segunda-feira, 28 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18687: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXII: As minhas estadias por Bissau (vi): resto do ano de 1968


Foto nº 67 > Bissau > Edifício dos CTT > Março de 1968 > A primeira máquina automática de pesar, metia-se a moeda e saía um cartão com o peso da pessoa e a data.


Foto nº 55 > Bissau > Abril de 1968 > Escrevendo para a namorada, na esplanada da piscina do Clube de oficiais do QG em Santa Luzia.


Foto nº 65 > Bissau > Abril de 1968 > No Clube de Oficiais do QG, numa mesa da esplanada a escrever... para a namorada. 


Foto nº 42 > Bissau > Abril de 1968  > Na esplanada do  café  Bento, o  sítio mais emblemático da cidade...


Foto nº 66 > Bissau > Junho de 1968 > No café Bento – a 5ª Rep – com mais alguns camaradas numa noite quente e húmida. Sou o segundo a contar da direita, de óculos escuros, a acender um cigarro.


Foto nº 43 > Bissau > Agosto de 1968 > No restaurante Tropical


Foto nº 52 > Bissau > Abril de 1968 > Novo aeroporto civil de Bissalanca. Ao fundo um Boeing 727-100 da TAP.


Foto nº 61 > Bissau > 1968 > Cais  da Mariha, eu junto às LFG - Lanchas de Fiscalização Grande


Foto nº 61A Bissau > 1968 > Cais  da Marinha, eu junto  às LFG - Lanchas de Fiscalização Grande


Foto nº 48 > Bissau > Novembro de 1968 > Avenida do Império e ao cimo o Palácio do Governador. Foto tirada perto do café Bento.


Foto nº 57 > Bissau > Abril de 1968 > Um dos meus primeios "slides". Uma rua de terra batida, toda esburacada, feia, velha e suja, com algumas casas na mesma situação.


Foto nº 58 > Bissau > 1968 > Cais > Uma das primeiras fotos a cores

Guiné > Bissau >  CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) |

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Virgílio Teixeira (*), ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem 56 referências no nosso blogue

Guiné 1967/69 - Álbum de Temas: T031 – Bissau - Parte 1 > (vi) Abril , Junho, Agosto e Novembro de 1968 > Legendagem

[Devido à suas funções como chefe  do conselho administrativo (CA) do comando do batalhão, o Virgílio Teixeira deslocava-se, em serviço,  com relativa frequência,  à capital Bissau onde ficava o QG...]

F42 – Na esplanada café do Bento (a 5ª Rep),  o local mais emblemático em Bissau, para encontrar quem chegava ou quem partia, local de passagem obrigatória. Tomava-se café, além das habituais bebidas alcoólicas, e serviam tremoços, por vezes havia camarão, mas o mais certo era a mancarra (amendoim, torrado e descascado que era uma delicia). Bissau, Abr68.

F43 – No restaurante Tropical em Bissau, jantando com o furriel Riquito (que é o fotografo) e o irmão dele à minha frente. Bom vinho branco gelado, e garrafa de aguardente para depois do café. Eu estava com pensos nos braços, devido a uma grande cambalhota que dei com a minha motorizada, à entrada do Clube de Oficiais, quando regressava de Safim com alguns copos a mais, uns dias antes. Bissau, 10Ago68.

F48 - Avenida do Império e ao cimo o Palácio do Governador. Foto tirada perto do café Bento, mais à frente do mesmo lado, na esquina fica a Pensão da Dona Berta, onde ficavam hospedadas algumas esposas de militares que se encontravam fora de Bissau. Fui lá muitas vezes, tinha lá amigos e as mulheres, um deles passou lá a sua lua-de-mel, foi o Alberto, também colega do Cenáculo, era alferes da Engenharia, tinha uma panca qualquer, veio evacuado mais cedo pela psiquiatria juntamente com o Fontão. Curiosamente ambos se divorciaram mais tarde. O Alberto passou a ser professor universitário, e teve um azar muito grave, pois um filho já com mais de 20 anos viria a falecer de acidente.

Enfim, vamos ao que interessa agora. Mais à frente, ficava a bomba de gasolina da Sacor, depois vários prédios e o UDIB, o cinema. Depois a Praça do Império. Descendo, ou se quisermos, subindo pelo lado esquerdo, ficavam uma série de esplanadas onde se podia saborear as ostras, camarão, mancarra, cerveja gelada e o que havia. Mais tarde, em 1984 não havia um único local desses. Hoje não sei o que existe, mas parece que não tem nada. As viaturas são poucas, a maioria são de militares. Bissau, Nov68.

F52 – Novo aeroporto civil de Bissalanca. Ao fundo um Boeing 727-100 da TAP. Pela data da foto, julgo ter ido esperar alguém ao aeroporto, mas pode ser também uma deslocação para a Base Aérea 12, ao lado, na chegada ou partida de um avião militar, de/ou para São Domingos, onde já estava o Batalhão. Bissau, Abril 68.

