terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22874: "Alfero Cabral ca mori": Lista, por ordem numérica e cronológica, das 94 "estórias cabralianas" publicadas (2006-2017) - Parte I: de 1 a 19



Guiné 61/74 > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Pel Caç Nat 63 (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71) > Um intelectual das Avenidas Novas de Lisboa no meio dos Mamadu > Jorge Cabral, ex-alferes miliciano de artilharia, comandante desta unidade ao tempo do BCAÇ 2852 e do BART 2917.


Guiné > Região de Bafatá  > Sector L1 > Bambadinca > Fá Mandinga > 1969 ou 1970 > "O 1º Cabo Monteiro, já falecido. Às costas, um pequenino Alfero Cabral " (JC)... 

A par da tragédia, a guerra da Guiné foi também um peça do Teatro do Absurdo... Jorge Cabral teve o grande talento e o especial mérito de nos mostrar, com um toque de genial humor, esse outro lado da guerra, que era o nosso quotidiano de gente com um grão de saudável loucura que nos ajudou a sobreviver ao "non-sense", o não-sentido de tudo aquilo que ali fomos obrigados a representar ou viver...

Fotos (e legendas): © Jorge Cabral (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Os restos mortais do Jorge Cabral (Lisboa, 1944 - Cascais, 2021) ficam doravante no cemitério do Lumiar. Mas o "alfero Cabral ca mori", o "Alfero Cabral" não morreu... Ficará connosco, na Tabanca Grande,  e as suas "estórias cabralianas"  estarão aqui, ao alcance de um clique, sempre que as quisermos (re)ler...

Temos 94 "estórias cabralianas" publicadas, numeradas de 1 a 94. A primeira foi publicada em 6/1/2006 e última em 16/1/2017. Só parte destas "estórias" foram publicadas em livro, em vida do autor (*).  Por outro lado, lançado em plena pandemia o livro não chegou a muitos dos seus leitores e admiradores.
 
Perdõem-me a imodéstia, mas fui eu quem descobriu, acarinhou, alimentou ... esse filão de humor do mais fino quilate que são as "Estórias Cabralianas"... O título, se não erro, também foi sugestão minha, que o "alfero" logo agarrou.

Mês a mês, desde os princípios de 2006, com maior ou menor regularidade, como quem paga uma dívida a um amigo, o Jorge lá me foi mandando o seu material ... Sempre lacónica nos seus emails, dizia-me: Sai estória, aqui vai estória, para desanuviar, para desopilar... 

Uma estória aqui, outra estória acolá (sem h, como fazia questão de sublinhar, que era para ninguém as confundir com a "realidade" e levar a sério o estoriador)... E, nesse ritmo de produção artesanal a que ele nos habituou, lá a chegou  às 64 ao fim de cinco  anos...(A nº 64 foi publicada em 9/11/2010)... A uma média, portanto, de doze por ano, 1 por mês...

2006 - 16 | 2007 - 15 | 2008 - 12 | 2009 - 14 | 2010 -    7  || Subtotal= 64.

Depois,  a produção tornou-se mais espaçada, a partir de 2011 (, cicno por ano, em média):

2011 -  5 |   2012 -  6 |  2013 -  8 | 2014 - 2 | 2015 - 5 | 2016 - 2 | 2017 - 2 || Subtotal = 30.
 

Eram short stories (ou micro-contos) que lhe vinham à cabeça e que ele passava a papel e depois a computador, entre duas aulas na Universidade ou duas audiências em tribunal. Um género literário que ele cultivava como ninguém... 

Enfim, eram sempre um belíssimo pretexto para falar da sua querida Guiné e das suas gentes com quem ele, de resto, continuava a privar de perto, na Universidade Lusófona: agora filhos de ministros, de combatentes da liberdade da Pátria, ou descendentes das mais puras estirpes das aristocracias fulas, mandingas ou manjacas...

E da Guiné ele só falava com (com)paixão e ternura, através dessa criação única, e que já entrou na galeria dos imortais da blogosfera, que é o nosso "Alfero Cabral", o seu "alter-ego", romântico, apaixonado, arrebatado, esotérico, excessivo, quixotesco, rocambolesco, pícaro, delicado, temerário, extravagante, poético, sensível, absurdo... Só não é brigão nem fanfarrão, mas tem uma vaga costela do pipi das Avenidas Novas e do Vavá, misturada com a máscara do furtivo irã do pensamento mágico que poisava nos poilões das tabancas balantas (Bissaque, Mero, Santa Helena, Nhabijões...).

Desconcertante, sempre, o nosso "Alfero"!... Recordo-me de, há uns anos atrás, ele ter-me perguntado, com o ar mais sério deste mundo,  se não queria comprar, a meias com ele, a Tabanca de Finete:
- Estás a ver, a bolanha, o Rio Geba, a rede preguiceira, uma bajuda para te enxotar as moscas!... O que é que um homem quer mais quando chega a SEXA ?!

Noutra ocasião, confidenciou-me que tinha de voltar a Fá... Porquê ?
- Deixei lá uns escritos importantes, escondidos num buraco tapado por um tijolo, no alto do depósito de água, que ainda lá continua de pedra e cal!...

Nunca o ouviu queixar-se da triste sina, à boa maneira dos tugas, nem esconjurar Deus, Alá ou os irãs, sempre sabendo pelo contrário tirar o melhor prazer e sábios ensinamentos de cada momento: 

"(...) Aqui estou novamente a falar dos meus tempos da Guiné. Tempos que não foram nem os melhores, nem os piores da minha existência. Foram sim, diferentes. Como se naquele período, eu tivesse vivido numa galáxia distante, onde fui outro Jorge, se calhar mais real, se calhar mais autêntico… Claro que essa experiência me marcou e muitas vezes aquele Alfero regre ssa e faz das suas… como aliás o prova a história de hoje. (...)

Por outro lado, sempre discreto mas atento, paisano de corpo e alma, filho degenerado, desconjuntado na farda de "Alfero do Mato" que lhe enfiaram pela cabeça abaixo:

(...) "Caros Amigos, hesitei muito em mandar mais uma estória. Ainda por cima sobre esquentamentos... Mas que raio de ex-combatente sou eu, que não falo da guerra? Pergunto-me, às vezes, se lá estive? Parece que sim. Um ano em Fá, outro em Missirá (acreditem, o mesmo do Beja Santos...), doze dias em Bambadinca, e dezoito na Ponte do Rio Undunduma. Conheci muito pouco e sempre de passagem. Enxalé, Xime, Mansambo e Xitole, de partida para operações. De Bafatá, o Teófilo e as Libanesas, mais umas damas simpáticas que trabalhavam na horizontal... à entrada da cidade. Não transitei por Bolama. Nem tive IAO. De rendição individual passei em quinze dias dos cafés da Av de Roma para a Ponte do Rio Undunduma...

"Confesso que nunca percebi muito da guerra... Fui apenas um simples Alferes de Mato, que comandou Destacamentos e alinhou em todas as operações para as quais o Pel Caç Nat 63 foi escalado. Mas se não percebi então, hoje ainda percebo menos... Estou porém agora a tentar aprender no Blogue!" (...)

Logo a seguir ao seu 77º aniversário (, em 6/11/2021), falando ao telemóvel e sentindo-se um pouco mais animado (depois do "grande ronco" que foi a ida à porta da sua casa, no Monte Estoril, de um numerosa representação das suas antigas alunas, as suas queridas "almas"), ele ainda me prometeu uma derradeira "estória", a propósito de um contacto de alguém da Guiné-Bissau... Já não teve, infelizmente forças para a escrever e ma mandar...
 
Está na altura de as ler, quem as não conhece. Ou de as reler, quem as já leu no devido tempo mas mas precisa de refrescar a memória... Curiosamente, só a partir de 2008 é que os nossos leitores começaram a deixar comentários nos postes desta série...  Por exemplo, a "estória nº 29" (poste P2334, de 16/12/2007) (**), uma das mais conhecidas e populares (, tendo batido o recorde,  com um total até agora de 1738 vizualizações), não tem um único comentário...

