Foto nº 1 A
Foto nº 1 >
Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 > 23 de janeiro de 1964 > Op Tridente > Travessia de uma ponte improvisada, no seguinte do desembarque numa zona próxima de Cachil... Na foto o ten mil médico, Rogério Leitão (1935-2010), natural de Aveiro
Foto (e legenda): © Victor Neto / José Colaço (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65) > 1964 >
Abrigo "Cova do Comando" da CCAÇ 557 no Cachil. Alguém chamou a esta subunidade, que também participou na Op Tridente (jan/mar 1964) "a esquálida e esgroviada Companhia de Caçadores 557". Por detrás desta foto estão cinquenta e cinco dias a ração de combate, cerca sessenta dias sem mudar de roupa nem tomar banho. Se a água era racionada para beber pensem bem no que seria em termos de higiene, excepção à secção que fazia escolta à lancha de reabastecimento de água e géneros, que aproveitava a ida a Catió para fazerem um pouco de higiene pessoal "e outras necessidades fisiológicas".
Legenda: a começar da esquerda para a direita o 1.º Cabo Enfermeiro Leiria; 1.º Cabo Radiotelegrafista Joaquim Robalo Dias; Dr. Rogério Leitão, que já partiu; atrás o 1.º Cabo Enfermeiro António Salvador, e por último, de quico, a sair do buraco, eu, Soldado de Transmissões José Colaço.
As barbas com cerca de 90 dias. Os cabelos já tinham levado um corte para melhor se aguentar o calor. Aquela "divisória" entre o 1.º Cabo Dias e Dr. Rogério, é uma cobra que durante a noite se lembrou de nos assaltar o abrigo e que só de manhã com a luz do dia foi detectada a um canto da cova. Foi condenada à morte pela catana de um milícia.
Foto (e legenda): © José Colaço (2015). Todos os direitos reservados. [Edição elegendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem de José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), membro da nossa Tabanca Grande desde Junho de 2008:.Data: 26 de setembro de 2017 às 00:51
Assunto: Equilibristas ou artista de circo
Equilibristas ou artistas de circo
Caríssimo amigo Luís Graça, ao consultar o poste P17792, dei com a foto do Luís Mourato de uma vida de equilibrista na cambança de pequenos cursos de água. (*)
A fotografia fez-me um clique! Eu tenho nos meus arquivos de fotos da Guiné uma foto com estas características mas a minha foto tem direito a recordar o equilibrista.
Estávamos no dia 23 de Janeiro de 1964 em Catió e a ordem de serviço foi a CCAÇ 557 embarcar nas lanchas LDP e LDM da marinha onde se iria juntar ao 7.º destacamento de fuzileiros do 1.º tenente Ribeiro Pacheco para ocuparem a zona do Cachil (Operação Tridente).
Tudo ok até ao desembarque na zona próximo do Cachil onde aconteceu o tal atribulado desembarque em que alguns fuzileiros tiveram que ser puxados por uma corda já que, devido ao lodo movediço, estavam quase a submergir. Mas, com alguns fuzileiros em terra, com a ajuda de uma catana e as facas de mato, cortou-se tarrafo, partiu-se ramos de árvores e fez-se uma passadeira por cima do lodo para o pessoal passar.
Marchamos aí cerca de 500 metros a 1 km, mais ou menos, encontrarmos a tal ponte de que envio foto em anexo: o artista ou equilibrista que está na imagem a atravessar a geringonça ou baloiço já não se encontra entre nós, é o nosso saudoso e amigo Dr. Rogério Leitão [1935-2010], tenente médico miliciano [ foto à direita] (**), mas de um em um todos ficaram bem na primeira prova, muito ajudou a juventude dos vinte anos.
Foto, com a devida vénia, do álbum do ex-furriel Victor Neto, CCAÇ 557
Abraço,
José Botelho Colaço,
soldado de transmissões
CCAÇ 557
(1963/65)
_________________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 24 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17792: Fotos à procura de... uma legenda (90): uma vida precária de equilibrista na cambança de pequenos cursos de água ... (Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil inf, CCAÇ 4740, Cufar, 1.º semestre de 1973)
(**) 13 de novembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5264: Os nossos médicos (8): O Dr. Rogério da Silva Leitão, aveirense, cardiologista, CÇAÇ 557, Cachil, Como, 1963/65 (José Colaço)
10 comentários:
Zé:
Sempre atento, oportuno, ativo, produtivo, incansável... E para mais veteraníssimo!... Há os velhinhos e os periquitos, os veteranos e os veteraníssimos!... Tu és um "rapaz" de 63 e, para mais, um dos bravos da Operação Tridente...