F55 – Escrevendo para a namorada, na esplanada da piscina do Clube de oficiais do QG em Santa Luzia. Eu tinha de escrever todos os dias, eram muitas páginas, algumas com 20 a 30 folhas, e mandava diariamente para o correio para minha namorada. Bissau 01Abr68.

F57 – Este deve ser um dos primeiros "slides" a cores tirados na Guiné. Foi nesta altura que apareceram os rolos a cores. Uma rua de terra batida, toda esburacada, feia, velha e suja, com algumas casas na mesma situação. Bissau, Abr68.

F58 – No porto de Bissau, parece o paquete Funchal atracado no cais e ao largo um navio de guerra para montar a segurança, na visita do Presidente Tomaz à Guiné, mas não estou certo, pois em Fevereiro, penso que ainda não tinha rolos a cores. Não consigo identificar a pessoa ao meu lado, é das primeiras fotos a cores. Bissau 1968.

F61 – Sentado junto aos estaleiros navais da Marinha em Bissau. Não sei se foi neste dia em que tive o prazer de ser convidado com outro amigo, para um lauto almoço num desses navios patrulhas, que era, as LFG, não se vê o nº nem o nome, eu tenho ideia de ter estado na LFG Lira, mas não tenho a certeza, só sei que era tudo um luxo, comparado com a tropa básica, claro. Bissau, 1968.

F65 – No Clube de Oficiais do QG, numa mesa da esplanada a escrever, para quem havia de ser, para a namorada. Parece-me que é uma auto fotografia, eu fazia muito isso, a máquina tinha um temporizador, eu colocava a máquina na ponta de uma mesa ou outra coisa, focava e depois carregava no botão e dava tempo a colocar-me na posição. Bissau, Abril68.

F66 – No café Bento – a 5ªRep – junto de camaradas numa noite quente e húmida. Na ponta esquerda o furriel Américo Veiga, nosso Enfermeiro (formou-se em Medicina mais tarde, mas já faleceu há algum tempo), a seguir um furriel dos Sapadores do qual não me lembro o nome, o soldado é o irmão do furriel Riquito, a seguir eu a acender um cigarro, e depois um cabo da secretaria da CART1744 que estava em São Domingos com o nosso Batalhão.

Este camarada viria a encontrá-lo muitos anos depois, por duas vezes em aviões, ele tinha uma empresa que negociava em madeiras por África e outros países do mundo. Ficou rico. Depois voltámos a ver-nos algumas vezes no Restaurante D. Manoel no Porto, o mais badalado da época, que acolheu a [VIII] Cimeira Ibero-Americana com todos os chefes de Estado e  presidentes de giverno, entre eles, o Fidel Castro, teria sido nos anos 90, não sei bem o ano, foi a única vez que aconteceu no Porto. Bissau, Junho68. [Foi em 1998, em 17 e 18 de outubro, esteve também o rei Don Juan Carlos, de Espanha].

F67 – A primeira máquina automática de pesar [cartas], metia-se a moeda e saia um cartão com o peso e a data, tenho isso por aí, mas é preciso procurar. Ficava na porta dos CTT de Bissau, e estão algumas pessoas a apreciar a novidade. De costas,  o alferes Verde do BCAÇ 1932. Bissau, Mar68.
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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 21 de maio de 2018 Guiné 61/74 - P18660: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXIII: as colunas logísticas até Madina do Boé

Vd. também poste de 18 de maio de 2018 > Guiné 61/74 - P18646 Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXXII: As minhas estadias por Bissau (v): março de 1968

4 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Virgílio, não tenho ideia de ter ido alguma vez ao Café Bento, das poucas vezes que fui a Bissau durante a comissão.. O lugar era emblemático, mais do que isso: era o maior "mentidero" de Bissau, diz a malta que o frequentava...

Anónimo disse...

É verdade Luís, era ali que tudo se comentava, por isso se chamava a 5ª REP. Mentia-se e inventavam-se coisas, mas aquela que era a mais falada, era adivinhar o dia em que vinha o tal navio buscar-nos para ir embora. É pena que tanta malta não conheça alguns sítios que são por todos conhecidos, pelo menos pelo nome. Ali se encontrava a rapaziada da nossa infância, que nunca imaginávamos encontrar na Guiné, eram momentos inolvidáveis. Quanto a comes e bebes, não havia nada, eram as bazucas, uns cafés, e mancarra, pouco mais. O resto era nas outras esplanadas da avenida principal e nas paralelas, não faltava ostra em quantidades industriais.
Vamos a rectificar alguns erros deste poste:
1 - "O Virgílio na sua função de Presidente do CA... errado, Chefe do CA, o Presidente era o Major Américo Correia, embora não interferisse em nada, era uma figura simbólica, a função dele era de 2º Comandante. Tem de ser corrigido, senão ainda apanho uns dias de detenção por estar a mentir!

2 - F67 - Luís não viste bem a máquina! Aquilo era uma máquina de pesar "pessoas" e não cartas, isso era lá dentro dos correios. Esta máquina fez muito furor nas pessoas, algumas até tinham medo de se por em cima, e era preciso pagar a moedinha.