Vamos reparar essa injustiça. É a melhor forma de homenagearmos o seu autor e nosso já saudoso camarada Jorge Cabral.


2. 
Lista das estórias cabralianas, por ordem numérica e cronológica - Parte I: De 1 a 19:


20 de Abril de 2007 > Guiné 63/7 4- P1682: Estórias cabralianas (1): A mulher do Major e o castigo do Alferes (Jorge Cabral)

(...) Quando de Missirá me deslocava a Bambadinca, seguia sempre a mesma rotina. Primeiro visitava o Bar do Soldado, até porque aí tinha que liquidar as despesas alcoólicas efectuadas pelo meu Soldado Ocamari Nanque, que se encontrava preso. (...)

23 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1688: Estórias cabralianas (2): O rally turra (Jorge Cabral)

(...) Numa tarde de tédio convenci o motorista da viatura existente em Missirá, um humilde Unimog, a dar um passeio. Pretendia visitar o Enxalé, seguindo pela estrada de Mato Cão, pela qual não passava qualquer veículo há muito tempo. (...)


23 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1689: Estórias cabralianas (3): O básico apaixonado (Jorge Cabral)

(...) O Pel Caç Nat 63 esteve quase sempre em Destacamentos. Comigo em Fá e Missirá. Antes no Saltinho, e depois no Mato Cão. Para os Destacamentos eram mandados os especialistas que a CCS [do Batalhão sediado em Bambadinca] não queria. Assim, tive maqueiros que não podiam ver sangue, motoristas epilépticos e até um apontador de morteiros cego de um olho. Tudo boa rapaziada, aliás! (...)

18 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - P437: Estórias cabralianas (4): o Jagudi de Barcelos.

(...) Dos quatro Comandantes de Bambadinca que conheci, apenas o Polidoro Monteiro me mereceu consideração. Dos outros nem vou dizer o nome, e de dois a imagem que guardo é patética . Assim, no rescaldo do ataque ao Batalhão, lembro o primeiro, à noite, de G-3 em bandoleira, pedir-nos:- Se houver ataque, acordem-me (...).

23 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - P454: Estórias cabralianas (5): Numa mão a espingarda, na outra...

(...) Penso que, já em 1971, apareceu no Batalhão [de Bambadinca], um Alferes de secretariado, corrido de Bissau, por via de uns dinheiros. Chegou acompanhado de uma dama, sobre a qual corriam os mais variados boatos. Dizia-se, calculem, que ela tinha sido uma prenda de aniversário ao Alferes, enviada pelo pai, milionário do Porto. (...)

13 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - P605: Estórias cabralianas (6): SEXA o CACO em Missirá

(...) Poucos dias faltavam para o Natal, e a tarde estava quente. Todo nu no meu abrigo, fazia a sesta, quando sou despertado por enorme algazarra misturada com os ruídos do helicóptero.-Alfero, Alfero, é Spínola! - gritam os meus soldados (...).

17 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - P620: Estórias cabralianas (7): Alfero poi catota noba

(...) Finda a comissão, calculem (!), fui louvado. O Despacho do Exmo. Comandante do CAOP Dois referia, entre outros elogios, a minha “habilidade para lidar com a tropa africana e populações”, a qual me havia “granjeado grande prestígio”. Esquecido, porém, foi o essencial – evitei a dezenas de Bajudas o repúdio matrimonial e a consequente devolução do preço. Essa tão meritória actividade, sim, teria merecido, não um simples louvor, mas uma medalha (...).

13 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - P690: Estórias cabralianas (8): Fá Mandinga no Conde Redondo ou o meu Amigo Travesti

(...) Na década de 80, dava aulas nocturnas numa Escola na Duque de Loulé e costumava descer a Avenida para tomar o Metro. Eis que uma noite, me vejo perseguido por um Travesti que me grita:- Meu Alferes! Meu Alferes! Alferes Cabral!... Tomado de terror homofóbico parei, negando conhecer a criatura, de longas pernas e fartíssimos seios. (...)

20 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - P707: Estórias cabralianas (9): Má chegada, pior partida

(...) Com destino à Guerra, viajei no Alfredo da Silva, quase um cacilheiro, durante doze dias. Em primeira classe, sete oficiais e uma dona puta em pré-reforma habitavam um ambiente de opereta, jantando de gravata, com a estafada dama na mesa do comando. Depois havia a valsa… Cheirava a mofo, a decadência, ao fim do Império (...).

3 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P836: Estórias cabralianas (10): O soldado Nanque, meu assessor feiticeiro

(...) Desde que cheguei, e durante o primeiro ano, o Pel Caç Nat 63, foi pluriétnico. Mandingas, Fulas, Balantas, Manjacos, Bigajós, estavam representados. Pluriétnico e plurirreligioso, com um Manjaco, Pastor Evangélico, um Marabú Mandinga Senegalês, vários adoradores de muitos Irãs, e até alguns crentes na Senhora de Fátima, vivendo todos em Paz ecuménica, sob a batuta do Alferes agnóstico com tendências panteístas, que pensava que nada o podia surpreender (...).


4 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P936: Estórias cabralianas (11): a atribulada iniciação sexual do Soldado Casto

(...) À noite, após o jantar, nós os nove brancos do Destacamento, continuávamos à mesa, conversando. Falávamos de tudo, mas principalmente de sexo, mascarando a nossa inexperiência, com o relato de extraordinárias aventuras que assegurávamos ter vivido. O nosso motorista havia até desenhado num caderno as várias posições, indagando de cada um:- E esta, já experimentaram? (...)

20 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P974: Estórias cabralianas (12): A lavadeira, o sobretudo e uma carta de amor

(...) No dia seguinte a ter ocupado Fá Mandinga, apresentaram-se no quartel as lavadeiras, cinco ou seis bajudas, todas alegres e simpáticas. Uma, Modji Daaba, chamou-me logo a atenção pelo seu porte e beleza. Bonita de cara e perfeita de corpo, possuía um ar nobre e altivo que me cativou. Imediatamente a contratei como minha lavadeira exclusiva, tendo acordado uma remuneração superior na esperança de algumas tarefas suplementares… (Periquito, ainda não sabia, que com as bajudas mandingas era praticamente impossível ir além de algumas carícias peitorais…). (...)


28 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1128: Estórias cabralianas (13): A Micá ou o stresse aviário (Jorge Cabral)

(...) Terminada a especialidade de Atirador de Artilharia, permaneci como aspirante, em Vendas Novas, na respectiva Escola Prática. Aí me atribuíram variadas funções, Justiça, Acção Psicológica e Cultural, Revista Literária, etc, etc, pelo que quase nunca fiz nada. Quando me procuravam num lado, estava sempre no outro…Na Justiça, creio que apenas dei andamento a um processo, enviando uma deprecada para Angola, a perguntar se o Furriel Patacas possuía três mãos. (...).



24 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1313: Estórias cabralianas (14): Missirá: o apanhado do alferes que deitou fogo ao quartel (Jorge Cabral)

(...) Julgo que aconteceu em Março [de 1971]. O dia decorrera em Alegria. Chegara a Missirá uma arca frigorífica a petróleo, oferta do Movimento Nacional Feminino, e cedo começaram as libações.Seriam três ou quatro da manhã, sou abruptamente despertado. Tiros (?). Rebentamentos (?). Fogo! Saio do abrigo nu, e deparo com meio quartel a arder.Ataque nunca podia ser! O Tigre [Beja Santos] já estava na Metrópole, Missirá era agora um oásis de paz, vigorando um tácito pacto de não-agressão (...).

14 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1344: Estórias cabralianas (15): Hortelão e talhante: a frustração do Amaral (Jorge Cabral)

(...) Chamavam-lhe, os africanos, o furriel Barril, não sei se pela sua compleição física, se por via da fama e do proveito que ganhara como bebedor quotidiano e calmo. Estou a vê-lo ao serão, bebendo à colher, com paciência e estilo, enquanto o alferes declamava, e o maqueiro Alpiarça escrevia a uma das dezenas das madrinhas de guerra. (...)