Obrigado, Zé, pela foto e legenda...
E a propósito, o ex-fur mil Victor Neto, autor da foto nº 1, ainda é vivo ? Espero bem que que sim, e que esteja de boa saúde... Há aí um convite pendente para ele entrar para a Tabanca Grande... Há uma série com fotos do álbum dele... Diz-me qualquer coisa... Ab, Luis.
PS - O dr. Rogério Leitão, de Aveiro, não chegou a entrar para a Tabanca Grande, a título póstumo, como já tem, ocorrido com outros camaradas com referências no blogue... O Victor Neto, esse, tem coisas dele (fotos...) publicados por teu intermédio... Faz todo o sentido ele integrar a Tabanca Grande. Mss não tenho a certeza se é vivo...
Quanto ao teu camarada, o ex-alferes mil José Augusto Rocha, expulo da Universidade de Coimbra, em 1962, figura pública, conhecido jurista, defensor de presos políticos, tem uma posição ética, política e ideológica sobre a guerra colonial, incompatível com "nossas regras do jogo"... Declinou o meu conivite, como sabes, e está a escrever as suas memórias... Sabes alguma coisa mais ?...
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https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2017/09/guine-6174-p17800-fotos-procura-de-uma.html
Zé: Contrariamente ao que pensava, o dr. Rogério Leitão, de Aveiro, não chegou a entrar para a Tabanca Grande, ainda em vida. Pdi-te, na altura, para lhe fazeres chegar o meu convite...
Infelizmente, já está entre nós, podíamos integrá-lo a a título póstumo, como já tem, ocorrido com outros camaradas com referências no blogue...
O Victor Neto, esse, tem coisas dele (fotos...) publicados por teu intermédio... Faz todo o sentido ele integrar a Tabanca Grande, para mais sendo a fornecer-te fotos da vossa companhia, do tempo do Cachil.
Quanto ao teu camarada, o ex-alferes mil José Augusto Rocha, expulso da Universidade de Coimbra, em 1962, figura pública, conhecido jurista, defensor de presos políticos, tem uma posição ética, política e ideológica sobre a guerra colonial, incompatível com "nossas regras do jogo"... Declinou amavelmente o meu convite para integrar a Tabanca Grande, como sabes, e está a escrever as suas memórias (incluindo as da guerra da Guiné)... Sabes alguma coisa mais dele e da eventual publicação do livro de memórias ? Ele ficou de dizer qualquer coisa, quando saísse o livro... Pediu-me uma foto...
Ab, Luís
José Colaço
26 set 2017 14:46
Caro amigo Luís, primeiro que tudo agradecer o óptimo trabalho publicado e as palavras honrosas que me dedicas um forte abração e um grande beijinho para a D. Alice que acompanha as minhas loucuras no facebook.
Agora vou ver se consigo responder a todas as tuas questões
(i) 1ª questão; o ex-furriel Victor Neto está de óptima saúde acabei agora mesmo de falar com ele, já ontem também tinhamos falado por causa do almoço anual de convívio dos veteraníssimos da CCAÇ 557; quanto a ele integrar a Tabanca Grande, eu não consigo, aqui há bastante tempo a coisa estava quase concluída com a ajuda da Maria Elisa, sua mulher, mas no final roeu a "corda". Mando-te aperte o sei contacto de telefone móvel e fixo, com a devida autorização do Victor Neto (que há dois anos foi ao almoço da Tabanca Grande em Monte Real, ficou na mesa do Virgínio Briote).
(ii) 2ª questão: O Dr. Rogério Leitão disse-me uma vez, quando lhe falei no blogue Luís Graça & camaradas da Guiné: "Eu gostava de pertencer a uma coisa dessas", mas entretanto adoeceu, já não foi ao almoço e depois passado uns tempos faleceu.
O Dr. Rogério deixou três filhos duas raparigas e um rapaz, uma das filhas é um rosto muito conhecido do grande público pois é ela que muitas vezes de-manhã nos entra em casa sem pedir licença através da RTP a anunciar o tempo que vamos ter: é a meteorologista Drª Paula Leitão. O filho, Dr. Luís Leitão, é também médico cardiologista em Aveiro no consultório que era do pai.
No ano em que organizei o almoço anual de convívio tentei que fossem mas devido á vida profissional declinaram mas sem antes deixarem de dar um agradecimento e dizerem que pai falava muito dos amigos da tropa na Guiné.
(iii) Ultima questão: o Dr. José Augusto Rocha ultimamente tem pecado pelo silêncio, a última vez que respondeu a email meu disse que estava a escrever as suas memórias e que andava ainda muito ocupado com os problemas jurídicos... Passado tempo, perguntei-lhe para quando o lançamento do livro das memórias?... Silêncio total.