3 - Outra coisa que me tem preocupado, a malta que vê isto, deve fazer uma ideia errada da minha pessoa, porque só estou em gozo de férias, mas já não mando mais, só quando não tiver mais nada. Comparando estes Postes com aquilo que tenho visto nos últimos tempos, faz uma certa inveja, mas não tenho culpa nenhuma, era a minha função, e depois aproveitava o tempo da melhor maneira, nunca sabia o dia de amanhã, como todos os outros.
Acho que é tempo de acabar com este tema, agora faltam as de 1969, algumas podem ter interesse histórico, mas não passa disso.
Depois temos muitas mais de NL e SD e outras já enviadas. Não tenho pressa, continuo a fazer os postes e temas e legendagem de acordo com os meus critérios, e depois mando, para serem seleccionadas e as que forem de interesse Editar.

Um AB,
Virgílio



Tabanca Grande Luís Graça disse...

OK, Virgílio, já foram feitas as correções: tu eras chefe do CA, toda a contabilidade e administração do batalhão, o BCAÇ 1933, passava por ti... Aliás, tenho um poste teu para publicar sobre o oficial SAM, a natureza das suas funções, os problemas que enfrentava, etc.

Quanto à máquina de pesar, aasociei-a a cartas...Imagina!.. Porquê junto aos CTT, na rua, e não junto a uma esplanda, onde a malta bebia umas bejecas e comia umas valentes pratadas de outras ?

Diversos camaradas que integram a Tabanca Grande fizeram toda a sua comissão, em Bissau. E não têm complexos... nem de superioirdade nem de inferioridsde... Foi a guerra que lhes coube, eforam tão competentes como os operacionais que andaram no mato...

Por certo que esses camaradas conheceram melhor Bissau do que tu, mas tu em contrapartida, tens a vantagem de ter um vasto álbum fotográfico com muita coisa de Bissau, a par da vontade de o partilhar com todos...

Acredita, muitos dos teus leitores, a comneçar por mim, estão-te gratos por os ajudares a arrumar as memórias de Bissau...Acabas por completar o nosso roteiro de Bissau... Por outro lado, os jovens guineenses nunca reconhecerão essa Bissau de outros tempos...

Insisto: aqui ninguém faz, publicamentem, juízos de valor... De resto, toda malta que vinha do mato, quanto vezes "desenfiada", adorava passar uns dias no "bem bom" de Bissau... Todos precisávamos desse "escaoe" que era Bissau, sobretudo à noite...

Abraço, Luís

Anónimo disse...

Obrigado Luis pelas correcções, mas era importante esclarecer.
Aguardo a publicação desse poste sobre o oficial SAM. Vamos ver se coincide com o meu ponto de vista. Eu já disse e volto a repetir, não desejo este trabalho a ninguém, porque feito em condições de isolamento, e sem pedir um conselho ao lado, porque não tinha mais ninguém, tinha de o resolver de noite, na cama, e passava a noite a fazer mapas de cabeça, para no dia seguinte ver se resultava. A maior parte da tropa que eu conheci, e foi muita, para além dos episódicos serviços de uns reconhecimentos e algumas operações no 'mato, na selva, na bolanha' passava a sua maioria do tempo, sem nada fazer, a não ser dormir ou na jogatina, e a começar do topo da pirâmide, e mais não digo.
Não se trata de complexos, eu sempre disse que preferia outra missão, mas foi esta e orgulho-me de a ter cumprido, tão bem ou melhor do que todos os outros.
Ia muitas vezes a Bissau de serviço, mas o serviço de avião não era só para mim, tinha de esperar a minha vez, e assim se prolongava às vezes por mais uns dias, que aproveitava na boa vida. A minha Máquina Fotográfica era a minha companhia, mas hoje verifico que deixei passar tanta coisa ao lado, pois poderia ter um álbum como ninguém, tanta coisa nunca fotografei, nem sei porquê?
Acho que a cidade, quer a velha quer a nova, tem a sua magia, as noites eram escaldantes, apesar de o sol deixar de nos assar os miolos, vinha a humidade que era terrível, todos o sabem. Daí que o escape era mesmo beber, sempre a beber, e não era a Coca Cola, nunca gostei disso.
Espero que se assim o entendem, as minhas fotos sirvam para alguma coisa, para os nossos camaradas que nem pisaram o solo de Bissau, e para as gerações novos dos jovens guineenses, que não sabem o que aquilo era.
De qualquer modo ainda passei, dos 23 meses e tal, uns 18 meses no interior profundo da Guiné, no Leste em Nova Lamego, no Norte lá no cu de judas na fronteira do Senegal em São Domingos, num isolamento desgastante, e com morteirada também.
Acho que devíamos acabar então os Postes de 1969, pois já são a cores e têm mais beleza, e coincide com as cores fortes daquela terra e dos seus habitantes.
Um Abraço,
Virgílio