14 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1369: Estórias cabralianas (16): As bagas afrodisíacas do Sambaro e o estoicismo do Sousa

(...) Aos Domingos vestíamo-nos à paisana e dávamos longos passeios à volta da parada, imaginando praças, avenidas, ruas, adros de igreja e até estações de comboio. Depois entrávamos na Cantina e invariavelmente pedíamos 'Um fino e tremoços' (...).


10 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1419: Estórias cabralianas (17): Tirem-me daqui, quero andar de comboio (Jorge Cabral)

(...) Creio que foi em Fevereiro de 1971, que em Missirá, recebi a ordem de Bissau – um dos furriéis passava a ser Professor, com dispensa de toda e qualquer actividade operacional. Ponderada a situação, optei pelo Amaral , cujo porte rechonchudo e as maçãs do rosto vermelhuscas, lhe davam um ar prazenteiro e bonacheirão, nada condizente com as funções de comandante de secção combatente (...).


26 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1463: Estórias cabralianas (18): O Dia de São Mamadu (Jorge Cabral)

(...) Entre os dez militares metropolitanos do Destacamento de Missirá, apenas o Alferes era do Sul e de Lisboa – um rapaz de Alvalade, passeante da Praça de Londres e frequentador do Vává. Todos os outros, furriéis, cabos, e adidos especialistas, vinham do Norte ou das Beiras. (...).


18 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1534: Estórias cabralianas (19): O Zé Maria, o Filho, Madina/Belel e um tal Alferes Fanfarrão (Jorge Cabral)

(...) Bambadinca era então para o Alferes, feito nharro de Tabanca, a Cidade. Para lá ir, fazia a barba, aprumava o seu único camuflado apresentável, munia-se de alguns pesos e, acima de tudo, preparava o relim verbal sobre ficcionadas aventuras operacionais, que iriam impressionar o Comandante. Antes de entrar no Quartel, habituara-se a abancar no Gambrinus local, o tasco do Zé Maria, bebendo, petiscando e conversando. Um dia encontrou o Senhor Zé Maria, muito preocupado. O filho adolescente que estudava em Lisboa, ia chumbar. (...)

(Continua)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22873: O nosso blogue em números (73): no "annus horribilis" de 2021, o número de visualizações de páginas foi de cerca de 900 mil, tendo atingido um total de 13,3 milhões



1. O nosso blogue atingiu, no final do ano de 2021 (*), os c. de 13,3 milhões de visualizações de páginas (grosso modo, de "visitas", o que não é exatamente igual a "visitantes"...), segundo as estatísticas do nosso servidor, o Blogger: 

(i) 1,8 milhões desde o início do blogue, em 23/4/2004 até maio de 2006;

e (ii) c. 11,5   milhões, desde então até 31/12/2021 (Gráfico 2).

 De 2011 a 2021, temos um média anual de cerca de um milhão de visualizações.

Importa recordar que, no início do blogue, no período de abril de 2004 a maio de 2010, tínhamos um outro contador; o saldo acumulado de visualizações de páginas não transitou automaticamente, a partir de maio de 2010. Quando o Blogger disponibilizou um contador, começou a contagem no zero....

 Tal como no  "annus horribilis" de 2020, com mais pessoal em casa, devido ao confinamento, tivemos em 2021 cerca de 900 mil visualizações, o que dá uma média de 2466 visualizações de página por dia, cerca de 103 por hora, 1,7 por minuto,,, Melhor do que em 2020 (*)




Gráfico nº 3 - Evolução das visualizações de página ao longo do ano de 2021
Fonte: Blogger (2022)


2. Achamos que não vale a pena desagregar este número pelos meses do ano. Mas sabemos que o movimento é variável conforme os meses, as semanas, os dias e as... horas (Gráfico nº 3):  por exemplo, houve vários picos, em 2021, com valores acima das 5 mil  visualizações diárias em janeiro (dia 8), fevereiro (dia 2), maio (dia 8), junho (dia 29) e outubro (dias 17 e 20).

Sabemos, pela experiência passada, que os dias com menor movimento tendiam a ser ao fim de semana (sábado e domingo) e aos feriados,,,

No ano de 2021, foi o dia 7 de agosto  o que registou menos visitas (em rigor, visualizações) (n=1058); e o maior foi o de 20 de outubro com 28 213 visualizações...

E os dias com mais movimento, nos anos anteriores, eram os do início da semana (segunda e terça-feira). Também sabíamos que, em geral, depois do almoço e depois do jantar havia mais movimento, mas isso já tendia a mudar com a generalização das Redes Sem Fio e da Internet móvel. E agpora com o Teletrabalho... Não temos informação, desagregada, para confirmar, hoje, esse comportamento dos nossos visitantes. (**)

(Continua)

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Notas do editor:

(*) 5 de janeiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21735: O nosso blogue em números (67): no "annus horribilis" de 2020, o número de visualizações de páginas foi de cerca de 800 mil, tendo atingido um total de 12,4 milhões

Guiné 61/74 - P22872: Notas de leitura (1405): "Descobrimento Primeiro da Guiné", por Diogo Gomes; Edições Colibri, Junho de 2002 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Novembro de 2018:

Queridos amigos,
A todos os títulos, a quem se interessa por este período da alvorada dos Descobrimentos Portugueses e do início da presença portuguesa na Guiné, é de recomendar esta obra que tem dois peritos com nome feito, Aires Nascimento e Henrique Pinto Rema, este sobejamente conhecido no blogue, pois fez-se largas referências ao seu incontornável livro sobre a História das missões católicas na Guiné. Diogo Gomes de Sintra, parece dado assente, narrou a Martim Behaim este espantoso relato, em tantos pontos coincidente com a descrição do projeto henriquino feito por Zurara. É uma narrativa com cunho muito próprio, fala-se das Canárias, Madeira e Açores, da Gâmbia, de Cantor, de Tombucutu e do Rio Geba. E parece também historicamente seguro que depois do massacre de Nuno Tristão e companheiros, o Infante D. Henrique e mais tarde o Infante D. Fernando e depois D. Afonso V curaram de usar uma política de diálogo e cooperação com as populações africanas. Com resultados assinaláveis, como se sabe, passou a prosperar o tráfico negreiro.

Um abraço do
Mário



Descobrimento Primeiro da Guiné, por Diogo Gomes de Sintra

Beja Santos

Diogo Gomes de Sintra faz obrigatoriamente parte da relação da literatura de viagens em torno da costa da Guiné, da Senegâmbia, entre outras paragens, já que na sua narrativa refere as ilhas da Madeira, dos Açores e das Canárias e mesmo o descobrimento do arquipélago de Cabo Verde. A edição crítica de Aires A. Nascimento e a introdução histórica de Henrique Pinto Rema enriquecem esta publicação a cargo da Edições Colibri, junho de 2002. Atenda-se ao que se escreve na contracapa: “Diogo Gomes de Sintra, almoxarife desta vila, é um dos homens da casa do Infante D. Henrique, por ele enviado em expedições de descobrimento. É o único navegador desse círculo a legar-nos apontamentos de memórias das navegações. A razão das suas notas envolve relações com Martin Behaim (da Boémia). Não tem sido pacífica a atribuição da autoria do texto que Diogo Gomes escreveu para o alemão e que nos ficou em testemunho do célebre Manuscrito Valentim Fernandes. (…) A nova edição, atendo-se aos critérios filológicos mais estritos, recupera na sua espontaneidade de testemunho escrito em latim para um estrangeiro, revelando particularidades menos atendidas anteriormente. Paralelo à Crónica da Guiné de Zurara, o texto de Diogo Gomes preserva o testemunho e as reações de um homem que tomou parte na aventura dos mares ocidentais”.