É tudo, amigo Luís, segue em linha um forte quebra costas.
Zé, afinal temos um poste em conjunto, sobre o ex-alf mil José Augusto Rocha, teu comandante de pelotão.o 4º, da CCAÇ 557:
18 DE OUTUBRO DE 2009
Guiné 63/74 - P5125: José Augusto Rocha: da crise estudantil de 1962 à Op Tridente, Ilha do Como, 1964 (José Colaço / Luís Graça)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2009/10/guine-6374-p5125-jose-augusto-rocha-da.html
Recordo o que tu escreveste sobre ele e está publicado:
(...) O ex-alferes miliciano [José Augusto] Rocha era o meu comandante de pelotão, o 4º ou seja o pelotão de armas pesadas. Ele era também o 2º comandante da companhia.
Guardo dele, durante a nossa estada na guerra da Guiné, bem como de todos os oficiais e sargentos e restantes camaradas, as melhores recordações.
Mas para este ambiente funcionar como uma máquina bem oleada, houve e ainda há um homem que, além de militar com a sua patente de capitão, via no seu subordinado, no homem que estava à sua frente, outro ser humano como ele...
Este Homem dá pelo nome de João da Costa Martins Ares, hoje coronel reformado.
O Rocha possivelmente não te contou esta passagem: no início da nossa comissão é recebida uma mensagem dos serviços da PIDE com o seguinte teor, mais ou menos: o capitão deunciasse o dia a dia do alferes Rocha pois ele era elemento a ser vigiado na sua conduta diária.
As palavras não eram exactamente estas mas o sentido era vigiar o Rocha e informar os serviços da PIDE.
O capitão toma a seguinte resolução: chama o alferes Rocha, tem uma conversa séria de homem para homem, mostra-lhe a mensagem; o Rocha, por sua vez, conta-lhe todo o seu passado politico de oposicionista ao governo de Salazar, mas dá um voto de confiança ao capitão, o qual poderá contar com ele e, mais, que nunca seria atraiçoado.
Deste modo, o capitão conseguiu mais um amigo para levar a bom porto aquela nau durante vinte e três meses. (...)
Quanto ao que dizes no teu mail, praticamente é tudo do meu conhecimento embora não com um grau de muita profundidade.
Para que não fiquem duvidas sobre o que escrevi sobre o Dr. José Augusto Rocha, meu camarada comandante do 4º pelotão de armas pesadas da C. caç 557: Fiz copy e cola do comentário que o Dr José Augusto Rocha fez ao P5267
Estimado Luís Graça,
Obrigado pela sua mensagem e desde já refiro que tenho muito gosto em que fique com o meu mail, para eventuais outros contactos.
Sim, lembro-me bem do Jorge Cabral e do José Colaço. O Colaço é um bom amigo, talvez o companheiro de armas que mais me marcou na CÇAÇ 557. Se todos fossem como ele, não havia guerras ao cima da terra! Gostaria de ter o mail dele para o contactar. O que ele conta sobre a PIDE, é verdade, mas mais houve… e contei sempre com a solidariedade do magnífico companheiro que foi o hoje coronel, João Luis Ares.
Por mim, desde já pode dispor do meu singelo depoimento, se achar que reveste algum interesse para o seu blog.
Manuel Augusto Reis
27 set 2017 12:41
Amigo Luis, sobre o médico Rogério Leitão, cardiologista, figura muita grata em Aveiro, informo-te que faleceu no dia 28 de Outubro de 2010.
Podes confirmar esta notícia no Google, sendo notícia no Correio do Vouga, na edição de 3 de Novembro de 2010.
Um abraço.
A esposa do Dr. Rogério Leitão Drª Maria Luísa Leitão em Bissau e Bafatá na Guiné era também a nossa médica sem farda da C. caç. 557.
Amigos
A Drª Maria Luísa Leitão, também já faleceu.
Abraços
JPicado
Até que enfim encontro Camaradas do mesmo tempo (63/65).
Só que o meu percurso foi diferente: Nova Lamego, Pirada, Madina do Boé, Beli e finalmente Bolama.
Um abraço a todos
António Pinto
Caro amigo António Pinto do nosso tempo muitos já tomaram a barca do barqueiro de Caronte, mas ainda há alguns teimosos que continuam a resistir e é assim que no dia 4 de Novembro na localidade de Sapataria Sobral de Monte Agraço no restaurante o Ferrador os esquálidos, esgroviados os Bravos do Cachil que ainda resistem irão ter o seu almoço de convívio anual da
C. caç. 557.
Um abraço a todos.
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