. A nossa amiga Adelaide Barata Carrêlo mandou-nos, a 19 de setembro último, mais umas recordações do tempo em que esteve, aos 7 anos,  na Guiné, mais exatamente em Nova Lamego, com o pai, a mãe e os irmãos, tendo regressado no N/M Uíge,  em 2 de  março de 1971.

 Amigo Luís,

Mais uma recordação do nosso regresso da Guiné.  

Na ida para o leste da Guiné, em 1970, sei que apanhámos um avião, bastante barulhento, de Bissau para Nova Lamego, e o regresso foi da mesma forma [, talvez um Dakota]. 

Quando regressámos a Lisboa foi naquele paquete inesquecível UIGE- Companhia Colonial de Navegação" (*)

Beijinhos
Adelaide











_________________

16 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tirando Bissau, era invulgar ver-se familias de militares no mato, com crianças... O caso da família Barata deve ter sido mesmo excecional. Não sei qual era a "orientação superior" no que diz respeito a esta matéria. Esposas de militares acompanhavam os maridos nalgumas localidades, em geral sede de batalhão: fora de Bissau, podia-se citar o casos da zona leste (Bambadinca, Bafatá, Nova Lamego), região do Cacheu (Teixeira Pinto) e, julgo, pouco mais... Talvez Bolama (onde "não havia guerra"...), talvez Buba (região de Quínara), talvez Catió (Região de Tombali)...

Testemunhos, precisam-se!

Cesar Dias disse...

Luis, também em Mansoa havia alguns militares que tinham a familia consigo, principalmente Oficiais, na classe de sargentos só me lembro dum furriel.
Abraço
César Dias

Anónimo disse...


Em Bolama´ano 1966, que me recorde havia 2 militares com as esposas;

um capitão, comandante do CIM e de um alf. milºdo Agrupamento.

Nesse tempo não havia guerra em Bolama.

Jorge Rosales

Anónimo disse...

César Dias
8 out 2016 11:17
Bom dia Luis

Como já sabes, a maior parte do meu BCAÇ 2885 ]Mansoa, 1969/71] regressou nesta viagem, na lista de presenças que só tem oficiais, estão grande parte os do meu Batalhão, incluindo o Comandante, já falecido, na altura Tenente Coronel Chaves de Carvalho.

Quanto a fotos só tenho as que tirei á saída do porto de Bissau, durante a viagem tenho uma numa refeição na sala de sargentos, tirada por alguém da tripulação que assim fazia mais um complemento do vencimento.

Envio-te essas [9] fotos, dispõe delas como é habitual.
Um abraço
César Dias

Henrique Cerqueira disse...

Em Bissorã estiveram quatro esposas em que três das quais tinham filhos pequenos.
Por ordem hierarquia havia. Uma esposa com uma filha pequena dum capitão da CCS Pontes Fernandes Algarvio.Havia a minha com meu filho Miguel e havia a esposa de um cabo da CCS com uma criança bébé. Em Inquida um destacamento da zona do Biambe esteve durante algum tempo a esposa de um alferes sem filhos.Portanto em 72/73 não era assim tão involgar a presença de familiares com crianças fora de Bissau.
Um abraço Henrique Cerqueira.

PS: Comigo habitava ainda a esposa do alferes Santos recem casada mas sem filhos que estiveram até final da comissão em 1974.









Cherno AB disse...

Caro amigo Luis,

O Cap. graduado Sampedro que substituiu o Cap. Patrocinio em Fajonquito(C.CAC 3549 - 1972/74), vivia com a esposa e um filho pequeno em Fajonquito. Lembro-me de ver o puto deambular dentro do quartel na companhia dos soldados. O ex-Cap. Sampedro continua a participar em todos os encontros anuais da companhia.