Oiçamos Pinto Rema:
“Estamos perante um dos primeiros textos dos Descobrimentos Portugueses. Mais tardio que a Crónica da Guiné de Zurara, e certamente sem a dimensão dela, constitui uma fonte histórica ímpar, pois nele a experiência conta mais do que o purismo da língua latina ou do que a retórica de gabinete. Enunciado o seu relato em primeira pessoa, Diogo Gomes de Sintra entrega-se na espontaneidade de quem não precisa de elaborar construções discursivas para deixar entender como vibra com a sua própria experiência”. Mais adiante, e sempre a propósito da autoria do texto, já que se cruzam os nomes de Diogo Gomes com Martim Behaim e Valentim Fernandes, observa ainda Pinto Rema: “Aduzem alguns autores que apenas Martim Behaim, e não Diogo Gomes, teria formação para escrever um texto em latim. Não parece que ao germânico se possam atribuir qualidades que faltassem ao sintrense”. Pinto Rema não tem quaisquer dúvidas de que a autoria da obra é de Diogo Gomes de Sintra, abonando a seu favor a expressão em primeira pessoa, os lusismos, impossíveis para autores estrangeiros, e a maneira como o autor se refere em eventos em que participou, para já não falar nas ligações ao Infante D. Henrique e a interpretação que faz das razões que levaram o Infante aos Descobrimentos. Ele foi testemunha ocular, reteve pormenores de iniludível valor: as trocas entre negros e portugueses na feitoria de Arguim; ouro proveniente de Tombucutu por troca; no Rio Grande ele próprio comprou seda, algodão, dentes de elefante e malagueta; no rio Gâmbia andou à procura de ouro em troca de tecidos e atingiu Cantor, que lhe deu informações sobre as caravanas de ouro. Exprime com clareza as razões que presidiam à ação do Infante, as comerciais, a procura de estabelecer relações com o Preste João, o estabelecimento de feitorias e a possibilidade de evangelização, ou seja, corrobora o que escreveu Zurara.

Passando ao conteúdo: ele principia pela conquista de Ceuta em 1415; refere as explorações marítimas de reconhecimento além do Cabo Bojador, e assim se chega à região da Costa da Guiné. Vale a pena dar de novo a palavra ao Padre Henrique Pinto Rema:
“Ao atual território da República da Guiné-Bissau, segundo a opinião geralmente aceite até há cinquenta anos, chega, em 1446, o navegador Nuno Tristão, que por segunda vez é mandado à Costa da Guiné. Os Sereres e os Barbacins receberam os cristãos com setas envenenadas, mataram-nos a todos e fizeram a caravela em pedaços. Anos depois, segundo recorda o autor, o rei Nomimans, isto é, o mansa (rei) de Nomi, presenteou Diogo Gomes com uma âncora da caravela destruída. O navegador gaba-se de ter sido o primeiro cristão que firmou com aqueles africanos um tratado de paz.
Segunda outra opinião, só em 1456 terá sido atingido o território da atual Guiné-Bissau. Nomeiam-se os mareantes italianos (ao serviço do Infante D. Henrique) Luís de Cadamosto, Antonioto Usodimare e escudeiros do Príncipe, em três caravelas, e Diogo Gomes, João Gonçalves Ribeiro e Nuno Fernandes da Baía, em outras três caravelas. Cumpriam ordens do Infante de avançar o máximo para o Sul. Diogo Gomes menciona o rio de S. Domingos, hoje com o nome de rio Cacheu, e o rio Fancaso ou Rio Grande, hoje com o nome de Rio Geba.
O relato de Diogo Gomes testemunha as tentativas de encontro pacífico dos portugueses com outras raças e religiões”
.

O padre Rema lembra ainda que esta obra se insere numa série de textos que se completam e explicam mutuamente: a Crónica dos Feitos da Guiné, de Zurara, Viagens de Luís de Cadamosto e de Pedro de Sintra, o Esmeraldo de Situ Orbis, de Duarte Pacheco Pereira, o Itinerarium, de Jerónimo Munzer e a miscelânea do Códice Valentim Fernandes.

O texto de Diogo Gomes de Sintra é do estilo narrativa, abre com o plano henriquino e as viagens do seu tempo; usa um estilo muito pessoal, diz Ptolomeu se enganou acerca da divisão do mundo, os navegadores descobriram que era tudo diferente, havia terra habitada por negros e “então grande multidão de gente que custa a acreditar; a parte meridional está coberta de árvores e de frutos, ainda que os frutos sejam de natureza fora do comum e as árvores sejam de tal grossura e tão altas que não dá para crer. Sem mentir digo que vi uma grande parte do mundo, mas nunca vi coisa semelhante a esta”; refere as viagens de Nuno Tristão, como se navegou diretamente até Cabo Verde (ponto continental de África), até à região dos Sereres, onde foram trucidados; descreve a viagem em que chegaram à Guiné, passaram o rio de S. Domingos e o rio Grande, aqui se parou, “E não passámos além por causa das correntes de mar. E quando veio a maré vazante aconteceu-nos o mesmo que antes e assim tivemos que regressar aonde tínhamos saído. Tomámos terra num lugar perto da praia. Fomos ali e descobrimos uma terra espaçosa cheia de feno. Naquele campo, vimos mais de cinco mil miongas (espécie de antílopes) como se diz na língua dos negros, são animais um pouco maiores que veados. Ali vimos saírem de um pequeno rio, coberto de árvores, cinco elefantes. Descobrimos na praia do mar muitas tocas de crocodilos. E regressámos às naus”; seguem-se outros relatos, que envolvem a Gâmbia, Cantor, Tombucutu, Arguim; fala do eterno Infante D. Henrique e das expedições armadas ao tempo de D. Afonso V, com idas às Canárias, Açores e Madeira. Um relato deslumbrante, mais um documento precioso para estudar a alvorada da presença portuguesa na Costa da Guiné.

Costa da África e da Guiné até à ilha de São Tomé (Fernão Vaz Dourado, 1571) (ANTT, Lisboa).
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Nota do editor

Último poste da série de 31 DE DEZEMBRO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22861: Notas de leitura (1404): Joaquim Costa, "Memórias de guerra de um Tigre Azul: O Furriel Pequenina. Guiné: 1972/74", Rio Tinto, Gondomar, Lugar da Palavra Editora, 2021, 180 pp. - Parte I: "E tudo isto, a guerra, para quê ? Não sei"...

Guiné 61/74 - P22871: Parabéns a você (2021): António Ramalho, ex-Fur Mil Cav da CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 31 de Dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22857: Parabéns a você (2020): Adelaide Barata Carrêlo, Amiga Grã-Tabanqueira

domingo, 2 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22870: O nosso blogue em números (72): afinal, nem tudo correu mal... Em mais um "annus horribilis", o de 2021, publicámos 1140 postes, o que está dentro da média dos últimos cinco anos...


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)



1.  Bom ano de 2022, caros/as leitores/as!... Livre da maldito SARS-CoV2 e suas variantes...

E nós começamos por vos "massacrar" com o nosso "relatório & contas"... Não é nenhum imperativo legal, como no caso das empresas, mas gostamos de ter "memória", e estes dados estatísticos, para além da prestação de contas (aos membros da Tabanca Grande, a quem nos lê, a quem nos comenta, a quem nos escreve, a quem nos divulga, a quem nos segue, a quem nos acarinha...), também servem para memória futura. (*)  

Em boa verdade, à força de ouvir, ver e ler quase há dois anos (desde março de 2020), a estatística da pandemia de Covid-19, os nossos leitores ficaram, compreensivelmente, com alergia ou intolerância aos números...

Mas é já uma tradição, esta, a da prestação de contas do nosso blogue, logo no princípio do ano seguinte, com a publicação de estatísticas do nosso movimento bloguístico durante o ano anterior (**).

E começando pelo Gráfico nº 1, vê-se que "ainda estamos vivos", depois de quase 18 anos a "blogar"... Enfim, apesar dos problemas de saúde de alguns de nós, e do desaparecimento de outros, apesar das restrições impostas pela pandemia (, mais um ano em que as nossas tabancas não puderam abrir postas...), podemos no mínimo dizer  que "nem tudo correu mal", face às perspetivas pessimistas que se adivinhavam... Ou seja: segurámos o barco...

Recorde-se que o nosso blogue nasceu timidamente, e por acaso, em 23/4/2004... E nesse ano só se publicaram... quatro (!) postes. Ninguém, seguramente, previa a sua longevidade: 18 anos na Net é uma "eternidade... 


2. O número de postes publicados, durante o ano de 2021, mais outro  "annus horribilis" que se seguiu ao anterior, foi de 1140, ligeiramente inferior ao de  2019 (n=1157) e de 2018 (n=1187), mas ainda assim um bocado abaixo do ano passado (n=1202), e muito mais abaixo dos números dos melhores anos (2009-2014).

O número de postes dos últimos cinco anos (2017-2021) situa-se agora nos 1194, abaixo portanto dos 1200. 

O nosso record, inultrapassável, foi o ano de 2010, em que atingimos um valor máximo de 1955 postes publicados (!).

A média anual dos melhores seis anos (2009-2014) foi de 1735 postes, também impossível de alcançar nesta fase da vida, descendente, do nosso blogue... Já não temos a mesma genica, a mesma saúde, a mesma motivação... E muitos de nós já esgostaram as "memórias" do seu baú... Enfim, o blogue já não pode ter a mesma frescura, o mesmo encanto dos melhores anos (. grosso modo, até 2014).

Valha-nos, aos menos, os "periquitos" que têm entrado (e os novos que irão entrar em 2022)... Esperemos que possam compensar as "pesadas baixas" que temos tido nos últimos anos e, em particular, nestes dois últimos... 

A nossa gratidão a quem, em 2021, alimentou o nosso blogue, mandando-nos material para publicar!... Seria impossível listar todos os "autores" dos 1140 postes publicados. Bem hajam! (LG)
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Notas do editor:

Guiné 61/74 - P22869: Tabanca dos Emiratos (7): Expo' 2020 Dubai UAE - Parte II (B): A Presença dos Países da CPLP: Angola, Moçambique e Timor-Leste (Jorge Araújo)

 


“APONTAMENTOS” DA «EXPO 2020»

(DUBAI - 01Out2021 / 31Mar2022) 


PARTE II (B)

A PRESENÇA DE PAÍSES DA CPLP 

(Guiné-Bissau / Cabo Verde / São Tomé e Príncipe / Angola / Moçambique / Timor-Leste)



Jorge Araújo, ex-fur mil op esp / ranger, CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/1974); nosso coeditor, a viver neste momenyo em Abu Dhabi, Emiratos Árabes Unidos.


3. – FOTOGALERIA DESTE “APONTAMENTO” (*)

(Continuação)



Foto 11 – «Expo’2021». Edifício do Pavilhão de Angola.


Foto 12 – Pavilhão de Angola. Espaço com diversos objectos de artesanato.


Foto 13 – Pavilhão de Angola. Espaço de animação musical.

Foto 14 – Pavilhão de Angola. Espectáculo musical com Gelson Castro.


Foto 15 – «Expo’2021». Pavilhão de Moçambique. Entrada principal do pavilhão.


Foto 16 – Pavilhão de Moçambique. Parede com vários quadros de proeminentes figuras nascidas em moçambique: o de Eusébio da Silva Ferreira “Rei Eusébio” (1942-2014) e o de José João Craveirinha (1922-2003), Prémio Camões de 1991


Foto 17 – Pavilhão de Moçambique.


Foto 18 – «Expo’2021». Pavilhão de Timor-Leste. Entrada principal do pavilhão.


Foto 19 – Pavilhão de Timor-Leste. Imagem de promoção turística 
com estátua do Cristo Rei, em Dili.


Foto 20 – Pavilhão de Timor-Leste. Manequim masculino com vestes tradicionais.



Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

Continua…



Termino esperando que este segundo apontamento de “reportagem” da «EXPO’2020» (*) tenha sido do vosso agrado.

Votos de um óptimo ANO de 2022, com muita saúde.

Com um forte abraço de amizade.

Jorge Araújo.

01Jan2022

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Nota do editor:

(*)  Vd.postes anteriores da série:

10 de novembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22706: Tabanca dos Emiratos (5): Expo' 2020 Dubai UAE - Parte I: Uma das melhores exposições de sempre, sob o triplo lema da Sustentabilidade, MObilidade e Oportunidade (Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P22868: Homenagem da Tabanca Grande ao Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmd, Pel Caç Nat 63 (Bambadinca, Fá e Missirá, mai 1969 / ago 1971) - Parte IV: Um homem bom que se escondia atrás do seu cachimbo (J. Teixeira, Carlos Silva, Ernestino Caniço, Alberto Branquinho, Eduardo Estrela, Patrício Ribeiro, J.C. Abreu dos Santos, António Carvalho, Juvenal Amado, Hélder Sousa, Jorge Picado, Henrique Matos, Arsénio Puim)

 






Guiné > Região de Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > 1969 > Jorge Cabral, ao centro, de pé, com alguns elementos do seu pelotão, um cão e uma cabra (ou  bode ?)...

Foto (e legenda): © Jorge Cabral (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


Jorge Cabral (1944- 2021) - Livro de Condolências (*)

(Continuação)


(xxvi) José Teixeira

Conheci o Jorge Cabral pelas suas "estórias cabralianas" que ao longo do tempo foi escrevendo no nosso Blogue. Estórias que faziam rir ás bandeiras despregadas ao mesmo tempo que me punham ma pensar. Espelhavam o estado de espirito de alguém que vivia livre como um passarinho, mas atento às realidades e sobretudo uma pessoa aberta, atenta e disponível. Não havia barreiras que não ultrapassasse, mas era uma porta aberta. Que o digam os seus alunos e alunas.

Tive a grata oportunidade de o encontra no lançamento do Livro "Pai Tiveste medo" , da Catarina Gomes,  e pudemos conversar um pouco. Adorei aqueles breves momentos porque pude confirmar a imagem que tinha dele.

A humanidade perde um grande valor. Um Homem bom que se escondia atrás do seu cachimbo. Ao filho e demais família os mais profundos sentimentos de pesar.

José teixeira
29 de dezembro de 2021 às 15:14 

(xxvii) Carlos Silva

Jorge

Foi com muita tristeza que tive conhecimento da tua partida, mas desta vez não foi do Cais da Rocha de Conde de Óbidos.

Fica-me a saudade e as recordações dos nossos encontros, bem como, das tuas "Histórias Cabralianas" que muito me fizeram rir até chorar.

Descansa em paz amigo e camarada 

As minhas condolências à família enlutada neste momento de dor.

Carlos Silva


(xxviii) Ernestino Caniço

Conheci o Jorge Cabral nos Encontros Nacionais onde tivemos algumas trocas de impressões. A sua afabilidade evidenciou-se. Estão descritas a suas qualidades por quem melhor o conheceu. Telefonei-lhe há cerca de três semanas. A forma como falou foi indiciadora da sua "desistência". A lista de sobreviventes está cada vez mais reduzida.

Que descanse em paz.
As minhas condolências à família.

Ernestino Caniço

(xxix) Alberto Branquinho

Luís: O meu irmão era furriel do pelotão do Jorge Cabral. Se era o Pel Nat Caç 63 não sei. Chamavam-se por "irmão", apesar de terem irmãos.

Conheci o pai e a mãe muito superficialmente quando ele ainda morava com os pais. Conheci a mulher (de quem estava separado ou divorciado) e o filho (que não vejo há muito) há mais de trinta anos.

Creio que o meu irmão terá o contacto do filho, mas não quero falar-lhe disso agora, porque ontem, quando me deu a notícia, estava muito comovido. E virá, para todos, o tempo oportuno.

Ou manuscrito ou, talvez, dactilografado deverá haver um 2º. volume das "Estórias Cabralianas". A tempo verei através do meu irmão, se o filho o encontra, até porque os direitos de autor lhe pertencem. É que o Jorge mudou de casa depois da saída do 1º. volume.

Cumprimentos
Alberto Branquinho

(xxx) Eduardo Estrela

Partiu o homem,  fica a memória e a saudade nos nossos corações. " Conheciamo-nos" há pouco tempo pois só me apresentei ao " Alfero " no dia do seu aniversário,  conforme sugestão e pedido do Luís Graça.