As vezes tenho dificuldades em compreender, quando leio em alguns comentarios de antigos combatentes que passaram por Fajonquito dizer que viviam no inferno, o ultimo ataque aquela localidade ocorreu em finais de 1964 com a CCAC. 674 de Inacio Maria Gois. Se calhar porque era a Guine e ainda porque foram dois anos a contar os dias.

Um abraco amigo,

Cherno AB

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Afinal, temos mais sítios no interior da Guiné suficientemente "seguros" e "acessíveis" para acolher temporariamente as famílias dos militares, em geral do QP,mas também milicianos, em comissão de serviço... E famílias completas, esposa e filhos...

Além dos já indicados no leste (Bambadinca, Bafatá e Nova Lamego), temos ainda Fajonquito e provavelmente também Contuboel (um "oásis de paz", quando a conheci em junho/julho de 1969)... Na região do Oio, registe-se para já Mansoa e Bissorã... Talvez também Farim ?

Bolama e os Bijagós eram "sítios turísticos"... E que mais, camaradas ? Catió, na região de Tombali, tinha população civil, incluindo metropolitanos...

meusdvdsfilmes disse...

D. Adelaide Barata Carrelo, vou comentar a foto em que está o seu querido pai. Desculpe, mas se esta foto no Uige foi tirada na data referida, talvez não esteja correta porque todos os elementos na foto à mesa, pertencem Ao Batalhão e que 4 deles incluindo o seu pai eram da CCS, que são eles: o (1) ao lado do seu pai junto à janela de oculos escuros é o Alferes Mec. Auto JOSÉ DOS SANTOS ROSADO DE OLIVEIRA. O (2) à frente do (1) também de óculos o Alferes Transmissões (Caboverdiano) ANTÓNIO AUGUSTO GONÇALVES e o (3) de frente ao seu pai, é o Alferes JOÃO DOS SANTOS SERRA LAVADINHO. Os outros 2 não me recordo os nomes mas são do Batalhão, basta ver o emblema do batalhão num deles. Um Abraço TINO NEVES

Anónimo disse...




Em Buba nos 17 meses que lá estive nunca houve famílias de militares, penso por haver ataques de armas pesadas bastantes frequentes ao aquartelamento. Soube pelo Moutinho, "chefe" da Tabanca de Matosinhos que ele quando esteve a comandar, como capitão graduado, Empada, não longe de Buba, teve lá a esposa alguns meses com ele, já posteriormente à minha saída dessa zona. Em Mansabá, onde estive poucos meses, encontrei lá a esposa do alferes médico, que não terá lá estado sequer dois meses, pois um dia após uma flagelação ao quartel, a senhora foi de avioneta para Bissau e regressou à terra dela.
Francisco Baptista

Anónimo disse...

Pessoal tabanqueiro

Depois de longas férias na maravilhosa praia da Costa Nova do Prado, praticamente privado de Net eis-me de regresso a casa e claro ao assento deste Poilão.

Deparo logo com este assunto e estou muito sentido com a falta de memória do meu amigo e camarada de Mansoa César Dias.
Então caro sapador, regressas no barco que transportou praticamente todo o pessoal que sobreviveu do BCaç 2885 e só reconheces o nome do Comandante Chaves de Carvalho. e o Major Corte Real? e o médico Brandão com a mulher e filhota? E todos os outros? nesta lista mencionados?

Faltam claro os da comissão Liquidatária que ficaram a "desatar os molhos" e vos esperaram com certeza no cais de Alcântara, uma vez que regressaram de avião, enquanto eu regressava ao Oio, Mansabá, para cumprir uma "malvadez" de um QP.

Abraços a todos

JPicado

Antº Rosinha disse...

Amigo Cherno, custa a entender, tanto pessimismo, não é?

Quem ia da Metrópole para África, sozinho, jovem, sem família, mesmo na vida civil e com bom emprego, custavam imenso os primeiros tempos, porque era tudo tão diferente, clima, comida, cortar com amizades e companheiros da terr(inha), que era um pesadelo, durante pelo menos o primeiro ano.