As tropas desmobilizados mas activas vão a pouco e pouco perdendo efectivos.
Para a família do " Alfero Cabral " as minhas condolências.

Eduardo Estrela

(xxxi) Patricio Ribeiro 

Amigos:
Quando no blogue se publicavam artigos do Jorge Cabral, eu não os queria perder, sabia que me iria rir do humor do Jorge, das suas conversas sobre a sua tabanca.
Quem teve o privilégio de por lá andar, dará maior sentido à sua escrita.

Todos nós agora, andamos no fio da navalha, mas já não são as minas da picada, são as da vida…
Abraço,
29 de dezembro de 2021 às 17:22 

(xxxii) João Carlos Abreu dos Santos

Condolências


Anónimo disse...

(xxxiii) António Carvalho

Nada mais nem melhor posso dizer, para além daquilo que muito justamente foi referido pelos camaradas que me precederam, evocando a memória do nosso grande camarada Jorge Cabral. Uma única vez tive o privilégio de trocar com ele algumas palavras, numa circunstância em que o rodeavam inúmeros camaradas ávido da delícia das suas finas tiradas jocosas. 

Nunca mais se proporcionou qualquer outro reencontro, mas as suas criativas curtas estórias, amplamente divulgadas neste muito valioso blog, tornaram-no conhecido e apreciado por todos os combatentes, em quem deixou uma marca imperecível do seu fino humor e do seu grande caracter. Enquanto ainda vivo, deixo aqui o meu testemunho de muito apreço e estima por este combatente de grande categoria e à família a minha comunhão com a sua dor.

Carvalho de Mampatá

(xxxiv) Juvenal Amado

Esta é uma notícia que nos arrasa sempre. Partiu mais camarada.o nosso Jorge Cabral era um fenômeno social e camaradagem . Vamos sentir a sua falta aqui no blogue, nos encontros, no Facebook onde as suas publicações eram de estilo inconfundível e muito apreciadas. Falei com ele no fim do mês de novembro sobre pretexto que me autografasse o seu livro. Ficou combinado para dezembro. Telefonei-lhe há dois dias , já não atendeu. Deixa saudade. Descanse em paz.


(xxxv) Hélder Sousa

Pois, é mais uma "porra"!

Ainda no passado dia 20 telefonei-lhe e quando percebeu que era eu que estava ao telemóvel começou a quase gritar de lá "tou a morrer, pá, tou a morrer".

Tentei animá-lo, disse-lhe que se deixasse desses pensamentos negativos, que fazia falta, à família, às "almas" (suas alunas), aos amigos.

Perguntei se o podia visitar, disse que sim, das 18:00 às 19:00 e fiquei de ir ter com ele "depois das festas"..... já não vai dar.

Não sei que dizer mais, ainda estou a digerir a informação.

Hélder Sousa



(xxxvi) Jorge Picado 

Lamento muito a perda de mais este camarada e que devia ser naturalmente mais novo do que eu.

Admirei muito os seus textos, sempre curtos, mas concretos e num estilo vivo, alegre, espirituoso, um tanto travesso, reflexo de quem sabia, talvez, projectar a vida de uma forma agradável, enfim, bonita. Era realmente um Grande Humorista.

Nada mais posso enviar do que este singelo comentário, pois não tinha outra relação de proximidade com o nosso "alfero".

Aos seus Familiares apresento os meus sentidos pêsames.

A sua memória ficará perpetuada nos seus muitos formandos que souberem aplicar e transmitir os seus ensinamentos e claro, entre outros escritos seus, naqueles que nesta Nossa Tabanca Grande deixou.

Jorge Picado

(xxxvii) Henrique Matos

Obrigado,  Luís, pela informação, sempre pensei que o Jorge ia resistir. A perda de um amigo deixa-me sempre sem jeito.

Desejo-te um novo ano com muita força para ultrapassar as maleitas. Também já tive a minha dose. Apanhei o bichinho da moda que me mandou para o hospital. Safei-me porque já tinha duas vacinas.

Abraço, Henrique

30 de dezembro de 2021 às 15:24

(xxxviii) Arsénio Puim

Amigo Luís Graça

Obrigado pela informação da morte do alferes Cabral.

Não tive uma convivência habitual com o alferes Cabral, uma vez que ele se encontrava destacado em Missirá. Porém, foi aqui, neste destacamento bem dentro do mato, que, em boa hora, decidi passar a última noite de 1970 e o primeiro dia de 1971, por sinal, juntamente com o médico Mário Ferreira. Uma passagem de ano muito farta, muito alegre, com música e discursos, agradável convívio dos nossos militares e das populações nativas e também com missa no primeiro do ano.

Hoje, passados 50 anos, guardo uma recordação muito viva e positiva do alferes Cabral – da sua pessoa, da sua inteligência, do seu humor, da sua simpatia, da sua integridade. Ficou-me sempre gravada na memória esta sábia frase com que ele terminou um trabalho publicado neste blogue acerca do massacre das forças militares nativas ao serviço de Portugal depois da saída das tropas portuguesas: «num mundo civilizado (não sei se são bem as palavras textuais) os homens são julgados pelos tribunais competentes e os criminosos são condenados às penas legais».

Sinto a morte do alferes Cabral e peço para ele o Descanso Eterno.

Um abraço – Arsénio Puim

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Nota do editor:

(*) Vd. postes de:

28 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22852: In Memoriam (421): Jorge Pedro de Almeida Cabral (Lisboa, 1944- Cascais, 2021), ex-al mil at art, cmd Pel Caç Nat 63 (Fá e Missirá, 1969/71), advogado, professor de direito penal no Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa, nosso colaborador permanente e autor da impagável série "Estórias cabralianas" (de que se publicaram cerca de uma centena de postes)

30 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22854: In Memoriam: Jorge Cabral (1944-2021): Velório na igreja de São João Batista do Lumiar (no início do Paço do Lumiar), a partir das 17h00 de sábado, dia 1 de janeiro, e funeral às 15h30 do dia 2, no cemitério do Lumiar. Homenagem da Associação dos Profissionais de Serviço Social

31 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22858: Homenagem da Tabanca Grande ao Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmd, Pel Caç Nat 63 (Bambadinca, Fá e Missira, mai 1969 / ago 1971) - Parte I: "Alfero Cabral", uma genial criação literária, um "alter ego" do autor, usado como arma de irrisão contra o absurdo da guerra (Luís Graça)

1 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22866: In Memoriam (423): Jorge Cabral (1944-2021): cerimónias fúnebres, na Igreja do Lumiar, Lisboa, hoje, a partir das 17h00 (Pedro Almeida Cabral)

1 de janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22867: Homenagem da Tabanca Grande ao Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmd, Pel Caç Nat 63 (Bambadinca, Fá e Missirá, mai 1969 / ago 1971) - Parte III: Ficam-nos as tuas "Estórias Cabralianas", como consolo (J. Carlos Silva, Carlos Vinhal, João Crisóstomo, J. Marcelino Martins, Francisco Baptista, Luís Graça, Mário Beja Santos, Alberto Branquinho, Adriano Moreira, J. Armando Teixeira, J. Botelho Colaço)

sábado, 1 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22867: Homenagem da Tabanca Grande ao Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmd, Pel Caç Nat 63 (Bambadinca, Fá e Missirá, mai 1969 / ago 1971) - Parte III: Ficam-nos as tuas "Estórias Cabralianas", como consolo (J. Carlos Silva, Carlos Vinhal, João Crisóstomo, J. Marcelino Martins, Francisco Baptista, Luís Graça, Mário Beja Santos, Alberto Branquinho, Adriano Moreira, J. Armando Teixeira, J. Botelho Colaço)


Foto nº 1 >  Guiné > Região de  Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > Novembro de  1969 > O Jorge Cabral, com alguns dos homens do seu pelotão >  Da esquerda para a direita: (de pé) Soldado Django, Furriel António Branquinho, Soldado Carvalho Atibeti, Soldado Duá, Alferes Jorge Cabral, Soldado Preto Turbado, 1º Cabo Rocha (com uma criança da tabanca às costas), Soldado Samba, 1º Cabo Injai, 1º Cabo Monteiro, 1º Cabo Marçal: (em primeiro plano):  Soldado Alfa (?), Soldado Maqueiro Adão, (?) , 1º Cabo João, Soldado Alfa.



Foto nº 1A > Guiné > Região de  Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > Novembro de  1969 > O Jorge Cabral, com alguns dos homens do seu pelotão > Da esquerda para a direita: (de pé) Soldado Django, Furriel António Branquinho, Soldado Carvalho Atibeti, Soldado Duá, Alferes Jorge Cabral, Soldado Preto Turbado: : (em primeiro plano, de cócoras):  Soldado Alfa (?), Soldado Maqueiro Adão, (?) , 1º Cabo João.



Foto nº 1B > Guiné > Região de  Bafatá > Sector L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > Novembro de  1969  > O Jorge Cabral, com alguns dos homens do seu pelotão  >  Da esquerda para a direita: (de pé)  1º Cabo Rocha (com uma criança da tabanca às costas), Soldado Samba, 1º Cabo Injai, 1º Cabo Monteiro, 1º Cabo Marçal: (em primeiro plano, de cócoras):  1º Cabo João, Soldado Alfa.

Foto (e legenda): © Jorge Cabral (2005). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

 
Jorge Cabral (1944 - 2021) > O livro das condolências (*):

(Continuação)


(xiii) João Carlos Silva

Quando me juntei a todos vós por via deste blogue, lembro-me bem de seguir com prazer as “Estórias Cabralianas”. Lamento muito esta triste notícia.

Sentidos pêsames aos familiares e amigos e que o Jorge Cabral descanse em Paz.

(xiv) Carlos Vinhal 

Serão poucas as pessoas que conseguem a unanimidade.

O Jorge Cabral é sem dúvida uma dessas pessoas. Afável, calmo, bem-humorado e, na boca, quase sempre, um desconcertante discurso. Para ele, tudo e nada eram pretextos para fazer graça simples e nunca ofensiva.

Quem segue o facebook apercebe-se facilmente da sua popularidade entre os antigos alunos, principalmente entre as alunas, não por ser engraçado mas por ter graça e por também ser uma “alma”, a Alma Mater de todas as Almas que o conheceram, lhe passaram pela vida e que lhe estão gratas.

Entre nós, aqui no Blogue, foi sem dúvida um dos melhores. Perdemos mais um amigo especial. Palavras circunstanciais mas que com ele têm todo o cabimento. Quantas vezes se terá rido de nós quando nos “zangamos” por coisas insignificantes, quando na vida o que conta é a amizade e a camaradagem.

Lá para onde foi, e para onde iremos todos, estará já a provocar o caos, tirando do sério até aquelas almas mais circunspectas, com as suas estórias cabralianas.

Até sempre, Jorge Cabral.

À família enlutada deixo o meu sentido pesar pela perda do seu ente querido.

Carlos Vinhal
Leça da Palmeira
29 de dezembro de 2021 às 10:14 

(xv) João Crisóstomo

Tinha sido um dia bom. Voltei contente e feliz mas só ao fim do dia me senti com forças para abrir o computador para, nos três departamentos que visito todos os dias  - correio digital, blogue Luís Graça e camaradas da Guiné e pois a CNN - me inteirar das últimas notícias.

Mas logo deparei com a notícia da morte do nosso camarada, numa mensagem do Luís Graça:
Que balde de água fria! Pouco sabia dele antes de ler o seu livro que através dum amigo consegui receber aqui . Mas a partir daí nunca mais deixava de ler no blogue as suas façanhas que, no dizer de Luís Graça, mas que eram sempre todas tão humanas, por vezes evidenciando um grande coração. Quantos de nós nos lembramos durante as nossas férias na metrópole de fazer ou trazer connosco algo para os nossos amigos/as guineenses? Pois o nosso Cabral nao hesitou em comprar e levar dúzias de “corpinhos” para as bajudas das tabancas onde estava estacionado…

Lembro-me de ao ler isto ter partido a cuca a rir, para logo dizer com os meus botões: "mas ele pelo menos lembrou-se de fazer alguma coisa… coisa que nunca me passou pela cabeça!”

As suas “Estórias Cabralianas” foram/eram de grande interesse para mim pois que muitas delas se tinham passado em Missirá e outros lugares onde alguns anos antes dele eu tinha vivido a minha experiência na Guiné. E isso de alguma maneira fazia dele "um camarada especial”!

Parei tudo, e com tristeza e saudade dei largas à minha memória e imaginação; passados minutos sabendo que naquele momento muitos dos meus camaradas estariam também sentindo a sua partida , associei-me a todos esses camaradas , crentes ou não, da maneira que eu como crente encontrei a melhor, encomendando-o ao Senhor. Mas fazia-o também em agradecimento, lembrando os muitos e bons momentos e alegrias que o nosso Cabral soube proporcionar aqueles que o conheceram ou dele ouviram falar.

João Crisóstomo, Nova Iorque


(xvi) José Marcelino Martins

É sempre assim.
Sabemos que vai acontecer, só não sabemos quando.
E por mais que queiramos, nunca estamos preparados.
Até um dia!

(xvii) Francisco Baptista

Alfero Cabral,  partiste antes do tempo mas a morte não espera. Para todos nós partiste cedo, neste tempo cinzento de inverno e pandemia, queríamos mais crónicas tuas para alegrar os dias. Acredito que foste feliz, enquanto a doença não te minou a saúde, tinhas razões para isso, Professor distinto com um óptimo percurso profissional, mestre do humor, com muito talento, o êxito da tua escrita não deixava ninguém indiferente. Foste amado pelas bajudas da Guiné e pelas tuas alunas, foste estimado e admirado pelos homens, teus camaradas e amigos. Tiveste uma vida cheia, na hora da despedida quero dar-te os meus parabéns, embora cedo demais.

A tua recordação perdurará para sempre entre todos os que te leram e conheceram.

Sentidos pêsames a toda a família e amigos.

Francisco Baptista

29 de dezembro de 2021 às 11:31 

(xviii) Tabanca Grande Luís Graça 

Peço, desculpa, o Jorge tinha 77 anos feitos em 6/11/2021. Nasceu portanto em 1944 (e não em 1945, como inicialmente indiquei), tal como o nosso querido Torcato Mendonça, que, também ele, nos deixou neste maldito ano de 2021.

Fui recuperar um poste, já muito antigo, de 2007, em que o Cabral publicou um poema, datado de Missirá, 6 de novembro de 1970, data em que fazia 26 anos, e de que lhe fora enviada uma cópia por um "camarada de pelotão", com a seguinte nota:

(...) "Escreveu-me um Camarada do Pelotão insurgindo-se contra este 'consertador de catotas, engatatão de bajudas, anfitrião da putaria, oferente de soutiens, e pai de todos os meninos da Tabanca', dizendo para eu escrever 'à séria'. E, surpresa das surpresas, manda-me um Poema que eu fiz, no dia do meu vigésimo sexto aniversário. É este, que ora te envio. Garanti-lhe que estou reformado das bajudas e que não me tem aparecido nenhuma 'catota' para consertar, embora pense não ter perdido o jeito…

"Grande Abraço

P.S. - Conta com este gajo 'nada sério', sexta-feira no Cinema [ Tínhamos encontro marcado na Culturgest, no edifício-sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa, para a estreia do filme-documentário de Diana Andringa e Flora Gomes, "As Duas Faces da Guerra", dia 19 de Outubro, às 23h, no Grande Auditório...]


(...) Aniversário

por Jorge Cabral

Vinte e seis ou Mil, conto pelos dedos
Os anos que vivi, eu não sonhei
Este tempo de angústia e de medos,
Que soletro e nunca sei.
Que Guerra é esta? Onde não estou!
Que rio aquele? Não cheira a Tejo!
Que combate? Combato, mas não sou.
E quando olho o espelho, não me vejo!
Aqui em Missirá, escravo e senhor
Invento-me. E guarda – prisioneiro
Bebo, fingindo em alegria, a Dor.