Mas o arame farpado e a desmotivação para qualquer guerra deprimia ainda mais, principalmente aqueles que iam com alguma politização anti-colonialista/salazarista, os milicianos.

Mas ir para a Guiné, ainda era pior do que ir por exemplo para Angola ou Moçambique, onde havia grandes cidades e ambientes diversos para ajudar vencer a monotonia da vida da tropa.

Para compreenderes melhor o que pensavam os mais pessimistas, devias ler o livro OS CÚS DE JUDAS, ou as CARTAS de Lobo Antunes (médico psiquiatra em Angola como Alferes) e hoje um grande escritor, que aqui se tem falado muito por causa das cartas que deram origem ao filme, que se tem falado aqui bastante.

Na internet encontras bastante sobre o filme e Lobo Antunes.

Cumprimentos





Cesar Dias disse...

Jorge Picado, com o devido respeito, meu capitão, identifiquei todos os oficiais que constam na lista pertencentes ao nosso Batalhão, mas pareceu-me que seria suficiente mencionar o Comandante, tanto mais que pelas noticias, já não se encontra entre nós.
Mas já agora que falas na memória, é isso mesmo, já vai falhando, e não te sequeças que o próximo encontro é em Viseu, e pelos vistos será no quartel, por isso vai treinando as vozes de comando.

Um forte abraço, depois duma continência perfilada.

César Dias

Manuel Carvalho disse...

Caro amigo Francisco Baptista quanto à esposa do Eduardo Moutinho em Empada julgo que ela só passou lá o Natal de 69 e quando muito mais um dia ou dois, mas ainda hoje fala dessa experiência como uma coisa de que gostou muito. Esteve sim algum tempo em Quinhamel onde estiveram também as esposas de dois camaradas nossos, daí talvez a tua confusão.
Desculpa lá não é que seja muito importante mas assim fica mais claro.
Foi normal naquelas cidades e vilas com algumas condições e onde nunca ou muito raramente havia ataques,algumas esposas acompanharem durante algum tempo os seus maridos, mesmo assim não era para todas.
Um abraço

Manuel Carvalho

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Ãdelaide, se calhar o nosso Tino Neves tem razão, a foto do pai do pai Barata, na mesa dos alferes da CCS/BCAÇ 2893. não é de março de 1971, mas de novembro de 1969, na ida para Bissau. O batalhão, mobilizado pelo BCAÇ 10, partiu de Liboa em 15/11/1969 e regressou em 25/9/1971. Esteve sedeado em Nova Lamego e foi seu comandante o ten cor inf Fernando Carneiro de Magalhães. Companhias de quadrícula: CCAÇ 26167, 2618 e 2619.

Se calhar em março de 1971, o pai veio de férias e trouxe a família de vez.

Anónimo disse...

Adelaide Carrelo
11 out 2016 09:06

c/c Constantino Neves

Bom dia Luís,

Em relação à 2ª foto publicada do UIGE, onde o meu pai está com os seus camaradas, saliento que é da sua ida para a Guiné (1969).

O Tino Neves tem toda a razão no seu comentário. Todos os que estão na fotografia são do BCAÇ 2893. Não sei a data do embarque. Nessa altura não fomos com ele. Fomos mais tarde.
Em relação a alguma autorização especial, a minha mãe não se lembra, mas tinha de ser feito o pedido ao Governador.

O regresso do meu pai foi antecipado por doença, como já havia escrito.

Um beijinho
Adelaide Barata

Anónimo disse...

Boa noite,
ao ver a foto do grupo de alferes com o Sr Tenente Barata, lembrei-me dos nomes dos alferes que o Tino Neves não conseguiu identificar:
o 1ª da esquerda é o Alferes Vila e o 1ª da direita é o Alferes Vaz, ambos da CCAÇ 2618.
Um abraço
José Luís Gonçalves, ex-fur. mil. da CCAÇ 2618.