Hoje faço anos… e continuo inteiro.

Missirá, 6 de Nov. 1970



... E eu comentei:

"Jorge Cabral, que as circunstâncias obrigaram a ser comandante de um pelotão de caçadores nativos e chefe de tabanca, 'malgré-lui' - entre muitos outros papéis sociais - foi talvez aquele de nós, milicianos, que nunca se levou a sério... Acho que isso o ajudou muito a manter em equilíbrio dinâmico a sua saúde mental... Talvez um dia alguém o eleja como case study das técnicas de sobrevivência em teatro de guerra...

16 de outubro de  2007
Guiné 63774 - P2180: Blogpoesia (5): O vigésimo sexto aniversário de um gajo nada sério, Missirá, 6 de Novembro de 1970 (Jorge Cabral)
 

29 de dezembro de 2021 às 11:31 

(xix) Mário Beja Santos

Meus estimados confrades, quando cheguei a Bambadinca, em agosto de 1968, o Pel Caç Nat 63 era comandado pelo Almeida, fazia a intervenção, o mesmo é dizer toda a serventia, que será reservada ao Pel Caç Nat 52 a partir de novembro de 1969. O Almeida partiu e veio o Jorge, recebi a notícia através do 1º cabo Nhaga Macque: "Chegou novo alfero para o 63, como eu também fuma canhoto". Se Nhaga fumava cachimbo, a novidade trazida pelo novo alfero era um cachimbo digno de Sherlock Holmes, recurvado, sempre encostado no lado direito, seguro por mão sólida, mesmo quando o nosso alfero estava em dia de chalacear, já que ele era bem parcimonioso. 

Vivíamos desencontrados, eu venho para Bambadinca e ele parte para Fá, irá substituir o Pel Caç Nat 54 em Missirá, manteve-se a distância, os encontros esporádicos eram sobretudo operações no Xime, houve mesmo um patrulhamento conjunto, ele do lado do Cuor e o Pel Caç Nat 52 a percorrer Mero, tabanca em duplo controlo. E tínhamos o ritual dos encontros do BCaç 2852, era a nossa unidade comum. 

Trocámos picardia quando visitei a Guiné, em 2010, ele pediu-me se eu visitava Finete e apurava quanto lhe custaria uma morança com chão cimentado e ligação à casa-de-banho e cozinha. Se ele pensava que a pilhéria ficava impune, enganou-se. Fui falar em Finete com o senhor Biloche, construtor conceituado, apresentou-me um projeto com os requisitos necessários, entreguei-lhe o documento na Rua Passos Manuel, era o nosso ponto de encontro, tinha ali escritório e eu visitava a livraria Assírio, riu-se a valer do meu trabalho e agradeceu-me outra incumbência, trouxe-lhe a relação de todos os seus homens, fotografei o autor dessa relação, está tudo publicado no blogue, sei como ele se comoveu imenso. 

Escuso de referir o que ele me disse ao telefone, tinha poucas ilusões sobre o seu combate, era uma comunicação lancinante. Além de um camarada, perco um companheiro de lides em locais onde passámos perigos e num tempo em que nos fizemos homens. Estou a vê-lo à entrada do céu a pedir licença a S. Pedro e este, bem risonho, a dizer: "Entra, Jorge, tu não precisas de pedir licença, tanta foi a bonomia que deixaste lá em baixo". 

Saudações para todos, Mário


(xx) Alberto Branquinho 

Jorge,

Não há nada que mais doa a quem escreve do que não ser publicado (em livro, pois que aqui, neste blogue, estão todas).

Vou tentar contactar o teu filho (através do meu irmão) para ver se (com tempo) consegue localizar a "estrutura" que terias preparada para a publicação da segunda parte das "Estórias Cabralianas". A doença e a morte não te deixaram tempo para isso. E a pandemia também complicou. Veremos.

Adeus.
Alberto Branquinho

(xxi) Tabanca Grande Luís Graça

Camaradas e amigos, caros/as leitores/as: prometo fazer uma antologia (e republicar) algumas das melhores "estórias cabralianas" publicadas no blogue (e parcialmente em livro)... Em homenagem ao talento do Jorge Cabral, e sobretudo à sua grande humanidade, e à amizade e à camaradagem com que nos honrou e privilegiou em vida... Custa muito a aceitar a brutal realidade da morte dos homens bons e das pessoas especiais...

Subscrevo, inteiramente, o que, entre outros, aqui escreveu o nosso sempre generoso e incansável companheiro e camarada Carlos Vinhal:

(...) "Serão poucas as pessoas que conseguem a unanimidade. O Jorge Cabral é sem dúvida uma dessas pessoas. Afável, calmo, bem-humorado e, na boca, quase sempre, um desconcertante discurso. Para ele, tudo e nada eram pretextos para fazer graça simples e nunca ofensiva. (...) Entre nós, aqui no Blogue, foi sem dúvida um dos melhores. Perdemos mais um amigo especial. Palavras circunstanciais mas que com ele têm todo o cabimento. Quantas vezes se terá rido de nós quando nos 'zangamos' por coisas insignificantes, quando na vida o que conta é a amizade e a camaradagem." (...)

(xxii) Adriano Moreira (Admor)

Morreu o Jorge Cabral, mas "Cabral só há um,  o de Missirá e mais nenhum". Esta frase em mim nunca morrerá enquanto eu viver.

Tenho muita pena de nunca ter conhecido pessoalmente o nosso Alfero. Será sempre lembrado por nós e pelos melhores motivos.

Descansa em paz, Camarigo, e até um dia onde quer que seja, havemos de nos encontrar.

Adriano Moreira


(xxiii) Tabanca Grande Luís Graça

Alberto Branquinho, mano do António Branquinho, furriel mil do Pel Caç Nat 63:

Infelizmente, o seu editor, o José Almendra, adoeceu também, de cancro, e nem sei se está vivo. Não conheço ninguém da família, sei que tinha um filho (que o "obrigou", para sua segurança, a sair do apartamento do Campo Grande, para outro no Monte Estoril, mais perto de si...), um neto e um irmão, mais novo, economista ou engenheiro-agrónomo (não sei ao certo), de quem ele falava com ternura...

Foi sempre reservado, o Cabral, nunca ou raramente me falava da família ou dele próprio... Teve um grande desgosto, isso, sim, quando "perdeu" o escritório de advogado, que era a sua "morança", o seu refúgio, e onde deverá ter escrito a maior parte das suas "estórias cabralianas"...

Branquinho, vês se consegues desencantar o "manuscrito" do 2º volume...Escreves-lhe o prefácio e o filho, por certo, arranjará maneira de lhe encontrar uma boa editora... Sei que o filho é fiscalista famoso, tendo inclusive exercido funções governamentais, como Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais ou coisa parecida.

Mantenhas. Boa saúde para ti e um melhor ano para todos. Luís

(xxiv) J. Armando Almeida

Profundamente desolado com esta notícia, se bem que, infelizmente, já esperada.

Tive, como muitos de nós, o privilégio de o ter conhecido,com ele convivido e de contar com a sua amizade.

Um abraço sentido a todos os seus familiares e amigos.

Até breve, Alfero!

J. Armando Almeida


(xxv) José Botelho Colaço

Alfero Cabral de quem tive o grato prazer de conhecer, conviver e ser amigo desta Alma, nos comentários seja no Blogue no facebook,  nos sites todos são unanemes em descrever o ser humano que era Jorge Almeida Cabral, por esse motivo carece por defeito tudo o que possa dizer de bem sobre o Sr. Jorge Cabral. 

Um até logo, amigo,  como dizem lá na minha terra. Colaço.


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Vd. poste anterior:

31 de dezembro de 2021 > Guiné 61/74 - P22858: Homenagem da Tabanca Grande ao Jorge Cabral (1944-2021), ex-alf mil at art, cmd, Pel Caç Nat 63 (Bambadinca, Fá e Missira, mai 1969 / ago 1971) - Parte I: "Alfero Cabral", uma genial criação literária, um "alter ego" do autor, usado como arma de irrisão contra o absurdo da guerra (Luís Graça)